Crônicas e textos sobre saúde mental. Por melhores formas de tratamento do sofrimento psíquico. Pelo fim das internações psiquiátricas involuntárias. Por exames laboratoriais antes da prescrição de psicotrópicos. Pela promoção de tratamentos alternativos. Pelo cumprimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pelo fim dos abusos sexuais e exploração infantil.
28.12.06
CAPS E HOSPITAIS PSIQUIATRICOS
Por isso antigamente as pessoas doentes mentais eram internadas em hospícios ou hospitais psiquiátricos. E mesmo quando ficavam lúcidas e capazes de levar a vida elas continuavam internadas, pois os médicos achavam que de repente a pessoa poderia ter uma "crise perigosa". Infelizmente a maioria dos médicos ainda pensa dessa maneira covarde e insegura. (Acham que nós pacientes psiquiátricos somos perigosíssimos em crise.)
Alguns poucos profissionais da saúde que acreditavam na humanidade dos pacientes psiquiátricos sugeriram uma nova forma de tratamento(alguns deles fazem parte da ONG Instituto Franco Basaglia, IFB).
A idéia desses profissionais revolucionários era um acompanhamento diário do paciente em que ele passaria o dia no hospital (das 8 da manhã até as 4 da tarde), mas voltaria para casa no fim do dia e não teria necessidade de ficar internado.
Esse hospital se chamaria Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Nos CAPS os pacientes psiquiátricos fariam atividades visando obter autonomia e inclusão social. O sonho dos CAPS hoje é uma realidade, pelo menos na teoria.
Existem 13 Centros de Atenção Social, mas infelizmente nem todos que trabalham lá acreditam nos ideais dos fantásticos profissionais da saúde mental que lutaram pela criação dos CAPS.
11.12.06
O PACIENTE PSIQUIATRICO TAMBEM E' HUMANO
Quando falo com os profissionais da saúde que eles estão desrespeitando a lei quando forçam alguém a tomar injeção, eles dizem que é para o bem da pessoa, e por isso necessário. Então digam isso para a pessoa e convençam-na com diálogo, em vez de forçá-la!!
Esses profissionais ainda defendem o ato de amarrar pessoas. Não é necessário dizer que amarrar uma pessoa é um tratamento degradante, senão uma tortura! Isso é contra os direitos humanos.
O que quero dizer é que os direitos humanos não são aplicados aos pacientes psiquiátricos. (Aplicam mata-leão no lugar!!) Logo: não tratam os pacientes psiquiátricos como humanos. Para os profissionais da saúde nós não somos humanos. Se você for um profissional e for uma exceção, parabéns, mas prove isto na prática!!
OBS.:mata-leão é outra forma de chamar as pesadas injeções da psiquiatria.
UMA CRISE PSIQUIATRICA
UMA PESSOA FICA ASSUSTADA E MAIS AGRESSIVA QUANDO SE SENTE ACUADA.
AO ACUAR A PESSOA ELA FICA EM ESTADO DE ALERTA E A CRISE PIORA.
UMA PESSOA EM CRISE ESTÁ NERVOSA, EXCITADA E ASSUSTADA. AGIRÁ MAIS POR IMPULSO DO QUE POR PREMEDITAÇÃO. PORTANTO QUANTO MENOS PRESSIONADA, MELHOR PARA TODOS.
SÓ SE DEVERIA SEGURAR UMA PESSOA EM CRISE PARA IMPEDIR IMINENTE AGRESSÃO DESTA A OUTRA PESSOA.
OBSERVA-SE UMA PESSOA EM CRISE PARA IMPEDIR ACIDENTES, E NÃO COMO FORMA DE AMEAÇÁ-LA OU ACUÁ-LA, MUITO MENOS "PROTEGER" OS INOCENTES DELA.
UMA PESSOA EM CRISE SE SENTIRÁ MAIS "PODEROSA" AO PERCEBER MEDO E PÂNICO.
QUANDO SE FORÇA UMA PESSOA EM CRISE EXISTE O PERIGO DE UMA REAÇÃO EXTREMAMENTE VIOLENTA E PERIGOSA DA PARTE DESTA. (POR ISSO É IMPORTANTE CONVERSAR!)
4.12.06
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) RUBENS CORRÊA - SEGUNDA CASA
Na terça-feira, (dia 28 de novembro do ano 2006), foi a gota d'água. Presenciei o maior dos absurdos, e a confirmação do que disse acima. uma moça tinha chegado no CAPS em crise. A maioria dos profissionais eram novos na casa. A moça golpeava portas e xingava.
Porém em vez de buscar acalmar as pessoas, os profissionais do CAPS começaram a falar da moça como se ela fosse perigosíssima! Este comportamento causou pânico geral. Funcionários da limpeza e da cozinha estavam desesperados e tremendo. Assim como familiares. Nem os próprios seguranças conseguiam esconder o medo!
O negócio é que se tratava de uma moça de baixa estatura, que falava alto, xingava e batia em portas. Nossa! Do jeito que tremiam ela parecia um monstro do Jáspion!
Pelo que eu vi os seguranças não tinham nenhum preparo para lidar com a situação. Disseram que a moça tinha dado socos (nas costas) em algumas pessoas, inclusive na médica. Psicólogas iam falar com ela, mas começavam com o velho papo: "Oi, eu sou psicóloga. Quer conversar?" É claro que a moça mandava elas para aquele lugar e pediam que a deixassem em paz.
Péssimas abordagens! Por fim uma enfermeira decidiu tomar a decisão mais fácil (para a própria enfermeira e outros profissionais de saúde, é claro) e deu ordens aos seguranças que segurassem a moça e deu injeção a força enquanto a moça chorava.
Eu insisti o tempo todo na necessidade de evitar causar pânico, pois a moça é humana como qualquer um, estava nervosa, mas não tinha condições de causar muito dano. (Afinal era uma mulher, e não o incrível Hulk!)
Observei que a falta de profissionais de fibra levou aqueles profissionais, na maioria novos na casa, a causarem tamanho rebuliço, maior até que a bagunça causada pela moça.
Não é necessário dizer que eu nunca esperava ver cena tão desagradável quanto uma pessoa sendo forçada a tomar injeção em um CAPS, símbolo da reforma psiquiátrica.
Não é necessário dizer que se os os profissionais queriam dar uma injeção deveriam convencer a moça que estava em crise, e não forçá-la, pois a lei garante que ninguém deve ser forçado a tomar injeção.
Não é necesário dizer também que aqueles profissionais devem ter esquecido de que a moça era gente, como eles.
Não preciso dizer que injeção a força no século 21 é uma violência vergonhosa! Já tomou injeção a força?
ATUALIZAÇÃO DESTA PUBLICAÇÃO EM 25 DE SETEMBRO DE 2012:
INFELIZMENTE, NÃO HOUVE MUITOS PROGRESSOS NO CAPS DESDE ENTÃO, O QUE ME LEVOU A ME AFASTAR, NO ANO 2011. COISAS PIORES ESTAVAM ACONTECENDO! EM JANEIRO DE 2012 VOLTEI LÁ AO FICAR SABENDO DE OUTRAS FALHAS. ME DEPAREI COM MAIS MAUS TRATOS AINDA, O QUE ME LEVOU A SURTAR DE NOVO.
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 4 DE DEZEMBRO DE 2006.
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