30.3.13

Abuso sexual - Como acontece o aliciamento

Quando eu tinha nove anos, eu gostava muito de ler. Mas os meus pais raramente davam dinheiro. Então o meu irmão cinco anos mais velho começou a oferecer dinheiro em troca dessa perversidade sexual que é o incesto. Daí que o outro começou a oferecer dinheiro também. De que outra forma eu ia conseguir dinheiro? Então eu aceitava. Porém um dia aconteceu algo horrível que fez com que eu não aceitasse mais aquele aliciamento, por dinheiro nenhum.

Na época, minha mente de criança não entendia aquela maldade. Eu já percebia que havia algo de esquisito naquela prática, pois o outro irmão já não se submetia mais. Mas eu não imaginava que era algo tão grave e doentio. Mas eu precisava de ler livros para entender o mundo, e não havia outra forma de conseguir um dinheirinho para comprar livros e gibis.

Quando durante a prática algo diferente aconteceu. Eu me afastei horrorizado, dizendo:
- Você mijou em mim!
Esse perverso irmão disse rindo, como se fosse a coisa mais natural do mundo:
-Ora, eu gozei.

Eu nem sabia o que era isso. Vim a saber anos depois. Anos depois que eu vim a saber que existem homossexuais que abusam de menores e de crianças. Depois dessa nojeira, obviamente eu nunca mais aceitei nenhum aliciamento. E isso me ensinou a ter NOJO de qualquer tipo de fraude, nojo de qualquer tipo de corrupção. Hoje em dia, ao ver fraude em qualquer ambiente em que eu estiver, eu me afasto. Por isso tive dificuldade para me manter em alguns empregos. E me afastei do sistema de saúde mental pública, onde há muita coisa irregular. Eu passei a ver o sistema de dentro ao participar do projeto da Secretaria Municipal de Saúde com a ONG de informática.

A nojeira não é o indivíduo ser homossexual. A nojeira é o indivíduo praticar sua homossexualidade com irmãos menores, em vez de arrumar coragem e buscar um namorado de sua idade.

Como eu tinha dito antes, talvez ele não tivesse buscado um namorado de sua idade simplesmente por ser da igreja. A igreja evangélica condena a homossexualidade. Daí ele tinha que buscar satisfazer seus desejos homossexuais com irmãos menores. Um alerta para as igrejas: reprimir o amor homossexual gera abusadores de menores. Basta ver o que aconteceu na igreja católica, com os padres pedófilos. Eu fui vítima dessa nojeira, por isso luto mesmo para que as igrejas aceitem o amor homossexual. E digo que isso seria algo que agradaria a Deus, pois certamente diminuiria esses abusos sexuais absurdos.

O irmão de onze anos parou com as práticas homossexuais de vez, mas infelizmente, o irmão que tinha quatorze continuava agarrando, passando a mão, etc. Provavelmente o irmão de onze anos não era homossexual e era apenas induzido pelo irmão de quatorze.
Nota: eu nunca senti vontade de fazer sexo com homens e nunca entendi porque alguns homens que se julgam heterossexuais procuram ter relações com outros homens. Não entendo qual a graça nisso. Acho que o legal do sexo é se complementar com uma pessoa diferente sexualmente. E não me considero muito homem, pois acho o Thiago Lacerda charmoso, por exemplo, só não tenho nenhuma vontade fazer sexo com ele. Acho que certos homens têm belos corpos, etc.

Os assédios homossexuais do irmão mais velho continuaram um tempo ainda. Uma vez ele cismou de me forçar a fazer sexo oral. Agarrou minha cabeça e foi forçando em direção ao seu pênis. Evidentemente o irmão mais velho era mais forte que eu, como eu não podia enfrentá-lo comecei a chorar desesperado. Nisso minha mãe apareceu.

CONTINUA em Um abusador cria uma boa imagem para si - Um abusador cria uma imagem impecável...
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29.3.13

Abuso sexual intrafamiliar - O incesto entre irmãos

Pessoas que cometem abusos sexuais geralmente são pessoas encantadoras, simpáticas e aparentemente trabalhadoras. E mesmo quando essas pessoas não são trabalhadoras, elas conseguem criar uma boa imagem para si, pois são boas para manipular.

