21.7.09

Drapetomania

Drapetomania é o nome de uma doença mental. drapetomania é a doença mental da qual os escravos negros sofriam. Drapetomania é a mania que certos escravos tinham de sempre tentar fugir "sem razão aparente". Eu não estou brincando. Essa doença realmente existiu. Foi "descoberta" por volta de 1850. Se eu vivesse em 1850 com certeza ia sofrer dessa doença. Hoje essa doença não existe mais. (Também, com o fim da escravidão, como eles iam manter essa doença?) Hoje drapetomania é considerado pseudociência. Veja mais sobre Drapetomania na Wikipédia. E veja abaixo o psiquiatra Thomas Szasz revelando coisas sobre psiquiatria e também falando sobre drapetomania. Thomas Szasz considera a psiquiatria uma fraude, uma coação, uma coerção.

Com todo respeito aos psiquiatras, mas realmente faltam recursos técnicos na psiquiatria. Chega a ser ridículo a gente ir se examinar com um psiquiatra e ele perguntar como vai nossa vida em vez de fazer exames objetivos. Eu entendo o esforço dos psiquiatras, mas realmente a coisa 'tá feia. Ou a psiquiatria arruma uma base realmente científica ou acabará morrendo oficialmente como pseudociência. Veja o vídeo abaixo. É engraçadíssimo e cheio de informações. Vale a pena. E tem legendas em português.



Comemoração: 2 anos sem psicotrópicos

No dia 20 desse mês julho o americano Philip Dawdy revelou em seu blog que ele estava comemorando 2 anos sem tomar psicotrópicos. Parabéns, meu amigo. Eu espero chegar logo ao seu nível. Por enquanto o único aniversário que eu comemoro é o dia em que eu saí de internação. Nesse ano eu estou completando 8 anos fora das internações. Não digo a data, pois sei que para os outros não tem a importância que tem para mim.

Resumo do II Encontro Regional da Luta Antimanicomial Região Sudeste

Nos dias 18 e 19 de julho - sábado e domingo - estive em Angra dos Reis no II Encontro regional da Luta Antimanicomial da Região Sudeste. O encontro teve umas coisas positivas. Outros usuários falaram sobre a falta de cursos variados nos CAPS e sobre o uso abusivo que é feito dos psicotrópicos. Coisas que deveriam ser comentadas pelos próprios profissionais de saúde mental.

Nesse encontro foram eleitos os novos representantes da região sudeste. Esses são os representantes da Secretaria Executiva Nacional Colegiada da Luta Antimanicomial. Os representantes dos usuários são João Batista de Angra dos Reis, Rio de Janeiro(titular) e Risomar de São Paulo (suplente). Os representantes dos familiares: Iracema Polidoro do Rio de Janeiro (titular) e Elizabeth de São Paulo. Os representantes dos profissionais (técnicos): Rachel Gouvêia do Rio de Janeiro(titular) e um rapaz de Minas Gerais que eu esqueci o nome.

17.7.09

As dificuldades do tratamento psiquiátrico no Brasil

Debate: Ministério da Saúde quer acabar com os hospícios

O vídeo abaixo é um debate entre uma psiquiatra que representa a Associação Psiquiátrica do Rio de Janeiro e a secretária do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde que tenta representar a reforma, ou melhor, tenta defender o programa de saúde mental. E isso é difícil. Pois o programa de saúde mental do Brasil é uma catástrofe. A lei 10.216 é ótima, mas infelizmente não é cumprida.



Veja esse vídeo. É interessante. E não sei quanto tempo ficará disponível. A moça representante do ministério da saúde gagueja o tempo todo no vídeo, quase não consegue responder às perguntas. Mas é difícil defender o indefensável. Faltam CAPS III para dar um atendimento decente ao paciente em crise. Inclusive falta COMIDA nos CAPS existentes. E como vamos criar CAPS III com uma verba tão pequena para saúde mental?

Interessante também é o artigo do blog Caminho das Índias que diz que torno de 31 a 50% dos brasileiros apresenta durante a vida pelo menos um episódio de algum transtorno mental. Confira em Doença mental no Brasil.

Realmente precisamos conscientizar as autoridades da necessidade de investimentos mais sérios para a saúde mental. Senão fica difícil defender reforma.

16.7.09

Psiquiatria, fascismo e nazismo

O Fascismo e o Nazismo estavam resolvendo os problemas – com violência – e assim o estavam os psiquiatras.

