29.4.09

ESCOLA DE INFORMÁTICA PARA PACIENTES PSIQUIÁTRICOS



Nessa reportagem da série sobre os 20 anos da web você pode me ver dando aulas de informática. A reportagem foi ao ar hoje no Canal Futura. Eu sou o educador do curso de informática do CAPS Rubens Corrêa. O curso é dado pelo CDI, Comitê para Democratização da Informática, através de um convênio entre o CDI e a prefeitura do Rio de Janeiro.

Nessa reportagem você pode ver um pouco do CAPS e seus usuários pacientes psiquiáticos. Observe que nem todos que estão na sala de informática são usuários do CAPS.

Vale dizer que se fala em acabar com o projeto que leva informática para instituições psiquiátricas. Quando informática é tão importante para a melhora de todos nós pacientes psiquiátricos. Esse projeto acontece apenas no município do Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Mas o que eu quero ver é instituições psiquiátricas de todo o Brasil com escolas de informática. E estarei lutando para que isso aconteça!

Nota: no final da reportagem vemos o Wanderson, outra grande figura do CDI.

28.4.09

BOAS NOTICIAS: PSIQUIATRIA ORTOMOLECULAR

(Republicando esta postagem para quem não viu. De um tempo atrás, quando ouvi falar de psiquiatria ortomolecular pela primeira vez. Isso para lembrar que existem outras opções de tratamento além dos psicofármacos, além da medicação psiquiátrica.)

Outro dia eu pesquisava por melhor tratamento e me deparei com algo maravilhoso: psiquiatria Ortomolecular! A psiquiatria ortomolecular tem um tratamento baseado numa boa dieta, numa boa alimentação. Os nutrientes certos para o organismo trazem uma boa saúde mental, é a máxima da psiquiatria ortomolecular. A psiquiatria ortomolecular é uma alternativa para o paciente psiquiátrico. A psiquiatria tradicional é a psiquiatria toxicomolecular (Aquela psiquiatria que enche a gente de medicação, psicofármacos). E infelizmente, nos anos que tenho me tratado com a psiquiatria toxicomolecular não tenho visto resultados satisfatórios. Me entupir de psicofármacos não tem funcionado bem. Agora eu quero experimentar a psiquiatria ortomolecular.

Veja o site da Dra. Shirley de Campos para mais informações. Infelizmente não encontrei nenhum médico que faça esse tratamento aqui no Rio de Janeiro. Mas já fiquei sabendo de especialistas da psiquiatria ortomolecular do Rio Grande do Sul. Veja o site do DR. MARCO AURELIO BEHAR RAMOS e do DR. JUAREZ CALLEGARO Eu só gostaria de saber porque nenhum psiquiatra nunca falou sobre essa alternativa de tratamento.

Outra coisa importante: encontrei um blog super-maneiro de uma psicóloga que merece ser apreciado. Ela tem umas idéias ótimas sobre a criação. Bem interessante. veja o blog GENE 1 GENESIS. Muito bom.

Lembrando mais uma vez que a novela Caminho das Índias, que foi exibida em 2009, fala de esquizofrenia. Então vale a pena deixar o blog da autora Glória Perez.

26.4.09

MUITA TECNOLOGIA, POUCA HUMANIDADE



Eu selecionei esse vídeo de Caminho das Índias, pois sei que uma imagem fala mais que palavras. No vídeo você pode ver como o Tarso, esquizofrênico, é capturado pelo SAMU(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Bem parecido com a realidade. Aí eu pergunto para você: você acha que o Tarso recebeu um tratamento humano? Você acha que esse é um tratamento civilizado?

Nós somos humanos ou somos selvagens, afinal? Lembre-se que ele não cometeu nenhum crime. Estava doente. Como doente, você não acha que ele deveria ser levado ao hospital de uma maneira menos chocante? Ou seja, ser levado ao hospital como doente? Já imaginou se alguém tem um ataque do coração e é levado para o hospital amarrado? Ou será que levam o doente mental amarrado para puní-lo por seu comportamento agressivo?

O tratamento que o Tarso recebeu do SAMU poderia ser considerado ótimo... se ele fosse um bandido. Mas como ele era uma pessoa doente o tratamento foi arcaico e assustador. O pessoal do SAMU o amarrou! Acho que eu nem preciso dizer que isso é traumatizante. E para uma pessoa que já está sofrendo traumas da doença psiquiátrica, sofrer outro trauma ao ser capturado para a internação só piora as coisas.

Eu já me deparei muitas vezes com profissionais de saúde mental que acham que tal tratamento é técnico e adequado. Mas quando eu pergunto a tais profissionais se eles suportariam ser amarrados eles desconversam. Eles não iam querer passar por tal humilhação e constrangimento.

O que mais me impressiona é quando esses profissionais de saúde mental dizem: "O que mais a gente poderia fazer?" Isso me impressiona! Eles não sabem o que fazer? Por que não mudam de profissão então?

Eu bem entendo que os profissionais de saúde mental sofrem pela falta de recursos técnicos. Mas o profissional de saúde mental que realmente ama sua profissão luta por melhores recursos na saúde mental. Luta por melhor qualificação. O problema é que eu não estou vendo nenhum profissional de saúde mental lutando por essa causa. Aliás, até sei que existem uns raros profissionais de saúde mental que lutam pela causa, mas é raridade.

Pode ter certeza de que pode haver condições de se tratar um paciente psiquiátrico melhor. Para começar o pessoal do SAMU poderia receber um melhor treinamento, focado no atendimento de doentes mentais. o problema é que o pessoal do SAMU já chega com medo. O medo que é comum a pessoas despreparadas. Existem técnicas de artes marciais que permitem controlar uma pessoa sem ter que sufocá-la, nem amarrá-la. Artes marciais como o Judô, o Aikidô e o Jiu Jitsu. Eu já pratiquei muita arte marcial em minha vida, e sei disso.

