31.10.09

A realidade do acompanhamento psiquiátrico

Como visto pelo PACIENTE PSIQUIÁTRICO.

Depois de passar meses nos hospitais psiquiátricos da vida, aqui no Rio, Brasil, pude ver a vergonha que ERA lá dentro. A última vez que estive internado foi em 2001. Lógico que vão dizer que agora está bem melhor do que em minha época. NÃO É VERDADE. Eu não estou internado, mas ainda entro em hospitais psiquiátricos. O que deveria melhorar mais pouco mudou, que é no tocante a humanidade.

O que eu quero dizer é que o mais importante não são recursos maravilhosos, piscinas, enfermeiras e estagiárias bonitas. (Apesar de isso tudo ser bacana.) Isso não adianta nada se continuam tratando as pessoas com estereótipos, estigmatizando. TRANSFORMANDO AS PESSOAS EM ESTIGMA.

Eu nem falo dos mau-tratos, pois não bater em alguém não é mérito, não é favor. Só porque ninguém está batendo nos pacientes psiquiátricos em certas instituições psiquiátricas não quer dizer que estão tratando bem.

Nos hospitais psiquiátricos pessoas ainda são amarradas, apanham, morrem, etc. Pouco mudou, apesar de toda a caricatura que os movimentos políticos de técnicos de saúde mental fizeram.

(Quando eu falo de movimento político de técnicos de saúde mental, estou falando do MNLA (Movimento Nacional da Luta Antimanicomial) e da RENILA (Rede Nacional de Internúcleos da Luta Antimanicomial).

Muito recurso, pouca técnica

Em matéria de recursos, realmente deveria haver mais CAPS, pois o certo seria investir mais em saúde mental, pois com o fechamento de muitos manicômios muito dinheiro foi economizado. Dinheiro que logicamente deveria ir para construção de CAPS e para O APRIMORAMENTO TÉCNICO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL.

Apesar dos ridículos protestos de Ferreira Gullar, não é verdade que seja difícil conseguir atendimento psiquiátrico no Sistema Único de Saúde. Na verdade é bem mais fácil que conseguir qualquer outro atendimento.

Os CAPS são os melhores lugares para tratamento, acompanhamento, pois os recursos materiais são vastos. Já imaginou se você fosse tirar sangue para diabetes e pudesse almoçar no posto, ou no hospital? Quem vai ao CAPS pode.

Os problemas dos atendimentos psiquiátricos não são materiais. São humanos. Materialmente os serviços públicos de saúde mental brasileiros estão bem melhores que qualquer outra especialização. O problema da saúde mental, infelizmente, é humano. É técnico.

No geral os profissionais de saúde mental ainda não estão preparados para lidar com o PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Nem com o ex-paciente psiquiátrico, o cliente dos serviços de saúde mental, o usuário.

No entanto a partir do que já foi dito por usuários mais autônomos e politizados já há um bom material que poderia ajudar técnicos de saúde mental a tratar da melhor forma possível.

O problema é que a maioria dos profissionais que estão em CAPS, por exemplo, não estão nem aí para o que aqueles usuários mais autônomos dizem. Não estão nem aí para a história da Reforma, não conhecem nada dos movimentos políticos da Luta Antimanicomial, logo não podem falar sobre isso. Já que eles nem são politizados e são totalmente passivos.

Em vez disso, fazem a cabeça dos usuários de seus serviços... que eles estigmatizam chamando de pacientes. Alienam mais ainda as pessoas que deveriam ser ressocializadas. Claro que nos serviços de saúde mental sempre há alguns usuários mais politizados, que não engolem toda a alienação deles.

Por que chamar de paciente em um CAPS estigmatiza?

Eu recebi umas contestações atualmente de gente que chegou ao absurdo da ignorância de me chamar de preconceituoso por eu não gostar do abuso de técnicos em chamar usuários de Centros de Atenção Psicossocial de "pacientes".

Eu entendo essa pessoa, pois ela nunca foi internada, talvez. E talvez nem saiba o que quer dizer preconceito. (Já que chamar alguém que vive e TRABALHA no mundo da psiquiatria há anos de preconceituoso chega a ser ridículo.)

Quando a pessoa está internada a pessoa fica PRESA a desagradável idéia de ser paciente, e de um hospício, de uma casa de loucos. Para começar, não é um paciente comum. O hospício é, popularmente, uma CASA DE LOUCOS. Ser paciente de um hospício não é a mesma coisa que ser paciente em um hospital de câncer. Esse é o primeiro ponto. Daí que quando a pessoa sai do hospício, a melhor coisa a se fazer é desvinculá-la o máximo de termos que lembram exclusão e passividade, como o termo PACIENTE.

O segundo ponto é: GERALMENTE QUEM ESTÁ FAZENDO TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO TEM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS, TRAUMAS, ETC. Como você quer levantar o moral de alguém se fica chamando-o de paciente o tempo todo?

Esses profissionais de saúde mental não sabem o mal que eles fazem quando usam, sem má intenção, termos estigmatizadores. Volta e meia eu encontro usuários que se aproximam de mim e dizem: "Eu não posso namorar porque eu sou doente." "Eu não posso trabalhar porque eu sou doente." "É porque eu tenho a mente doente, não penso direito." "Pode ser que eu bata nos outros, porque sou doente mental."

Como é esse estigma no CAPS Rubens Corrêa - Irajá

No meu CAPS, eu falei COM OS TÉCNICOS sobre a necessidade de parar com essa estigmatização. Falei que não é apropriado chamar as pessoas de pacientes lá, pois paciente é quem está internado.