Os nazistas podem ter sido debandados mas os psiquiatras continuam entre nós. Talvez esta seja a arma secreta que Goebbels gabou que levaria ao renascimento do Reich – não uma super bomba, um raio da morte, mas a planta para um estado escravo psiquiátrico.


O texto acima foi extraído do livro de Bernhard Schreiber. Fala sobre eugenia, fascismo, nazismo e sua ligação com a psiquiatria. O meu objetivo ao colocar o texto não é insinuar que os psiquiatras são nazistas. Não. Apesar de ser incontestável a ligação da psiquiatria e com o nazismo no passado. O objetivo é apenas lembrar que a história da psiquiatria é muito violenta e feia, e cabe aos psiquiatras sérios lutar para mudar essa história. Esse texto foi retirado do blog CONSPIRE ASSIM, da postagem OS HOMENS POR TRÁS DE HITLER. O texto original em inglês, THE MEN BEHIND HITLER, está no site http://www.toolan.com/hitler/index.html

CAPS Rubens Corrêa: Banheiros sem condições - Até quando?

Abaixo tem a foto de um dos problemas sérios do CAPS Rubens Corrêa: banheiros com trinco quebrado, enferrujado. Como os banheiros não tem trincos, as mulheres sofrem para fazer necessidades, pois os banheiros são praticamente abertos. Claro que o banheiro dos técnicos do CAPS é separado. Talvez seja por isso que eles não se preocupam em resolver o problema dos banheiros dos usuários. O banheiro dos usuários é usado também pelos familiares dos usuários. Há fios elétricos desprotegidos em um dos banheiros, o que poderia causar um acidente, não apenas para usuários, mas para qualquer outra pessoa.

Eu mostrei o problema do banheiro tempos atrás aqui. Primeiro eu falei disso na postagem PONTOS BONS E RUINS DO CAPS RUBENS CORRÊA de 7 de abril de 2009 e depois falei na postagem O BOM E O RUIM DO CAPS RUBENS CORRÊA de 9 de maio de 2009. Reclamei com a direção do CAPS repetidas vezes. Infelizmente nada foi feito. A direção do CAPS mudou e os problemas dos banheiros não foram resolvidos. Vamos ver se a nova direção percebe a urgência desses problemas e solucione isso. Eu até dou uma sugestão que certamente resolve o problema: façam um decreto que torne o banheiro dos usuários e dos técnicos os mesmos, banheiros comuns. Dessa forma não haveria abandono dos banheiros dos usuários.


Eis o banheiro do usuários do CAPS!




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Objetivo do blog PACIENTE PSIQUIÁTRICO

O blog PACIENTE PSIQUIÁTRICO foi criado para registrar o que acontece na saúde mental, principalmente no CAPS Rubens Corrêa. É um instrumento que visa deixar claro as formas de tratamento do CAPS, as positivas e as negativas. Visa mostrar as condições em que o paciente psiquiátrico é tratado. Aqui eu também descrevo como eu tenho me sentido com as medicações e seus efeitos colaterais ou com os sintomas da doença mental (se houver uma), pois acredito que isso pode ser muito útil para um médico realmente interessado em tratar doença mental. Ao longo desses anos muita coisa foi mostrada. Muitas coisas que comprometem o CAPS. Tais coisas deviam ser mostradas, para proteger a integridade de usuários. Não tinha como objetivo comprometer o CAPS, e sim proteger os direitos humanos dos usuários pacientes psiquiátricos. Mostrar as coisas erradas que acontecem no CAPS é bom, pois pessoas que leem o blog, inclusive profissionais de saúde mental, ficam prevenidas e não repetem os erros aqui relatados.

O blog PACIENTE PSIQUIÁTRICO e os profissionais de saúde mental

Eu sei que maus profissionais poderiam tentar se vingar de mim por não gostar do que é publicado no blog. Poderiam tentar me internar, por exemplo. Isso poderia me calar. Já que nenhuma outra providência ia me impedir de defender o tratamento humano nos CAPS. Só me prendendo. Esse é um blog limpo. Um blog legal. Eu não difamo o nome de ninguém. Apesar de criticar políticos da saúde mental. Porém, às vezes, cheguei até a escrever coisas ofensivas dirigidas a profissionais de saúde mental que cometeram falhas graves, mas nunca cito nomes. Acho que é importante proteger a identidade das pessoas. E eu também tenho que desabafar de vez em quando.

Várias vezes eu ridicularizo certos profissionais de saúde mental. Mas infelizmente muitos profissionais de saúde mental nos ridicularizam e nos tratam com desprezo. Várias vezes eu encontrei grupos de técnicos, profissionais de saúde mental, rindo da gente. Rindo de nós que fazemos tratamento psíquico, nós pacientes psiquiátricos. De certa forma, quando riem dessa forma, estão rindo de nosso sofrimento psíquico.

