28.12.09

Há psiquiatras e psiquiatras... psicólogos e psicólogos...

Apesar de eu muito reclamar da psiquiatria e da psicologia e de seus métodos repressores, devo admitir que há psiquiatras e psicólogos REALMENTE bem intencionados e que lutam pelo bem dos pacientes psiquiátricos e ex-pacientes psiquiátricos e pelos direitos humanos. Lutam pelo direito de viver com dignidade, e não apenas viver, ou melhor, não apenas SOBREVIVER, ou melhor ainda, não apenas viver pela caridade dos profissionais, e sim viver porque é importante para o mundo, e não porque a vida é importante como dizem alguns hipócritas, mas sim porque as pessoas são importantes para o mundo.

Os psiquiatras e psicólogos realmente bem intencionados lutam pelo que eles acham que todos deveriam lutar, não querem que as pessoas se vejam acolhidas por caridade, mas que as pessoas vejam que são importantes. Esses são os psiquiatras e psicólogos HUMANITÁRIOS.

Os psiquiatras e psicólogos humanitários não lutam pelo bem da psiquiatria e da psicologia, como os psiquiatras e psicólogos CORPORATIVISTAS fazem. Esses psiquiatras e psicólogos humanitários infelizmente são uma minoria.

Os psiquiatras e psicólogos humanitários

No fundo, esses psiquiatras e psicólogos humanitários nem acreditam nos fundamentos da psiquiatria e da psicologia para o tratamento dos chamados transtornos mentais e suas consequências, mesmo porque tais pessoas estudam e sabem que a doença mental, chamada de transtorno mental, não pode ser compreendida com as teorias dos livros ou das palestras das faculdades, nem com a visão superficial de uma residência médica. É preciso ter toque humano, aproximação humana.

Mas de que outra forma eles poderiam ajudar as pessoas com tais sofrimentos se não se tornando psiquiatras e psicólogos? De que outra forma eles poderiam se aproximar mais sem serem considerados intrusos nesse universo fechado da psiquiatria, da saúde mental?

Psiquiatras e psicólogos corporativistas

Os psiquiatras e psicólogos corporativistas são profissionais demais. Eles querem promover suas profissões, mostrar que suas profissões são muito importantes. Mesmo que para isso seja necessário esconder coisas erradas. Os psiquiatras e psicólogos humanitários estão mais preocupados com a vida humana, se importando pouco em promover sua profissão.

“Nós estamos aqui trabalhando! Somos profissionais!” É isso que a gente geralmente ouve dos psiquiatras e psicólogos corporativistas. Por outro lado ouvimos dos psiquiatras humanitários “Precisamos fazer valer os direitos humanos. As pessoas devem ter direito de serem ouvidas com respeito e valorizadas, pois são importantes! Isso é nosso dever como seres humanos!” É claro que qualquer hipócrita poderia dizer isso. Na verdade nós vemos essas palavras nas ações dos psiquiatras e psicólogos humanitários.

Se você é psiquiatra ou psicólogo, ou deseja ser, não porque são profissões lindas, mas sim para defender os direitos humanos, defender o SER HUMANO, parabéns. É uma tarefa nobre. Assim como é nobre o assistente social que age de maneira humanitária, assim como qualquer outro profissional em saúde mental.

Feliz Ano Novo.

26.12.09

Mulher que derrubou o papa Bento 16 já esteve internada na Suíça

da Ansa, em Roma

A mulher que na última quinta-feira, pouco antes da Missa do Galo, derrubou o papa Bento 16 na Basílica de São Pedro é originária da comuna suíça de Frauenfeld, no cantão da Turgóvia, segundo informações de uma TV local.

Também de acordo com essa fonte, Susanna Maiolo, de 25 anos, já permaneceu internada em uma clínica psiquiátrica durante vários meses entre 2006 e 2008.

Na quinta-feira, momentos antes do início da Missa do Galo, que neste ano foi rezada pela primeira vez a partir das 22h, Maiolo conseguiu burlar a segurança do Vaticano e avançou na direção do Papa quando ele se aproximava do altar.

Embora tenha sido interceptada por um agente, ela ainda assim conseguiu puxar o pontíficie, que foi ao chão. Apesar do susto, Bento 16 se recompôs rapidamente, socorrido por auxiliares, e presidiu a cerimônia normalmente.

Susanna Maiolo foi presa e posteriormente encaminhada a um hospital, onde foi medicada. Segundo informações do Vaticano, ela aparentava estar "psicologicamente instável". No ano passado, a mulher tentou um ato similar, mas foi contida antes de se aproximar do Pontífice.

O diretor da comunidade psiquiátrica Wohngruppe Kanzler, situada em Frauenfeld, Rolf Kessler, disse estar "chocado e consternado" com o tumulto causado por Maiolo. A jovem, de nacionalidade suíço-italiana, passou dois anos na instituição.

"Vi pela internet as imagens da noite de Natal na Basílica de São Pedro e fiquei sem palavras", afirmou.

Segundo o médico, Susanna deixou a comunidade psiquiátrica há um ano e meio. Ele disse desconhecer o que ocorreu com a ex-paciente desde então. "Posso somente dizer que fiquei muito, muito surpreso com a notícia", acrescentou.

Kessler garantiu que Maiolo nunca causou problemas no período em que esteve internada. A comunidade Wohngruppe Kanzler é uma pequena instituição de tratamento psiquiátrico que pode receber até 14 pessoas.

Sobre os motivos que poderiam ter levado a mulher a avançar sobre o Papa, o médico afirmou que sua fé "não é diferente da média, e certamente não tão forte para que seja considerada uma maníaca religiosa que poderia fazer um gesto desse".

Visita

Na manhã de hoje, o pai e a irmã de Susanna Maiolo foram à instituição para a qual ela foi levada após o incidente. O lugar fica fora de Roma.

Os familiares, que vivem na Suíça e chegaram ontem à noite à Itália, teriam dito aos médicos, em um encontro de cerca de uma hora, que estão preocupados com a repercussão do caso, que poderia agravar o estado de saúde da paciente.

Por este motivo, pediram à equipe para não permitir que Maiolo tenha qualquer contato com o mundo exterior.

Fonte: Folha Online

Conclusão: ex-paciente psiquiátrico não pode nem protestar

Incrível como a psiquiatria explica tudo. De uma maneira bem... simplista. A moça foi protestar empurrando o Papa, e... pimba! explicaram o comportamento dela dizendo, ou melhor, diagnosticando que ela já tinha sido internada no hospício, daí o comportamento "fanático". Bacana.

Se eu for empurrar o Papa como protesto vão explicar a situação dizendo que eu já estive internado. Nem pensar em protestar empurrando o Lula, ou jogando sapatos como fizeram com o Bush!

Pacientes psiquiátricos e ex-pacientes psiquiátricos devem evitar fazer tais protestos! Parece que ex-paciente psiquiátrico não pode nem protestar.

Senão, por sua segurança fica sem "qualquer contato com o mundo exterior". Em outras palavras, vai pro hospício.

25.12.09

Psiquiatra diagnosticando - Charges

(Publicado originalmente no mês de dezembro, 2009. Atualizado no dia 26 outubro de 2012).



As charges ao lado não visam todos os psiquiatras, mas somente aqueles que gostam de promover a psiquiatria. E que gostam de colocar psicotrópicos como grande solução para os problemas de certas pessoas, na verdade o maior número de pessoas possível. Dependendo de alguns deles, pelo jeito, solução para TODAS AS PESSOAS!

Esses psiquiatras acabam por colocar as teorias da psiquiatria acima da vida humana. Pois não admitem que os pacientes psiquiátricos e ex-pacientes psiquiátricos possam viver sem psicotrópicos, não admitem que pacientes psiquiátricos e ex-pacientes psiquiátricos possam viver sem medicação. Claro que valorizando tanto os medicamentos eles deixam no ar que eles estão interessados nos lucros que os medicamentos trazem... e no dinheiro que o grande número de consultas traz.

Ainda bem que há psiquiatras honestos, mais interessados na vida humana, que suspendem as medicações de seus pacientes, sabendo que é o melhor para uma pessoa viver e pensar livremente, sem influência de drogas.