Logicamente fui rebatido. Depois de distorcerem a coisa por um tempo, perguntaram aos usuários que lá estavam: "Vocês se incomodam se nós chamamos vocês de pacientes?" Algumas pessoas disseram que não e a maioria ficou calada.

Dentre as pessoas que ficaram caladas estava uma pessoa mais consciente, que é contra essa forma de chamar as pessoas. Ela me disse que prefere não falar nada, pois prefere não se meter com "essa gente".

Nesse caso, o melhor procedimento seria conversar com os usuários, falar sobre termos como "usuário", "cliente", "frequentador" e "consumidor". Esses técnicos deveriam conhecer a trajetória política da luta dos usuários, conhecer a história da Reforma. Depois de explicar para os usuários sobre a idéia de que o termo paciente carrega a idéia de passividade, aí sim, os próprios usuários poderiam sentar e escolher a melhor forma que gostariam de ser chamados.

Que poderia ser "usuário", "cliente", "frequentador", "consumidor", ou talvez até houvesse quem gostasse do termo "paciente". (O que eu duvido muito! Talvez alguém com condições que teve atendimento privado goste de ser chamado de paciente, ou ache que é "consciência", mas duvido que alguém que foi amarrado goste.)

Melhor seria buscar informar as pessoas para que possam tomar decisões. Quem toma decisões alienado é apenas manipulado.

A falta de recursos técnicos no acompanhamento psiquiátrico atual

Nem é preciso falar muito. Enquanto você se submete a exames com dentista, faz um exame para verificar se tem diabetes ou não, a psiquiatria do SUS (Sistema Único de Saúde) não conta com nenhuma dessas modernidades. Apesar do serviço privado já contar com algumas modernidades. O máximo que tem lá é o exame litemia, que você passa a fazer depois de passar por uma diagnose a olho e ser rotulado de bipolar.

Mas o que mais me decepciona é que eles não desenvolvem formas de lidar com os pacientes psiquiátricos. Geralmente não sabem como motivar alguém que não está se encaixando no mundo, por exemplo.

Falo daquelas pessoas que vivem repetindo o que diz, enfim, apesar de não estar nem delirando, nem agressiva, ela está fora de qualquer nível social. Quem é chamado de paciente o tempo todo realmente corre o grande risco de ficar assim.

Por que usuários quebram coisas no CAPS?

Outro dia a diretora do CAPS veio me mostrar o banheiro quebrado do CAPS, pouco depois da reforma? Os usuários tinham quebrado! O que eu tento explicar para os técnicos do serviço é que as pessoas precisam ser reeducadas, ressocializadas.

E é claro que faz parte dessa ressocialização chamar essas pessoas com os termos que vão valorizá-las, dar importância. Aí é claro não vai dar para ficar chamando as pessoas dentro do CAPS de paciente.

Paciente está doente, pô, o cara vai agir como? O cara vai agir como quando ele é doente mental? E não venha com esse papo "A pessoa é doente mesmo, tem que assumir." A pessoa merece o direito de viver e esquecer da doença por alguns momentos, pelo menos. Não é bonito sair por aí passando a idéia de que a pessoa é doente e tem que estar consciente disso. O termo doente se refere a dor, ou você não sabia disso? Pode ter certeza que ex-pacientes psiquiátricos que estão nos CAPS como usuários não sentem dor o tempo todo. Em resumo, não venha dizer que a pessoa é doente mesmo e acabou. Desculpe, mas você é que é ignorante com esse papo de doença.

Esses técnicos de saúde mental precisam aprender muito sobre o trato humano ainda. Infelizmente as drogas psicotrópicas não ressocializam ninguém. E se eles não colaborarem vai ficar difícil.

Técnicos do CAPS Rubens Corrêa reclamaram que eu não falo bem das obras que estão ocorrendo no CAPS. É porque eu não acho isso muito importante. Observe que eu falei neste blog sobre a melhoria no tratamento humano no CAPS de Irajá, falei que os seguranças estão mais gentis, etc. É que eu considero o toque humano uma prioridade.

Vou ficar por aqui.

PAZ E LIBERDADE.

27.10.09

Excerto do livro O Movimento de Usuários em Saúde Mental Nos Estados Unidos - Paciente X Usuário

O termo 'usuário' não é mais usado nos Estados Unidos para se referir ao que no Brasil e na Europa chamamos de usuários de serviços de saúde mental.

Lá, consumidores, constitui a expressão mais corrente, apesar de que outros termos também são usados por grupos minoritários para se referir a si próprios: o termo cliente, ou ainda sobrevivente, este último com claras conotações vitimizadoras.

(...)Todos estes termos apresentam vantagens e dificuldades, mas o que o movimento quer enfatizar com eles é a importância de buscar palavras e conceitos para induzir sentidos, idéias, lutas e práticas novas, mais coerentes com a idéia de 'empowerment', ou seja, de um usuário ativo e participativo no seu próprio processo pessoal, nos serviços e na sociedade, em troca dos velhos conceitos tais como o de 'paciente', de 'doente mental', que acentuam a passividade e a segregação. Richard Weingarten - O Movimento de Usuários em Saúde Mental nos Estados Unidos


Além do que pode ser visto no excerto acima vale lembrar que o CAPS é um CENTRO de Atenção Psicossocial, e não um hospital.

Ou seja, é um lugar para as pessoas CONVIVEREM, participarem de atividades, junto à comunidade, para se voltar para a comunidade.

É o lugar onde as pessoas deveriam ser RESSOCIALIZADAS, se desgarrando de todo estigma e trauma. Claro que fica um pouco difícil acabar com os estigmas chamando as pessoas de pacientes, como se elas ainda estivessem internadas.