Em resumo, os bons profissionais de saúde mental vão gostar desse blog. Os bons profissionais de saúde mental do CAPS Rubens Corrêa vão adorar esse blog, pois quantos CAPS têm usuários que falam de seu CAPS, defendendo seus usuários online? Poucos. (Felizmente há outros!) Que fique claro que o objetivo principal desse blog é defender os usuários do CAPS, defender usuários de saúde mental em geral. É que às vezes certas pessoas acham muito trabalhoso garantir os direitos de pessoas em tratamento psíquico.

E infelizmente há profissionais de saúde mental que se acham muito importantes, e acabam se esquecendo de pensar naqueles que eles deveriam cuidar. (Cuidar é diferente de dar esmola. Dar esmolas de atenção, etc.) Se esquecem quando se garantem mordomias demais. E, às vezes, para que outros tenham seus direitos devemos abrir mão de mordomias. Por isso há gente que se sente ameaçado até quando os direitos humanos estão sendo defendidos. Esses se sentem ameaçados, pois temem perder algo que já não lhes é de direito.

Eu peço aos profissionais de saúde mental: façam greve para lutar por melhorias nas condições de trabalho. Mas não descarreguem nos usuários suas frustrações pelos maus salários. Não seja acomodado. Pois quando você é acomodado de certa forma você está concordando com as péssimas condições da saúde mental, está concordando com as péssimas condições do CAPS, por exemplo. Não esconda as coisas erradas que acontecem na sua instituição. Não queira proteger ninguém individualmente escondendo coisas erradas. Proteja várias pessoas em tratamento psíquico falando a verdade e revelando o que deve ser revelado.

9.7.09

Estar ou não estar bem, eis a questão

Ao falar com a psiquiatra ela perguntava porque eu relutava tanto a falar sobre as minhas condições de saúde. Eu acabei não falando o porque, já que tal resposta teria que ser bem elaborada.

Na verdade eu poderia dizer que me faltou oportunidade. Mas é mais que isso. Geralmente eu demoro para falar porque demora para a gente ter certeza de uma condição, de um sintoma, etc. Não gosto de me precipitar.

Mas o principal motivo é outro. Há um certo preconceito dos profissionais de saúde mental e mesmo de familiares e usuários pacientes psiquiátricos. É um preconceito meio generalizado que não deveria haver.

É o preconceito que o paciente psiquiátrico sofre quando está em crise. Quando ele diz alguma coisa algum profissional de saúde mental, ou mesmo familiar diz:
__Não liga para o que ele está dizendo. ele não está bem.
Geralmente dizem isso quando a pessoa em tratamento psíquico não está por perto. Para não contrariá-lo. Realmente, esse é um preconceito nojento, que me assusta.

A duras penas eu admito que estou me sentindo doente. E pode ser algo a ver com minha doença mental. Daí quer dizer que as coisas que eu digo agora não tem valor porque eu não estou "bem"? Eu estou com medo de admitir para as pessoas com quem trabalho que estou me sentindo doente. Tenho medo deles acharem que o que eu falo agora não tem valor por eu estar doente. Esse preconceito é horrível.

Claro que você deve estar pensando que talvez eu esteja enganado e as pessoas não achem isso quando eu disser que me sinto doente. Eu realmente espero que as pessoas não achem isso, mas eu estou dizendo isso pelo que eu já vi pessoas falando sobre outros companheiros pacientes psiquiátricos. É lamentável, mas é bom ter esperança que o preconceito vai diminuir.

Outro preconceito na saúde mental

Outro preconceito é tentar ligar a doença mental de alguém a algum problema pessoal, algum estresse. Eu estou me sentindo doente e posso garantir para você que na minha vida tudo vai bem. Com exceção da sensação de doença. Eu estou entusiasmado com meus estudos, estou estudando e tudo, mas sinto sintomas parecidos com depressão de vez em quando. O que é contraditório. Eu não estou desanimado, mas de vez em quando sinto falta de apetite.

Enfim, nem sempre dá para colocar a culpa de uma doença nos problemas pessoais de uma pessoa. (Acho que os psiquiatras e psicólogos vão odiar o que eu escrevi.)

Meu objetivo não é ofender profissionais de saúde mental

Imagine que há algum técnico no CAPS Rubens Corrêa que visita o PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Isso é bom, pois mostra que esse profissional tem interesse em pessoas que fazem tratamento psíquico. É realmente um ato de grande consideração a todos nós. Deve ser um profissional promissor. Mas a questão é que muitos profissionais se sentiram ofendidos com uma postagem, portanto eu fiz alterações, sem tirar o protesto.