Artes marciais é uma solução milenar. Mas é claro que existiriam outras soluções tecnológicas, se houvesse interesse. Afinal. A ciência é tão avançada, não é? Nós podemos saber o sexo de um bebê com 3 meses de gravidez, temos celulares com discagem de voz, etc. Isso para não falar nas drogas psiquiátricas. Não dizem que são tão avançadas? Qual seria a dificuldade de criar recursos para tratar as pessoas com humanidade?

"Já está mais do que óbvio que nossa tecnologia superou nossa humanidade." Albert Einstein


Originalmente publicado no dia 26 de abril de 2009 e atualizado no dia 23 de outubro de 2012.

24.4.09

GAROTO SE SUICIDA SOB EFEITO DE DROGAS PSIQUIÁTRICAS

"Já está mais do que óbvio que nossa tecnologia superou nossa humanidade." Albert Einstein



Talvez não tenha chegado ao Brasil a notícia do garoto que estava tomando forte medicação psiquiátrica e que se suicidou. A manchete polêmica do jornal americano é Broward child's suicide raises questions about medication - A Broward foster child who killed himself last week had been prescribed powerful psychiatric drugs, some of which the FDA does not approve for children. Traduzido: Suicídio de criança do (condado) Broward levanta questões sobre medicação - Uma criança sob guarda provisória do Broward que se matou semana passada tinha sido prescrita fortes drogas psiquiátricas, algumas das quais o FDA (Agência de controle de medicação dos E.U.A) não aprova para crianças.

Como muitos no mundo, eu estou de luto pela morte desse garoto, que foi morto pelas drogas psiquiátricas.

Isso aconteceu nos E.U.A. Vale a pena arriscar a vida de uma pessoa para controlar sua cabeça? Felizmente, no Brasil não é comum se receitar drogas psiquiátricas para crianças. O Brasil tem o hábito de copiar os E.U.A. Portanto eu sinceramente espero que o Brasil não copie os E.U.A nisso. Acho que eu nem preciso dizer que isso só aumenta minha revolta contra as drogas psiquiátricas. Eu já experimentei efeitos depressivos causados por medicação psiquiátrica e sei que isso é terrível. O homem está tão tecnológico que esqueceu sua humanidade. Controlar, não importa como. Observemos a frase de Einstein.

22.4.09

O MITO DO TRANSTORNO BIPOLAR

No caso do transtorno bipolar os biomyths (biomitos) se centram nas ideias sobre a estabilização do humor. Mas não há provas de que as drogas estabilizam humor. Na verdade, nem sequer é claro que faça sentido falar de um centro do humor no cérebro. Um outro pedaço da mitologia que visa manter as pessoas tomando as drogas diz que estas são supostamente neuroprotetoras, mas não há provas de que este é o caso e, de fato, estas drogas podem levar a danos cerebrais.

Transtorno bipolar em si é um pouco uma entidade mítica. Como é empregado agora o termo tem pouca relação com a clássica doença maníaco-depressiva, que obrigava as pessoas a serem hospitalizadas com um episódio da doença, seja depressão ou mania. Os problemas que, atualmente, estão agrupados sob o título "transtorno bipolar" são semelhantes aos problemas que, na década de 1960 e 1970, teriam sido chamados de "ansiedade" e tratados com tranquilizantes ou, durante a década de 1990, teriam sido identificados como "depressão" e tratados com antidepressivos.

O principal evento em meados da década de 1990 que levou à mudança de perspectiva foi a comercialização de Depakote pela Abbott como um estabilizador do humor. Antes disso, o conceito de estabilização de humor não existia. E, embora em uma popular série televisiva podemos aceitar que Buffy a caça vampiros ganhe uma nova irmã na Temporada Cinco que tinha todo o tempo, mas nós não conheciamos, não esperamos que isso aconteça na academia.

A introdução da estabilização de humor pela Abbott e outras companhias que pegaram o embalo para comercializar anticonvulsivantes e antipsicóticos foi, de fato, bastante comparável a Buffy obtendo uma nova irmã. Estabilização de humor não existia antes de meados da década de 1990. Não pode ser encontrado em nenhum dos livros anteriores de referência e jornais. Desde então, porém, agora temos seções para estabilizadores de humor em todos os livros sobre drogas psicotrópicas, e mais de uma centena de artigos por ano apresentando estabilização de humor nos seus títulos.

Da mesma forma, a Abbott e outras companhias, como a Lilly comercializando Zyprexa para transtorno bipolar, têm re-estruturado a doença maníaco-depressiva. Embora o termo transtorno bipolar estivesse presente desde 1980, doença maníaco-depressiva era o termo que era ainda mais comumente utilizado até meados da década de 1990 quando desaparece e é substituído por transtorno bipolar. Atualmente, mais de 500 artigos por ano colocam transtorno bipolar em seus títulos.

Você apenas tem que olhar para a Lilly que comercializou Donna nos documentos da internet sobre Zyprexa para ver o que está acontecendo aqui: "Donna é uma mãe solteira, de uns 30 anos, e aparece em seu consultório com roupas um tanto relaxadas e pouco à vontade. Sua principal queixa é "Eu me sinto tão ansiosa e irritada ultimamente." Hoje ela diz que tem dormido mais que o habitual e tem dificuldade para se concentrar no trabalho e em casa. No entanto, em várias consultas anteriores ela estava falante, eufórica, e relatou que tinha pouca necessidade de sono. Você a tem tratado com vários medicamentos, inclusive com antidepressivos com pouco sucesso ... Você poderá garantir para Donna que Zyprexa é seguro e que irá ajudar a aliviar os sintomas contra os quais ela está lutando. "

Donna poderia ter destaque nos anúncios de tranquilizantes de 1960 a década de 80, ou de antidepressivos na década de 1990, e teria sido provavelmente mais susceptível de responder a qualquer um destes grupos de tratamento do que para um antipsicótico, e menos provável de ser prejudicado por eles do que por um antipsicótico. O que as empresas de marketing são muito boas de fazer é enquadrar as pessoas que têm sintomas comuns, que quase todos nós temos, numa maneira mais conveniente de conduzir a uma receita para o remédio do dia. É uma afronta para um século de pensamento psiquiátrico ver condições que pacientes como Donna têm como transtorno bipolar. Mas se um século de pensamento psiquiátrico costumava dizer alguma coisa, não diz mais.