É bem estigmatizador, por exemplo, quando usuários (ou clientes, como alguns preferem) estão jogando bola, com a comunidade, e vem um psicólogo, por exemplo, e os chama de pacientes!... A idéia é ter um jogo de futebol para inserir as pessoas na comunidade ou é uma consulta?

Não se iluda, os profissionais mais capacitados, aqueles engajados politicamente, já não usam o termo "paciente" há muito tempo.

Homossexualismo: certo como 2 e 2 são 5

Enquanto que eu acho perfeitamente normal aquele indivíduo que desde pequeno se comporta como se fosse do outro sexo, não posso dizer o mesmo daqueles indivíduos que se tornam homossexuais depois.

Pois é claro que uma menina que desde pequena já não gostava de brincar de boneca, passava a mão nas coleguinhas, não se depilava, etc, é claro que essa menina teve um processo natural, sempre gostou do mesmo sexo. Nada fora do normal.

(Aqui eu ia preferir o termo CERTO em vez de normal, já que normal não é necessariamente certo, e apenas segue regras impostas por aqueles que nos governam, apenas segue NORMAS.)

Por outro lado, aquele rapaz que acreditava gostar de mulheres e de repente, na vida adulta, fica nervoso ao ver homens trocarem de roupas no vestiário, não se pode considerar seu homossexualismo normal. Observe que aqui eu vou diferenciar HOMOSSEXUALISMO de HOMOSSEXUALIDADE.

Enquanto que alguém que sempre buscou sexualmente pessoas do mesmo sexo, isso naturalmente, e sempre mostrou uma homossexualidade completamente normal, quem se torna homossexual depois sofre com o homossexualismo. E naturalmente não poderia se adaptar a nova preferência sexual adquirida depois. Pois, por exemplo, uma mulher que acreditava gostar de homens, e idealizou um príncipe encantado, por exemplo. Ao se tornar "lésbica", como ela poderia, naturalmente, abandonar seus sonhos de uma vida? Pois vivendo como uma "lésbica", com certeza, o sonho do príncipe encantado iria para o espaço. E não poderia ser substituído pelo sonho da princesa encantada.

Assim como um homem DE BOM CARÁTER que sonhava constituir uma família TRADICIONAL COM UMA MULHER, ficaria complicado para ele realizar esse sonho depois de se descobrir homossexual. Como ele iria ter uma família TRADICIONAL? Levando uma vida dupla? Isso não seria vida.

O que quero dizer aqui é que É CLARO que qualquer pessoa que começou a se sentir homossexual depois de fazer planos heterossexuais NÃO É um homossexual natural, e precisa realmente de tratamento para voltar a sua condição heterossexual, pois nesse caso homossexualismo é doença. Homossexual natural procede como homossexual desde pequeno. Ninguém se DESCOBRE homossexual depois. A gente se DESCOBRE diabético, hipertenso, o que a gente descobre depois geralmente é doença. O menino homossexual se comporta de maneira feminina naturalmente, assim como a menina, e naturalmente não sentem atração pelo sexo oposto.

E é importante notar que homossexualidade não é fácil, como tentam nos fazer acreditar. Os homossexuais em sua maioria vivem marginalizados. Muitos homossexuais ASSUMIDOS se prostituem para viver. Há uma discriminação contra os transexs e transexuais, por exemplo. (transexuais e transexs, chamados popularmente de travestis.)Veja definições desses termos: AQUI.

Geralmente essas pessoas não são aceitas no mundo do trabalho. Já viu um transexual trabalhando em um escritório? Para os transexuais e transexs geralmente sobra o trabalho de cabeleleiro. Ou então sobra a prostituição. Daí eu me pergunto: por que psicólogos e psiquiatras querem incentivar as pessoas a entrar nessa vida, quando a pessoa não quer? Por que é normal?

Geralmente a sexualidade daquele que se descobre homossexual depois é vazia. É um nomadismo sexual. Ele tinha planos heterossexuais. Uma vez homossexual sua vida perde o rumo. Os sonhos perdem o valor. A sua vida se torna uma eterna busca pelo prazer, porque o psiquiatra e o psicólogo disseram que é o melhor para ser feliz.

Quando era heterossexual esse(a) homossexual tinha um grande leque de opções para encontrar um parceiro(a). Depois de se tornar homossexual essa pessoa praticamente tem que se prostituir, pois encontrar um parceiro se tornou bem mais difícil. Pois a maioria da população é heterossexual. E quando se consegue um parceiro, vale tudo, afinal, é tão difícil encontrar um.

Um processo que NATURALMENTE é bem mais fácil para o homossexual natural, é uma complicação para aquele que se torna homossexual depois. Pois esse está se apresentando a uma nova vida, que psiquiatras e psicólogos insistem em dizer que é normal.

Não confundir com aqueles que se tornaram homossexuais DEPOIS voluntariamente. Esses encontraram um caminho melhor para si, OPTARAM por isso. Ao contrário daqueles que tinham planos heterossexuais e, de repente, se encontraram confusos achando que estavam se tornando homossexuais.

Esses confusos precisam de ajuda, de tratamento, pois não são homossexuais, na verdade. Estão sofrendo com o homossexualismo, que nesse caso é doença.

Por isso, graças a Deus que existem psicólogos como Rozangela Rufino, que aceitam tratar dessa doença!

São realmente abençoados aqueles homossexuais que conseguem se estruturar e se casar. Pois os homossexuais de verdade também têm sonhos.