Abuso sexual intrafamiliar é o abuso que acontece dentro da família, quando um pai ou uma mãe abusa de um filho ou de uma filha, ou quando um irmão abusa de uma irmã, ou vice-versa, ou quando um irmão abusa de outro irmão. O último caso é o que causa mais vergonha, portanto menos denunciado.

Mas é necessário levar em consideração que essas pessoas também podem ter sido vítimas de abusos, ou talvez tenham outros bloqueios de ordem cultural ou religiosa. A meu ver, essas pessoas que cometem abusos sexuais têm bloqueios, dificuldades de se relacionar com a própria sexualidade.

Abusadores ganham a confiança de suas vítimas. Não tinha como imaginar que meus irmãos mais velhos chegariam a esse ponto. Meus irmãos mais velhos me levavam para nadar em riachos, pegar jamelão, pegar jaca, o mais velho fazia patinetes em que brincávamos, etc. E esses irmãos trabalhavam vendendo coisas no trem e eram evangélicos. Não dava para imaginar que esses irmãos fariam algo tão mau. Aparentemente, acima de qualquer suspeita. Depois de adulto, meu irmão mais velho foi preso em flagrante cometendo estupro. (Como relatado em Revolta na prisão.)

Aviso:
a descrição que eu vou fazer será pesada. É necessário deixar claro como a coisa acontece. É a única forma de combater essa praga em nossa sociedade.

Eu tinha nove anos, e não sabia nada de sexo e reprodução. Aí meus irmãos vieram me dizer como era a coisa e como era "normal", que assim que as crianças nasciam. Fiquei um bom tempo achando que crianças saíam pelo ânus. O irmão mais velho tinha quatorze e anos e o outro irmão tinha onze. De minha experiência, posso dizer que uma criança de nove anos NÃO TEM NENHUMA EXCITAÇÃO SEXUAL. Daí que eu não eu conseguia achar graça, não conseguia ereção, para ficar claro. Aquilo não era divertido, eu só ia porque o meu irmão de onze anos incentivava. A partir do momento em que o irmão de onze anos parou de participar eu também parei. Mas aí começou outro ciclo.

CONTINUA em Abuso sexual - Como acontece o aliciamento.
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25.3.13

Saindo do hospício: "Estou complicado!"

Ao sair do manicômio há doze anos atrás, vi que eu estava ferrado, pois sabemos que os preconceitos e a discriminação condenam um egresso de hospício. Uma pessoa tem mais chances depois de sair de uma prisão de segurança máxima. É um absurdo, mas é verdade. Uma verdade triste.

Ao sair do hospital psiquiátrico no ano passado, evidentemente sabia que estava numa complicação dos infernos, estava MAIS FERRADO QUE NUNCA. Mas ao mesmo tempo, estava mais determinado que nunca.

Naturalmente meu caso é peculiar. Não se assemelha em absoluto com casos de transtorno bipolar ou depressão, ou a maioria dos casos de esquizofrenia.

Há 12 anos atrás, depois de meses internado, eu ouvia o psiquiatra e a assistente social falando sobre como convencer a família a me aceitar de volta, pois dois de meus "irmãos" estavam se empenhando ao máximo para que eu ficasse internado para sempre, eles tinham certeza de que eu jamais me recuperaria. O outro "irmão" me dizia que era melhor eu ficar morando no manicômio, pois a família era muito pobre, precisavam economizar. (E depois eu descobri que eles já tinham gastado todo o dinheiro que estava na minha carteira, que eu tinha ganhado nos últimos trabalhos.) Ainda bem que mães não são frias como "irmãos", senão este blog não existiria hoje em dia, e aulas de Esperanto não seriam dadas em algumas comunidades pobres, aulas de informática não seriam dadas a pacientes psiquiátricos gravíssimos.

Eu nunca soube de nenhum caso de surto psiquiátrico como os que eu tinha tido até então. Eu virei minha casa de cabeça para baixo no primeiro surto, virei a vizinhança de cabeça para baixo no segundo e virei um dos bairros mais famosos do planeta de cabeça para baixo no terceiro. Mas apesar de tudo eu fui me recuperando gradualmente. Ao passar do tempo fui controlando os surtos pouco a pouco, até controlá-los totalmente na ÚLTIMA VEZ, em 25 janeiro de 2012. Dessa última vez cheguei ao ponto de poder falar com o pessoal do manicômio, pedi água, pedi que medissem minha pressão...

