9.1.16

Guerrilha do Araguaia: Coronel relata torturas cometidas pelos comunistas brasileiros

Discurso do Coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel na Câmara dos Deputados, em Sessão Solene ocorrida no dia 26 de Junho 2005, a Homenagem aos Militares mortos na guerrilha do Araguaia. No discurso, o Coronel Lício Augusto Ribeiro Maciel conta como ele prendeu o José Genoíno, como os companheiros de Genoíno esquartejaram um adolescente VIVO, e como os companheiros do Lamarca castraram um tenente e o obrigaram a engolir os próprios órgãos genitais.

UM BRASILEIRO NA GUERRILHA DO ARAGUAIA

Transcrição do Discurso do Coronel Lício Augusto Maciel, começando aos 16:26:



Senhor Presidente, Senhores Congressistas, demais autoridades presentes, minhas senhoras, meus senhores, não é preciso dizer da minha emoção por ter encontrado aqui velhos companheiros de luta, que ainda a estão levando essa luta à frente.

Como participante dos acontecimentos que passo a relatar, eu fiz um resumo dos itens mais perguntados; apenas como itens porque a dissertação vai ser rememorando os fatos. Para isso, eu tirei os óculos, para que aqueles que vou citar me olhem bem no fundo dos olhos e tenham a suficiente coragem de afirmar, se for preciso, que tudo o que foi dito aqui é a pura verdade. Se bem que não há necessidade, porque eles próprios já confirmaram em outras ocasiões.

Então, o primeiro item selecionado se refere o porque da minha escolha para a missão de descobrir o local da guerrilha, que hoje se diz Guerrilha do Araguaia.

Em 1969, com a morte do terrorista Marighella, em São Paulo, os documentos dele, foram feitas várias citações sobre o local da grande área: grande área de treinamento de guerrilha.

Eu estava chegando em Brasília em 1968, já pela segunda vez. No meu passado, desde 1954, quando fiz o curso de pára-quedista e, em seguida, o curso de Forças Especiais da Divisão de Pára-Quedistas, e especializei-me na modalidade de Guerra na Selva. Posteriormente, o curso de Operações Especiais foi desenvolvido com outras modalidades e, em seguida, foi criado o CIGS, Centro de Instrução de Guerra na Selva.

Então, detentor do curso de Forças Especiais e sendo considerado, na época, o elemento com credenciais para desenvolver as operações de selva, eu percorri milhares de vezes a (rodovia) Belém-Brasília, de Brasília a Belém, estrada pioneira de barro. Eu e minha equipe, de 3 ou 4 homens, nós chegamos à conclusão, por indícios, de que a Guerrilha do Araguaia estava naquela área, entre o Bico do Papagaio, Xambioá, Marabá, Tocantinópolis e Porto Franco.

Porém, O fato que permitiu que nós chegássemos à área foi a prisão, em Fortaleza, do guerrilheiro Pedro Albuquerque. Naturalmente, ele está olhando para mim, e eu estou olhando para a câmera, para ele olhar no fundo dos meus olhos e confirmar que o que eu estou dizendo é verdade. O Pedro Albuquerque foi preso quando tentava tirar documentos em Fortaleza. Recolhido ao xadrez, ele tentou suicídio cortando os pulsos. A sentinela, por acaso, passou, viu, deu o alarme e ele foi levado pro hospital da guarnição.

Recuperado o documento de que ele falou, o documento resultante das declarações de Pedro Albuquerque foi enviado diretamente de Fortaleza para Brasília e chegou às mãos do General Bandeira, que imediatamente mandou buscar o preso. Enquanto eu preparava a equipe, o preso chegou, foi incluído na minha equipe, e eu saí, junto com Pedro, para o local onde ele dizia que era o inicial: Xambioá.