O objetivo do blog não é ofender. Mas sim protestar. Um protesto não tem o objetivo de mudar o mundo, e sim de fazer refletir. O protesto não vai sair, mas a linguagem foi revisada e eu peço desculpas àqueles que sentiram ofendidos. MAS O PROTESTO CONTINUA.

Eu não pude responder a pergunta POR QUE VOCÊ NÃO FALOU COM A PESSOA? É que a maioria das vezes que eu falo com um psicólogo ou psiquiatra eu tenho a sensação que estou sendo consultado, e não conversando. Consultado, cada palavra sua conta pontos que definem se você está bem ou não. Francamente. Eu não preciso disso.

4.7.09

Tabaco: droga barata, acessível, popular e... altamente mortal

Como esse blog tem o hábito de falar sobre drogas e sobre saúde, é importante falar sobre o tabaco. E o cigarro ganhou muito poder depois da primeira guerra mundial. Se popularizou como nenhuma outra droga através de atores e atrizes lindos FUMANTES. E se popularizou através de propagandas maravilhosas, como as propagandas do cigarro Hollywood, que você pode ver abaixo.



O cigarro é uma droga altamente prazeirosa. Isso não dá para negar. Por isso quando alguém começa a fumar o risco de viciar é grande. Aliás, o prazer do cigarro deve ser bem maior que o do sexo, por exemplo. Há fumantes que querem fumar em ônibus, em lojas, etc. Imagine se eles tivessem toda essa vontade para fazer sexo... Cá entre nós, um casal fazendo sexo numa praça pública é menos ofensivo que um fumante na praça que joga fumaça na nossa cara acidentalmente. A fumaça na cara pode causar mais doenças que ver um casal nu fazendo sexo.

Brincadeiras à parte, o cigarro é uma droga que dá sensações de prazer fantásticas. É o maior sucesso em instituições psiquiátricas. Parece que preenche o vazio da doença mental. Apesar do grande prazer que o cigarro proporciona ele chega a ser mais prejudicial que drogas consideradas pesadas como cocaína. É que a cocaína só prejudica seu usuário, enquanto que o cigarro prejudica também quem está perto do fumante. O fumante passivo. Veja mais sobre isso na WIKIPÉDIA. E o cigarro causa um monte de doenças pavorosas. E mata de maneira assombrosa. (Mas, sinceramente, não creio que seja pior que psicotrópicos.)

Leis antifumo são muito brandas

E ultimanente se fala muito de uma lei de São Paulo, considerada bem rigorosa com os fumantes. Mas não bem aplicada, e nem rigorosa o suficiente. Eu sou a favor de que todos tenham seus vícios, acho que todos têm o direito de fumar. Mas, infelizmente, fumar em público não dá. Isso porque o cigarro prejudica sempre quem não está com o cigarro, que acaba fumando involuntariamente. A fumaça do cigarro é democrática, e vai longe. Por exemplo, quem cheira sua cocaína não incomoda os outros. O cigarro é uma praga sem igual. Pior que a maconha, que também é fumada. Já que a maconha não tem um cheiro tão forte e nem é tão popular (muita gente fuma cigarros legais!).

Com a chegada da rigorosa lei de São Paulo muitos colunistas fumantes se manifestaram na Internet, alguns com textos lindos sobre liberdade. Esquecendo que quando eles enchem o mundo de fumaça eles estão tirando a liberdade dos outros. Eu acho que lei que proibe fumar em determinados lugares é muito branda. Deveria ser proibido fumar em qualquer lugar público, não apenas em lugares públicos fechados. Ninguém tinha que ser obrigado a andar na rua tendo que desviar de fumaça de cigarro. Isso é ridículo!

Mas é mesmo impressionante como tantos fumantes se manifestaram para defender o direito de poluir o ar dos outros. Queria saber se eles iam gostar se eles fossem parar numa cidade onde todo mundo andasse soltando uma fumaça que fosse fedorenta para eles.

Realmente a irresponsabilidade dessas pessoas é grande. Se você quer ficar doente o problema é seu. Mas não queira sair por aí lutando pelo direito de deixar os outros doentes também. (Pois o fumante passivo também fica doente.) Cada uma.

Nada contra os fumantes. Conheço muitos fumantes muito simpáticos. Mas eu não devia ser obrigado a suportar a fumaça fedorenta como coisa normal.