Leia a entrevista completa em inglês: Bipolar disorder and its biomythology: An interview with David Healy.

Eu tive um trabalhão para traduzir o texto acima apenas para você poder refletir sobre as drogas psiquiátricas e seus diagnósticos. O texto é da entrevista de um médico, David Healy. Esse médico já trabalhou em indústria farmacêutica.

Imagine que quem era diagnosticado com depressão alguns anos atrás agora é diagnosticado com transtorno bipolar... e o texto mostra que, infelizmente, quem cria os diagnósticos são as empresas farmacêuticas. E transtorno bipolar é um produto novo das empresas farmacêuticas. Com o objetivo de vender mais drogas. Eu gostaria que você tomasse cuidado. O que não quer dizer ficar sem tratamento. Busque tratamento, mas seja cauteloso. Não pense que as drogas psiquiátricas resolvem tudo, pois não resolvem. Busque médicos alternativos. É pela sua saúde. Vale a pena.

19.4.09

ANTIPSICÓTICOS E SUICÍDIOS

Abaixo está uma parte da entrevista com o médico David Healy, que fala dos psicofármacos e dos perigos para saúde que tais medicações trazem. Entre outras coisas ele fala sobre como os antipsicóticos induzem as pessoas ao suicídio. A entrevista é de 16 de abril de 2009. Se souber ler inglês, veja a entrevista completa em Bipolar disorder and its biomythology: An interview with David Healy. Logo eu publicarei esta entrevista traduzida na íntegra no blog USUÁRIO DE SAÚDE MENTAL.

E são os antipsicóticos na verdade mais seguros que antidepressivos?

Não, eles não são. Os antipsicóticos são tão perigosos quanto os antidepressivos. Antes da introdução dos antipsicóticos, as taxas de suicídio na esquizofrenia eram extremamente baixas, eram difíceis de diferenciar do resto da população. Desde a introdução dos antipsicóticos as taxas de suicídio subiram 10 - ou 20 vezes.

Muito antes de que os antidepressivos fossem relacionados a acatisia, os antipsicóticos eram universalmente reconhecidos como causadores desse problema. Também foi universalmente aceito que a acatisia que eles causavam tinha o risco de induzir o paciente ao suicídio ou à violência.

Eles também causam uma dependência física. Zyprexa está entre as drogas mais susceptíveis de fazer que as pessoas se tornem fisicamente dependentes dela. No que me diz respeito, a licença do Zyprexa para a suposta manutenção para tratamento de transtorno bipolar resulta de dados que são de fato excelente prova para o que provoca dependência física e os problemas que podem surgir quando o tratamento é interrompido.

Além disso, naturalmente, estas drogas são conhecidas por causar uma variedade de síndromes neurológicas, diabetes, problemas cardiovasculares, e outros problemas. É difícil compreender o quão cegos clínicos podem ficar para problemas como estes, em especial nos jovens que crescem e se tornam obesos e diabéticos bem diante de seus olhos.

Mas temos um campo que, quando confrontados com o óbvio, em vez disso optou por ouvir as vozes de Eli Lilly dizendo: "Oh não, não há qualquer problema com Zyprexa. A psicose é o que provoca diabetes-Henry Maudsley reconheceu isso 130 anos atrás". Bem, Henry Maudsley odiava pacientes, e viu pouquíssimos deles num tempo em que o diabetes era raro. Recentemente, olhamos para as admissões do Hospital de North Wales no período 1875-1924, vasculhando sua carreira, e entre os mais de 1200 casos admitidos por doença mental grave, ninguém tinha diabetes e ninguém passou a desenvolvê-la.

Também analisamos as admissões para a unidade local de saúde mental entre 1994 e 2007, e em mais de 400 internações primeiro ninguém tinha diabetes de tipo 2, mas o grupo como um todo passou a desenvolver diabetes em dobro da taxa nacional.

Isto não é surpreendente. O que é impressionante é como o campo inteiro engoliu a linha da Lilly, especialmente quando ela era tão implausível para começar. Tivemos grandes dificuldades para fazer que este artigo fosse publicado. Um jornal se recusou mesmo a revê-lo.

ESTEREOTIPADOS

“Alguns querem que a gente fique enclausurado. As pessoas acham que a gente só sabe rasgar dinheiro e comer cocô. Não é isso. É um sofrimento psíquico. Você tem uma úlcera, muita gente pode não acreditar em você, porque não está vendo. É a mesma coisa. Só chora pela dor, quem sente. Imagina como é viver com um monte de remédio. A gente também precisa ser livre.” Hamilton do Harmonia Enlouquece, em uma entrevista.

Gostaria de me explicar mais uma vez aos bons psiquiatras e psicólogos. Pois eles merecem respeito. As críticas que faço aqui são mais voltadas aos maus. Eu não sou seguidor da psiquiatria biológica, mas posso entender que há bons profissionais tentando fazer o melhor. Mas graças aos diagnósticos feitos por seus colegas psiquiatras, eu realmente não acredito que psiquiatria já seja ciência. O que não quer dizer que um psiquiatra não mereça respeito e consideração.

No meu prontuário diz que eu tive depressão(hipomania). Mas o problema é que essa depressão não aconteceu em nenhum de meus surtos. Aconteceu quando eu estava tomando o antipsicótico haldol, me recuperando. E logo que o Haldol foi retirado a depressão sumiu. É lógico que essa depressão foi causada pelo antipsicótico haldol. Afinal, como mostrado na entrevista do médico acima, antipsicóticos induzem ao suicídio, logo causam depressão. (Ninguém se suicida sem estar deprimido, não é?) Eu senti na pele a comprovação de que o médico acima está certo.