24.10.09

Blog de Psiquiatra critica Profissão Repórter

O blog do Rogelio Casado falou do papelão do Profissão Repórter, que passou a poucos dias, falando da situação da psiquiatria no Brasil, mostrando instituições psiquiátricas e a marcha dos usuários a Brasília.

Eu nem precisei me manifestar dessa vez. Nem precisei de criticar a forma cheia de estigma que a Globo retratou os pacientes psiquiátricos, ex-pacientes psiquiátricos e até quem não tinha nada, mas que o repórter achou que tinha cara de doido.

(Como pessoas que estavam andando na rua e o repórter foi entrevistar pensando que a pessoa é doente mental só porque a pessoa é excêntrica.)

Veja a postagem Crítica ao Profissão Repórter - Loucura no blog do psiquiatra Rogelio Casado.

É uma pena que o blog do Rogelio Casado criticou mais a parte em que os repórteres buscavam mostrar que o eletrochoque hoje em dia é muito mais humano. Eles criticaram a parte da reportagem que falava sobre ECT, Eletroconvulsoterapia, eletrochoque.

É que eu não exatamente contra eletrochoque. Sou contra eletrochoque a força. É que existem pessoas que dizem que se beneficiaram do eletrochoque, então para que ser radical?

Claro que ninguém deve ser tomar eletrochoque sem seu consentimento.

19.10.09

Psicotrópicos ajudam na recuperação de lesões e podem ser usados contra tumores

Essas são as últimas notícias que eu tive acesso!

Antidepressivos podem ajudar na recuperação de lesões da medula espinhal! E drogas antipsicóticas podem ser usadas contra tumores!

Você pode ver mais detalhes no blog de notícias Paciente Psiquiátrico, nas postagens Antidepressivos ajudam na recuperação de lesão espinhal e Estudo diz: Drogas antipsicóticas podem ser usadas contra tumores.

Você pode também checar a página em inglês da Reuters, que tem uma dessas notícias.

Fico feliz com tais descobertas. É claro que tanto o antidepressivo no auxílio da lesão espinhal, quanto os antipsicóticos na recuperação de tumores são administrados em doses baixas, com cautela. Veja isso nos artigos.

É claro que encher as pessoas dessas drogas psicotrópicas (como fazem com pacientes psiquiátricos) só faz mal. Mas no caso desses estudos as drogas foram bem administradas, é claro, sem que as pessoas tivessem que tomar as drogas pelo resto da vida.

(Colocar pessoas para tomar drogas pelo resto da vida sem um diagnóstico preciso só acontece na psiquiatria. Ainda bem que existem uns poucos BONS PSIQUIATRAS que se recusam a seguir essa regra absurda e suspendem a medicação de seus pacientes.)

Em um outro momento alguém me criticou achando que eu era contra a administração de drogas. A pessoa dizia que as drogas podem ser usadas para fins positivos, se bem administradas. E é isso que essas últimas notícias vêm provar.

Só para terminar: drogas psicotrópicas, medicações psiquiátricas podem sim ajudar a pessoa no momento do surto incontrolável, quando todos os outros recursos se esgotaram. Mas é claro que não há necessidade de manter a administração dessas drogas depois que o surto é controlado.

Vale dizer também que em minha experiência como paciente psiquiátrico, usuário de saúde mental, eu já conheci algumas pessoas cujos psiquiatras foram razoáveis o bastante para suspender toda medicação e as pessoas ficaram muito bem.

Portanto não estou tratando aqui de algo que não pode ser aplicado. Só é necessário consciência da parte dos profissionais de saúde mental. Pra que ficar alimentando indústrias farmacêuticas?

17.10.09

Ressocialização X Dessocialização do Paciente Psiquiátrico

Escolhi a palavra dessocialização para descrever o que nosso sistema de saúde mental faz com o paciente psiquiátrico. Enfim, o que o sistema faz com qualquer um que faz um tratamento psiquiátrico. Me refiro principalmente ao sistema público de saúde mental, aos cuidadores em saúde mental das instituições psiquiátricas públicas.

Entendemos como DESSOCIALIZAÇÃO o ato de TIRAR a pessoa do convívio social MAIS AINDA. Com certeza o sistema de saúde mental não dessocializa de propósito. Talvez por falta de interesse. Ou por falta de preparo.

Tem aquele familiar que não aguenta o paciente psiquiátrico em casa e o envia para o CAPS ou para o hospital psiquiátrico...

Se a pessoa estiver num nível que o CAPS aguenta, ela fica no CAPS... mas se nem o CAPS o aguentar o enviam para o hospital psiquiátrico, onde ele estará amarrado ou sedado demais e não causará problemas.

Mas se o CAPS o aceitar, infelizmente o CAPS só o larga num canto, pois não sabe como lidar com ele. Existe o paciente que fica insuportável por estar em crise, e aquele que é insuportável o tempo todo.

O que é insuportável o tempo todo apenas tem um comportamento que as pessoas não aguentam, exemplo: zomba dos outros, ri, agarra pessoas do sexo oposto, etc, sem violência. Esse comportamento naturalmente poderia ser controlado com uma reeducação do comportamento. Mas em vez disso a pessoa é rotulada de "PACIENTE GRAVE", PACIENTE PSIQUIÁTRICO GRAVE. (Ninguém merece!)

Ou seja, a pessoa acaba dessocializada, perdendo mais ainda sua vida social, já que ela é um "paciente grave", que é apenas tolerado na sociedade. É, mais ou menos, visto como um bicho.

