2.5.09

Pacientes Psiquiátricos graves

Aquele canto era qualquer coisa diabólica. Como se o demônio tivesse o comando de suas mentes, nelas derramando sua ira e por divertimento os atormentasse, apenas para distração. Aquilo era satânico: pessoas urinadas, defecadas, revirando os olhos, cabeças, querendo entrar dentro do concreto. Todo aquele tormento só podia ser comparado ao inferno. Se ele realmente existe, sem dúvidas eu estava vendo um pedacinho dele, ali naquele canto__o canto dos malditos...

E a cada dia, mais e mais estava me fechando em mim. O ostracismo, suavemente, estava me dominando. Como uma chama forte e definitiva, esta é a única coisa que eu sentia, indiferença a tudo. Folha seca, não sentia nada de nada, é difícil até descrever. Sentia sim medo, mas mesmo a isso eu estava ficando indiferente. ficar apenas sentado em algum lugar olhando um ponto qualquer, isso era suficiente.

Extraído do livro CANTO DOS MALDITOS, de Austregésilo Carrano Bueno


Todo paciente psiquiátrico que foi diagnosticado com um transtorno mental depois de um surto fora de controle pode ser considerado grave. Podemos dividir os pacientes graves em dois grupos: pacientes graves controlados e pacientes graves descontrolados. Os descontrolados estão nos hospícios, pois a sociedade não os tolera (por considerá-los agressivos), os CAPS não têm recursos técnicos para acolhê-los e a ciência não se interessa neles. O controle é obtido com drogas psiquiátricas. As drogas psiquiátricas são realmente muito eficientes para controlar.

Pacientes Psiquiátricos graves controlados estabilizados e Pacientes Psiquiátricos graves controlados não estabilizados

podemos dividir o grupo dos pacientes graves controlados em mais dois grupos: pacientes graves controlados estabilizados e pacientes graves controlados não estabilizados. Aí começa o problema. As drogas psiquiátricas não conseguem estabilizar. O que eu chamo de estabilizar? Estabilizar é reinserir a pessoa no mundo. Colocar a pessoa capaz de interagir com os outros como fazia antes. Colocar a pessoa estável no nível emocional e social. E as drogas psiquiátricas não conseguem fazer isso, pois a doença mental é um problema social, o desequilíbrio mental é um problema social.

Os textos de Carrano acima mostram pacientes psiquiátricos controlados pela medicação, mas não estabilizados, incapazes de interagir. Todos estavam bem medicados, e não estavam agressivos. Mas como se obtem estabilidade no nível social? Com humanidade. Com compreensão e respeito, dando oportunidades para a pessoa. E com pessoas bem preparadas para ajudar a pessoa a se estabilizar no nível social.

Falta toque humano

Ou seja, para tratar o paciente psiquiátrico grave é necessário toque humano, é necessário se desenvolver melhores técnicas de como tratar o ser humano com amor e passá-las para os tratadores, profissionais de saúde mental. Mas infelizmente os profissionais de saúde mental só estão se preocupando em controlar a doença mental com drogas psiquiátricas avançadíssimas, e se esquecem de desenvolver um tratamento humano avançadíssimo. E o fracasso desse controle medicamentoso se vê no CAPS.

Enquanto alguns pacientes graves tiveram sorte de se recuperar e se estabilizar, outros continuam fora do mundo social e há anos repetindo cumprimentos como robôs autômatos. Foi assim que as drogas psiquiátricas os deixaram. Recuperação, eles não conseguiram, mas continuam engolindo pílulas pelo resto da vida. O motivo que faz que os profissionais de saúde mental continuem a dar uma medicação que não funciona é claro: eles querem garantir que "os pacientes não fiquem agressivos e machuquem a si mesmos e aos outros". Em resumo: eles não tratam os pacientes psiquiátricos como seres humanos, tratam como bichos que precisam ser controlados para não machucarem os outros.

Medicação psiquiátrica nos transforma em robôs autômatos

Como no meu CAPS. Um vive falando para todo mundo, o tempo todo, "tudo certo?" e só fala isso. A comunicação dele não sai dos cumprimentos. A comunicação de um outro também é resumida: "tem missa hoje?" Esse é um religioso que se tornou fanático ao longo do "tratamento" medicamentoso. Antes ele dizia "Eu vou para a missa e Jesus vai me curar e eu não vou precisar mais tomar remédio." Porém ele acabava sendo repreendido pelos profissionais de saúde mental que diziam que ele teria que tomar "remédio" pelo resto da vida e que religião não cura ninguém.

Daí que repreendido ele deixou de dizer que Jesus ia curá-lo, mas continuou dizendo "tem missa hoje". Mas passou a resumir seu mundo à frase "tem missa hoje". Não preciso dizer que essa repreensão é discriminação religiosa. O crente não é respeitado em sua crença, pois virou regra os profissionais considerarem que os "remédios" estão acima da crença religiosa do paciente psiquiátrico. Esses indivíduos só precisam de reinserção social. E os profissionais do CAPS não estão capacitados para fazer isso. Não são maus profissionais, mas não estão capacitados com o toque humano...

Depois continuarei falando da repreensão e discriminação religiosa que se encontra nos serviços de saúde mental, sobre falta de toque humano e sobre Carrano.

Um comentário:

  1. Sou uma paciente grave psiquiátrico controlada e não estabilizada. Consegui visualizar isso e entender. Gostaria muito de ser novamente inserida na sociedade, através de meu trabalho. Mas as pessoas não estão preparadas para nos receber. Pelo contrário, os olhares, os gestos, as palavras, nos discriminam. Não sei quando vou voltar, já estive bem pior, mas ainda não atingi a estabilidade.

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Algumas pessoas, ao tomar medicações psiquiátricas ou drogas ilícitas, não sofrem efeitos adversos significativos (como vemos algumas pessoas que fumam a vida toda e morrem de velhice.) Portanto verei como normal algumas pessoas dizerem que nunca sentiram nenhum efeito colateral ao tomar determinado psicotrópico.

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