Para terminar eu gostaria de comentar o que o Hamilton do Harmonia Enlouquece disse. A doença mental é como uma úlcera. Ninguém vê. Para ver a úlcera o médico deve tirar uma chapa, um raio X, ou coisa parecida. O problema da psiquiatria é que os psiquiatras não usam nenhum raio X para ver nossa doença, e mesmo assim, nos colocam mil diagnósticos. Com todo respeito aos psiquiatras, mas tais diagnósticos pouco servem. E não conseguem ter uma imagem real de uma doença que não pode ser vista, como disse o Hamilton. Os psiquiatras tentam diagnosticar o exterior, sem ver o interior, onde está a doença. Com todo respeito, não dá para levar esses diagnósticos à sério. Esses diagnósticos na verdade não passam de estereótipos. Pacientes psiquiátricos, nós não somos diagnosticados, somos estereotipados.

17.4.09

PESSOAS INTERDITADAS COM DOENÇA MENTAL

Houve a introdução da medicação psiquiátrica(psicofármacos), e com essa introdução da medicação psiquiátrica houve um esvaziamento dos hospícios. Mas não houve um grande interesse em recuperar as pessoas pacientes psiquiátricos. E a incidência de doença mental aumentou. Com isso as pessoas saem dos hospícios, mas sem um bom projeto de reinserção social acabam sendo interditadas, ou seja, são aposentadas. Com a interdição, a pessoa sequer tem controle do próprio dinheiro - já que quem recebe é um familiar.

Isso é mais explicado no texto abaixo que fala do crescente número de deficientes mentais nos Estados Unidos. (Pessoas que estão se aposentando.) Isso é parte do artigo de Robert Whitaker, ANATOMY OF AN EPIDEMIC.


Até a década de 1950, o número de doentes mentais internados deficientes era regular. Hoje, os deficientes mentais (interditados mentais) recebem normalmente um benefício, seja do Benefício do Seguro Social ao Deficiente (SSDI, Social Security Disability Insurance) ou do programa Renda de Garantia Suplementar (SSI,Supplemental Security Income), e muitos vivem em abrigos residenciais (como as residências terapêuticas) ou outros meios de habitação financiados pelo governo. Assim, o paciente que estava internado há 50 anos hoje recebe benefícios do seguro social, do SSDI ou SSI, e é essa linha de evidências que revela que o número de deficientes mentais aumentou quase seis vezes desde que Thorazine (clorpromazina) foi introduzido.

Para ler mais sobre o texto acima veja a tradução de parte de ANATOMY OF AN EPIDEMIC em ANATOMIA DE UMA EPIDEMIA: AUMENTA O NÚMERO DE DEFICIENTES MENTAIS DEPOIS DA INTRODUÇÃO DOS PSICOFÁRMACOS.

MEDICAÇÃO PSIQUIÁTRICA: EFEITOS ESTRANHOS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Com grande pavor eu observo as pessoas seriamente prejudicadas no CAPS. Seria por causa da doença mental? Não. Isso porque medicação psiquiátrica causa sérios prejuizos à pessoa humana, como indicado no livro de Breggin & Cohen, Your Drug May Be Your Problem: "... sofrimento emocional não pode ser amenizado sem prejudicar outras funções, como a concentração, atenção, sensibilidade e auto-consciência" (p. 36).

Eu olho para as mulheres e me entristeço: moças que foram tão bonitas estão totalmente gordas. E elas sabem que estão gordas assim por causa da medicação. Elas admitem isso.

Uma das mulheres, paciente psiquiátrica disse, furiosa:
__Não vou mais tomar remédio!
Eu até entendo a raiva dela mais infelizmente tenho que dissuadí-la da idéia. Tive que explicar:
__Não faça isso! Se você parar de tomar "remédio" vai fazer mal!
Tive de dizer isso, pois sei que é perigoso parar de tomar medicação psiquiátrica. Não que a pessoa vá entrar em crise. Não. É que "Todos os medicamentos psiquiátricos podem causar problemas durante a retirada", como diz o livro dos doutores Breggin e Cohen. Logo, a medicação psiquiátrica causa dependência química.

E é claro que a medicação psiquiátrica não faz todo o milagre que os profissionais de saúde dizem que faz. O livro diz que "muitos efeitos adversos são difíceis de distinguir dos problemas emocionais". Logo os psicofármacos (medicação psiquiátrica) causam doença mental também. Para ler todo esse texto vá para COMO E PORQUE PARAR DE TOMAR PSICOFÁRMACOS.

E lembre-se: se você nunca tomou psicofármaco e precisa de atendimento psiquiátrico, fuja dos psicofármacos. Procure psiquiatria ortomolecular, por exemplo. Não fique sem tratamento, mas por favor, fuja dos psicofármacos.

16.4.09

O ESTIGMA DO DOENTE MENTAL


O cartaz acima estava afixado no CAPS Rubens Corrêa, símbolo da reforma psiquiátrica. DESAPARECIDO, diz a parte superior do cartaz (que não está aparecendo.) Muito me espanta esse cartaz. Eu me pergunto: será que se, por algum motivo, eu desaparecer vão colocar um cartaz parecido com esse para me encontrar? Será que vão colocar no cartaz uma descrição de meus sintomas?

O que me espanta é que o estigma DOENTE MENTAL ficou firme. DOENTE MENTAL, FALA SOZINHO, MEXE COM AS MÃOS... Por que DOENTE MENTAL tem que aparecer na descrição desse cidadão? Nós somos outras coisas além de doentes mentais. E nem somos doentes mentais 24 horas por dia. Talvez sejamos doentes mentais quando estamos em crise.

Ele pode ter DESAPARECIDO por vários motivos, não necessariamente por ser doente mental. Esse cartaz de desaparecido mais parece um cartaz de PROCURADO. (Tem até uma recompensa!) Isso porque eu conheço vários casos de pacientes psiquiátricos que fogem por estarem sendo maltratados por familiares. E esse poderia ser mais um desses casos. E o que mais espanta é encontrar esse cartaz num CAPS, onde os pacientes psiquiátricos deveriam ter o direito de ser chamados de USUÁRIOS.