Assim, talvez esses "irmãos" tivessem razão em querer me afastar da sociedade, se não fosse pelo fato de eu ter tido recaídas por causa do mau atendimento da saúde mental pública. É muito fácil para uma família jogar uma pessoa num manicômio público e dizer que a pessoa reclama do mau atendimento por estar maluca. E é claro que os profissionais de saúde mental pública vão concordar com essa família!

Essas três internações que eu descrevi foram as internações necessárias. Mas além dessas três internações, fui internado uma vez depois de um surto grave por causa de um erro médico, pois me mandaram para fora do manicômio apesar de eu ter dito que não estava dormindo bem; e fui internado outras duas vezes quando não era necessário e de maneiras totalmente abusivas.

Pretendo colocar em publicações seguintes a prováveis causas de pessoas acometidas de doenças mentais ter recaídas que as levam a internações. E, infelizmente, psicotrópicos prescritos a longo prazo são uma das principais causas de recaídas de pacientes psiquiátricos.

Não fique espantado, pois quando eu colocar minhas experiências pessoais como paciente a coisa ficará evidente.
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24.3.13

Acabando com os preconceitos contra pacientes psiquiátricos (História em Quadrinhos)

Cida Dã é uma personagem que eu criei, que retrata uma paciente do setor psiquiátrico com grandes dificuldades por causa da medicação exagerada. Mesmo assim, cheia de capacidades, ignoradas pelos técnicos preconceituosos do CAPS. Ela representa a luta por igualdade do paciente. Eu criei a Cida num momento em que os funcionários antigos saíram do serviço dando lugar a novatos, infelizmente cheios de preconceitos insuportáveis.

Eu costumava colocar as histórias em quadrinhos da Cida Dã no mural do CAPS para que todos vissem e assim houvesse conscientização.



Clique aqui para ver a história em outra janela, onde você poderá clicar de novo para ver em tamanho maior.



Clique aqui para ver a história em outra janela, onde você poderá clicar de novo para ver em tamanho maior.
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23.3.13

QUADRINHOS CONTRA O PRECONCEITO

Devido aos grandes preconceitos existentes no CAPS, eu escrevi a história em quadrinhos abaixo, em 2006. Profissionais de saúde mental tratavam os pacientes psiquiátricos com discriminação, chegando a dizer que alguns usuários eram incapazes para a vida. Porém algumas das pessoas que eles consideravam incapazes eram mais educados que eles. Por exemplo, um rapaz que eles julgavam inútil falava inglês melhor que eu. Com certeza, se eles não fossem tão preconceituosos, esse rapaz poderia trabalhar no CAPS e ajudar várias pessoas.

Mas veja a história.



Clique aqui para ver a história em outra janela, onde você poderá clicar para ver em tamanho maior.

Em seguida, deixo um relato de um usuário da época, que relata os maus tratos constantes dos CAPS, o que me levou a me afastar:

O USUÁRIO POLIBIO FERREIRA OLMO ESTA MAIS UM DIA TECLANDO NO COMPUTADOR PARA ESPANTAR A FOME PORQUE MAIS UM DIA NÃO TEMOS ALMOÇO. ISSO É UMA VERGONHA. PARA QUEM DIRIGE UM ÓRGÃO PÚBLICO COMO ESSE QUE NÃO PODE FALTAR BANHEIRO, ÁGUA E COMIDA PARA SER UM HOSPITAL DIA, EU JÁ FUI MUITO MAIS DEPENDENTE DO CAPS. HOJE ESTOU COM MAIS AUTONOMIA TENHO CONDIÇÃO DE CUIDAR DE MIM PORÉM TEMOS MUITOS COLEGAS QUE ESTÃO SOFRENDO OS DIABOS COM ESSA ESCASSEZ DE COMIDA COMO EU TAMBÉM FICO, ÀS VEZES, ATÉ 2 HORAS SEM COMER NADA, AÍ EU VOU PRA CASA FAZER O QUE COMER, LAVAR ROUPAS LIMPAR A CASA TUDO POR CULPA DE UMA BUROCRACIA LÁ DA PREFEITURA UMA TAL DE LICITAÇÃO. PAI AFASTA-ME DE MIM ESSE CÁLICE.

TEXTO GENTILMENTE CEDIDO PELO USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA, POLIBIO.

CAPS RUBENS CORRÊA, IRAJÁ - RIO DE JANEIRO

(Publicado originalmente no dia 25 de janeiro de 2007. Mostra a total indiferença do covarde sistema psiquiátrico público.)