24.12.09

Carta de despedida de Leila Lopes - atriz que se matou com ajuda de psicotrópicos

"Não chorem, não sofram, eu estou ABSOLUTAMENTE FELIZ!!! Era tudo o que eu queria: ter paz eterna com meu Deus e, se possível, com minha mãe. Eu não me suicidei, eu parti para junto de Deus. Fiquem cientes que não bebo e não uso drogas, eu decidi que já fiz tudo que podia fazer nessa vida. Tive uma vida linda, conheci o mundo, vivi em cidades maravilhosas, tive uma família digna e conceituada em Esteio, brilhei na minha carreira, ganhei muito dinheiro e ajudei muita gente com ele. Realmente não soube administrá-lo e fui ludibriada por pessoas de má fé várias vezes, mas sempre renasci como uma fênix que sou e sempre fiquei bem de novo. Aliás, eu nunca me importei com o ter. Bom, tem muito mais sobre a minha vida, isso é só para verem como não sou covarde não, fui uma guerreira, mas cansei.

É preciso coragem para deixar esta vida. Saibam todos que tiverem conhecimento desse documento que não estou desistindo da vida, estou em busca de Deus. Não é por falta de dinheiro, pois com o que tenho posso morar aqui, em Floripa ou no Sul. Mas acontece que eu não quero mais morar em lugar nenhum. Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz! Estou cansada, cansada de cabeça! Não agüento mais pensar, pagar contas, resolver problemas... Vocês dirão: Todos vivem!!! Mas eu decidi que posso parar com isso, ser feliz, porque sei que Deus me perdoará e me aceitará como uma filha bondosa e generosa que sempre fui.

Aos meus fãs verdadeiros; aos jornalistas imparciais; ao Walter Negrão e sua esposa Orphilia; a LBV; ao Eduardo Gomes; ao prefeito de Itu, Herculano Neto e toda a sua equipe e ao meu amigo Zé meu muito obrigado. Às emissoras que trabalhei, obrigada. E aos colegas maravilhosos, muita luz! A todos os sites dignos que acompanharam a minha vida, SUCESSO!!! Ego, Esther Rocha, Thiago, Odair Del Pozzo, Felipe Campos, não se sintam esquecidos. Não posso citar nomes de amigas, pois aí seria um livro, mas Sueli você é a irmã que eu não tive. Márcia, seja sempre feliz amiga. Magrid, obrigada por tudo! Andréia, do TV Fama, beijo amiga. Tadeu (di Pietro) cadê você??? Desculpe a quem eu esqueci, a vida foi muito mais maravilhosa do que sofrida para mim. Obrigado Jesus, Nossa Senhora e meu Deus, perdoem-me e recebem-me como a filha honesta e bondosa que sempre procurei ser! Fiquem com Deus, todos! Leila Lopes.

Se existe sentimento maior que o amor, eu desconheço!"

Fonte: Yahoo!Notícias.

Lamento que Leila Lopes tenha se suicidado. Mesmo quando acho que todos devem ter o direito de se suicidar sem ser reprovado. O que me preocupa é que ela disse que estava cansada. Isso não motivo para se suicidar. Quem está cansado pode se afastar do mundo e viver feliz isolado. Simples.

Não se mate nesse Natal

Eu apoio um suicídio do tipo SEPPUKU, o suicídio honrado, em que uma pessoa se mata para não se entregar ao inimigo, por exemplo. Apoio também o suicídio por protesto. Assim como o suicídio do tipo KAMIKAZE. O suicídio kamikaze é do tipo em que a pessoa se mata por ideal, como o pessoal do oriente médio faz ao se lançar em um avião contra um prédio americano indo para a morte apenas para golpear o inimigo! Todos esses suicídios eu poderia cometer com muita honra e prazer. Mas, se matar por estar cansado... se matar para encontrar Deus...

Quem se mata para encontrar Deus está desesperado. Ninguém se mata por cansaço. O que me parece evidente é que Leila Lopes se matou por estar tomando psicotrópicos, ou seja medicação psiquiátrica. Infelizmente essa é uma realidade que temos que encarar: quem toma psicotrópicos têm mais probabilidade de cometer suicídio do que quem não toma.

Como aconteceu com Brittany Murphy que também deve ter se matado por causa de psicotrópicos. Enfim, você pode até tomar psicotrópicos, mas deve estar consciente de seus efeitos e lutar por novos tratamentos, e lutar para que parem de usar drogas que levam tantas pessoas a morte como forma de tratamento.

É difícil para mim ter que dizer para uma pessoa que faz tratamento psiquiátrico que se ela continuar tomando psicotrópicos e tentando acreditar que é um remédio que faz bem a longo prazo ela vai acabar se suicidando por causa desse "remédio".

Mas se você até toma o psicotrópico, mas tem consciência de que são drogas que já levaram muitas pessoas ao suicídio seu inconsciente acaba protegendo você.

Portanto meu desejo para o Natal é... não se suicide nesse Natal.

Apesar de eu não apreciar a data, para todos pacientes psiquiátricos, ex-pacientes psiquiátricos, familiares, simpatizantes e profissionais de saúde mental FELIZ NATAL.

VIVA A VIDA!!!

19.12.09

O Bom Familiar de Paciente Psiquiátrico

No trato do familiar com o paciente psiquiátrico e com o ex-paciente psiquiátrico volta e meia aparece aquele familiar que diz que familiar sofre mais que o paciente psiquiátrico por causa da doença mental do paciente. Geralmente dizem isso por que esses familiares acham que certos pacientes psiquiátricos e ex-pacientes psiquiátricos dão muito trabalho e são um grande fardo, que só alguém MUITO BRAVO pode suportar.

Mas é claro que esses familiares não vão dizer isso quando estão se fazendo de vítimas dizendo que sofrem mais que os pacientes psiquiátricos. Eles dizem que como mães, pais, etc, eles sofrem muito ao ver o sofrimento dos parentes pacientes psiquiátricos. QUE HIPOCRISIA!!!

Francamente. Nenhum familiar amoroso de fato ia chegar ao ponto de dizer que sofre mais que o paciente psiquiátrico. Ao contrário. Ia tentar se colocar no lugar do paciente psiquiátrico. Esse bom familiar nunca ia considerar seu parente um fardo, como fazem os familiares que dizem que sofrem mais que o paciente. E pode ter certeza que o bom familiar existe, apesar de não se encontrar facilmente.

E, é claro, não há possibilidade de um familiar sem doença mental sofrer mais que o paciente psiquiátrico por causa da doença mental.

O bom familiar na verdade existe, esse pode até cometer erros e falhas, mas ama seu parente paciente psiquiátrico. Geralmente os bons familiares visitam os seus parentes pacientes psiquiátricos nos hospícios da vida, apesar das dificuldades. Se encontram seus parentes pacientes psiquiátricos feridos no hospital psiquiátrico fazem todo tipo de protesto, chegando ao ponto dos psiquiatras querer considerá-los doentes também para se safar.

Alguns familiares não tão empenhados ao ver o familiar paciente psiquiátrico ferido só reclamam TIMIDAMENTE com a equipe do hospital psiquiátrico, se indignam, apesar de não tomarem nenhuma medida drástica. Mas infelizmente têm aqueles familiares que não fazem nada e chegam a insinuar para o paciente psiquiátrico que a culpa foi dele, ou da doença dele... Isso não é familiar... é um monstro que precisa aprender a virar gente. É pior que quem causou as feridas no paciente psiquiátrico.

E, é claro, o bom familiar pode ser forçado a internar o parente paciente psiquiátrico. Mas acompanha o que está acontecendo e, é claro, tira o seu parente do hospital psiquiátrico o quanto antes. (Principalmente porque bons familiares sentem o perigo que é um hospital psiquiátrico com seus métodos sinistros.)

E acima de tudo o familiar que ama não abandona o familiar que ele internou, sendo necessário que outro o tire do hospício, ou que a pessoa tenha que ir para uma residência terapêutica.

Os bons familiares de usuários de saúde mental (pacientes psiquiátricos, ex-pacientes psiquiátricos) estão frequentando conselhos de saúde, frequentam Movimentos políticos como o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial ou frequentam a Associação de Familiares de Doentes Mentais (AFDM), buscando melhores formas de acompanhamento.

Os familiares razoáveis podem não fazer nada disso, mas ao menos não esquecem seus familiares internados, nem os internam por preconceitos, ou porque o suposto paciente psiquiátrico está "enchendo o saco", nem porque o suposto paciente o contrariou.

claro que muitos familiares internarão porque o paciente psiquiátrico (em potencial)está dando muito trabalho. Mas é compreensível. As vezes é demais para algumas pessoas. Mas acredite, os bons familiares suportam assim mesmo.

