Imagine um doente terminal que já não pode andar, mal pode falar, está mantido vivo por aparelhos e sofre dores físicas e psíquicas 24 horas por dia e sabe que a doença NÃO TEM CURA NEM RECUPERAÇÃO e só é uma questão de tempo para morrer.
Esses pacientes terminais desejam a morte para fugir de uma dor que CIENTIFICAMENTE não pode ser remediada. Trata-se de uma decisão de querer morrer baseada na LÓGICA. Nesse caso, se trata de SUICÍDIO ASSISTIDO, ou seja, com o apoio de um médico. O indivíduo expressa um motivo racional para deixar de viver.
Mas o que motivaria alguém a desejar cometer suicídio quando se tem pernas e braços perfeitos e pode andar e falar? Que dor seria essa? Essa dor é um sofrimento psíquico GRAVE. Um transtorno mental.
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Uma pessoa com transtorno mental pode se suicidar por se ver ENVOLVIDA por pesamentos sutis, e isso acontece sorrateiramente.
Algumas pessoas tentam suicídio para punir a si mesmos. Impressionante é que tais pessoas querem viver, por que tentam tirar a própria vida?
Muitas vezes a pessoa repete para si mesma que não é boa o bastante, que por não ser boa, merece morrer. E essa pessoa tenta se suicidar mais por pura raiva.
A SÉRIE MEA VITA descreve essa frustração com perfeição, através da personagem principal, que sofre com transtorno bipolar. A personagem tenta se suicidar lançando o carro num poste. A tentativa falha. Um amigo acompanha a cena de longe e corre para socorrê-la. E decide levá-la com ele, contra sua vontade, no carro dele. Aí acontece uma coisa interessante: ela fica desesperada com a ideia de deixar o carro dela para trás!
Se ela queria morrer, porque se preocuparia com um carro? Logicamente, ela não queria morrer. Queria se punir, se machucar. Ninguém que deseja morrer DE VERDADE se preocupa com bens materiais.
Esta situação se desenrola nos capítulos VIII e IX de MEA VITA.
Evidentemente, as frustrações que a pessoa sente não são porque ela é um fracasso, ou coisa assim. As frustrações não tem nenhuma explicação lógica, pois são sintomas do transtorno mental.
É um erro pensar que se pode tratar alguém com sofrimento psíquico com medicação. Basta entender o significado de psíquico para entender que não é possível tratar com medicação. Psíquico vem de psiquê, que quer dizer alma. Como seria possível tratar a alma com drogas?
Medicação ajuda um pouco, mas a sutileza e a natureza da dor torna qualquer medicação ineficiente, infelizmente.
O único tratamento possível seria apoio e acompanhamento constante. As pessoas acometidas com transtorno mental deveriam ver um médico uma vez por semana, NO MÍNIMO.
Infelizmente, a indiferença do ser humano o levou a acreditar que medicações resolveriam o problema. Medicamentos deveriam ser usados para complementar o apoio e o acompanhamento constante, mas infelizmente o contrário acontece. Sedam e medicam pessoas e as jogam na vida e dizem que o problema está estabilizado.
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Mas porque uma pessoa bem sucedida profissionalmente chega a repetir para si mesma que é um grande fracasso com tanta ferocidade a ponto de querer se ferir ou se matar? Como se cria esse monstro imaginário, um fracasso que não existe, de fato?
Dizem que uma pessoa em depressão não sofre psicose, não sofre alucinação. Porém, exagerar na auto-crítica não seria um delírio, uma alucinação?
Daí, a teoria de que depressão não é causada por alucinação e delírio não seria ERRADA? Logo, não seria mais correto chamar depressão de PSICOSE?
A coisa acontece devagar. De início, o suicídio é apenas pensado rapidamente, depois as ideias suicidas aumentam, por fim... Aí essas pessoas são envolvidas pela sutileza do suicídio, ao ponto de ansiar o suicídio, e considerar o suicídio como algo a ser conquistado. Que delírio pode ser maior que esse?
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