17.3.13

Estupradores ficam impunes

Nesta publicação tratarei das consequências dos estupros, e principalmente sobre as consequências da impunidade. Por isso eu compartilho vídeos de reportagens que falam sobre estupradores.

No primeiro vídeo um homem abusou sexualmente de uma menina de 7 anos. Chegou a ser preso, mas saiu logo. Ao sair da prisão, começou a ameaçar a família da vítima. Resultado: o irmão da menina que foi abusada o matou.

Uma pessoa que cometeu abuso sexual deveria seguir um tratamento e um acompanhamento social por motivos de segurança. Aí é que seria necessário o trabalho dos psiquiatras e psicólogos.

No segundo vídeo um homem tentou estuprar uma mulher. Depois agrediu o marido da vítima. Resultado: o filho da vítima acabou matando o estuprador.

A mensagem que eu quero passar é que crimes sexuais não são tratados com o rigor que deveriam. Provavelmente o indivíduo que matou o estuprador da irmã ficará mais tempo na cadeia que o estuprador.

Além disso, jogar um indivíduo como um estuprador de volta para a sociedade coloca em risco a vida do próprio estuprador, e não apenas dos outros.





Mas eu fiquei mais tempo internado no manicômio do que uma pessoa que conheço que ficou na cadeia por estupro. A pessoa saiu da cadeia e não foi encaminhada para nenhum tratamento. Eu só pude sair do manicômio com a condição que fosse encaminhado para um "Centro de Atenção Psicossocial", pois eu era considerado perigoso pelos psiquiatras. Mas nunca matei e nunca estuprei ninguém, aliás sequer cometi agressão nenhuma grave, ninguém ficou ferido por minha causa.

O psiquiatra e a assistente social me disseram que eu só poderia sair do manicômio se fosse para o "Centro de Atenção Psicossocial", que é uma espécie de manicômio de portas abertas.

Pessoas que cometem abusos sexuais têm problemas psicológicos, sem dúvida. Quem comete abuso sexual com certeza têm problemas para se relacionar. Deveriam ser encaminhados para psicólogos e psiquiatras.

Por que estupradores não são encaminhados para psicólogos e psiquiatras? Provavelmente porque não existe nenhuma medicação para estupradores, não seria possível lucrar com o comércio das medicações psiquiátricas com os estupradores.

14.3.13

Controvérsias sobre Cientologia e Dianética (Réplica a Ruiz)

Cientologia é uma religião, e Dianética é sua bíblia. Para começar, "Cientologia" é uma tradução popular, pois o nome da religião é "SCIENTOLOGY", e formalmente não se traduz ao português. A religião é baseada no livro "DIANETICS, THE MODERN SCIENCE OF MENTAL HEALTH" (Dianética, A Ciência Moderna de Saúde Mental).

Cientologia é, de fato, uma religião MUITO SUSPEITA. Antes Cientologia não era considerado uma religião, e posteriormente, os líderes da Cientologia passaram a considerá-la religião, aparentemente para evitar pagar impostos. Assim criaram a "Igreja de Scientology".

Mas ao pesquisar sobre Cientologia é importante entender que há vários boatos. Nos Estados Unidos, onde a religião foi criada, a Cientologia é popularmente considerada uma seita de fanáticos que sofreram lavagem cerebral.

Eu tenho o livro "DIANETICS, THE MODERN SCIENCE OF MENTAL HEALTH" em casa e posso afirmar seguramente que o objetivo do livro NÃO ERA afastar pessoas de tratamentos psiquiátricos. Mas devo admitir que hoje em dia a Cientologia ou "Igreja de Scientology" é simplesmente obcecada em atacar a psiquiatria, e chegam a exagerar nas críticas, como se achassem que todos os psiquiatras fossem criminosos, o que é uma generalização injusta.

É importante observar também que muitos psiquiatras e pessoas fanáticas por psiquiatria ODEIAM a Cientologia, e por isso fazem críticas obcecadas e exageradas contra a mesma.

O ódio que muitos psiquiatras sentem pela Cientologia provavelmente é porque o movimento da Cientologia expôs irregularidades do sistema psiquiátrico como nunca feito antes na história da humanidade através de uma de suas organizações, a Comissão dos Cidadãos para os Direitos Humanos, conhecida como CCHR. E apesar de algumas atividades suspeitas da Cientologia, é importante dizer que o trabalho social feito pela Cientologia é muito bom, eles são muito bem organizados.