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura, jamás

Vamos ver: veterinários conseguem controlar o comportamento dos animais, educando-os, e chegam a ensinar os donos de animais de estimação a controlá-los também. Terapeutas conseguem controlar o comportamento de crianças levadas. A SuperNanny, é um exemplo. Ela controla as crianças e ensina os pais a manter o controle.

Claro que as táticas dessa pedagoga Cris Poli (SuperNanny) e desses veterinários são assustadoras. Me lembram o Hitler e o Mussolini... Mas, francamente, é melhor que entupir uma pessoa de drogas, ou jogá-la num canto.

Quem me dera se para me imobilizar no surto eles me acertassem com um dardo tranquilizante, como fazem com os leões. É mais discreto. É menos violento. Seria mais agradável que ser agarrado pelo pescoço e ser intimidado por gritos ameaçadores e tomar uma injeção a força.

O que eu quero dizer é que os terapeutas em saúde mental poderiam desenvolver técnicas para ressocializar as pessoas através do comportamento. Ou seja, buscando alertar e conscientizar a pessoa sobre sua conduta na sociedade. Reeducá-la. Impor limites, como diz a SuperNanny.

E deveria haver terapeutas preparados para ENSINAR os familiares a conviver com os pacientes psiquiátricos mais problemáticos. Assim não haveria a necessidade de mandá-los para o CAPS ou para a internação por não suportá-los. Como a SuperNanny ensina os pais a lidarem com os filhos. Mas tem que endurecer sem perder a ternura, é claro. Como diz Che Guevara.

E é claro, ajudar a pessoa a se reinserir na sociedade, não apenas segurá-la.

16.10.09

Paciente psiquiátrico ou ex-paciente psiquiátrico?

Me preocupa o crescente número de pessoas se declarando PACIENTE PSIQUIÁTRICO com orgulho. É que paciente psiquiátrico na verdade é quem está internado num hospital psiquiátrico, e não quem está em tratamento ambulatorial. E, lógico, não é motivo de orgulho.

O nome deste blog é PACIENTE PSIQUIÁTRICO por um trocadilho, um jogo de palavras, como eu já disse inúmeras vezes. Eu sou PACIENTE PSIQUIÁTRICO, pois tenho PACIÊNCIA. Paciência, inclusive, para aguentar ser chamado de paciente o tempo todo no CAPS.

É chato e desagradável ver que os profissionais que lá trabalham aparentemente desconhecem a história da saúde mental no mundo, desconhecem a história do estigma. É chato ver que nossos governantes não se preocuparam muito com a formação desses profissionais. Do contrário não chamariam usuários de CAPS de pacientes. Eu até entendo que um psiquiatra, numa consulta, chame um usuário, cliente do CAPS, de paciente.

Numa consulta é normal a gente ser paciente de um psiquiatra, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional... mas o perigo é quando a gente vira paciente da enfermeira, do copeiro, do faxineiro, do segurança, do pedreiro que vem fazer obra no CAPS, enfim, o problema é quando TODO MUNDO ESTÁ CHAMANDO A GENTE DE PACIENTE indiscriminadamente. Esse pessoal nem dá consulta para gente. Aí virou bagunça. (NOTA: é claro não é apropriado psiquiatras e terapeutas chamarem a gente de paciente fora de uma consulta. Lugar e momento de chamar de paciente é nas consultas.)

Mas o problema é que o CAPS é um CENTRO DE CONVÍVIO. As pessoas não fazem consultas o tempo todo. Elas convivem lá o tempo todo, e num tempo menor fazem consultas. Se o objetivo é RESSOCIALIZAR o melhor seria evitar de chamar as pessoas de PACIENTES o tempo todo, já que esses usuários de CAPS passam grande parte de seu tempo nos CAPS. (Se não a maior parte do tempo.)

E se essas pessoas são chamadas de pacientes no lugar que deveria RESSOCIALIZAR realmente elas estão sendo condenadas a viver no hospício para sempre, pois quando esses profissionais DESQUALIFICADOS chamam as pessoas de pacientes psiquiátricos o tempo todo eles estão praticamente dizendo "você é doente, está INTERNADO no hospital por isso", e CAPS não é hospital, nem internação. Ou não deveria ser.

Por isso existem certos usuários no CAPS que vivem pedindo ALTA. Os profissionais do CAPS dizem para a pessoa que ela não está internada. Mas a pessoa continua pedindo alta. Se ela não está internada, por que é chamada de paciente o tempo todo? Por isso o ambiente parece uma internação. Infelizmente. Se a maior parte de seu tempo você é chamado de paciente você está internado, caramba!

Em resumo, você que segue um tratamento psiquiátrico não é PACIENTE PSIQUIÁTRICO o tempo todo. Era quando estava INTERNADO. É quando está fazendo uma consulta. Observe que fora do hospital psiquiátrico Austregésilo Carrano se auto-denominava EX-PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Assim como outros ativistas dos movimentos de usuários (consumidores) de saúde mental. (Movimentos dos EUA, já que no Brasil tais movimentos infelizmente inexistem, como já disse anteriormente.)

Para você profissional de saúde mental que tem interesse em se preparar um pouco mais eu sugiro que leia CANTO DOS MALDITOS, de Austregésilo Carrano e O MOVIMENTO DE USUÁRIOS EM SAÚDE MENTAL DOS ESTADOS UNIDOS, de Richard Weingarten, só pra começar.

P.S.: Eu não pretendia fazer uma postagem sobre esse tema, queria fazer apenas uma nota breve. Mas esse assunto dá pano pra manga.

Nota sobre o CAPS Rubens Corrêa

Algo que eu não comentei aqui é que, contrariando todas minhas espectativas, a administradora e a nutricionista do CAPS que iam sair do serviço por ordem dos políticos da saúde mental acabaram ficando no serviço.