P.S.: Gostaria de lembrar que estou falando a partir da visão de familiar. Apesar de ter sido paciente psiquiátrico, tenho familiares que morreram pacientes psiquiátricos, no meio do "tratamento". Falo mais sobre isso depois.

17.12.09

Festa consulta, festa terapia ou não sei o quê

Ontem (16/12) foi a festa de Natal do CAPS Rubens Corrêa, de Irajá. Ou melhor, a festa que os técnicos prepararam para os usuários. Ou, como eles dizem, "a festa dos paciente".

Pois a festa de Natal do CAPS na verdade será hoje. A festa dos técnicos, proibido entrada de usuários e familiares, sem serviço no CAPS.

Quanto a festa dos usuários, não é uma festa de verdade. Se fosse de verdade para que a necessidade dos técnicos fecharem o CAPS hoje (17/12) para fazer uma festinha particular no CAPS? Por que eles poderiam considerar a festa dos usuários ex-pacientes psiquiátricos como festa e participar e tudo?

Talvez porque na festa dos usuários eles tenham que ter trabalho com usuários que podiam causar alguma agitação. Algum "paciente" poderia bagunçar.

Se queriam fazer uma festinha particular por que não deixaram para depois do serviço? Por que usuário não pode entrar nessa festa? Vai rolar coisa que usuário não pode ver? Vai rolar bebida alcoólica? Vai rolar sexo and Rock'n'Roll? Ou coisa mais pesada? Não sei. Queria saber.

Infelizmente esses técnicos de saúde mental não estão preparados para lidar com os ex-pacientes psiquiátricos como pessoas. Tanto que eles insistem em chamar todo mundo de paciente.

Outra vez eu disse para uma técnica de saúde mental que o uso do computador era terapêutico. Não só para meus companheiros usuários do CAPS, mas também para mim.

Ela usou esse meu argumento para defender a idéia de que o CAPS é um hospital, e que tudo que tudo que os "pacientes" fazem lá é terapia e consulta e por isso devem ser chamados de pacientes.

Esse tipo de técnico não deve entender o que quer dizer CAPS. Não entendem que é um Centro de Atenção Psicossocial. Social. Não é hospital não senhor. Se fosse estaria no nome. Mas do jeito que eles chamam todo mundo de paciente nesse lugar, não está sendo nem hospital. Está sendo um mini-hospício.

O que a gente faz quando usa o computador, por exemplo, é buscar inserção social. Quando ouvimos música e dançamos estamos interagindo socialmente. Porque o CAPS é um centro de atenção social. Por isso eu luto tanto para haver computação e MÚSICA no CAPS. Para a parte de inserção social não se perder.

É terapêutico sim, mas a terapia não é a principal função. Um certo cantor disse que a música era terapêutica para ele e nem por isso foi chamado de paciente, nem era paciente.

Do jeito que nos chamam de paciente, a festa de ontem foi uma festa consulta, festa terapia, sei lá. Pois, como já disse, para os técnicos não foi festa. Foi trabalho. Trabalho para eles terapia para os usuários, e consulta, pois deveriam estar observando o comportamento de cada "paciente" psiquiátrico.

Ufa!! Que trabalhoso para eles. Poderão relaxar hoje na festinha de verdade no CAPS.

P.S.: O que eu quero dizer nessa postagem é que esses técnicos deveriam aprender a tratar os ex-pacientes psiquiátricos como pessoas, e ter uma festa normal com essas pessoas sem necessidade de duas festas.

Na boa. Deveriam esquecer a possibilidade de alguém passar mal e relaxar. Pois todo mundo passa mal. Não apenas quem tem quadro psiquiátrico.

3.12.09

Polícia suspeita que Leila Lopes TAMBÉM se suicidou com antidepressivos

Ao que parece Leila Lopes é mais uma celebridade que se matou com os psicotrópicos que deveriam salvar sua vida. Veja a notícia Polícia investiga morte de Leila Lopes como suicídio. Acho que nem preciso falar mais do perigo desses antidepressivos e de outros psicotrópicos, pois os fatos falam por si.

Fotos do VIII Encontro Nacional da Luta Antimanicomial

Clique para ver em tamanho ampliado.Ao lado vemos a abertura do VIII Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, abrindo com o Encontro Nacional de Usuários e Familiares.




Clique na imagem para ampliar.

Clique na imagem para visualizar ampliado.

1.12.09

VIII Encontro da Luta Antimanicomial - 2009 (Em São Bernardo do Campo SP)

O povo paulista é bem gentil, pacífico e simpático. Eu fui perceber isso no tempo que estive em São Paulo. O problema de São Paulo são os poderosos de lá.

Ficamos no mesmo hotel usuários e técnicos, usuários e técnicos de várias partes do Brasil, inclusive de São Paulo. Até o Paulo Amarante estava no mesmo hotel dos usuários. E imagine que o gerente do hotel logo fez reclamação contra os usuários? Não foi contra os hóspedes, não foi contra os técnicos, não foi contra os cariocas, foi contra os usuários.

Nunca tinha havido nenhuma reclamação desse tipo em outros encontros. Só em São Paulo.

Depois, diante da mesa comandada por um psiquiatra paulista, eu fiz umas propostas e o psiquiatra paulista nem perdeu tempo anotando e depois ele leu as propostas de todos (que não eram usuários) menos as minhas.

Realmente o pobre povo paulista deve sofrer nas mãos desses poderosos paulistas.

Realmente eu reclamo dos políticos do Rio de Janeiro, mas pelo menos eles não ignoram a gente com essa cara de pau.

Flamengo Neles!!!!

Por isso, no ônibus, na volta do Encontro da Luta Antimanicomial, vascaínos, botafoguenses, tricolores (torcedores do fluminense) e flamenguistas, é claro, comemoravam juntos a vitória do Flamengo contra o Corinthians e a derrota do São Paulo, que claro, deixou o título nas mãos do Flamengo. (Estávamos no ônibus na hora do jogo.)

Essa era uma forma de afogar as mágoas. E é claro, uma forma de dar o troco, mesmo sabendo que os paulistas poderosos e indiferentes são minoria em São Paulo.

FLAMENGO NELES!

Clamando por abertura!!!!!

Nesses Encontros da Luta antimanicomial eles têm algo que eles chamam de GTs, Grupos de Trabalho. A ideia desses GTs é discutir um certo tema e pensar em propostas para enviar para os gestores.

Mas o problema é que os temas desses GTs são previamente escolhidos pelos doutores, de acordo com suas conveniências. Daí que eu, com muita dificuldade, escolhi um GT, pois estava difícil escolher, a maioria dos temas não tinha nada a ver.

Nesse GT eu disse uma proposta, e, acredite, os doutores paulistas nem se deram ao trabalho de anotar. Ficaram discutindo as propostas dos técnicos e familiares como se nós usuários que estávamos lá não tivéssemos proposto nada.

Minha proposta era para o bem de todo paciente psiquiátrico e ex-paciente psiquiátrico, as propostas dos técnicos, com todo respeito, estavam mais para jogadas políticas. Se eles eram incapazes de ouvir a nós, ex-pacientes psiquiátricos, como poderiam saber do que precisamos? Como poderiam saber do que pacientes psiquiátricos precisam?

Na verdade os Encontros da Luta Antimanicomial são para usuários ver. Quem manda propostas mesmo são os técnicos. Os usuários mal tem voz. A única coisa que os usuários podem fazer lá é cantar, desenhar... já que tem momentos para os usuários cantarem e desenharem, mas não tem momentos para os usuários falarem sobre suas situações, pontos de vista...

A coisa está sufocante a tal ponto que usuários e familiares de todo Brasil começam a falar mais e mais em fazer seus encontros separado desses técnicos repressores e conservadores. todos clamam por uma ABERTURA, como aconteceu no fim da ditadura no Brasil.

Em números o Encontro da Luta Antimanicomial foi um grande sucesso. Pessoas de vários estados estiveram presentes. Pessoas do Amazonas, de Santa Catarina, do Mato Grosso, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, da Bahia, por exemplo, estiveram presentes.

27.11.09

Ilhado na terra de Lula

Estamos aqui no Encontro da Luta Antimanicomial em São Bernardo do Campo São Paulo. Terra do presidente Lula. E enquanto que no Rio de Janeiro a gente encontra Lan Houses facilmente no mais simples bairro, eu tive alguns problemas para encontrar Lan Houses aqui. Talvez esteja longe do Centro. E a Lan House que eu encontrei usa o pior navegador de todos, o Mozilla Firefox. (Navegador gratuito e bom é o Google Chrome. Mozilla é MUITO RUIM.)

