6.11.10

SOBREVIVENTES E AUTONÔMOS!!!

Sobreviventes é o que somos,  nós ex pacientes do manicômio e usuários da atenção psicossocial. Respeito a nossa diferença, a diversidade, a uma outra forma de viver a subjetividade humana. São questões que algumas equipes de CAPS ainda não aprenderam. Se no hospital éramos somente loucos, sem fala, sem razão, assexuados ou vistos como pessoas de sexualidade sempre exarcebada, ninguéns, não pessoas humanas, mas no caos havia e há uma certa ordem, sabíamos sempre o que poderia nos acontecer.
Animais de zoológico bem ou mal tratados, mas o centro das atenções. Acredito que no hospital em crise aguda o pessoal tira a roupa mais porque no fundo sabe que naquele espaço, a regra é a do louco. Não é preciso respeitar as regras sociais. Eu tirava muito a roupa e tomava muito banho, dançava sem música ou cantava com outras mulheres, girando, girando, não sei porquê. Depois os coqueteis psi começam a fazer efeito e o corpo não responde mais sua vontade. Você só chora e tenta fugir sem parar e começa a ver as coisas pela metade. Agora estamos estabilizados. O cuidado é para a autonomia. Estranhamos, ao sair da crise aguda, perdemos o perfil de usuário de CAPS e somos "desovados" na rede, um ambulatório, com um outro médico, outra médica, pessoas estranhas, que repetem a medicação e aceitam nosso diagnóstico sem questionar. Tem sido um problema, essa obrigatoriedade do usuário deixar o serviço para dar vaga aos constantes casos "severos e persistentes". Essa autonomia é sem independência  porque não é voluntária e autoconstruída. E os tais dos vínculos tão pregados nos cursos de formação sobre clínica ampliada. Só não é paradoxal, porque essa rede deveria ser mais estreita entre si, saúde básica (ESF) e saúde mental mais juntas. É apenas mais um erro a ser corrigido, o novo e criativo a ser inventado de fato. Achei interessante um CAPS de Teresina, chamar de "desmame" o desligamento de um grupo de usuários, eles estavam organizando um encontro entre estes usuários e o pessoal do posto de saúde, incluindo o psiquiatra, antes de deixarem o serviço.
Se a fuga no hospital era (é)  a forma maior de expressão de subjetividade rebelde, no CAPS queremos nos expressar através da arte, do acesso a informática, não queremos sermos mais loucos babão, queremos medicação atípica que não impregna, não queremos sermos louquinhos inteligentes e do "sistema", desafiamos os técnicos hoje e não vamos mais para a contenção. Com todas as mazelas infelizmente já instaladas em alguns  serviços, mas essas liberdades que nos foram dadas fazem de nós pessoas com subjetividades novas e sem saber ainda como lidar. Pássaro que tem que reaprender a comer sozinho na natureza, fora da gaiola. Do outro lado o técnico também tem uma subjetividade em transição, o de não saber lidar com esse novo "paciente", que o seu espaço de trabalho de saúde, não tem mais como no hopital a obrigatoriedade das normas e rotinas, podem se desfazer do jaleco. O CAPS precisa parecer mais com uma escola motivadora, "espaços de invenção de subjetividades" no dizer de Paulo Amarante. Espaço de psicoeducação, de sócioeducação coletivamente, na aliança terapêutica dos vínculos, construídas. Autonomia com uma doce independência de podermos voltar e tomar um cafezinho, participar de umas oficinas terpêuticas, para "despistar" chegada de crise.
Trabalhador e usuário conscientizado politicamente continuarão a manter embates, são relações de exercicio dos micro poderes. Não há ilusões, os usuários precisam está do mesmo lado, da defesa intransigente dos direitos a nós negados de exercer nossas subjetividades. Movimento social este que precisa ter uma proposta de convivência humana mais solidária. Nós loucos podemos fazer uma sociedade melhor. Mandei?



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