Isso provavelmente graças ao abaixo assinado feito pelos usuários. Isso muito me surpreendeu, pois nunca levei esses políticos da saúde mental a sério. E essa atitude deles foi um sinal de seriedade.

Isso também mostrou que eles estão dispostos a ouvir os usuários, pelo menos em parte. Se ao menos nós usuários de saúde mental, EX-pacientes psiquiátricos, nos organizássemos... nos informássemos...

Claro que aparentemente esses políticos de saúde mental parece que ficam felizes com a nossa desinformação. Já que eles não fazem nenhum esforço para informar os usuários sobre seus direitos. Assim nós não reclamamos, e logo eles não precisam fazer nada.

No momento o CAPS Rubens Corrêa está passando por obras, e os trincos foram colocados nas portas dos banheiros, além de outras obras, como pintura e outros serviços de manutenção. E apesar do péssimo hábito de chamar a gente de PACIENTE, a equipe de profissionais está bem entrosada.

O pessoal que trabalha na faxina, na cozinha, na segurança, estão todos tratando bem aos usuários. Assim como os psicólogos, enfermeiros, etc. Claro que falta psiquiatra no CAPS. Mas por mim tudo bem. Se for pra vir um psiquiatra COMETA melhor que não venha ninguém.

Quanto às oficinas eu devo sempre lembrar que é bom que a nutricionista e a administradora tenham continuado trabalhando no CAPS, já que elas coordenam uma oficina de grande importância que é a oficina de sexualidade.

Ultimamente tenho participado da oficina de futebol, coordenada por uma psicóloga. Até tivemos um jogo contra o CAPS de Bangu, e conseguimos arrancar um ótimo resultado: perdemos só de 10 a 3. Ãh, pode ter certeza que eu sou o maior perna-de-pau do time.

O único problema do futebol é que nos treinos uns estagiários participam para completar o time, e tem uns psicólogos que deixam até pernas-de-pau como eu fazer gol. Acho que é uma terapia para a gente se sentir melhor...

PAZ E LIBERDADE.

10.10.09

Pesquisa: Algumas pessoas saram do transtorno bipolar

Deborah Mitchell

Os sintomas do transtorno bipolar geralmente começam durante o início da fase adulta, e especialistas acreditavam que durariam toda a vida. Mas uma nova pesquisa indica que quase metade das pessoas que são diagnosticadas com transtorno bipolar entre as idades de 18 e 25 podem sarar da condição quando chegam aos 30 anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental (National Institute of Mental Health), o transtorno bipolar caracteriza-se por graves e estranhas mudanças no humor, energia, níveis de atividade e na habilidade de fazer as tarefas do dia-a-dia. Também conhecida doença maníaco-depressiva, o transtorno bipolar pode ser difícil de diagnosticar, pois os sintomas parecem problemas diferentes em vez de parte de uma síndrome.

Pesquisadores da Universidade de Missouri analisaram os resultados de duas grandes pesquisas nacionais e descobriram que há diferenças significantes na prevalência do transtorno bipolar ao passo que a pessoa fica mais velha. Os investigadores descobriram que 5.5 a 6.2 por cento das pessoas entre as idades de 18 e 24 tem transtorno bipolar [sic], mas a prevalência cai para cerca de 3 por cento em pessoas com mais de 29 anos de idade.

Um possível motivo para a mudança, de acordo com Kenneth J. Sher, professor no Departamento de Ciências Psicológicas (Department of Psychological Sciences) e co-autor do estudo, poderia ser o estresse associado as mudanças da vida e as expectativas sociais experimentadas por jovens adultos que estão entre 18 e 24 anos.

De acordo com a Mayo Clinic, outras causas possíveis incluem mudanças bioquímicas. Estudos em imagiologia mostraram que pessoas que têm transtorno bipolar têm algumas mudanças físicas no cérebro, apesar de a significância dessas mudanças ainda ser desconhecida. Hormônios podem influenciar também. Genética também pode ser um fator, já que a condição acontece em famílias.

Se os reultados desse estudo estiverem corretos, muitas pessoas que têm transtorno bipolar poderão aguardar o dia em que eles não precisarão mais tomar as medicações que geralmente são necessárias para controlar a doença. Antidepressivos, estabilizadores de humor, medicações para controlar as crises, e vários ansiolíticos e antipsicóticos são prescritos, e alguns pacientes precisam de mais que uma droga para controlar seus sintomas de maneira adequada. São muitos os efeitos colaterais. Antipsicóticos aumentam o risco de diabetes, pressão alta e obesidade, enquanto que estabilizadores de humor são perigosos para mulheres que estão grávidas ou amamentando.

Fontes:
Mayo Clinic
Instituto Nacional de Saúde Mental (National Institute of Mental Health)
Setor de notícias da Universidade de Missouri (University of Missouri news bureau, Sept. 29)


Veja a notícia no artigo original em inglês: siga o link Some People Outgrow Bipolar Disorder

E veja mais em Estudo diz que grande porcentagem dos casos de transtorno bipolar saram naturalmente aos trinta.

Realmente é muito satisfatório ver que os psiquiatras que gostam de prescrever psicotrópicos estão ficando cada vez mais sem chão.

5.10.09

Pessoas mortas por descaso em hospitais psiquiátricos - Por que isso não aparece em reportagens?

Observando as investidas da Globo no tema saúde mental, a Record não quis ficar atrás e começou a investir também. Já não é de hoje que podemos observar o tema DOENÇA MENTAL sendo abordado nas novelas da Record.

