ESSA PUBLICAÇÃO FOI ORIGINALMENTE FEITA EM 30 DE JANEIRO DE 2007, PORÉM POUCO MUDOU DESDE ENTÃO. ESTA ATUALIZAÇÃO É DE 14 DE SETEMBRO DE 2011.
Crônicas e textos sobre saúde mental. Por melhores formas de tratamento do sofrimento psíquico. Pelo fim das internações psiquiátricas involuntárias. Por exames laboratoriais antes da prescrição de psicotrópicos. Pela promoção de tratamentos alternativos. Pelo cumprimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pelo fim dos abusos sexuais e exploração infantil.
30.1.07
HOSPITAIS PSIQUIATRICOS, CAPS E POLITICOS...
22.1.07
PORQUE UM CAPS E IMPORTANTE
É um tratamento substitutivo dos manicômios, ou hospitais psiquiátricos, não sendo preciso ficar internado.É um hospital dia onde se buscam a inclusão social e a cidadania. Temos oficinas como pedagogia onde eu sempre fazia uma estrela e sempre a pintava de preto e daí começou um belo tratamento psicológico onde começamos a pensar lembrar de contas que já esquecidas fazemos. Geralmente, quando saímos de internação saimos muito massacrados eu fui salvo pelo gongo.
Temos oficina de beleza onde uma usuária mãezona NAZARÉ corta o cabelo de todos, faz a barba cuida com carinho, isso nos faz resgatar a auto-estima porque depois de uma internação saímos muito carentes obs.: ela não cobra nada! Temos a oficina de sucata que é feita com papel reciclado onde fazemos pastas marcador de livros porta cartões e outros. Vendemos em eventos e o dinheiro é dividido entre quem trabalhou. Temos a oficina de SILK SCREEN que funciona da mesma forma, temos a oficina do jornal que é feita no CDI com a participação de textos escritos por usuários. TUDO ISSO É A DIFERENÇA DE COMER, TOMAR REMÉDIOS E FICAR DEITADO DORMINDO OU NÃO E AS VEZES IMPREGNADO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO.Tenho a experiência de quase 10 anos fora de hospital internado e nesses anos tenho visto muita gente seguindo este caminho graças a esse trabalho substitutivo que é a reforma psiquiátrica no BRASIL.
(O TEXTO ACIMA FOI ESCRITO POR POLIBIO, USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA)
COMO É DIFÍCIL CERTAS COISAS NA VIDA, ELA AS VEZES NOS PREGA UMA PEÇA. COMO É MOLE PARTICIPAR DE UMA PLENÁRIA OU DE UMA REUNIÃO NUM AUDITÓRIO COM PALESTRANTES QUE SABEM O QUE DIZEM SÓ QUE UM DIA EU FUI JOGADO PRO OUTRO LADO DA MESA, E O PIOR: DE IMPROVISO. A VONTADE QUE ME DEU TODO TEMPO ERA DE SAIR CORRENDO DALI. FALTA DE UMA PROGRAMAÇÃO SOBRE O QUE EU IA DIZER, MAS COMO NA VIDA CHEGA UMA HORA QUE NÃO TEM JEITO OU CAGA OU PEIDA DEI MEU JEITO FOI SOMENTE AGRADECIMENTO GERAL POR MEUS ANOS DE VIDA SEM PRECISAR SER INTERNADO DEPOIS DO TRATAMENTO NO CAPS VALEU A EXPERIÊNCIA.
ESCRITO PELO USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA, POLIBIO.
AGRADEÇO MUITO A GENTILEZA DO POLIBIO, QUE GENTILMENTE PERMITIU QUE EU COLOCASSE SEUS TEXTOS AQUI.
INFELIZMENTE, HOJE EM DIA, AS OFICINAS MENCIONADAS POR POLÍBIO FORAM EXTINTAS E O CAPS SE TORNOU MUITO RÍGIDO E FRIO.
ENFIM, OS CAPS ESTÃO DESORGANIZADOS E ESQUECIDOS PELOS POLÍTICOS, MAS É UM SERVIÇO ESSENCIAL E É PRECISO DESPERTAR O INTERESSE E A MOTIVAÇÃO DOS TRABALHADORES QUE CAEM NOS CAPS DE PARA-QUEDAS.
ESSA PUBLICAÇÃO FOI ATUALIZADA EM 12 DE SETEMBRO DE 2011.
17.1.07
CAPS DA EXCLUSAO?
Sugeri a participação dos cozinheiros, faxineiros, seguranças,
administradores e de todos do convívio do CAPS nas "assembléias gerais", não como uma imposição ou obrigação, mas como um direito, uma responsabilidade, uma solidariedade e uma honra. É um direito de todos do CAPS participar das "assembléias gerais", sem exceção. E é um dever da direção do CAPS tornar isso possível. Afinal, para quem não sabe, os CAPS deveriam ter a inclusão social como objetivo, já que os CAPS são geridos por uma ONG (organização não governamental).
