Em uma época em que os psiquiatras colocam muita importância nos remédios, profissionais do serviço público de saúde mental acabam se esquecendo de que o acompanhamento próximo do paciente é o mais importante (do contrário o médico não seria necessário e poderíamos comprar remédios em máquinas nas ruas, como compramos refrigerantes.)
O acompanhamento que é o mais importante acaba sendo colocado em segundo plano. Me surpreende como algumas pessoas que tomam mais de 5 comprimidos por dia só recebem acompanhamento de 15 em 15 dias, ou apenas um acompanhamento mensal, quando deveriam ter acompanhamento, no mínimo 3 vezes por semana! Sem acompanhamento as pessoas entram em crise mesmo tomando remédio. E os profissionais tentam achar falha na forma em que a pessoa toma o remédio, tentando colocar uma aparência de infalível no remédio, como se a falta de remédio fosse a única justificativa para as crises.
Quando um paciente toma uma alta quantidade de remédios o acompanhamento deve ser maior, pois devido a alta quantidade de remédios o risco da pessoa tomar o remédio errado por acidente é muito grande, e uma ingestão errada de remédios é um grande risco para a saúde (isso explica o alto número de mortes por overdose!)
As pessoas deveriam procurar tratamento das doenças e transtornos mentais para levar uma vida melhor. Mas as pessoas não fazem isso, pois as pessoas têm vergonha de dizer que se tratam de doença mental, pois doença mental é vista como coisa feia e má, e isso graças aos preconceitos levantados pelos próprios psiquiatras. Os psiquiatras forenses, por exemplo, falam que os sociopatas e psicopatas são maus por natureza. E essa maldade do psicopata acaba sendo vista como uma maldade da doença mental em geral. (Pois por mais que os psiquiatras tentem separar os psicopatas e sociopatas dos outros doentes mentais, tudo isso é tratado por psiquiatras!) Por isso as pessoas têm vergonha de admitir a idéia de ter uma doença mental.
E o familiar também precisa de tratamento, e não deveria ter vergonha disso. De vez em quando um familiar fica emocionado ao descrever a crise de um paciente, às vezes, o familiar, ao falar do paciente, omite coisas ou até mente por vergonha, os profissionais de saúde deveriam explicar com clareza para esses familiares de que eles precisam de tratamento, e que se tratar não é vergonha. Pelo contrário: não se tratar quando precisa de tratamento é vergonha.
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