Chegamos no Rio Araguaia, pegamos uma canoa grande, com motor de popa, fomos até ao local de Pará da Lama; que o Pedro deve estar muito lembrado dele: era uma picada ao longo da floresta no sentido do Xingu. Então nós andamos o dia inteiro. Chegamos ao anoitecer na casa do último morador, com o Pedro sendo levado por nós, livre. Não estava algemado, nem amarrado, nem nada. Ele foi acompanhando a nossa equipe. E isso têm várias testemunhas aqui presentes, que eu não vou citar, e que fizeram parte da minha equipe.

Chegamos à casa de Antônio Pereira, pernoitamos no campo, nos telheiros e, no dia seguinte, às 4h da manhã, nós prosseguimos em direção ao local onde o Pedro Albuquerque indicou. Ao chegarmos no local, nós avistamos três homens, isto é, três elementos, sendo uma mulher, descansando para almoço, eu presumo. Então quando nós nos aproximamos do local só para conversar com eles, nós fomos para saber o que é que eles estavam fazendo lá. Eram três e, nós éramos seis; não tinha problema. Eles fugiram. Nós chegamos, e eu fiquei inteiramente abismado a quantidade de estoque de comida, de material cirúrgico; até oficina de rádio tinha; 60 mochilas de lona, costuradas no local em máquina industrial grande, que eu tive o prazer de jogar no meio do açude. E tocamos fogo em tudo e eu voltei sem fazer prisioneiro.

Ora, em qualquer situação, nós teríamos atirado naqueles homens. Nós estávamos a 80 metros, um tiro de fuzil os atingiria facilmente. Eles estavam sentados. Mas o nosso objetivo não era matar, não era trucidar. Nosso objetivo era saber o que é que eles estavam fazendo lá. De acordo com Pedro Albuquerque, eram guerrilheiros. E eles estavam na área indicada por Pedro Albuquerque, que viu toda a operação.

Bom, destruindo todo o aparelho deles; metralhamos uma grande quantidade de frutas - melancia, jerimum, e o diabo a quatro, tinha muita coisa. Ficamos inteiramente impressionados com a quantidade de comida que tinha lá, sacas de arroz, muita coisa; até oficina de rádio com equipamentos sofisticados. Era uma oficina rústica, não era bancada de laboratório da cidade, era uma oficina rústica, mas que funcionava. E o gerador, lá atrás, funcionava também.

Então, nós voltamos. Deixamos o pessoal fugir, claro. E o Pedro Albuquerque retornou com dois companheiros nossos e foi recolhido ao xadrez de Xambioá. Nós continuamos a missão. Como os três elementos que fugiram, avisaram para o resto do grupo do Destacamento C, mais ao sul, em frente a São Geraldo do Araguaia, que estávamos indo para lá, ao chegar lá nós os vimos fugindo com muita carga, até violão levavam. Eles estavam se retirando do Destacamento C, do Antônio da Dina e do Pedro Albuquerque.

Pedro Albuquerque nos levou até o Destacamento C, onde ele tinha estado. E ele fugiu, o Pedro Albuquerque, porque os bandidos tinham exigido que ele fizesse um aborto em sua mulher, que estava grávida. Eles não se conformaram com a ordem, principalmente porque outra guerrilheira grávida tinha sido mandada para São Paulo, para ter o filho nas mordomias de São Paulo. Apenas ela era uma guerrilheira casada com o filho do chefe militar da guerrilha, que era Maurício Grabois. OK? Eles obrigaram a sua mulher fazer o aborto.

Nós estávamos perseguindo esse grupo e estávamos avançando. Embora chovesse bastante, nós estávamos nos aproximando. Eles resolveram soltar a carga que estavam levando, e o guia, morador da área, me disse: "Agora, nós não vamos pegar eles porque estão fugindo para a gameleira". E demos uma meia parada, nessa destruição do equipamento deles, quando pressentimos a vinda de alguém na trilha. Nós estávamos andando através mata e esse elemento vinha pela trilha. Nós nos agachamos e, nisso, veio aquele elemento forte, com chapéu de couro, mochila nas costas e facão na cintura. Então, quando ele chegou no meio do nosso grupo, eu dei a ordem: Prendam esse cara!