O Encontro está acontecendo no Sindicato dos Metalúrgicos, famoso por causa do Lula, que frequentava o lugar.

Eu vim para o encontro para tentar contribuir para as discussões dos militantes da luta, que infelizmente, persistem e ninguém sequer pensa em falar sobre tais questões.

Com certeza devemos valorizar os esforços dos técnicos de saúde mental que estão a frente da Luta Antimanicomial, apesar que alguns aparentemente se aproveitam dessa posição.

Enquanto há muitos técnicos de saúde mental, políticos de saúde mental que ganham muito dinheiro com saúde mental e interagem pouco com usuários, os ex-pacientes psiquiátricos e pacientes psiquiátricos, atores principais da saúde mental, há outros técnicos que interagem muito, se sacrificam etc, mas são muito conservadores. E mesmo sem má intenção acabam reprimindo os usuários e praticamente barrando outras formas de pensamento.

Daí que no Brasil o pensamento tem sido unilateral. Ninguém defende formas variadas de tratamento nos encontros, por exemplo. Não se fala de psiquiatria ortomolecular, porque nenhum psiquiatra da Luta tem essa formação, logo tal idéia nem é mencionada, e é até considerado errado falar dessa forma de tratamento.

Eu pretendo falar mais sobre isso depois. Mas infelizmente tenho que voltar para o Encontro. Pretendo falar um pouco sobre as discussões também. Fique comigo, acompanhe, mesmo de longe.

20.11.09

"...E o amor esfriará..."

BEBÊ MORRE AO SER ESQUECIDO DENTRO DO CARRO PELA MÃE.

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Essa foi a notícia do Bom Dia Brasil da Globo no dia 19/11/2009. E esse tipo de notícia está ficando cada vez mais comum.

E o assustador é que um psiquiatra veio dizer que esse tipo de coisa acontece porque "as pessoas estão vivendo um nível de estresse muito grande, de tensão muito grande que faz com que um grande número de preocupações do dia a dia tomem a cabeça, o pensamento dessas pessoas, de modo que haja muito pouco espaço para que elas prestem atenção em tudo o que está ocorrendo a volta delas. Em algumas situações específicas, a pessoa dirige a atenção com tal força para determinada situação que todo o resto vira fluido e desaparece. Ela não consegue perceber”. (Alguns psiquiatras não perdem a chance de aparecer.)

Fiquei horrorizado ao encontrar pessoas achando isso normal. Um esquecimento comum que acontece quando as pessoas mudam a rotina.

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Tempos atrás quando eu li quando um profeta dizia na Bíblia (não me lembro que profeta) "E o amor esfriará..." eu logo disse para mim mesmo "Bah, sempre houve violência no mundo. Sempre houve falta de amor. Duvido que fique pior. Não sei como ficaria pior."

Com certeza sempre houve violência e falta de amor no mundo, como pessoas guerreando por poder, ou por religião, ou por mulher, ou por dinheiro...

Pessoas violam outras sexualmente por exemplo. Pessoas fazem mal a desconhecidos... e até a conhecidos, e até fazem mal a parentes! Abusam sexualmente de parentes, de filhos e filhas, irmãos...

Mas essas violências podem ser explicadas quando dizemos que foram impulsos, compulsões sexuais, etc. Tudo isso poderia ser explicado pelas famosas doenças mentais inventadas pelos psiquiatras, ou poderia ser considerado maldade pura mesmo, possessão demoníaca, sei lá.

Mas o que uma mãe ou um pai faz ao esquecer um filho no carro, meu Deus! A pessoa esqueceu o filho no carro. Será que ela esquece o celular antes de sair de casa? Acho que não. O celular é muito importante para a vida moderna. Isso que me assusta. Isso já é o cúmulo da falta de amor. O amor que esfriou.

O caso de uma pessoa que esquece um filho no carro não é maldade nem doença mental. É indiferença. E a única coisa que eu vejo de pior que a maldade é a indiferença. Realmente um de meus maiores medos é um dia ser tão indiferente quanto esses seres humanos que esquecem outros seres humanos indefesos dentro de um carro.

Já que eu não sou pai, mas quando vejo uma criança de colo naturalmente fico cheio de cuidados, por se tratar de um ser bem frágil e indefeso. Como um pai ou uma mãe poderia se esquecer desse ser?

E ao ver o grande número de pessoas que acham esse esquecimento normal eu digo, é, profeta, você estava certo, o amor realmente esfriou.

É pior ser vítima da indiferença do que ser vítima da maldade ou da violência. Quando a gente sofre uma violência a gente significa alguma coisa para quem comete a violência. Mas quando alguém é indiferente no mundo ele sequer percebe a pessoa lá. Não somos dignos sequer de ódio.

Como o paciente psiquiátrico infelizmente muitos vezes passa invisível. Nas próximas postagens eu vou buscar esclarecer mais essa indiferença na esperança de despertar um pouco de amor em nossa raça humana.

Essa é uma homenagem do PACIENTE PSIQUIÁTRICO para todas as crianças que não tiveram a sorte de sequer ter um pai ou mãe de verdade.

Mesmo que esse pai (ou mãe) cometesse abusos, ou não fosse perfeito, que fosse um mau pai (ou mãe), mas que pelo menos fosse pai (ou mãe).

RIP (Resquiecat In Pace)

8.11.09

Ronaldo Monteiro, herói nacional

Estou em Nova Friburgo, serra do estado do Rio de Janeiro, no Encontro de Redes do Comitê para Democratização da Informática.

Muito me alegrou ver Ronaldo Monteiro sendo entrevistado no Fantástico. Ronaldo Monteiro é um ex-criminoso que se regenerou e hoje está envolvido em vários projetos que ajudam a recuperar presos, levando esperança. Na verdade os projetos de Ronaldo ajudam quem está preso, mas ajudam todas as pessoas da comunidade em geral.

Vale notar que Ronaldo Monteiro ainda cumpre pena, em condicional. Veja o site da Incubadora de Empreendimentos para Egressos do Ronaldo Monteiro.

Esse é um dos poucos que eu considero HERÓI DE VERDADE. Já que ser herói não é sair por aí dando tiros.

Ronaldo Monteiro antes havia aparecido dando depoimento na novela Viver a Vida.

Ronaldo é um dos grandes exemplos do grupo CDI (Comitê para Democratização da Informática).

Assim como William, outro ex-presidiário. William também é um grande exemplo de superação. William conta como é a vida na prisão no seu blog EU SOU UM EX-PRESIDIÁRIO. Confira.

Tanto William quanto Ronaldo Monteiro mostram que as pessoas podem se recuperar, e que vale a pena dar uma chance a vida. Vale a pena acreditar na recuperação das pessoas.

Quanto aos depoimentos da novela Viver a Vida, eu também fui lá no Projac e deixei meu depoimento de paciente psiquiátrico. Só não sei se vai ao ar, afinal, eu estava um pouco nervoso, não sei se ia ficar bem.

Mas, também... diante da grandeza dos depoimentos que temos visto, o que seria o meu depoimento?

Depois eu falo mais sobre isso.

PAZ E LIBERDADE

7.11.09

Em outras palavras...

Para começar gostaria de esclarecer uma vez mais: quando eu digo que a ciência nem pode dizer que doença mental existe ou não, não exagero. É verdade. Por isso foi criado o termo TRANSTORNO MENTAL. Pois não é possível considerar os comportamentos que outrora eram chamados de doença mental doença.

Veja TRANSTORNO MENTAL na Wikipédia.

Outra coisa: não se deve confundir mente com cérebro. Mente não é uma parte do corpo. Cérebro que é. Quando há uma doença no cérebro a especialidade que trata geralmente é neurologia.

Mente é algo subjetivo. Mente vem do latim mens, mentis, que quer dizer espírito ou alma. Logo, infelizmente, quando especialidades como psiquiatria e psicologia nasceram, parece que eles queriam corrigir a alma das pessoas, corrigir o espírito. Pelo menos é essa a impressão que eles passaram.

Psiquiatra vem das palavras gregas psyque e atros. Psyque quer dizer espírito, alma. Atros é médico. Logo, médico do espírito, médico da alma. Em outras palavras, Deus.