Tenho que admitir que eles tem abordado o tema até melhor que a Globo. (Aqueles que detestam a Record vão ficar paus da vida comigo, assim como aqueles profissionais de saúde mental com escrúpulos duvidosos que transformaram os hospitais psiquiátricos do Rio em set de filmagem.)

Por exemplo, passou na Record uma novela nada séria, e até ridícula, Os Mutantes. A novela era ridícula, mas eles abordaram o tema da depressão com seriedade. Falaram sobre necessidade de tratamento, sobre os sintomas, etc. O que não quer dizer que eu concorde com o que eles falaram da depressão e da psiquiatria.

Apenas acho que eles não banalizaram a coisa. Como a Globo fez, ao mostrar um Tarso agressivo acima do normal da doença mental, dando tiro nas pessoas, e gerando mais estigma!!!!

A atual novela Poder Paralelo também aborda o tema. Também tem uma moça que sofre de depressão.

Além de abordar a temática nas novelas, a Record também tem feito uma série de reportagens sobre a situação dos pacientes psiquiátricos no Brasil. Mas infelizmente a Record é totalmente SENSACIONALISTA nessas reportagens.

Muito mais sensacionalista que as reportagens da Globo e do SBT (que de vez em quando também aborda o tema.)

Infelizmente as três emissoras de TV têm algo em comum: tanto a Globo, quanto a Record e o SBT retratam o paciente psiquiátrico como alguém incapaz de pensar racionalmente, e que só delira, e de vez em quando fala uma coisa racional. (Isso especialmente nas reportagens.)

No Repórter Record eles fizeram questão de mostrar dois pacientes HOMENS se beijando NA BOCA, no que eles chamaram de crise. Francamente, para que mostrar uma coisa constrangedora dessas? Não que seja constrangedor um homem beijar outro na boca, mas a forma que eles narraram a cena foi constrangedora.

Você pode ficar certo que na maioria dessas reportagens os pacientes psiquiátricos fizeram DENÚNCIAS contra psiquiatras, psicólogos e direção das instituições.

Mas infelizmente os repórteres evitam, cortam qualquer denúncia de usuários dos serviços de saúde mental. Quando o SBT foi fazer uma reportagem no CAPS Rubens Corrêa a repórter e o câmeraman presenciaram a diretora chamando um usuário do CAPS de fdp e mandando tomar no c. e, é claro, não publicou nem uma nota sobre isso.

Se o usuário de saúde mental foi xingado, é claro que ele estava errado e mereceu. Pra que lembrar disso? (Eu estou sendo irônico, pô!)

Como a imprensa nos vê dessa forma, fazemos denúncias que não são publicadas. Há casos sérios de mortes covardes, irresponsabilidades de diretores e profissionais de hospitais psiquiátricos que são comentados pelos usuários de saúde mental do Rio de Janeiro. Irregularidades que aconteceram no Instituto Philippe Pinel, no Nise da Silveira, e até no CPRJ.

Eu frequento encontros de usuários de saúde mental e escuto essas queixas o tempo todo. Mas eles iam mostrar usuários falando de mortes acontecidas em hospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro na novelinha da Globo? Claro que não!!!!

Iam mostrar essas denúncias nas reportagens? Claro que não!!! Nós somos os agressivos da história. Nós é que matamos, damos tiros nas pessoas... (Estou sendo irônico de novo!!!)

Novela: homem homossexual não resiste a mulher

Como já devo ter deixado claro, esse é um blog que apoia a livre escolha da sexualidade, ou seja quem quer ser homossexual, que seja, quem quer ser gay que seja. Mas acredito que quem quer ser heterossexual (depois de ser homossexual) também deve ter sua vontade respeitada, sem preconceito.

Por isso deixo o cena da excelente novela Caras e Bocas, onde um homossexual, ou ex-homossexual (depende de seu ponto de vista) se apaixona por uma mulher. Não acompanho a novela, mas acho que os dois já devem ter se casado. Meus parabéns a Walcyr Carrasco, pois geralmente a Globo mostra homossexuais que não tem nada ver com nada. (Apesar desse ex-gay ser meio estereotipado. Onde já se viu ex-gay chamar homem de bofe e mulher de perua? E quanta frescura!!!) Parece que quer apenas agradar o movimento gay. (Assim como a novela Caminho das Índias parecia querer agradar os psiquiatras e cia.) Claro que o movimento gay não gostou muito disso. (Veja mais sobre isso na página Walcyr carrasco defende o personagem ex-gay.) Mas fazer o quê? Todos têm o direito de escolher sua sexualidade. É uma pena que alguns grupos queiram IMPOR sexualidade às pessoas, dizendo que quem nasce homossexual morre homossexual.

Movimento gay, com todo respeito e consideração: por esse tipo de comportamento algumas pessoas estão começando a usar o termo heterofobia para descrever quem quer que as pessoas permaneçam gay.

Em tempo: tempos atrás recebi um e-mail de um representante do movimento gay reclamando de algumas das informações que coloquei aqui sobre a perseguição a psicóloga Rozangela Rufino que promove terapia para ajudar quem não quer ser homossexual. Acabei não respondendo ao e-mail dele, não por indelicadeza,já que até apreciei muito o contato que ele fez. É que ele mandou o e-mail para meu MSN, que eu geralmente uso para MENSAGENS INSTANTÂNEAS, e raramente para ver e-mail.

De qualquer forma,apenas copiei a notícia do Yahoo, e realmente não pretendia ofender ninguém em particular. Pessoalmente sempre apreciei o movimento gay, inclusive já participei de reuniões do grupo, apenas acho que ultimamente esse movimento tem estado um pouco radical. Só isso.