Não sei, não posso me lembrar, se foi o Cid ou se foi o Cabo Marra que pegou o Genoíno. Esse elemento era o Geraldo, posteriormente identificado como Genoíno - que naturalmente está me olhando agora. E eu tirei os óculos justamente para ele me reconhecer, porque da minha cara ninguém esquece, principalmente com aquela cara que eu estava na mata, depois de vários dias passando fome e sede, sujo, cheio de barba. Mas é a mesma cara. É o mesmo olhar da hora em que eu encarei ele e disse: "Seu mentiroso! Confesse! Você não tem mais alternativa".

Por que eu descobri que o Genoíno era guerrilheiro? Ele se dizia Geraldo e se dizia morador da área. Claro: elemento na área, suspeito, eu mandei deter. Mesmo algemado e com tudo nas costas, uma mochila pesada e grande, ele fugiu. O Cabo Marra deu três tiros de advertência, e ele parou. Mas não parou por causa da advertência, parou porque se emaranhou no cipoal, e o pessoal foi pegá-lo.

Eu perguntei: Por que você está fugindo? Nós apenas estamos querendo conversar com você. Para você não fugir, vamos ter de algemá-lo. "Eu sou morador" - disse ele.

Eu deixei o pessoal especializado em inquirição conversando com o Genoíno, até então Geraldo. O pessoal - inclusive está presente um desses companheiros, o Cid - conversou bastante tempo com o Genoíno, quando o Cid veio a mim e disse: "Comandante, não tem nada, não". Está bom - respondi. Como eu já estava há muito tempo no mato, já tinha resolvido, intimamente, levar o Genoíno preso para Xambioá, mas não disse que essa era minha determinação. Peguei a mochila dele.

Eu tinha um elemento na minha equipe que era especialista em falar com o pessoal da área - já falecido -, um elemento excepcionalmente bom. Que eu rendo minha homenagem, a João Pedro do Rêgo. O João Pedro, apelidado por nós de Jota Peter ou Javali Solitário, onde ele esteja estará escutando. O João Pedro era um homem que falava com o matuto, com o pessoal da área, porque eu, na minha linguagem urbana, não era entendido nem entendia o que eles falavam. O Javali veio pra mim e disse: "Ele não tem nada. É morador da área". E disse-me o que tinha lhe dito.

Eu, como homem de selva, peguei a mochila do Geraldo e comecei a abrir. Tirei pulôver, rede e um bocado de bagulho da mochila do Geraldo, quando encontrei um tubo de remédio no fundo da mochila. Ao pegar aquele tubo e olhar para o Genoíno, vi que ele estava lívido, pálido. Eu ainda lhe disse: Companheiro, fique tranquilo porque nós não vamos fazer nada com você, você é morador da área. E abri o tubo. Lá encontrei material típico de sobrevivência - linha de pesca fina, anzóis. Era material típico de sobrevivência. Como eu havia feito um curso e só sabia teoricamente sobre o assunto, interessei-me por aquele exemplo prático, em um local de difícil acesso na selva amazônica. À medida que eu ia puxando aquelas linhas, o Genoíno - aliás, o Geraldo - ia ficando mais desesperado. E quando eu tirei o tubo, olhei para ele, e ele estava branco como papel. E lá no fundo eu vi um papel pautado, de caderneta, dessas que todo dono de bodega na área anotava as suas vendas.

Cortei uma talisca do meu lado, puxei o papel e lá estava a mensagem do Comandante do Grupamento B da Gameleira, o Osvaldão, para o Comandante do Grupamento C, Antônio da Dina. Estava lá a mensagem que o Genoíno transportava para o Antônio da Dina. Era uma mensagem tão curta que ele, como bom escoteiro que era, poderia ter decorado, porque até hoje, mais de 30 anos passados, eu me lembro do que dizia essa mensagem, mas eu quero que ele mesmo diga o que é que constava nessa mensagem. Era uma dúzia de palavras em linguajar militar, de próprio punho do Osvaldão, que era o Comandante do Grupo B da Gameleira, o grupo mais perigoso da guerrilha, como constatamos no desenrolar das lutas.