A Comissão dos Cidadãos para os Direitos Humanos fez várias denúncias contra psiquiatras e clínicas irregulares causando grande prejuízo ao sistema psiquiátrico. Apesar algumas de suas críticas contra os psiquiatra serem exageradas e injustas, devo admitir que suas denúncias contra a psiquiatria têm forçado os governantes e gestores de saúde a rever os tratamentos psiquiátricos e buscar melhoras, e têm ajudado a informar e conscientizar a população sobre alguns abusos incontestáveis da psiquiatria.

Portanto companheiro, se você não deseja recorrer à religião para se recuperar da doença mental, evite seguir livros de Dianética.

Esta publicação é uma réplica a um dos comentário deixado por Ruiz em Transtorno bipolar do humor - As alucinações. Pretendo escrever réplicas para outros comentários que deixaram questões importantes. Inclusive desejo publicar réplicas para alguns comentários bem antigos, que eu apenas não respondi porque estou devotando quase todo meu tempo em estudo e planejamentos para conseguir uma renda e me recuperar socialmente.

Agradeço a todos os comentários.

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7.3.13

Oscar: O ativista Carrano renasce na França - L'activiste brésilien Carrano renaît en France

Austregésilo Carrano Bueno, grande ativista da Luta Antimanicomial foi internado aos dezessete anos, a mesma idade do jovem Oscar, que aparece no programa Enquête Exclusive. É como se Carrano renascesse nesse jovem francês, no ano 2010, quando foi filmado o programa.

Oscar foi enviado à Unidade para Doentes Difíceis de Sarreguemines (Unité pour Malades Difficiles de Sarreguemines) por ser considerado um paciente violento. Carrano também era considerado violento. Se Carrano fosse internado na França, com certeza, seria transferido para uma Unidade para Doentes Difíceis. E é MUITO difícil sair de uma Unidade para Doentes Difíceis da França... Acho que é BEM pior que prisão.

Hospitais Psiquiátricos, Viagem ao Centro da Loucura; (Hôpitaux Psychiatriques, Voyage au cœur de la folie;) de 23:47 até 25:45


Para alguns doentes, ser amarrado é uma necessidade. É o caso do Oscar, um esquizofrênico de dezessete anos. Aqui, é o paciente mais novo. Para tirá-lo de seu quarto, os enfermeiros são obrigados a algemar os braços dele e segurá-lo firmemente. O que limita o rapaz.
Enfermeiro: - Podemos soltar teu braço e te deixar ir sozinho? Ou você prefere que seguremos seus braços? Mas vá devagar, OK? OK, vamos te soltar. Devagar!... Olha! Você prefere que seguremos seus braços? Tá certo.

Oscar foi maltratado toda sua infância. Hoje ele só se comunica através da violência. Desta vez, de volta à sala dos enfermeiros, é a nossa câmera que ele vai atacar.

Para tentar acalmá-lo, os enfermeiros tentam conversar com ele.
Enfermeiro: - Vá com calma! Por favor!...

Atrás de sua agressividade, um sofrimento profundo.
Enfermeiro: - Estamos te protegendo. (linguagem familiar.)
Oscar: - Eu queria morrer.
Enfermeiro: - Você queria morrer?
Oscar: - Eu queria morrer.
Enfermeiro: - Ah é, por quê? (Linguagem familiar.)
Oscar: - Eu não tenho mais família, eu não tenho mais nada. Eu queria me matar.

Uns dez minutos mais tarde, Oscar parece ter ficado calmo. Diante desse tipo de crise, os enfermeiros se sentem sempre impotentes.
Enfermeiro: - Esta sensação de morrer, mas algo que sai completamente do controle. Não dá para imaginar, não dá para imaginar...

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Français:

Austregésilo Carrano Bueno fut un grand activiste contre les asiles psychiatriques. Il avait dix-sept ans quand il fut hospitalisé, comme le jeune Oscar. S'il était hospitalisé en France, sans doute il serait envoyé à une Unité pour Malades Difficiles.