Viver a vida


realmente viver a vida é o melhor que podemos fazer. Seja para agradecer a Deus por nos deixar existir (para quem acredita em Deus). Seja para agradecer a Natureza, ou simplesmente para agradecer ao acaso. Ou simplesmente ficar mais feliz ainda por não ter ninguém a quem agradecer, e não dever nada a ninguém. (Para quem não acredita em nada). Ou, sei lá, agradecer aos pais, quem preferir.

Daí que o melhor é não perdermos tempo julgando a forma que as pessoas estão levando suas vidas. Se a escolha que um outro fez não machuca ninguém, pare de dizer que é errado.

Por exemplo, deixe quem quer usar drogas usar. Pare de dizer que a pessoa é fraca. Pare de achar que ser forte é qualidade. O melhor que se faz da vida é viver a vida. Portanto, se alguém sente prazer com drogas, para que julgar?

Já sabemos que o cigarro e a bebida são piores que muitas drogas ilícitas. Veja o artigo da veja.com. Por hipocrisia de nossa sociedade escolheram algumas drogas para se proibir e outras para se liberar. Há até mesmo as drogas obrigatórias, como as drogas psicotrópicas.

Viva-me senão te devoro

"Decifra-me senão te devoro." Disse a Esfinge. Dizem que a Esfinge é o nosso Eu Maior. Na verdade esse Eu Maior quer dizer "Viva-me senão te devoro."

A única coisa que precisamos aprender é RESPEITAR O PRÓXIMO. Se intrometer na vida do próximo deveria ser considerado errado. Atrapalhar a vida do próximo deveria ser considerado errado. Fazer escolhas pelo próximo deveria ser considerado errado.

Por exemplo, fumar em público desrespeitando quem não quer fumar deveria ser considerado errado, já que a pessoa não está respeitando o espaço dos outros.

E precisamos aprender a viver o HOJE. Tanto aquele que não fuma e é certinho tanto aquele que droga de todas as formas pode morrer amanhã, ou sofrer um acidente. Não há garantias.

(O que não quer dizer que você deva sair por aí extrapolando, muito menos perder a fé em sua religião. Apenas aprenda a respeitar a escolha do outro.) O amanhã é traiçoeiro para todos.

De resto não é errado, nem fraqueza aproveitar a vida da forma que se achar melhor. Quem quer usar drogas, que use. Quem quer fazer sexo, que faça. Desde que não seja a força...

Paciente Psiquiátrico nos hospícios da vida


A partir da semana que vem começo a postar aqui as experiências verídicas de um paciente psiquiátrico nos hospícios, nos hospitais psiquiátricos da vida. Ou seja, vou periodicamente postar histórias reais de internações psiquiátricas.

PAZ E LIBERDADE

5.11.09

Será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?



Roberto Carlos é realmente um dos melhores compositores do Brasil. Bate de frente com Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Lupicínio Rodrigues e Cartola! Que bela tirada!

Quantas coisas a gente não sente vontade de fazer, mas dizem que é imoral ou ilegal. Psiquiatras, psicólogos, juizes, promotores, enfim, aqueles que regem nosso comportamento. Enquanto o psiquiatra, o psicólogo e cia dizem que certa coisa é imoral, promotores, juizes, etc dizem que outra coisa é ilegal. São eles que decidem o que é certo ou errado. Os ditadores do comportamento.

Você já teve tempo de ver os desenhos animados de hoje em dia? Tire um tempinho e veja. Veja aqueles programas infantis da manhã. Aí quando você vir os desenhos animados dos programinhas apresentados por crianças menores de 10 anos CENSURADOS para menores de 10 anos você vai entender o que eu estou dizendo. Quem seria louco de censurar desenho infantil?

Além dessa música se encaixar nesse nosso mundo moralista hipócrita, se encaixa no tratamento psiquiátrico repressor, com suas regrinhas.

Não pense em nenhum momento que exagero ou ironizo. Não agora. Psiquiatras e psicólogos parecem passar uma idéia de liberalismo, pois praticamente incentivam qualquer pessoa que eles achem que possa ser homossexual a ser gay. (Dizendo que é normal, que faz mal se a pessoa resistir, que a pessoa é preconceituosa se não aceitar ser gay, etc.)

Mas o problema é que psiquiatras e psicólogos realmente são uma preocupação para mim. A maioria está com mais bloqueios e traumas e confusões que a maioria dos pacientes psiquiátricos.

E infelizmente eles são bem repressores. Talvez por causa de seus bloqueios. E toda essa repressão acaba passando para todo tratamento e acompanhamento psiquiátrico.

Perdidos, sem saber como ajudar na ressocialização dos ex-pacientes psiquiátricos, eles começam a colocar regras de comportamento, dizer que não pode se comportar assim, etc. Nisso eu não estou falando apenas dos psiquiatras e psicólogos, mas de toda a equipe, já influenciada.

Por exemplo, uma profissional de saúde mental vê uma usuária de saúde mental levantando a camisa e deixando a barriga de fora e diz:
__Abaixa a camisa! Fica direito!
Nesse momento essa profissional se esquece que está usando uma camisetinha que deixa TODA barriguinha de fora, para não mencionar o decote. E QUE DECOTE! Sem falar que várias colegas dessa profissional estão com roupinhas similares.

Não que eu esteja reclamando das roupinhas delas. Eu A-D-O-R-O. Eu estou reclamando do comportamento profissional repressor e ridículo. Eu tenho até medo delas verem o que escrevi aqui e decidirem vir mais vestidas, mais conservadoras.

Outro exemplo de repressão:

"Vocês têm que colaborar com o CAPS. Têm que ajudar não jogando papel no chão, colaborando com a limpeza e organização.", Dizem eles. Mas eles usam a sala de informática para suas consultas e DEIXAM TUDO BAGUNÇADO. Eles acham que nós (usuários, patrões deles) temos que organizar, mas deixam uma total bagunça. E nos momentos em que eu reclamei só gerou encrenca, eles dizem que estão certos.

Parece que eles se acham acima das regras que eles mesmo fazem. Fazer regra é moleza. O problema é quando aparece alguém querendo que quem fez a regra cumpra também.

Repressão Sexual - Por que certas pessoas não podem fazer sexo e ter relacionamentos se a natureza as deu sexualidade?

"Gostaria de saber o que é sexualidade precoce! Uma vez que o organismo humano está apto a reprodução, onde está a precocidade? Talvez estejam querendo fazer a relação da reprodução com a nossa atual alimentação, este sim, um fato que tanto escolas, quanto pesquisadores e governo, deveriam se preocupar."

Comentário de um leitor do Globo Online sobre o caso da menina e dos dois rapazes de 13 anos que deram uma escapadinha da aula para fazer sexo no banheiro da escola e foram afastados e repreendidos, como se tivessem feito uma coisa MUITO ERRADA. Veja a notícia. Se você quer saber minha opinião, eles deveriam era distribuir mais camisinha nas escolas e falar mais sobre sexo, em vez de dizer que os jovens são muito imaturos para a fazer sexo.

Mas vamos sair da repressão sexual no mundo geral e ir para a repressão sexual no tratamento psiquiátrico, mental.

Se você deconhece totalmente o mundo da saúde mental, o mundo do tratamento psiquiátrico, talvez você veja de outro jeito.

Temos aquelas pessoas cujos familiares vivem repetindo para elas "Você não pode casar, porque você é doente (mental)." "Você não pode namorar. Você não tem entendimento por causa da doença." Não preciso nem dizer que nem permitem a pessoa andar sozinha. Nem preciso dizer também que a pessoa fica subindo pelas paredes, pois a sexualidade continua lá, picante. Infelizmente não aparece nenhum profissional para bater de frente com esse familiar opressor e ajudar a pessoa a dar o grito de liberdade, pois esses profissionais são bem conservadores. E mesmo quando acham que a pessoa deveria levar uma vida, não ousariam contrariar o familiar.

Na teoria é tudo muito bonitinho, mas quando é necessário enfrentar um familiar toda a psicologia amarela.

Os excluídos sexualmente

Psiquiatras e psicólogos falam tanto da importância do sexo. Mas parece que é da boca para fora. Pois enquanto eles se preocupam demais em fazer com que as pessoas aceitem sua homossexualidade e arranjem um parceiro, parece que eles se esquecem de trabalhar a sexualidade de certos grupos.

Ou talvez achem que seja errado tais grupos fazerem sexo, assim como acham que é errado um homossexual NÃO se assumir como gay.

Você nunca parou para pensar em como deve ser a sexualidade daquelas pessoas com DEFICIÊNCIA MENTAL? Ou com DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. (Que termos nojentos esses. "Deficiência intelectual"?) Estou falando daqueles com retardo mental, ou seja, cuja inteligência não se desenvolve, de acordo com os médicos especialistas no caso.