Infelizmente a forma que os CAPS funcionam chega a gerar exclusão. Os faxineiros, cozinheiros e seguranças se sentem pequenos diante de tantos "doutores". E são desvalorizados pela direção do CAPS. É como se estivessem no CAPS para receber ordens! Os funcionários que não são técnicos não são incentivados.
Como só recebem ordens, querem dar ordens em alguém. E diante de tantos doutores eles só vêem uns que estão abaixo deles (na opinião deles): os usuários. Por isso querem dar ordens nos usuários. Por isso acham que não tem que pedir licença a um usuário. É como se estivessem no CAPS para receber ordens dos administradores e dar ordens nos usuários. Que estranha hierarquia! Porque na verdade eles são empregados dos usuários! Tanto os faxineiros quanto os administradores são empregados dos usuários da saúde mental!... Se preocupam tanto em dar ordens nos usuários que alguns sequer fazem o próprio trabalho.
Por exemplo. Eles só trabalham quando recebem ordens da administração. Mas para dar ordens nos usuários ninguém precisa mandar. E se eles tivessem a chance de participar das assembléias gerais com direito a dar opiniões e ter as opiniões tão valorizadas quantas as opiniões dos usuários e dos técnicos eles trabalhariam com mais vontade. Pois perceberiam que estão sendo valorizados como pessoas e como trabalhadores. Como isto não acontece eles dão ordens aos usuários
para se sentirem um pouco importantes.
Isso porque a direção do CAPS não valoriza a cidadania. (É claro que isto é uma realidade triste e exclusiva em todos os CAPS, é um problema do IFB.)
Não incentiva a participação de todos nas "assembléias gerais". Por isso muitos funcionários que não são técnicos se veêm desvalorizados, não têm motivação para trabalhar, pois acham que limpar é coisa sem importância e dar ordens nos usuários
é mais importante. E só limpam quando recebem ordens, e quando não recebem ficam batendo papo ou falando no telefone que deveria ser usado só para trabalho.
São visíveis os esforços da maioria dos funcionários do CAPS para fazer um bom trabalho. (Técnicos ou não técnicos se esforçam)É evidente os esforços do cozinheiro, Sr. F, por exemplo. (Apesar dele não ser valorizado a altura). Quando um faxineiro dá ordens a um usuário ele acha que está ajudando. E sem dúvida os técnicos do CAPS estão buscando fazer um bom trabalho. a terapeuta C.
faz um bom trabalho de um lado, a administradora P. busca fazer coisas que estão até além de suas funções. A doutora Cl. faz grandes esforços também, etc.
O problema é que são esforços isolados, sem união, sem conjunto, sem planejamento. O problema é que fazem as coisas sem se unir para pensar juntos. É um tentando ajudar de um lado, outro com boas intenções do outro, mas sem nunca se unirem, a não ser em pequenas "turminhas". Na prática o CAPS não se reune como equipe para discutir e planejar as ações. Existe uma certa reunião de equipe, mas só técnicos podem participar dessa reunião. Sem falar que não se desenvolve trabalho de equipe nessas reuniões. De equipe só tem o nome.
O mais estranho é que na hora de se reunir para acessar o Orkut (site de relacionamento) existe a maior união!!
Pois bem. Os problemas acima mencionados se resolveriam com assembléias gerais solidárias e com a participação de todos, sem exceção. A necessidade da participação de todos nas assembléias gerais se confirmou mais ainda no fim de 2006. Dois dias depois de uma moça sofrer crise no CAPS eu falava com o faxineiro J., e tentava explicar que não havia necessidade de ter medo da moça em crise. (No dia da crise da moça ele estava visivelmente morrendo de medo, e tremia que nem vara seca). Aí chegou o administrador A. e o faxineiro disse que eu estava fazendo acusações!... Aí o administrador disse: "Não quero você por aí falando com os funcionários, não!" Claro que se os faxineiros e outros funcionários participassem de "assembléias gerais" eu não teria que falar com eles "por aí"! E é claro que o local onde o administrador deveria dizer o que ele quer ou não quer é nas assembléias gerais, que ele nunca freqüenta. E ele tem o direito de participar,já que é técnico. Se não participa não tem direito de falar nada. E é claro que tanto os administradores como qualquer outro funcionário do CAPS São empregados dos pacientes psiquiátricos. E se alguém tem que dizer "eu não quero você fazendo isso!" sou eu, que sou o patrão, como outros pacientes psiquiátricos.
No começo deste ano 2007 eu pude ver que o faxineiro J. não limpava a sala da informática (onde eu dou aulas para toda a comunidade) e nenhum outro faxineiro limpava. Parece-me que ele ficou zangado comigo, pois um dia ele abriu a porta da sala com violência gritando: "não pode entrar aí, não!!" E aí eu disse para ele que deveria pedir licença para abrir a porta(pois ele poderia ter acertado alguma pessoa com a porta!). Sinceremente, pedir licença não dói. E o trabalho dele é limpar. E se ele deixa de limpar uma parte ele não está fazendo o trabalho direito. E se ele
não faz o trabalho direito é melhor dar lugar para outros que querem trabalhar. Claro que esse faxineiro está sendo destacado, pois seria bom que ele soubesse que os usuários que estão aqui a anos que sabem das coisas no CAPS, e não se pode dizer coisas sem se saber do que se trata realmente, pois pode chegar a prejudicar os companheiros com mau exemplo. E eu vou esperar pelo dia em que teremos uma assembléia geral de verdade no CAPS.