Hôpitaux Psychiatriques, Voyage au cœur de la folie; de 23:47 jusqu'à 25:45

Pour certains malades, être attaché est une nécessité. C'est le cas d'Oscar, un schizophrène âgé de dix-sept ans. Ici c'est le plus jeune patient. Pour lui sortir de sa chambre, les infirmiers sont obligé de lui entraver les bras et de le maintenir fermement. Des liens qui rationnent le jeune homme.
Infirmier: - Est-ce qu'on peut te lâcher les bras et te laisser promener seul? Ou tu préfères qu'on te tiennent les bras? Mais tu vas doucement, OK? OK, on te lâche. Doucement!... Voilà! Tu préfères qu'on te tiennent? D'accord.

Oscar a été maltraité toute son enfance. Aujourd'hui il ne communique plus que par la violence. Cette fois, de retour dans le bureau des infirmiers, c'est notre caméra qu'il va s'en prendre.

Pour essayer de l'apaiser, les infirmiers tentent de discuter avec lui.
Infirmier: - Doucement! S'il vous plaît!...

Derrière son agressivité, une souffrance profonde.
Infirmier: - On est en train de vous protéger. (Pas clair, langage familier.)
Oscar: - Je voulais mourir.
Infirmier: - Vous vouliez mourir?
Oscar: - Je voulais mourir.
Infirmier: - Ouais, pourquoi? (Langage familier.)
Oscar: - Je n'ai plus de famille, je n'ai plus rien. Je voulais me tuer.

Une dizaine de minutes plus tard, Oscar semble s'est calmé. Face à ces genres de crise, les infirmiers se sentent toujours impuissant.
Infirmier: - Cette sensation de mourir, mais quelque chose qui submerge complètement. On ne peut pas imaginer, on ne peut pas imaginer...

6.3.13

U.M.D. - Unité pour Malades Difficiles / Ala psiquiátrica da França para "doentes difíceis"

França, Hospital Psiquiátrico de Sarreguemines (Hôpital Psychiatrique de Sarreguemines); Formalmente chamado Centro Hospitalar Especializado de Sarreguemines (Centre hospitalier spécialisé de Sarreguemines). Nós vamos ver a Unidade para Doentes Difíceis (Unité pour Malades Difficiles) de Sarreguemines, onde são internados compulsoriamente os doentes considerados mais perigosos.

É um episódio do programa francês "Enquête Exclusive":


Hospitais Psiquiátricos, Viagem ao Centro da Loucura; (Hôpitaux Psychiatriques, Voyage au cœur de la folie;) de 22:07 até 23:47
Um enfermeiro tenta medir a pressão de Luc, o paciente autista que estava amarrado na cama.
Enfermeiro: - Pare! Pare! Vamos! Vamos!

É uma derrota. Tomado pela angústia, Luc bate no enfermeiro. Há alguns dias suas crises têm aumentado. Uma situação que vai piorar mais ainda; algumas horas mais tarde, na hora do almoço.
Luc : - Eu estou sem fome.
Enfermeiro: - Eu sei. Mas come um pouco.

Diante da insistência dos enfermeiros, sua reação é imediata. Luc jogou seu prato no chão. A equipe deve intervir rapidamente para impedir um aumento de violência.
Ele é amarrado na cama de novo.

Para pacientes como Luc, é a única solução. Ele está internado aqui há dois anos. Hoje seu estado não mostra nenhuma melhora. Para François, que passou toda sua carreira na U.M.D., é o impasse.
François, o Enfermeiro Chefe: - Quando amarramos alguém é uma derrota. Quando somos obrigados a aplicar uma injeção, ou usar força, ou qualquer coisa assim... Para mim, eu vejo isso como uma derrota.

Luc vai permanecer duas semanas trancado em seu quatro.

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Français:

France, Hôpital Psychiatrique de Sarreguemines; Formellement appelé Centre hospitalier spécialisé de Sarreguemines. Nous allons voir l'Unité pour malades difficiles de Sarreguemines, où l'on place d'office les malades considéré les plus dangereux.

Hôpitaux Psychiatriques, Voyage au cœur de la folie; de 22:07 jusqu'à 23:47
Un infirmier tente de prendre la tension de Luc, le patient autiste qui était attaché sur son lit.
Infirmier: - Arrête! Arrête! Allez! Allez!

C'est un échec. submergé par l'angoisse, Luc frappe l'infirmier. Depuis quelques jours ses crises se multiplient. Une situation qui va encore empirer; quelques heures plus tard, au moment du déjeuner.
Luc : - Je n'ai pas faim.
Infirmier: - Je sais. Mais mange un peu.