Por que a gente não vê psiquiatras e psicólogos tentando desenvolver a vida sexual de deficientes mentais graves, já que a sexualidade é tão ESSENCIAL para a vida?

Aqueles que tem síndrome de Down até que conseguem, com muita luta, chega a ter relacionamentos, casar, etc. Mas os médicos fazem uma classificação. Quem é deficiente intelectual tem INTELIGÊNCIA LIMITADA, eles dizem. Mas quando a pessoa tem uma deficiência intelectual leve pode levar a vida, fazer sexo...

Mas e quanto aqueles que foram classificados com RETARDO MENTAL SEVERO e RETARDO MENTAL PROFUNDO? (Retardo mental severo e profundo são considerados mais incapacitantes.)

Pode ter certeza que a sexualidade dessas pessoas continua a existir. Apesar de nossa sociedade dizer que essas pessoas não podem fazer sexo por não ter entendimento.

Faria sentido se psiquiatras e psicólogos dissessem "você que tem entendimento não deve querer abusar de uma pessoa com deficiência intelectual. A pessoa com deficiência intelectual grave deve fazer sexo com pessoas que também tenham deficiência intelectual grave."

Aí eu acho que terapeutas iam procurar desenvolver a sexualidade dos deficientes mentais graves.

Mas não dizem que o amor é cego? Então um gênio com QI 200 poderia se apaixonar com uma pessoa com retardo mental profundo? Ou não? Haveria alguma razão para imposibilitar o amor entre um deficiente mental grave e um gênio?

Isso é só para fazer você refletir nesse público que a gente ignora: os chamados deficientes mentais.

E para você refletir também no quanto a psiquiatria e a psicologia são hipócritas.

Quero que você não fique pensando que pessoas com retardo mental não tem sexualidade, pois têm. Em minha vida eu tenho convivido com muitos chamados deficientes mentais, e não tenho dúvida que essas pessoas têm sexualidade.

Os excluídos sexualmente não são aqueles feios demais, gordos, aleijados, ou desfigurados. Já que esses ainda podem arranjar uma vida sexual. Os excluídos sexuais são aqueles que não podem fazer sexo, pois são considerados incapazes de sequer decidir. Alguns deficientes mentais nem falam. Mas sempre tem alguém que busca entender o que o deficiente quer dizer, não é? O único problema é que as vezes a gente só entende o que a gente quer entender.

Me aguarde. Logo volto com o tema da chamada deficiência mental.

31.10.09

A realidade do acompanhamento psiquiátrico

Como visto pelo PACIENTE PSIQUIÁTRICO.

Depois de passar meses nos hospitais psiquiátricos da vida, aqui no Rio, Brasil, pude ver a vergonha que ERA lá dentro. A última vez que estive internado foi em 2001. Lógico que vão dizer que agora está bem melhor do que em minha época. NÃO É VERDADE. Eu não estou internado, mas ainda entro em hospitais psiquiátricos. O que deveria melhorar mais pouco mudou, que é no tocante a humanidade.

O que eu quero dizer é que o mais importante não são recursos maravilhosos, piscinas, enfermeiras e estagiárias bonitas. (Apesar de isso tudo ser bacana.) Isso não adianta nada se continuam tratando as pessoas com estereótipos, estigmatizando. TRANSFORMANDO AS PESSOAS EM ESTIGMA.

Eu nem falo dos mau-tratos, pois não bater em alguém não é mérito, não é favor. Só porque ninguém está batendo nos pacientes psiquiátricos em certas instituições psiquiátricas não quer dizer que estão tratando bem.

Nos hospitais psiquiátricos pessoas ainda são amarradas, apanham, morrem, etc. Pouco mudou, apesar de toda a caricatura que os movimentos políticos de técnicos de saúde mental fizeram.

(Quando eu falo de movimento político de técnicos de saúde mental, estou falando do MNLA (Movimento Nacional da Luta Antimanicomial) e da RENILA (Rede Nacional de Internúcleos da Luta Antimanicomial).

Muito recurso, pouca técnica

Em matéria de recursos, realmente deveria haver mais CAPS, pois o certo seria investir mais em saúde mental, pois com o fechamento de muitos manicômios muito dinheiro foi economizado. Dinheiro que logicamente deveria ir para construção de CAPS e para O APRIMORAMENTO TÉCNICO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL.

Apesar dos ridículos protestos de Ferreira Gullar, não é verdade que seja difícil conseguir atendimento psiquiátrico no Sistema Único de Saúde. Na verdade é bem mais fácil que conseguir qualquer outro atendimento.

Os CAPS são os melhores lugares para tratamento, acompanhamento, pois os recursos materiais são vastos. Já imaginou se você fosse tirar sangue para diabetes e pudesse almoçar no posto, ou no hospital? Quem vai ao CAPS pode.

Os problemas dos atendimentos psiquiátricos não são materiais. São humanos. Materialmente os serviços públicos de saúde mental brasileiros estão bem melhores que qualquer outra especialização. O problema da saúde mental, infelizmente, é humano. É técnico.

No geral os profissionais de saúde mental ainda não estão preparados para lidar com o PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Nem com o ex-paciente psiquiátrico, o cliente dos serviços de saúde mental, o usuário.

No entanto a partir do que já foi dito por usuários mais autônomos e politizados já há um bom material que poderia ajudar técnicos de saúde mental a tratar da melhor forma possível.

O problema é que a maioria dos profissionais que estão em CAPS, por exemplo, não estão nem aí para o que aqueles usuários mais autônomos dizem. Não estão nem aí para a história da Reforma, não conhecem nada dos movimentos políticos da Luta Antimanicomial, logo não podem falar sobre isso. Já que eles nem são politizados e são totalmente passivos.

Em vez disso, fazem a cabeça dos usuários de seus serviços... que eles estigmatizam chamando de pacientes. Alienam mais ainda as pessoas que deveriam ser ressocializadas. Claro que nos serviços de saúde mental sempre há alguns usuários mais politizados, que não engolem toda a alienação deles.

Por que chamar de paciente em um CAPS estigmatiza?

Eu recebi umas contestações atualmente de gente que chegou ao absurdo da ignorância de me chamar de preconceituoso por eu não gostar do abuso de técnicos em chamar usuários de Centros de Atenção Psicossocial de "pacientes".

Eu entendo essa pessoa, pois ela nunca foi internada, talvez. E talvez nem saiba o que quer dizer preconceito. (Já que chamar alguém que vive e TRABALHA no mundo da psiquiatria há anos de preconceituoso chega a ser ridículo.)

Quando a pessoa está internada a pessoa fica PRESA a desagradável idéia de ser paciente, e de um hospício, de uma casa de loucos. Para começar, não é um paciente comum. O hospício é, popularmente, uma CASA DE LOUCOS. Ser paciente de um hospício não é a mesma coisa que ser paciente em um hospital de câncer. Esse é o primeiro ponto. Daí que quando a pessoa sai do hospício, a melhor coisa a se fazer é desvinculá-la o máximo de termos que lembram exclusão e passividade, como o termo PACIENTE.

O segundo ponto é: GERALMENTE QUEM ESTÁ FAZENDO TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO TEM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS, TRAUMAS, ETC. Como você quer levantar o moral de alguém se fica chamando-o de paciente o tempo todo?

Esses profissionais de saúde mental não sabem o mal que eles fazem quando usam, sem má intenção, termos estigmatizadores. Volta e meia eu encontro usuários que se aproximam de mim e dizem: "Eu não posso namorar porque eu sou doente." "Eu não posso trabalhar porque eu sou doente." "É porque eu tenho a mente doente, não penso direito." "Pode ser que eu bata nos outros, porque sou doente mental."

Como é esse estigma no CAPS Rubens Corrêa - Irajá

No meu CAPS, eu falei COM OS TÉCNICOS sobre a necessidade de parar com essa estigmatização. Falei que não é apropriado chamar as pessoas de pacientes lá, pois paciente é quem está internado.

Logicamente fui rebatido. Depois de distorcerem a coisa por um tempo, perguntaram aos usuários que lá estavam: "Vocês se incomodam se nós chamamos vocês de pacientes?" Algumas pessoas disseram que não e a maioria ficou calada.

Dentre as pessoas que ficaram caladas estava uma pessoa mais consciente, que é contra essa forma de chamar as pessoas. Ela me disse que prefere não falar nada, pois prefere não se meter com "essa gente".