4.1.07
ASSEMBLEIA GERAL PARA INCLUSAO
porque isso ajuda a envolver as pessoas no tratamento. O faxineiro que participar de assembléias com usuários da saúde mental que fazem tratamento psiquiátrico passará a entender mais a situação dos usuários e assim terá mais respeito pelas pessoas que fazem tratamento psiquiátrico, por exemplo.
O psiquiatra que participa de assembléias com usuários e familiares começa a se envolver com os problemas desses, não apenas como médico, mas também como pessoa. E começa a se envolver também com a luta política pela inclusão social dos usuários da saúde mental. E, francamente, o psiquiatra que não se interessa na inclusão social dos pacientes psiquiátricos deve mudar de profissão! Ele não é médico nem aqui, nem na China!!
É importante a participação nas assembléias gerais de pelo menos um representante de cada setor do CAPS (pelo menos um usuário, um familiar, um administrador, um segurança, um psicólogo, um terapeuta, um psiquiatra, um enfermeiro, etc.)
Por que? Porque se todos os setores que formam o CAPS não estão presentes na “assembléia geral”, essa “assembléia geral” não é geral, pois não tem a participação geral, não tem a participação de todos!
Todos mencionados acima devem ter o direito de dar sugestões e fazer críticas. As pessoas (desde o faxineiro até o doutor) deveriam ser até incentivadas a expressar suas críticas, sugestões e insatisfação (se houver) nas assembléias gerais.
CAPS PARA A INCLUSAO. INCLUSAO?!
Infelizmente a estrutura do IFB é hierarquizada. É um sistema meio empresarial, sabe como é aquela coisa de patrão e empregado? Não há incentivo para o pensamento em grupo. Não há grupo. Não há união. Aí você deve estar pensando: “não é assim mesmo numa empresa?” Aí está o problema. O CAPS não é uma empresa. O CAPS é um projeto com fins sociais, financiado pelo governo. O que quer dizer que todos os funcionários do CAPS devem ser considerados de essencial importância, desde do faxineiro até o doutor mais graduado. E essas pessoas devem estar cientes do quanto são importantes e devem ser valorizadas. Isso não acontece nos CAPS.
Bem, nos CAPS existem turminhas. Existe uma turminha aqui, outra turminha ali, mas não há conjunto. O faxineiro tal conspira contra usuário tal, usuário tal conspira contra técnico tal, técnico tal conspira contra o cozinheiro tal. Ou seja, nos CAPS não se cultiva o hábito de se sentar para discutir em grupo buscando soluções para o bem de todos.
Isso sem falar que os CAPS mal falam entre si. São 13 CAPS no Rio que mal se conhecem. Totais estranhos. Vamos entender mais a hierarquia dos CAPS: a diretora do CAPS é a maior figura do CAPS. É quem manda no CAPS. Mas de vez em quando a diretora do IFB faz supervisão no CAPS. Logo a diretora do IFB fiscaliza a diretora do CAPS!
Assim a diretora do CAPS tem medo da diretora do IFB!... e a diretora do IFB tem medo do coordenador de saúde da secretaria municipal de saúde, que tem mais poder que a diretora do IFB. É a guerra dos medos! A hierarquia do medo!
Como já foi dito, no CAPS não há conjunto, nem união. Há turminhas. Os usuários (pacientes psiquiátricos) em uma turma, os faxineiros e seguranças em outra turma, os enfermeiros em outra turma, os psiquiatras e psicólogos em outra turminha e até os administradores com a sua turminha.
Não é necessário dizer que psiquiatras, psicólogos e administradores fazem parte da classe alta, com muitos privilégios. Todos os outros são da classe baixa. (Houve um momento em que um administrador me “proibiu” de falar com os faxineiros, seguranças e cozinheiros! Nem é necessário dizer que tal proibição é ilegítima, ilegal! É uma proibição proibida! Ninguém pode proibir ninguém de falar com ninguém!)
Bem, nos CAPS existem assembléias, que os técnicos da saúde mental chamam de “Assembléia Geral”. O problema é que nem todos tem o direito de participar das “Assembléias Gerais”. E têm alguns que tem o direito, mas simplesmente não querem participar! (entre os que não querem participar estão os da classe alta, principalmente.)
MEU NOME É EZEQUIEL DE ANDRADE, USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA, LOCALIZADO NA RUA ALIATAR MARTINS, 231 – IRAJÁ, RIO DE JANEIRO. ALÉM DISSO SOU EDUCADOR E DOU AULAS DE INFORMÁTICA NESTE CAPS PARA USUÁRIOS DA SAÚDE MENTAL E PARA QUALQUER PESSOA.