Face à l’insistance des infirmiers, sa réaction est immédiate. Luc a jeté son plateau sur le sol. Le personnel doit très vite intervenir pour stopper une monte de violence.
Une nouvelle fois, il est attaché à son lit.

Pour des patients comme Luc, c'est la seule solution. Il est interné ici depuis deux ans. Aujourd'hui son état ne montre aucune amélioration. Pour François, qui a fait toute sa carrière a l'U.M.D., c'est l'impasse.
François, le Cadre Infirmier: - Quand on attache quelqu'un c'est un échec. Quand on est obligé de mettre une injection, ou de force, ou des choses comme ça... Pour moi, je vois ça comme un échec.

Luc va rester deux semaines enfermé dans sa chambre.

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Continua amanhã, neste mesmo horário.

3.3.13

A saudade é uma linguagem universal - Canções de saudade, em três idiomas diversos

Em meu sonho deste fim de semana, uma pessoa que tinha trabalhado comigo estava pronta para uma viagem, num ônibus de turismo, numa estrada. Ela estava uniformizada, bonita, arrumada. Ela me dizia:
-Ezequiel, eu quero que você venha trabalhar comigo neste lugar para onde estou indo.
eu respondi:
- Tudo bem, eu vou.

Depois de acordar, ao me lembrar do sonho, é que me ocorreu que essa pessoa já tinha morrido.

"Onde será que está meu amor?
Deus a tirou de mim...
Ela foi para o céu
Por isso eu tenho que ser bom
Para que eu possa ver meu amor
Quando eu deixar este mundo..."

Assim começa a música da banda estadunidense Pearl Jam, que conta a história de um homem que perdeu a namorada num acidente de carro, e antes de ela morrer, ele deu o último beijo nela, "Last Kiss", o nome da música.

A banda romena Akcent também fez uma música que mostra a tristeza da saudade:

"...E eu me pergunto:
Anjos podem sentir a dor que eu senti
No dia em que tu partiste?"

"Dor sem fim", é o nome da música, "Durere fără sfârșit", em romeno. Interessante que, em romeno, a melhor palavra para saudade é "dor".

Já a canadense Natasha St-Pier também fez uma música de saudade por alguém que tinha partido:
"Tu que faltas em minha vida", "Toi qui manque à ma vie".

"Esta vontade que me falta
É simplesmente tu que faltas em minha vida"

Mas a música de Patrick Fiori me parece a mais triste:
"Mais eu penso em você", "Plus je pense à toi"

"...E os tesouros escondidos
Que enterramos para sempre, sem vida..."

Em inglês, há uma palavra para melodias devotadas a quem já se foi. A palavra é "dirge".

A música I'll Be Missing You, em que Puffy Daddy e Faith Evans homenageiam o grande rapper e gangster estadunidense Notorious B.I.G. é a melhor, pois é para amigos e não apenas para amores, e é mais otimista:

"Está difícil sem você aqui
Sei que você está no céu
Sorrindo para a gente aqui embaixo
Olhando para a gente
Enquanto oramos por você
todos os dias nós oramos por você
Até o dia em que nos encontrarmos de novo
No meu coração é onde eu o guardarei, amigo"

Não é à toa que essa canção ganhou o Grammy.

Hoje em dia, me preocupa mais as pessoas que morrem em tratamento psiquiátrico. Quantos amigos meus já morreram por overdose ou algo parecido. Não dá para imaginar uma morte pior, quando a pessoa está com a mente confusa. Talvez eles sequer me considerassem como um amigo, mas por mim tudo bem.

Não penso em reencontrá-los no Céu ou algo parecido. Espero encontrá-los em outras pessoas. Farei tudo ao meu alcance para que essas mortes absurdas diminuam, acabem. Sempre que, no futuro, eu vir algum paciente psiquiátrico levando uma melhor vida, nesta pessoa verei meus amigos que partiram desse mundo.

Mas seria possível o outro lado da vida? O Doutor em psicologia Charles McCreery estuda o caso de pessoas "normais" que juram ter tido contato com o outro lado. Assunto para um outro momento.


1.3.13

Tratamento psiquiátrico / Tratamento mental (Resposta a Francisco Allison Peixoto)

As minhas publicações têm como objetivo principal conscientizar a população dos desrespeitos cometidos contra pacientes psiquiátricos graves e os escassos recursos técnicos e científicos disponibilizados a esses pacientes, principalmente aos pacientes da psiquiatria pública. Não responsabilizo apenas os psiquiatras pelas falhas do atendimento, mas responsabilizo também terapeutas em geral, assim como médicos de outras especialidades.