14.4.09

BANDA DE PACIENTES PSIQUIÁTRICOS NA NOVELA DAS 8

HARMONIA ENLOUQUECE NAS PARADAS

É isso mesmo! A banda Harmonia Enlouquece apareceu nos capítulos de 13 e 14 de abril da novela Caminho das Índias. Cantando! Espero que você não tenha perdido! Eles estão representando todos os pacientes psiquiátricos e mostrando que nós fazemos coisa boa. Vale dizer que a música Sufoco da Vida está no CD Caminho das Índias Nacional. Veja reportagem Banda de pacientes psiquiátricos está na trilha de ‘Caminho das Índias’. Veja também o site do HARMONIA ENLOUQUECE. Eu estou comentando a novela Caminho das Índias no fórum PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Siga o link CAMINHO DAS ÍNDIAS e veja o tópico onde comento. E, por favor, entre na discussão e comente também.

REPORTAGEM DA ESCOLA DE INFORMÁTICA DO CAPS RUBENS CORRÊA DEVE SAIR NO CANAL FUTURA

Isso mesmo. O Canal Futura foi hoje (14/04/2009) a escola de informática do CAPS Rubens Corrêa, em Irajá, Rio de Janeiro. Entrevistaram uma educanda (aluna) e me entrevistaram também! Além de filmar a aula. A reportagem deve ser exibida no Canal Futura em uns 10 dias.

LIVROS QUE ESTOU LENDO SOBRE SAÚDE MENTAL

Acesse o tópico PACIENTE PSIQUIÁTRICO - LER É O MELHOR REMÉDIO no fórum e veja o lugar onde eu comento os livros e textos que estou lendo. Lá você poderá ver antes que livros eu vou comentar aqui no blog PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Acesse e interaja.

13.4.09

PARA VALORIZAR O PACIENTE PSIQUIÁTRICO

Eu decidi doar meu tempo para escrever algo que possa valorizar o paciente psiquiátrico. Mais que isso. Fazer que o paciente psiquiátrico reconheça seu valor. Que passe a se respeitar mais. E que tenha sua diversidade respeitada. Isso porque certos psicólogos e psiquiatras têm considerado certos comportamentos de pacientes psiquiátricos como “sintomas da doença”.

Por exemplo, uma mãe reclamou com a psiquiatra que o filho só quer comer sentado no chão. A psiquiatra vira para a mãe e diz “Isso é sintoma da doença.” O pai vira para a psiquiatra e diz: “Minha filha diz que não gosta de mim.” A psiquiatra vira para ele e diz: “Não se preocupe. Ela gosta de você sim. É a doença dela que a faz dizer isso.” Quer dizer que uma pessoa não pode gostar de comer sentada no chão? E uma pessoa é obrigada a gostar de todo mundo?

CUIDADO! NÃO ACEITE ISSO! Sintoma de doença mental é uma pessoa ouvir vozes que a perturbam, por exemplo. Agora uma pessoa fazer alguma coisa diferente não pode ser aceito como sintoma de doença. Quer dizer que se eu decidir andar com um pé só como saci vêm os caras do SAMU me prender? Isso seria considerado sintoma de doença mental? Não seria uma escolha minha? Talvez eu tivesse pensado “andar de um pé só não ofende ninguém. Vou fazer isso porque eu acho legal.”


NORMAS IMPOSTAS

Pelo o que eu estou vendo, fugir das normas impostas é considerado sintoma de doença mental. E quando o filho decide comer no chão ele está fugindo das normas impostas pela mãe. Por isso que é considerado um sintoma de doença mental. E quando a filha diz que não gosta do pai ela está fugindo da norma imposta que diz que todos os filhos devem gostar do pai. Daqui a pouco eu vou ter a impressão de que eu contestar a psiquiatria e a psicologia está sendo considerado “sintoma da doença”. Veja o vídeo abaixo para entender melhor o que eu quero dizer.

VÍDEO DESCREVE O QUE É SER BIPOLAR



Muitos dos sintomas de bipolar descritos pelo autor do vídeo me parecem características maravilhosas! Dentre elas inteligência. O próprio autor deve ter ficado com vergonha dessa inteligência depois, pois disseram que era doença. Inteligência pode ser considerado sintoma de doença? Alguém deve ter vergonha de sua inteligência ao ponto de considerá-la doença? Pense nisso. Sintomas de doença são o desequilíbrio, e não as qualidades e características das pessoas. Não acha? Doença, de fato, chega a doer. Inteligência não doe. O que me parece é que ele acha que a inteligência dele causou a doença dele depois. Chegamos ao ponto de colocar a culpa na nossa inteligência. É isso que nós queremos? Falarei mais sobre isso.

12.4.09

DEMÔNIOS, ESPÍRITOS OU ALUCINAÇÕES?

A religião tem se mostrado uma das formas mais libertárias da experiência humana, ainda mais no Brasil com estas igrejas protestantes...Ela se configura uma antipsiquiatria eficiente e muito defensável. Eu faria uma menção especial a estas igrejas que congregam homossexuais, os Meninos de Deus e outras ainda. A psiquiatria estabelece, sim, um sistema rígido de normalidade. Aliás, isto não é acidental nela, mas a sua característica principal. Assim, ela desfila baboseiras a respeito da mente humana.

O texto acima também é do site ANTIPSIQUIATRIA. Eu o coloquei aqui para ilustrar o que vou falar. Eu não concordo totalmente com o texto acima. Só que acho que todos têm direito de expressar sua crença religiosa. E essa expressão de crença muitas vezes não é respeitada pela psiquiatria e pela psicologia. Devido a grandes protestos dos pacientes psiquiátricos religiosos a intolerância dos psiquiatras e psicólogos diminuiu, mas o problema é quando eles começam a desmerecer o valor da crença de uma pessoa. Por exemplo, um paciente psiquiátrico religioso que ouviu uma voz pode achar que ouviu uma voz de um anjo. Mas o psiquiatra e o psicólogo tentam convencê-lo que a voz que ele ouviu é uma doença! Isso é até um insulto à religião das pessoas. Mas hoje em dia a intolerância é menor. O pior problema é quando esses psicólogos e psiquiatras tentam fazer a cabeça das pessoas para que vejam o mundo da forma que eles vêem, como se as idéias deles que estivessem certas. Vejam o exemplo abaixo.