E Para terminar gostaria de deixar uma bela piada de "viado". (Desculpe o termo ofensivo). :) Do humorista Espanta! Não é uma piada homófoba, de jeito nenhum, mas não é aconselhável para crianças. (De acordo com nossos padrões morais. Apesar de só conter palavrões.) Quer dizer, a piada usa uns termos que podem ser considerados ofensivos, mas conheço muitos homossexuais que aceitam esses termos sem problema.

2.10.09

Novidade: Hospitais psiquiátricos do Rio em abandono - Diz jornal

Deu em O Globo sobre o abandono dos hospícios, quer dizer, dos hospitais psiquiátricos Instituto Nise da Silveira, Instituto Philippe Pinel e Colônia Juliano Moreira.

Foi mostrado coisas com as quais já estamos acostumados nos hospitais psiquiátricos, como sujeira, banheiros quebrados, coisas comuns, sinais do abandono com o qual estamos acostumados.

Veja o resumo das reportagens em Deu no Globo: Hospitais psiquiátricos do Rio em agonia - O Globo, no blog de notícias Paciente Psiquiático. Ou diretamente em Hospitais psiquiátricos do Rio em agonia e As duas faces da Colônia Juliano Moreira - O Globo.

Naturalmente essas coisas vieram à tona por que um vereador decidiu fazer vistoria nesses hospícios, quer dizer, hospitais psiquiátricos. A Globo naturalmente já conhecia esse abandono, já que visitou e filmou o CPRJ e o Instituto Nise da Silveira para a novela Caminho das Índias.

Claro que na época em que a novela foi filmada o pessoal dos hospitais psiquiátricos deve ter combinado com a TV Globo de só deixá-los filmar se eles não revelassem o descaso dos hospitais.

Eu não estou brincando. Infelizmente esse tipo de coisa acontece com muita frequência. (Esse tipo de manobra deveria ser proibido, mas fazer o quê? Se eu der mole ainda sou processado por fazer esse tipo de comentário.)

Parece que esse pessoal da imprensa não tem a menor idéia da rotina de um hospício (que é elegantemente chamado de hospital psiquiátrico.) A repórter relatou "O funcionário do Nise relata que há brigas constantes por cigarro".

Hahaha! Pode ser novidade para quem não conhece a situação das instituições psiquiátricas brasileiras! Nos CAPS as pessoas disputam cigarro o TEMPO TODO!

E a repórter parecia querer chocar o leitor quando relatava sobre a moça que começou a fumar no hospital psiquiátrico. Fala sério!!

Como eu já relatei nesse blog VÁRIAS VEZES, não existe melhor lugar para começar a fumar do que em uma instituição psiquiátrica: tanto os CAPS, quanto hospitais psiquiátricos são locais de enfado e tédio.

Só não sei por que esse vereador nunca vem ver a situação dos CAPS, que na teoria são o símbolo da reforma psiquiátrica, na prática são esquecidos até quando se fala de esquecimento. Quando se fala das instituições esquecidas pelo governo, se esquece de falar dos CAPS.

Como estão os CAPS no momento?

Bem, os CAPS estão mais abandonados que nunca. Naturalmente muito mais abandonados que o Instituto Nise da Silveira a Colônia Juliano Moreira e o Instituto Philippe Pinel. Mas o problema é que os vereadores não fazem vistoria lá.

Profissionais dos CAPS estão desesperados, pois pagamentos estão atrasados, entre outras coisas. É lamentável ver poderosos como esse psiquiatra Edmar Oliveira pedindo demissão para se fazer de vítima. Doutor, pode ter certeza: eu comemoro seu pedido de demissão. Por pessoas como você que a gente está passando tanta dificuldade. Já que a maioria dos problemas mostrados nas reportagens estão aí há anos, e tipos como você fazem parecer que é uma coisa de momento, porque cortaram as verbas, blablabla.

(Dr. Edmar, você só aparece para a imprensa. nunca vi sua cara pessoalmente. Realmente espero que você não volte num cargo mais importante. Espero que esse não seja um golpe publicitário para ser promovido. Sinceramente espero que você não esteja pensando no cargo de ministro da saúde, secretário da saúde, ou algo parecido. Poupe a gente. Pois geralmente vocês, poderosos, são promovidos, e não demitidos.)

Eu posso desaprovar a psiquiatria e a psicologia e até estar decepcionado com a atuação desses profissionais, mas isso não quer dizer que eu aprove que eles sejam obrigados a trabalhar de graça, ou em péssimas condições de trabalho.

Meu CAPS Rubens Corrêa, por exemplo, simplesmente NÃO TEM PSIQUIATRAS. Não poderia haver melhor mostra da má gestão da saúde mental. Mas, pessoalmente, eu fico muito feliz que falte psiquiatra. Isso porque dessa forma aquelas pessoas viciadas em psiquiatra percebem que podem levar a vida sem eles.

E isso tem acontecido. As pessoas estão vivendo sem psiquiatra lá no CAPS. É o que eu sempre digo: o CAPS dá certo graças a interação dos próprios usuários. Os profissionais até ajudam, mas no fundo a maior ajuda que os usuários recebem é a ajuda vinda dos próprios companheiros usuários.

Quanto aos profissionais de saúde mental, eu acho que vocês deveriam considerar a possibilidade de fazer GREVE. É que muitos profissionais acabam descontando sua frustração nos usuários. E isso não é legal. Pensem pensem numa greve de meio período, com apoio de usuários de saúde mental.