O tratamento mental oferecido nos serviços públicos de saúde mental não oferece aos pacientes psiquiátricos toda a tecnologia disponível atualmente para o tratamento do sofrimento psíquico. Desde pequeno eu pesquiso psiquiatria, psicologia, psicanálise, etc. Tratamento com hipnose, por exemplo, seria totalmente benéfico para os pacientes em geral, e é uma técnica comprovadamente eficiente e já bem antiga. Medicina ortomolecular também deveria estar disponível na saúde pública.

Com certeza seria necessário investir mais verbas na saúde mental pública para que esses tratamentos se tornem disponíveis para os pacientes psiquiátricos de baixa renda. Mas com certeza é possível haver essas melhorias na saúde mental pública e não sairia muito caro dispor de tratamento com hipnose, psicanalistas e medicina ortomolecular. Esses recursos não estão disponíveis na psiquiatria pública por falta de interesse político dos gestores da saúde mental pública, por falta de interesse dos diretores de instituições psiquiátricas públicas que trabalham com doentes mentais graves.

Se o SUS garante cirurgia de troca de sexo gratuitamente por que não poderia garantir essas melhorias no atendimento de pacientes psiquiátricos graves?

(Preço da cirurgia para mudança de sexo: $23,000 USD, ou seja 23 mil dólares americanos, nos EUA; $10,000 USD na Tailândia. Nota: Tailândia é considerado o país dos transexuais.)

"Intervenções médico-cirúrgicas devem atender aos critérios estipulados pela Resolução Nº 1.652/2002 do CFM, que determinam o prazo mínimo de dois anos de acompanhamento terapêutico como condição para a viabilização de cirurgia, bem como a maioridade e o diagnóstico de transexualismo."

"Qualquer cidadão que procure o sistema de saúde público, apresentando a queixa de incompatibilidade entre o sexo anatômico e o sentimento de pertencimento ao sexo oposto ao do nascimento, tem o direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação. A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde assegura o direito ao uso do nome social. O usuário pode indicar o nome pelo qual prefere ser chamado, independentemente do nome que consta no registro civil. No caso de usuário que já esteja fazendo uso de hormônios sem acompanhamento médico, será realizado encaminhamento imediato ao médico endocrinologista."

Fonte: Portal da Saúde

Acho que preciso ser mais claro: os Estados Unidos são a maior economia do mundo, porém muitos transexuais americanos gostariam de fazer a operação para mudar de sexo e não podem, da mesma forma, a Tailândia é o país dos transexuais, mas lá quase ninguém pode pagar para fazer uma operação de mudança de sexo, pois é uma operação CARÍSSIMA. Mas apesar do alto preço da cirurgia, foi obtido o direito de realizá-la gratuitamente no Brasil.

Daí não tenho dúvidas que com empenho poderemos ter medicina ortomolecular, homeopatia, psicanalistas e profissionais mais capacitados na saúde mental pública. No momento acontecem muitas internações desnecessárias e muito longas. Para você ter uma ideia, conheço um sujeito que foi preso por estupro e ficou na cadeia menos tempo que eu fiquei internado no manicômio! Eu não matei e nem estuprei ninguém. Portanto é TOTALMENTE justo e urgente que aconteçam essas melhorias na saúde mental pública.

Eu não sou contra tratamento psiquiátrico, não sou contra tratamento mental. Apenas exijo que os pacientes com transtornos psiquiátricos graves como esquizofrênicos e bipolares sejam tratados com um mínimo de dignidade e qualidade na saúde pública. Hoje em dia esses pacientes são amarrados e agredidos em hospitais psiquiátricos públicos em todo mundo; e eu não admito isso DE FORMA ALGUMA, não admito que isso seja chamado de tratamento.

Portanto quando você diz "Acho que o segredo é levar a coisa com bons olhos, tipo, é uma doença então vou tratar." você está apenas sendo MUITO preconceituoso. Eu pesquiso esse assunto a MUITOS anos, como você deve ter percebido agora; e vou fazer TUDO que for humanamente possível para que os direitos desses pacientes sejam respeitados.

De qualquer forma foi uma grande alegria receber seu comentário. Estou muito agradecido.
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