Vésperas de sexta-feira Santa. Um paciente psiquiátrico pergunta a uma psicóloga:
__Na sexta-feira Santa não pode comer carne, né? Você não vai acreditar na resposta da psicóloga. Em vez de simplesmente dizer "É", que é a resposta certa, ela disse:
__Algumas pessoas comem, outras não. Isso aí depende. Você não tem que se prender a isso.
Para que tentar enrolar o rapaz? Se ela não sabia a resposta, que simplesmente dissesse que não sabe, que não entende de religião. Não precisava tentar fazer a cabeça do rapaz. Não precisava tentar fazer o rapaz seguir suas idéias cultas liberais.

Quanto às vozes, eu acho que são alucinações, eu acho que é um desequilíbrio. Quando perturbam, eu acho que são uma doença. Observem que eu disse EU ACHO. Não tenho certeza. Ninguém sabe o que é isso. O que eu quero dizer é que talvez a teoria da sua religião esteja certa. Se você é cristão, talvez as vozes que perturbam os pacientes psiquiátricos sejam mesmo demônios. Se você é espírita, saiba que talvez as vozes sejam espíritos. O que eu quero dizer é que não existe nenhuma prova científica que indique com clareza o que as vozes são. Sua religião merece respeito. Sua crença merece respeito. Por fim, se você é psiquiatra ou psicólogo, saiba que talvez tais vozes sejam alucinações. Apenas aceite que não existem provas científicas provando nada. Aceitem também que psiquiatria e psicologia são crenças também. Aceite isso e pare de tentar fazer a cabeça dos pacientes psiquiátricos. Alguns religiosos acham que os outros vão para o inferno, por exemplo. A gente não tem que concordar com isso, mas tem que respeitar a opinião do outro. Aliás. Quem quiser concordar, que concorde. É seu direito de expressão.

11.4.09

TRATAMENTO EM COMUNIDADE MELHORA O PACIENTE PSIQUIÁTRICO

A psiquiatria não é uma ciência, mas uma moralidade. Uma determinada visão do mundo que se tornou impositiva. A Revolução Francesa terminou faz 200 anos e ela ainda não desligou o botão do Terror. Um psiquiatra é um profissional do Estado, como um juiz ou um policial. Não é um médico comum, pelo menos no sentido do que se pode esperar de um médico. Mas um anti-médico, um médico cuja ação se faz contra o paciente. O cliente e o paciente não são a mesma pessoa.

A psiquiatria é uma polícia do comportamento. Sua melhor vocação está no zelo dos interesses do Estado. Ciência ela não é, embora pretenda ser. Quem sabe um dia chegue lá. Quanto ao Negócio da psiquiatria, ele é a produção de estereótipos de loucura. Para consumo social. A maioria dos pacientes "tratados" pelos psiquiatras hoje precisa apenas de um assistente social, não de um psiquiatra.


O texto acima foi retirado do site ANTIPSIQUIATRIA. Eu o retirei por concordar totalmente com ele. A maioria dos pacientes psiquiátricos não precisa mais de psiquiatras. Precisam quando estão em crises graves, fora de controle, e precisam ser sedados. Mas para sedar alguém é realmente necessário um psiquiatra? Um enfermeiro não pode fazer isso? E eu diria que não precisam de psicólogos também. Já muitos pacientes psiquiátricos graves precisam sim é de outras formas de atenção, como assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. E a implementação de tratamentos na comunidade.

Como é o tratamento na comunidade? É a comunidade participando. O paciente psiquiátrico sendo inserido na comunidade. Participando de cursos com pessoas da comunidade, por exemplo, como o Comitê para Democratização da Informática faz. O assistente social pode defender os direitos do paciente psiquiátrico. Para a defesa dos direitos seria necessário um advogado também. E o terapeuta ocupacional pode tratá-lo, de fato. Você deve estar perguntando: então a psiquiatria e a psicologia não têm serventia para o paciente psiquiátrico? Têm sim. A seguir vou explicar a serventia.

AS CARIMBADAS DA PSIQUIATRIA

Alguns psiquiatras são tão inteligentes e cultos que não conseguem distinguir raciocínio de verborréia. Assim, se os seus assuntos são muito especializados, não converse sobre eles com algum psiquiatra ou você acabará carimbado com um diagnóstico. Um diagnóstico constitui uma "peça de psiquiatria" destinada ao consumo social. É assim que os psiquiatras conseguem clientes, fabricando loucos. O diagnóstico é um freeware da psiquiatria, assim como as diversas aparições de psiquiatras em meios de comunicação social, reportagens diversas sobre "doenças" mentais, etc. Tudo isso constitui a inserção social (marketing) da psiquiatria. Texto do site ANTIPSIQUIATRIA. Lembrando que os psicólogos também vivem carimbando as pessoas. Explico a seguir.

FRIEZA E INDIFERENÇA

Eu entrei na sala de minha psicóloga. Já estava internado a alguns meses, mas estava me recuperando. "E aí, como vai?", ela me cumprimentou. Eu disse "tudo bem." E aí ela foi falando "E você conseguiu falar com seu pai?"
"Meu pai?" Eu respondi assustado, "Meu pai já morreu há anos."
"Mas você tinha dito que seu pai ia morar com você, etc."
"Eu disse isso?" Eu comecei a ficar preocupado. Se eu disse isso eu devia estar em crise. "Quando eu disse isso?" Perguntei a ela. "Semana passada." Ela respondeu. Na semana passada eu podia jurar que eu estava bem. "Caramba, meu pai morreu há anos. Se eu disse isso eu estava em crise."
"Pois é." Ela disse. Depois ela disse "Precisamos ver isso, Samuel."
"Mas meu nome não é Samuel." Caramba, pensei, será que a loucura me fez esquecer meu nome?
"Não é?" Daí ela deu uma olhada nos papéis que ela levava e por fim disse, sem jeito "Ih, troquei os prontuários."