Foi o grupo que matou o primeiro militar na área. Antes de qualquer pessoa morrer, o grupo do Osvaldão matou o Cabo Rosa, Odílio Cruz Rosa. Depois de esse Odílio Cruz Rosa ser morto, eles mataram mais 2 sargentos e fizeram muito mal aos militares que nada sabiam de nada até então. Só quem sabia era o pessoal de informações, porque eu era da área de informações, embora eu operasse à paisana.

Então, o Genoíno foi mandado para Xambioá preso. A essa altura ele já deixou de ser detido para ser preso, e falou tudo sobre a área. Quando eu olhei para ele e disse: Você não tem mais alternativa porque aqui está a mensagem. Ele disse: "Eu falo". Eu disse: É bom você falar. Genoíno, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu te prendi na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não te demos uma facãozada, não te demos uma bolacha - coisa que eu me arrependo hoje.

Um elemento da minha equipe, o Cid, fumador inveterado, abriu um pacote de cigarro, e aproveitou aquele papel branco do verso, surgiu um toco de lápis que eu não sei de onde, e o João Pedro começou a anotar o que o Genoíno falava fluentemente - nervoso como ele estava, ele começou a falar.

Eu me levantei do chão, fui até um córrego próximo - meio próximo - pra beber um pouco d'água. Voltei, o papel estava cheio, com toda a composição da Guerrilha - nomes, locais, Grupo C, ao sul; Grupo B, da Gameleira, perto de Santa Isabel; e Grupo A, perto de Marabá. Eram os 3 grupos efetivos, e eles presumiam completar 30 homens por grupamento, e mais um grupo militar comandado por Maurício Grabois.

Eu peguei aquele papel e ainda comentei com ele: Pô, meu amigo, tu é um cara importante desse negócio aí, hein? E mandei o Geraldo para Xambioá. Ele foi recolhido ao xadrez, posteriormente enviado para Brasília; em seguida, 3 ou 4 dias depois, não me lembro, veio o veredicto da identificação: o guerrilheiro Geraldo é o José Genoíno Neto, presente em frente ao vídeo, olhando para os meus olhos - eu sempre tive olhos arregalados; não foi só lá na mata, não. Os meus olhos sempre foram arregalados, principalmente em combate.

Triste notícia veio depois. O grupo do Genoíno prendeu o filho do Antônio Pereira, aquele senhor humilde, que morava nos confins da picada de Pará da Lama, a 100 quilômetros de São Geraldo. O filho dele, um garoto de 17 anos, que eu não queria levar como guia, porque eu me lembrei ao olhar do rapaz do meu filho da mesma idade. Então, eu disse pro João: Não quero levar o seu filho. Porque eu sabia das implicações, ou já desconfiava.

O pobre coitado do rapaz nos seguiu durante uma manhã, de 6h da manhã ou 5h da manhã até meio-dia, quando nós encontramos os três nos aguardando para almoçar. Pois bem. Depois que nos retiramos, os companheiros do José Genoíno pegaram o rapaz e o esquartejaram.

Genoíno, aquele rapaz foi esquartejado! Toda a Xambioá sabe disso, todos os moradores de Xambioá sabem da vida do pobre coitado do Antônio Pereira, pai do João Pereira, e vocês nunca tiveram a coragem de pedir, pelo menos, uma desculpa de terem esquartejado o rapaz! Cortaram primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antônio Pereira; cortaram a segunda orelha; o rapaz urrava de dor; e a mãe desmaiou. Eles continuaram, cortaram os dedos, cortaram as mãos, e no final deram a facada que matou o João Pereira.

Esse relatório está escrito no CIE (Centro de Instrução Especializada), porque foi escrito por mim, e eles não abrem para os historiadores com medo de que isso apareça.

Pois bem. Eles fizeram isso porque o rapaz nos acompanhou durante 6 horas, pra servir de exemplo pros outros moradores, para não terem contato com o pessoal do Exército, das Forças Armadas.

