Iracema Polidoro é familiar de doente mental há muito respeitada por sua luta em defesa dos usuários de saúde mental. Ela é presidente da Associação de Parentes e Amigos dos Pacientes do Complexo Juliano Moreira (Apacojum). Está defendendo a Luta Antimanicomial há décadas. Ferreira Gullar é um poeta. Talvez você conheça. Pois eu só vim a conhecê-lo depois que eles escreveu uns artigos polêmicos defendendo internação psiquiátrica. Veja abaixo os artigos mais polêmicos dele.
Campanha contra a internação de doentes mentais é uma forma de demagogia
"A CAMPANHA contra a internação de doentes mentais foi inspirada por um médico italiano de Bolonha. Lá resultou num desastre e, mesmo assim, insistiu-se em repeti-la aqui e o resultado foi exatamente o mesmo.
Isso começou por causa do uso intensivo de drogas a partir dos anos 70. Veio no bojo de uma rebelião contra a ordem social, que era definida como sinônimo de cerceamento da liberdade individual, repressão “burguesa” para defender os valores do capitalismo.
A classe média, em geral, sempre aberta a ideias “avançadas” ou “libertárias”, quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade. Não, adere sem refletir.
Havia, naquela época, um deputado petista que aderiu à proposta, passou a defendê-la e apresentou um projeto de lei no Congresso. Certa vez, declarou a um jornal que “as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles”. E eu, que lidava com o problema de dois filhos nesse estado, disse a mim mesmo: “Esse sujeito é um cretino. Não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Não imagina o quanto dói a um pai ter que internar um filho, para salvá-lo e salvar a família. Esse idiota tem a audácia de fingir que ama mais a meus filhos do que eu”.
Esse tipo de campanha é uma forma de demagogia, como outra qualquer: funda-se em dados falsos ou falsificados e muitas vezes no desconhecimento do problema que dizem tentar resolver. No caso das internações, lançavam mão da palavra “manicômio”, já então fora de uso e que por si só carrega conotações negativas, numa época em que aquele tipo hospital não existia mais. Digo isso porque estive em muitos hospitais psiquiátricos, públicos e particulares, mas em nenhum deles havia cárceres ou “solitárias” para segregar o “doente furioso”. Mas, para o êxito da campanha, era necessário levar a opinião pública a crer que a internação equivalia a jogar o doente num inferno.
Até descobrirem os remédios psiquiátricos, que controlam a ansiedade e evitam o delírio, médicos e enfermeiros, de fato, não sabiam como lidar com um doente mental em surto, fora de controle. Por isso o metiam em camisas de força ou o punham numa cela com grades até que se acalmasse. Outro procedimento era o choque elétrico, que surtia o efeito imediato de interromper o surto esquizofrênico, mas com consequências imprevisíveis para sua integridade mental. Com o tempo, porém, descobriu-se um modo de limitar a intensidade do choque elétrico e apenas usá-lo em casos extremos. Já os remédios neuroléticos não apresentam qualquer inconveniente e, aplicados na dosagem certa, possibilitam ao doente manter-se em estado normal. Graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso. A maioria das clínicas psiquiátricas particulares de hoje tem salas de jogos, de cinema, teatro, piscina e campo de esportes. Já os hospitais públicos, até bem pouco, se não dispunham do mesmo conforto, também ofereciam ao internado divertimento e lazer, além de ateliês para pintar, desenhar ou ocupar-se com trabalhos manuais.
Com os remédios à base de amplictil, como Haldol, o paciente não necessita de internações prolongadas. Em geral, a internação se torna necessária porque, em casa, por diversos motivos, o doente às vezes se nega a medicar-se, entra em surto e se torna uma ameaça ou um tormento para a família. Levado para a clínica e medicado, vai aos poucos recuperando o equilíbrio até estar em condições que lhe permitem voltar para o convívio familiar. No caso das famílias mais pobres, isso não é tão simples, já que saem todos para trabalhar e o doente fica sozinho em casa. Em alguns casos, deixa de tomar o remédio e volta ao estado delirante. Não há alternativa senão interná-lo.