Falar o que sobre isso? É isso que mata a psicologia. Aquela psicóloga sequer conhecia os rostos de seus pacientes. Ela só escrevia coisas no prontuário, e se guiava pelo prontuário. É essa frieza e indiferença que eu tenho visto nos psicólogos. Mas há umas raras exceções. Existem bons psicólogos. Como a doutora Simone Delgado. Mas bons psicólogos são uma raridade. A maioria entrou na profissão por se interessar nos textos de Jung e de outros psicólogos famosos. Não por estarem preocupados com o paciente psiquiátrico. Aí está o erro.

COMO OS PSIQUIATRAS E PSICÓLOGOS PODEM SER ÚTEIS

Como eu havia dito anteriormente, os psicólogos e psiquiatras têm serventia. (Não quero deixá-los deprimidos!) Mas não produzindo estereótipos de loucura, que é o que eles fazem quando tentam diagnosticar transtornos mentais. Uma vez eu estava conversando com uma moça psicóloga, QUE NÃO ERA MINHA PSICÓLOGA, era uma colega de trabalho, e ela virou para mim e disse que eu devia fazer psicoterapia. Interessante que enquanto eu conversava com ela ela me avaliava(talvez sequer estivesse prestando atenção no que eu falava), como se eu fosse simplesmente um objeto de trabalho para ela. Ela me diagnosticou enquanto eu falava com ela. E carimbou na minha testa PRECISA FAZER PSICOTERAPIA.

A psiquiatria devia ESTUDAR doenças mentais, e nunca tentar tratar. Pode sim, até AJUDAR no tratamento(deixem o tratamento para os terapeutas ocupacionais), se estudar bem uma doença. Pois a psiquiatria de hoje faz muito pouco, simplesmente por tentar tratar doenças mentais. A única coisa que os psiquiatras têm feito é receitar medicação e diagnosticar. Os psiquiatras sequer pesquisam as medicações, já que quem faz isso são as indústrias farmacêuticas. A psicologia devia estudar a mente, e não fazer a cabeça dos pacientes psiquiátricos em psicoterapias. Ou seja, deviam estudar a cabeça, e não fazer a cabeça. E uma coisa que deve ser evitada é viciar as pessoas em psicoterapia. Isso porque tal vício pode ser considerado uma doença também.

A psiquiatria e a psicologia podem ser úteis para tratar neuroses não graves, que podem ser consideradas doenças mentais leves. A psiquiatria e a psicologia podem ser eficientes quando o paciente psiquiátrico está recuperado da doença mental grave também. Isso porque alguns pacientes vão achar legal um psicólogo. Isso é opção deles. Não é uma necessidade. Outros pacientes quererão tomar medicação para isso ou para aquilo. (Já sem necessidade, pois o controle do paciente pode ser feito de outras formas.) O psiquiatra poderia proceder sempre buscando evitar que as pessoas se viciem nos medicamentos. Eu por exemplo quero a psiquiatria ortomolecular. Acho que vai ser legal para mim. Aí um psiquiatra é útil. Mas para a recuperação de pacientes psiquiátricos graves, psiquiatria e psicologia infelizmente não funcionam.

7.4.09

PONTOS BONS E RUINS DO CAPS RUBENS CORREA

Na postagem de hoje eu estou colocando fotos, já que uma imagem vale mais que mil palavras. As primeiras fotos mostram o lado bom do CAPS Rubens Corrêa. Os computadores fornecidos pela ONG Comitê para Democratização da Informática que podem ser usados livremente por usuários pacientes psiquiátricos!




Depois de ver o lado positivo do CAPS Rubens Corrêa a gente vai do céu para o inferno: os banheiros dos usuários pacientes são sem trincos, o que não permite privacidade na hora das necessidades.

Observe que o trinco está completamente enferrujado. Um paciente poderia se machucar e pegar uma doença.


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5.4.09

CAMINHO DAS INDIAS - SOBRE AGRESSIVIDADE



A definição do Dr. Castanho para a agressividade da doença mental é muito boa. Eu só gostaria de acrescentar que um paciente psiquiátrico também poderia ficar agressivo simplesmente por não gostar de uma certa pessoa, ou por estar zangado com certa pessoa, como acontece com todo mundo. O importante é não ligar a imagem do paciente psiquiátrico à agressividade gratuita, pois tal idéia é falsa.

É histórica a comparação de crimes bárbaros com a loucura. Um discurso que faz a preferência de quase todos os psiquiatras ligados de alguma maneira aos lucros dos hospitais psiquiátricos. Só omitem pesquisas que provaram que a cada mil pessoas com sofrimento mental, apenas 0,2% tem o quadro do psicopata, aquele cara que matou a família, transou com a vovó e foi pro cinema. E quando ocorre um caso dessa natureza, a imprensa faz todo um alarido, ajudando na cultura manicomial, que acha que as pessoas em transtorno mental são todas com tendência para cometerem crimes dos mais variados e bárbaros, como aos que também assistimos na televisão ou no cinema. A soma desses fatos ajuda a preservar os hospícios e acreditarmos nos discursos maliciosos de psiquiatras comprometidos em manter este sistema manicomial arcaico, cruel e criminoso. Entrevista de Austregésilo Carrano Bueno.

4.4.09

PRECISAMOS DE SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS AOS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS

Os hospitais psiquiátricos são especializados em loucura, e não na cura. É uma questão que envolve interesses econômicos altíssimos. Trata-se da terceira maior despesa do SUS, uma verdadeira mina de ouro que ultrapassa meio bilhão de reais por ano. Consomem mais de R$ 700 milhões para drogar, torturar e matar pessoas. É pura exploração financeira dos nossos impostos, é roubalheira, falcatrua da mais grosseira e aviltante a nós, contribuintes.