Foi o crime mais hediondo de que eu soube. Nem na Guerra da Coréia e na do Vietnã fizeram isso. Coisa parecida eu só encontrei quando trucidaram o Tenente Alberto Mendes Júnior. O Tenente se apresentou voluntariamente para substituir dois companheiros que estavam feridos. E a turma do Lamarca pegou o rapaz, trucidou, castrou e obrigou ele a engolir os órgãos genitais. Então com o Tenente Alberto Mendes Júnior foi feito isso. Mas o crime contra o João Pereira foi muito mais grave, muito mais horrendo. E eles sabem disso.

Peçam desculpas pro Antônio Pereira, se ele estiver vivo! Tenham a coragem de reconhecer que toda a Xambioá sabe disso!

Bom, Genoíno preso e identificado, a Guerrilha prossegue. Depois de matar o João Pereira, eles mataram o Cabo Odílio Cruz Rosa; depois do Rosa, eles mataram dois sargentos; depois dos dois sargentos, eles atiraram no Tenente Álvaro, que deve contar a história. Como estou contando a história aqui, Álvaro, conte a sua história.

Na minha versão, o Álvaro deu voz de prisão pro bandido, eles atiram. O outro que estava atrás atirou nas costas do Álvaro, arrancando-lhe a omoplata. Então, depois desse ferido, houve vários feridos, e finalmente eu fui ferido e tive que sair da área.

Porém, antes, as tropas do Exército saíram da área, vendo que era um movimento mais grave, mais planejado - planejado em Cuba, planejado com as mentes que nós todos estamos vendo aí, como é que funciona uma mente de um comunista. Um comunista tranquilo, sem arma na mão, tudo bem. Aquilo é o que ele pensa, e a nossa democracia permite isso. Mas aquele que pega em arma tem de ser trucidado. Um homem que entra numa mata para combater em nome de um regime de Fidel Castro, esse cara tem que ser morto!

Terminada a Operação Sucuri, que foi uma operação simplesmente de informações: de que se trata, valor do inimigo, onde eles estão, enfim, todos os itens necessários para que fosse elaborada uma ordem de operações para o combate da Guerrilha. Isso durou 5 ou 6 meses. Já tem literatura muito boa a respeito.

Tirados os militares da área - vejam bem - elementos militares descaracterizados, à paisana, foram postos dentro da mata, desarmados, com identidade falsa, ao lado dos bandidos. Qualquer um de nós, em sã consciência, reconhece que esses homens são uns heróis. Se me derem uma arma eu vou lá caçar eles de novo, hoje. Mas, naquela época, se me tirar as armas e me botar na mata, não sei não. No ímpeto da juventude, talvez eu fosse, e foi como eles foram. Eles foram no ímpeto da juventude. Eram capitães, tenentes e sargentos.

Terminada a Operação Sucuri, nós já sabíamos de que se tratava, confirmadas todas ou quase todas as informações que o Genoíno tinha dado. Três grupos, comando militar e a chefia em São Paulo, sob o comando de João Amazonas - que fugiu da área ao primeiro tiro. Grande valentia! Herói, João Amazonas! João Amazonas fugiu da área no primeiro tiro, junto com Elza Monnerat. Deixou lá garotos, estudantes e os fanáticos comunistas, tipo Maurício Grabois, que induziu o filho dele, André Grabois, o personagem central, o principal, desse evento que eu vou falar agora.

Foi o combate contra o grupo militar da Guerrilha, comandado por André Grabois. E a esposa dele, a Criméia, que talvez esteja me olhando, ela diz que foi uma emboscada. Não foi emboscada. Como o Exército saiu da área para fazer operação de informações, a Operação Sucuri, eles cantaram vitória: "Seu Exército é de fritar bolinho". Muito bem, fritamos bolinho.

Eu já estava na área e recebi a seguinte ordem: "Vá à região de São Domingos a pé, porque de viatura não chega lá. Eles destruíram uma ponte da Transamazônica."