Pois bem, aquela campanha, que visava salvar os doentes de “repressão burguesa”, resultou numa lei que praticamente acabou com os hospitais psiquiátricos, mantidos pelo governo. Em seu lugar, instituiu-se o tratamento ambulatorial (hospital-dia), que só resulta para os casos menos graves, enquanto os mais graves, que necessitam de internação, não têm quem os atenda. As famílias de posses continuam a por seus doentes em clínicas particulares, enquanto as pobres não têm onde interná-los. Os doentes terminam nas ruas como mendigos, dormindo sob viadutos.
É hora de revogar essa lei idiota que provocou tamanho desastre."
Para ver o artigo abaixo em tamanho maior clique nele.
Veja na página da revista Época Doi internar um filho. Às vezes não tem outro jeito
Se você leu os textos vai concordar comigo que Ferreira Gullar foi muito infeliz no que disse. Ele chegou a chamar Paulo Delgado de idiota. Para quem não sabe, Paulo Delgado é o autor da lei 10.216.
A lei 10.216 é ótima. O grande problema é que ela não é respeitada. Não é seguida. Mas eu concordo com ele quando ele diz que muitos pacientes estão virando mendigos, etc. Isso acontece pelo não cumprimento da lei 10.216. O que tipos como Ferreira Gullar deveriam fazer era usar seu grande talento para lutar para que a lei seja cumprida.
Para quem não sabe existe o CAPS III, que serve para substituir os antigos hospitais psiquiátricos. Os CAPS III devem ter leitos psiquiátricos, onde os pacientes poderão receber assistência sem ter que ficar dias ou meses internado. O único problema é que os CAPS III existem em pouquíssimos lugares. Por enquanto é só um projeto.
(NA ÉPOCA EM QUE ESTA PUBLICAÇÃO FOI FEITA NÃO HAVIA NENHUM CAPS III NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. PORÉM, HOJE EM DIA, EM MAIO DE 2013, JÁ EXISTE UM CAPS III NO ALEMÃO E OUTRO NA ROCINHA, NO RIO DE JANEIRO. PORÉM PARA QUE A IDEIA DOS CAPS III REALMENTE FUNCIONE SERÁ NECESSÁRIO TRANSFORMAR TODOS OS CAPS MENORES EM CAPS III E SUBSTITUIR O MÁXIMO POSSÍVEL HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS POR CAPS III. MAS OUTROS PROBLEMAS GRAVES SURGIRAM: É INSUFICIENTE O NÚMERO DE PSIQUIATRAS NOS CAPS. NÃO É POSSÍVEL HAVER UM BOM ATENDIMENTO SEM PESSOAL.)
Eu continuarei falando sobre isso. Pelo jeito Ferreira Gullar escreveu aqueles absurdos simplesmente por estar mal informado.
ferreira gular não foi nada infeliz sobre ser contra esta lei,pois assim como ele eu sofro este mesmo problema na família.somente quem convive com eles sabe como é difícil ter um deficiente mental em casa.no meu caso a minha irmã vive sozinha na casa que era da minha mãe,pois a mesma faleceu e eu não posso cuidar dela,eu tenho um bebê e mais uma criança para cuidar e ainda preciso sair para trabalhar todos os dias.não seria muito melhor para ela propria que ficasse internada num hospital ja que não tem quem acuide
ResponderExcluiramiga
ResponderExcluirexistem residencias compartilhadas para esses casos e situaçao de pessoas sozinhas no mundo.procure se informar.e muito bom.o que acho errado e o meu caso.com dois filhos assim com muita idade nao permitem que eles fiquem nessas residencias porque eu existo para tomar conta....e eu nao estou aguentando mais.sao 28 anos de kuta e quase 80 anos.que faço?
MEU DEUS PARESE QUE ESTÃO FANDO DE MIM TENHO UM IRMÃO QUE ESTA EM CRISE DESDE NOVEMBRO DE 2012 A 19 ANOS CUIDO DELE SEM RECLAMAR SO QUE AGORA JA NÃOAGUENTO MAIS ELE ESTA SENDO ATENDIDO NO CAPSIII NO ALEMÃO SO QUE NAÕ FUNCIONA COMO O POVO PENSA EU TENHO QUE LEVAR E BUSCAR TODOS OS DIAS E LA ELE FICA ATOA O DIA INTEIRO A MEDICACÃO QUEM DA SO EU SERA QUE ALGEM CONHESE UM LUGAR QUE EU POSSA PAGAR COM O SALARIO DELE EU MORO EM OLARIA NA RUA URANOS 1311 CASA11 MEU NOME E SHIRLEI
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