O texto acima é parte de uma entrevista de Austregésilo Carrano Bueno e serve para ilustrar que drogar é uma das atividades típicas dos hospitais psiquiátricos. E se queremos falar de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos vamos ter que falar em tratamentos substitutivos também. Tratamentos não baseados em drogas. Tratamentos não baseados nas drogas legalizadas que chamam de medicação.

Somos a favor da Rede de Trabalhos Substitutivos, montada há mais de 14 anos e apoiada pela Organização Mundial da Saúde. As pessoas não seriam internadas, a não ser quando estivessem em crise ou surto. A internação seria em leitos de hospital geral, por no máximo sete dias. Somos a favor dos hospitais-dia, aonde as pessoas que precisam de tratamentos de saúde mental vão durante o dia e voltam para suas casas à noite. Defendemos ainda a criação e utilização dos Naps e Caps (Núcleos e Centros de Atenção Psicossocial), que não são hospitais psiquiátricos, são casas alugadas longe, fora do espaço físico dos hospitais psiquiátricos, nada que lembre um hospício. O paciente, chamado de usuário, é levado a passar o dia. Acompanhado por equipes de interprofissionais, à noite retorna ao convívio familiar e social. As pessoas que não estão em crise poderiam ficar, socializar-se, almoçar, namorar, politizar-se, receber a atenção adequada de psicólogos, assistentes sociais etc. Ou seja, poderiam receber um tratamento digno. Queremos ainda a criação de Centros de Convivência e Cooperativas, que funcionam em parques, praças e centros culturais, onde a produção artística e cultural dos pacientes pode ser vendida e o lucro é dividido entre eles, os usuários. Queremos ainda o atendimento de psiquiatria e psicologia em postos de saúde. Esses são os pontos principais.

Acima podemos ver a continuação da entrevista de Austregésilo Carrano Bueno, e infelizmente podemos constatar que a rede de trabalhos substitutivos sonhada por Carrano não está acontecendo. Pessoas tem sido internadas por bem mais tempo que 7 dias, e não é em hospitais gerais, é em hospitais psiquiátricos. Ou seja, em hospícios mesmo. E os CAPS tem sido centros onde as pessoas tomam medicação e ficam sem nada para fazer o dia todo. Existem raras atividades, mas infelizmente são poucas atividades, e não agradam a todos. Ou seja, a prioridade dos CAPS ficou sendo tomar "remédio" e tomar injeção. Logo, o CAPS é lugar de tomar "remédio" e não de ressocialização, já que não é possível haver ressocialização num lugar que sequer tem um banheiro decente.

No grupo de medicação que frequento no CAPS falei para a médica e para o psicólogo que eles deveriam falar mais sobre os efeitos graves da medicação psiquiátrica. Falei que os profissionais de saúde mental deveriam falar sobre tratamentos substitutivos. A psiquiatra foi bem sincera e admitiu que há efeitos colaterais graves causados pela medicação psiquiátrica. Mas aí ela disse que os remédios das outras doenças têm efeitos colaterais graves também.

CUIDADO COM ESSE ARGUMENTO. Não existe nenhum remédio com efeitos colaterais tão graves quanto as medicações psiquiátricas. LEMBRE-SE QUE EXISTE UMA ANTI-PSIQUIATRIA. Existe uma anti-psiquiatria simplesmente porque os medicamentos psiquiátricos já aleijaram e mataram muita gente. Se medicações para tratamento de outras doenças tivessem os mesmo efeitos danosos que a medicação psiquiátrica haveria anti-odontologia, anti-dermatologia, anti-hematologia, etc. Só existe anti-psiquiatria porque os efeitos da medicação psiquiátrica são altamente perigosos.

É chato ter de constatar que não se informa os pacientes psiquiátricos sobre tratamentos substitutivos nos CAPS, que deveriam oferecer tratamento substitutivo. Quando falei sobre tratamento alternativo SUBSTITUTIVO o psicólogo parecia ignorar totalmente a existência de tais tratamentos, dizendo que as pessoas têm que tomar as drogas psiquiátricas para sempre. Para termos um serviço legal nos CAPS no mínimo os profissionais deveriam ser bem informados.

Quero colocar que cada um deve ter o direito de escolher seu tratamento. Algumas pessoas preferirão se tratar com medicação psiquiátrica. Isso também deve ser respeitado. A questão é que quem se trata com medicação psiquiátrica tem o direito de ser informado dos perigos de tal medicação. Se a pessoa gosta de se tratar com medicação psiquiátrica é um direito dela. Assim como quem não quer se tratar com medicação psiquiátrica também deve ser respeitado.

2.4.09

CAMINHO DAS INDIAS - ESQUIZOFRENIA EM DEBATE



Se você não está vendo a novela das 8, tem uma chance de ver as cenas dos personagens que tem esquizofrenia aqui, ou seja, o Ademir e o Tarso. Peguei a cena acima para falar sobre os comentários do Dr. Castanho sobre a esquizofrenia. Ele passa uma idéia de que o esquizofrênico é fraco emocionalmente. Esse é o maior absurdo que eu já ouvi. O esquizofrênico não é fraco emocionalmente. Muito pelo contrário. São pessoas bem centradas emocionalmente que apenas tem o problema de ouvir vozes e se perder num mundo de alucinações. Eu falo isso da experiência que tenho de lidar com esquizofrênicos. Os bipolares podem ser considerados fracos emocionalmente. Bem, os bipolares não são bem fracos, são mais sensíveis. (Eu sou considerado bipolar, mas isso é assunto para outro momento.)

A forma que o Dr. Castanho trata seus pacientes não parece a de um psiquiatra de verdade. Ou seja, às vezes, o Dr. Castanho mancha mais ainda a imagem dos psiquiatras. Outras vezes o Dr. Castanho parece ser um psiquiatra bom demais. Bem, a Glória Perez fez o melhor que ela pode. Mas espero que ela pesquise mais para não gerar mais preconceitos.