Eu peguei a minha equipe e fui pra São Domingos. Atravessei o rio, sem a ponte. A ponte destruída, atravessei a vau. Cheguei a São Domingos, o quartel estava incendiado. Eles tinham assaltado ao alvorecer daquele dia - se não me engano, 10 de outubro de 1973 -, eles destruíram e incendiaram o quartel. Deixaram todos os oficiais, todos os militares nus, inclusive o tenente comandante do destacamento, e pegaram todo o armamento, toda a munição, todo o fardamento. E entraram na mata e deixaram um recado: "Não ousem nos seguir, porque o pau vai quebrar".

Infelizmente, Criméia, seu marido morreu por isso.

Pude ver as suas pegadas bem nítidas, porque eles estavam carregados com cunhetes de munição, fuzis da PM, revólveres, e foi fácil seguir o grupo.

No terceiro dia, para resumir, houve um encontro. Eles estavam tão certos de que o Exército não iria lá que estavam caçando porcos. Às 6 da manhã, eu escutei o primeiro tiro e o grito dos porcos. Às 15 horas houve o combate. Vejam bem o espaço de tempo: de 6 da manhã às 15 horas.

Eu estava a menos de 10 metros do primeiro homem, que era o comandante do grupo, André Grabois, filho de Maurício Grabois. Ele estava sentado, com o gorro da PM que tomou do tenente na cabeça, e vi que tinha a arma na mão. Olhei para os meus companheiros, que vinham rastejando, e perguntei: Será que vamos encontrar um bando de PMs aí? Olhei, eles entraram em posição, e eu me levantei. Quase encostei o cano da minha arma em André Grabois: Solte a arma. Ele deu aquele pulo, e a arma já estava na minha direção. Não deu outra. Os meus companheiros, que chegavam, acertariam o André, caso eu tivesse errado, o que era muito difícil, pois estava a um metro e meio, dois metros dele.

Foi destruído o grupo militar da Guerrilha. Todos eram formados na China, em Pequim, em Cuba. Não me lembro do nome de todos, mas citarei alguns: André Grabois; o pai, Maurício Grabois, que mandou o filho fazer curso em Cuba; o Calatroni, o Nunes. O João Araguaia se entrincheirou atrás de um tronco de árvore e não se mexeu, depois do tiroteio, saiu correndo, sem arma. Ninguém atirou no João Araguaia porque ele estava sem arma. O Nunes estava gravemente ferido, mal falava e, quando o fazia, o sangue corria pela boca, mas ele conseguiu dizer a importância do grupo e citou os nomes - não sei se nome ou codinome - de todos eles: o Zequinha, ele disse: esse é o André Grabois. Estava morto.

Esse foi o primeiro combate de valor contra os guerrilheiros, eles foram desmoralizados. Eles diziam para os soldados não entrarem na mata porque os oficiais não entravam. Ora, o próprio acampamento dos militares era no meio da selva, então, com esse combate, eles ficaram desmoralizados.

Em seguida, veio o incidente do dia 23 de outubro, 10 dias depois. Continuando na perseguição aos bandos, nós fomos encontrar pegadas no chão, nítidas, de um grupo numeroso. Esse grupo do Zé Carlos era do Grupamento A. Nós fomos encontrar as batidas, depois, nós soubemos que era do Grupamento B, do Osvaldão. Então, eu já estava a menos de 100 metros desse grupo. O guia já estava saindo para a retaguarda. O guia era morador. Ele não tinha nada com a guerra. Ele estava lá auxiliando o Exército a pegar os "paulistas", que era como eles chamavam os guerrilheiros.