Nesse caso, o melhor procedimento seria conversar com os usuários, falar sobre termos como "usuário", "cliente", "frequentador" e "consumidor". Esses técnicos deveriam conhecer a trajetória política da luta dos usuários, conhecer a história da Reforma. Depois de explicar para os usuários sobre a idéia de que o termo paciente carrega a idéia de passividade, aí sim, os próprios usuários poderiam sentar e escolher a melhor forma que gostariam de ser chamados.

Que poderia ser "usuário", "cliente", "frequentador", "consumidor", ou talvez até houvesse quem gostasse do termo "paciente". (O que eu duvido muito! Talvez alguém com condições que teve atendimento privado goste de ser chamado de paciente, ou ache que é "consciência", mas duvido que alguém que foi amarrado goste.)

Melhor seria buscar informar as pessoas para que possam tomar decisões. Quem toma decisões alienado é apenas manipulado.

A falta de recursos técnicos no acompanhamento psiquiátrico atual

Nem é preciso falar muito. Enquanto você se submete a exames com dentista, faz um exame para verificar se tem diabetes ou não, a psiquiatria do SUS (Sistema Único de Saúde) não conta com nenhuma dessas modernidades. Apesar do serviço privado já contar com algumas modernidades. O máximo que tem lá é o exame litemia, que você passa a fazer depois de passar por uma diagnose a olho e ser rotulado de bipolar.

Mas o que mais me decepciona é que eles não desenvolvem formas de lidar com os pacientes psiquiátricos. Geralmente não sabem como motivar alguém que não está se encaixando no mundo, por exemplo.

Falo daquelas pessoas que vivem repetindo o que diz, enfim, apesar de não estar nem delirando, nem agressiva, ela está fora de qualquer nível social. Quem é chamado de paciente o tempo todo realmente corre o grande risco de ficar assim.

Por que usuários quebram coisas no CAPS?

Outro dia a diretora do CAPS veio me mostrar o banheiro quebrado do CAPS, pouco depois da reforma? Os usuários tinham quebrado! O que eu tento explicar para os técnicos do serviço é que as pessoas precisam ser reeducadas, ressocializadas.

E é claro que faz parte dessa ressocialização chamar essas pessoas com os termos que vão valorizá-las, dar importância. Aí é claro não vai dar para ficar chamando as pessoas dentro do CAPS de paciente.

Paciente está doente, pô, o cara vai agir como? O cara vai agir como quando ele é doente mental? E não venha com esse papo "A pessoa é doente mesmo, tem que assumir." A pessoa merece o direito de viver e esquecer da doença por alguns momentos, pelo menos. Não é bonito sair por aí passando a idéia de que a pessoa é doente e tem que estar consciente disso. O termo doente se refere a dor, ou você não sabia disso? Pode ter certeza que ex-pacientes psiquiátricos que estão nos CAPS como usuários não sentem dor o tempo todo. Em resumo, não venha dizer que a pessoa é doente mesmo e acabou. Desculpe, mas você é que é ignorante com esse papo de doença.

Esses técnicos de saúde mental precisam aprender muito sobre o trato humano ainda. Infelizmente as drogas psicotrópicas não ressocializam ninguém. E se eles não colaborarem vai ficar difícil.

Técnicos do CAPS Rubens Corrêa reclamaram que eu não falo bem das obras que estão ocorrendo no CAPS. É porque eu não acho isso muito importante. Observe que eu falei neste blog sobre a melhoria no tratamento humano no CAPS de Irajá, falei que os seguranças estão mais gentis, etc. É que eu considero o toque humano uma prioridade.

Vou ficar por aqui.

PAZ E LIBERDADE.

27.10.09

Excerto do livro O Movimento de Usuários em Saúde Mental Nos Estados Unidos - Paciente X Usuário

O termo 'usuário' não é mais usado nos Estados Unidos para se referir ao que no Brasil e na Europa chamamos de usuários de serviços de saúde mental.

Lá, consumidores, constitui a expressão mais corrente, apesar de que outros termos também são usados por grupos minoritários para se referir a si próprios: o termo cliente, ou ainda sobrevivente, este último com claras conotações vitimizadoras.

(...)Todos estes termos apresentam vantagens e dificuldades, mas o que o movimento quer enfatizar com eles é a importância de buscar palavras e conceitos para induzir sentidos, idéias, lutas e práticas novas, mais coerentes com a idéia de 'empowerment', ou seja, de um usuário ativo e participativo no seu próprio processo pessoal, nos serviços e na sociedade, em troca dos velhos conceitos tais como o de 'paciente', de 'doente mental', que acentuam a passividade e a segregação. Richard Weingarten - O Movimento de Usuários em Saúde Mental nos Estados Unidos


Além do que pode ser visto no excerto acima vale lembrar que o CAPS é um CENTRO de Atenção Psicossocial, e não um hospital.

Ou seja, é um lugar para as pessoas CONVIVEREM, participarem de atividades, junto à comunidade, para se voltar para a comunidade.

É o lugar onde as pessoas deveriam ser RESSOCIALIZADAS, se desgarrando de todo estigma e trauma. Claro que fica um pouco difícil acabar com os estigmas chamando as pessoas de pacientes, como se elas ainda estivessem internadas.

É bem estigmatizador, por exemplo, quando usuários (ou clientes, como alguns preferem) estão jogando bola, com a comunidade, e vem um psicólogo, por exemplo, e os chama de pacientes!... A idéia é ter um jogo de futebol para inserir as pessoas na comunidade ou é uma consulta?

Não se iluda, os profissionais mais capacitados, aqueles engajados politicamente, já não usam o termo "paciente" há muito tempo.

Homossexualismo: certo como 2 e 2 são 5

Enquanto que eu acho perfeitamente normal aquele indivíduo que desde pequeno se comporta como se fosse do outro sexo, não posso dizer o mesmo daqueles indivíduos que se tornam homossexuais depois.

Pois é claro que uma menina que desde pequena já não gostava de brincar de boneca, passava a mão nas coleguinhas, não se depilava, etc, é claro que essa menina teve um processo natural, sempre gostou do mesmo sexo. Nada fora do normal.

(Aqui eu ia preferir o termo CERTO em vez de normal, já que normal não é necessariamente certo, e apenas segue regras impostas por aqueles que nos governam, apenas segue NORMAS.)

Por outro lado, aquele rapaz que acreditava gostar de mulheres e de repente, na vida adulta, fica nervoso ao ver homens trocarem de roupas no vestiário, não se pode considerar seu homossexualismo normal. Observe que aqui eu vou diferenciar HOMOSSEXUALISMO de HOMOSSEXUALIDADE.

Enquanto que alguém que sempre buscou sexualmente pessoas do mesmo sexo, isso naturalmente, e sempre mostrou uma homossexualidade completamente normal, quem se torna homossexual depois sofre com o homossexualismo. E naturalmente não poderia se adaptar a nova preferência sexual adquirida depois. Pois, por exemplo, uma mulher que acreditava gostar de homens, e idealizou um príncipe encantado, por exemplo. Ao se tornar "lésbica", como ela poderia, naturalmente, abandonar seus sonhos de uma vida? Pois vivendo como uma "lésbica", com certeza, o sonho do príncipe encantado iria para o espaço. E não poderia ser substituído pelo sonho da princesa encantada.

Assim como um homem DE BOM CARÁTER que sonhava constituir uma família TRADICIONAL COM UMA MULHER, ficaria complicado para ele realizar esse sonho depois de se descobrir homossexual. Como ele iria ter uma família TRADICIONAL? Levando uma vida dupla? Isso não seria vida.

O que quero dizer aqui é que É CLARO que qualquer pessoa que começou a se sentir homossexual depois de fazer planos heterossexuais NÃO É um homossexual natural, e precisa realmente de tratamento para voltar a sua condição heterossexual, pois nesse caso homossexualismo é doença. Homossexual natural procede como homossexual desde pequeno. Ninguém se DESCOBRE homossexual depois. A gente se DESCOBRE diabético, hipertenso, o que a gente descobre depois geralmente é doença. O menino homossexual se comporta de maneira feminina naturalmente, assim como a menina, e naturalmente não sentem atração pelo sexo oposto.

E é importante notar que homossexualidade não é fácil, como tentam nos fazer acreditar. Os homossexuais em sua maioria vivem marginalizados. Muitos homossexuais ASSUMIDOS se prostituem para viver. Há uma discriminação contra os transexs e transexuais, por exemplo. (transexuais e transexs, chamados popularmente de travestis.)Veja definições desses termos: AQUI.