Quando o guia começou a retrair, vi que a coisa estava feia, e continuei. Nisso, um dos guerrilheiros retorna, volta inesperadamente, e deu de cara comigo. Eu agachado e ele olhando para mim. Eu dei a ordem de prisão para ele: Mãos na cabeça. Ele levantou uma mão, e eu vi que era uma mulher. Ela levantou uma mão fazendo sinal de... para eu ficar olhando para a mão enquanto ela desamarrava o coldre. Dei 3 ordens de prisão, mas ela não obedeceu. Quando eu vi que ela estava desamarrando o coldre ainda dei 3 ordens para ela - Não faça isso - gritando, pois sempre falei alto, meu tom de voz é esse. Quando ela sacou a arma vi que não tinha jeito, eu atirei. Acertei a perna dela e ela caiu, caiu feio. Ela não caiu, desmoronou. Ela deu um salto como se tivesse recebido uma patada de elefante. Ela caiu uns 3 metros depois, tal o impacto. Eu corri, ela não estava mais com a arma, estava nos estertores da dor, chorando e gritando. Eu disse: Fica calma que nós vamos te salvar. Olhei a arma, a selva muito cheia de folhas, não achei a arma. Meu erro: não deixei um sentinela com ela. Nós éramos poucos, eles eram vinte, eu precisava de gente.

Continuamos a perseguição do grupo, e eles atravessaram o córrego. Eu resolvi voltar, já estava escurecendo. Quando me agachei ela me atirou à queima roupa. Ela me deu um tiro na mão e acertou na face, que atravessou o véu palatino e se encaixou atrás da coluna, e eu caí. O outro tiro que ela deu acertou o braço do Capitão Curió, que era o Subcomandante da minha equipe. O resto da minha equipe revidou, claro, encerrada a carreira de bandido da Sônia, era o nome da guerrilheira. Fui carregado, armaram um pau com uma rede e eu fiquei na rede e estava sendo transportado na mata.

Altas horas da noite, os soldados que estavam me carregando passaram os seus fuzis para o outro do lado. E o que ia levando 2 fuzis, um fuzil batendo no outro, fazia muito barulho na mata. E era um barulho que se propagava muito a longa distância. Eles armaram uma emboscada, teria sido o fim. Mas, aquele companheiro, que eu tanto brigava com ele pra ele deixar de fumar, nos salvou. Ele, que assumiu o comando da equipe, pediu para parar para dar uma pitada. Isso, a uns 50 metros da emboscada. Parou e ficou aquele silêncio. Eu fui estendido no chão, dentro da rede, sangrava muito, e ainda quase desacordado.

Eles, então, achando que havíamos pressentido a emboscada, e aqueles valentes guerrilheiros, fugiram. Claro que eles teriam matado todos nós. Não tenham dúvida.

Nós estávamos completamente sem atenção. A minha equipe estava levando o comandante da equipe, quase morto, para o primeiro local onde a ambulância poderia alcançar. Na localidade de São José, eles pediram uma ambulância para levar um ferido. De São José, a ambulância me levou para Bacaba, de lá para Marabá e de Marabá para Belém, onde passei uns dias para me restabelecer e ter condições de viajar. Depois fui levado para Brasília onde fui operado. A operação se revestia de cuidados especiais, porque, do contrário, eu ficaria paraplégico pro resto da vida. Graças a Deus, as sequelas foram muito menores e hoje eu estou falando aos senhores aqui, com muita honra.

Bom... Conclusões, é o último item.

É muito difícil a gente falar em conclusões de uma luta de 4 anos. Eu vou citar apenas 2 itens dessas minhas conclusões. que me Permitam ler. Por isso, que eu botei os óculos. Não há mais necessidade de os bandidos me olharem no fundo do olho. Estou à disposição deles, a qualquer momento. Quem quiser confirmar comigo, já sabe, eu tenho endereço na Internet, meu endereço está em todo canto, vai lá. Terei muita satisfação em olhar no fundo do olho deles e repetir tudo isso que estou dizendo pros senhores: nada temos a esconder.

Primeira conclusão: tenho imenso orgulho de ter participado dessa luta, por ter agido positivamente para evitar que os guerrilheiros do PCdoB implantassem no Brasil um regime comunista igual ao de Cuba, com paredão e tudo - e esse risco não acabou.

Segunda conclusão: além de prestar homenagem às bravas esposas dos militares, tanto daquela época como a atual, eu quero estender, também, aos membros da minha valorosa equipe a honra de que estou sendo alvo presentemente.

Muito obrigado.

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