Geralmente essas pessoas não são aceitas no mundo do trabalho. Já viu um transexual trabalhando em um escritório? Para os transexuais e transexs geralmente sobra o trabalho de cabeleleiro. Ou então sobra a prostituição. Daí eu me pergunto: por que psicólogos e psiquiatras querem incentivar as pessoas a entrar nessa vida, quando a pessoa não quer? Por que é normal?

Geralmente a sexualidade daquele que se descobre homossexual depois é vazia. É um nomadismo sexual. Ele tinha planos heterossexuais. Uma vez homossexual sua vida perde o rumo. Os sonhos perdem o valor. A sua vida se torna uma eterna busca pelo prazer, porque o psiquiatra e o psicólogo disseram que é o melhor para ser feliz.

Quando era heterossexual esse(a) homossexual tinha um grande leque de opções para encontrar um parceiro(a). Depois de se tornar homossexual essa pessoa praticamente tem que se prostituir, pois encontrar um parceiro se tornou bem mais difícil. Pois a maioria da população é heterossexual. E quando se consegue um parceiro, vale tudo, afinal, é tão difícil encontrar um.

Um processo que NATURALMENTE é bem mais fácil para o homossexual natural, é uma complicação para aquele que se torna homossexual depois. Pois esse está se apresentando a uma nova vida, que psiquiatras e psicólogos insistem em dizer que é normal.

Não confundir com aqueles que se tornaram homossexuais DEPOIS voluntariamente. Esses encontraram um caminho melhor para si, OPTARAM por isso. Ao contrário daqueles que tinham planos heterossexuais e, de repente, se encontraram confusos achando que estavam se tornando homossexuais.

Esses confusos precisam de ajuda, de tratamento, pois não são homossexuais, na verdade. Estão sofrendo com o homossexualismo, que nesse caso é doença.

Por isso, graças a Deus que existem psicólogos como Rozangela Rufino, que aceitam tratar dessa doença!

São realmente abençoados aqueles homossexuais que conseguem se estruturar e se casar. Pois os homossexuais de verdade também têm sonhos.

24.10.09

Blog de Psiquiatra critica Profissão Repórter

O blog do Rogelio Casado falou do papelão do Profissão Repórter, que passou a poucos dias, falando da situação da psiquiatria no Brasil, mostrando instituições psiquiátricas e a marcha dos usuários a Brasília.

Eu nem precisei me manifestar dessa vez. Nem precisei de criticar a forma cheia de estigma que a Globo retratou os pacientes psiquiátricos, ex-pacientes psiquiátricos e até quem não tinha nada, mas que o repórter achou que tinha cara de doido.

(Como pessoas que estavam andando na rua e o repórter foi entrevistar pensando que a pessoa é doente mental só porque a pessoa é excêntrica.)

Veja a postagem Crítica ao Profissão Repórter - Loucura no blog do psiquiatra Rogelio Casado.

É uma pena que o blog do Rogelio Casado criticou mais a parte em que os repórteres buscavam mostrar que o eletrochoque hoje em dia é muito mais humano. Eles criticaram a parte da reportagem que falava sobre ECT, Eletroconvulsoterapia, eletrochoque.

É que eu não exatamente contra eletrochoque. Sou contra eletrochoque a força. É que existem pessoas que dizem que se beneficiaram do eletrochoque, então para que ser radical?

Claro que ninguém deve ser tomar eletrochoque sem seu consentimento.

19.10.09

Psicotrópicos ajudam na recuperação de lesões e podem ser usados contra tumores

Essas são as últimas notícias que eu tive acesso!

Antidepressivos podem ajudar na recuperação de lesões da medula espinhal! E drogas antipsicóticas podem ser usadas contra tumores!

Você pode ver mais detalhes no blog de notícias Paciente Psiquiátrico, nas postagens Antidepressivos ajudam na recuperação de lesão espinhal e Estudo diz: Drogas antipsicóticas podem ser usadas contra tumores.

Você pode também checar a página em inglês da Reuters, que tem uma dessas notícias.

Fico feliz com tais descobertas. É claro que tanto o antidepressivo no auxílio da lesão espinhal, quanto os antipsicóticos na recuperação de tumores são administrados em doses baixas, com cautela. Veja isso nos artigos.

É claro que encher as pessoas dessas drogas psicotrópicas (como fazem com pacientes psiquiátricos) só faz mal. Mas no caso desses estudos as drogas foram bem administradas, é claro, sem que as pessoas tivessem que tomar as drogas pelo resto da vida.

(Colocar pessoas para tomar drogas pelo resto da vida sem um diagnóstico preciso só acontece na psiquiatria. Ainda bem que existem uns poucos BONS PSIQUIATRAS que se recusam a seguir essa regra absurda e suspendem a medicação de seus pacientes.)

Em um outro momento alguém me criticou achando que eu era contra a administração de drogas. A pessoa dizia que as drogas podem ser usadas para fins positivos, se bem administradas. E é isso que essas últimas notícias vêm provar.

Só para terminar: drogas psicotrópicas, medicações psiquiátricas podem sim ajudar a pessoa no momento do surto incontrolável, quando todos os outros recursos se esgotaram. Mas é claro que não há necessidade de manter a administração dessas drogas depois que o surto é controlado.

Vale dizer também que em minha experiência como paciente psiquiátrico, usuário de saúde mental, eu já conheci algumas pessoas cujos psiquiatras foram razoáveis o bastante para suspender toda medicação e as pessoas ficaram muito bem.

Portanto não estou tratando aqui de algo que não pode ser aplicado. Só é necessário consciência da parte dos profissionais de saúde mental. Pra que ficar alimentando indústrias farmacêuticas?

17.10.09

Ressocialização X Dessocialização do Paciente Psiquiátrico

Escolhi a palavra dessocialização para descrever o que nosso sistema de saúde mental faz com o paciente psiquiátrico. Enfim, o que o sistema faz com qualquer um que faz um tratamento psiquiátrico. Me refiro principalmente ao sistema público de saúde mental, aos cuidadores em saúde mental das instituições psiquiátricas públicas.

Entendemos como DESSOCIALIZAÇÃO o ato de TIRAR a pessoa do convívio social MAIS AINDA. Com certeza o sistema de saúde mental não dessocializa de propósito. Talvez por falta de interesse. Ou por falta de preparo.

Tem aquele familiar que não aguenta o paciente psiquiátrico em casa e o envia para o CAPS ou para o hospital psiquiátrico...

Se a pessoa estiver num nível que o CAPS aguenta, ela fica no CAPS... mas se nem o CAPS o aguentar o enviam para o hospital psiquiátrico, onde ele estará amarrado ou sedado demais e não causará problemas.

Mas se o CAPS o aceitar, infelizmente o CAPS só o larga num canto, pois não sabe como lidar com ele. Existe o paciente que fica insuportável por estar em crise, e aquele que é insuportável o tempo todo.

O que é insuportável o tempo todo apenas tem um comportamento que as pessoas não aguentam, exemplo: zomba dos outros, ri, agarra pessoas do sexo oposto, etc, sem violência. Esse comportamento naturalmente poderia ser controlado com uma reeducação do comportamento. Mas em vez disso a pessoa é rotulada de "PACIENTE GRAVE", PACIENTE PSIQUIÁTRICO GRAVE. (Ninguém merece!)

Ou seja, a pessoa acaba dessocializada, perdendo mais ainda sua vida social, já que ela é um "paciente grave", que é apenas tolerado na sociedade. É, mais ou menos, visto como um bicho.

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura, jamás

Vamos ver: veterinários conseguem controlar o comportamento dos animais, educando-os, e chegam a ensinar os donos de animais de estimação a controlá-los também. Terapeutas conseguem controlar o comportamento de crianças levadas. A SuperNanny, é um exemplo. Ela controla as crianças e ensina os pais a manter o controle.

Claro que as táticas dessa pedagoga Cris Poli (SuperNanny) e desses veterinários são assustadoras. Me lembram o Hitler e o Mussolini... Mas, francamente, é melhor que entupir uma pessoa de drogas, ou jogá-la num canto.

Quem me dera se para me imobilizar no surto eles me acertassem com um dardo tranquilizante, como fazem com os leões. É mais discreto. É menos violento. Seria mais agradável que ser agarrado pelo pescoço e ser intimidado por gritos ameaçadores e tomar uma injeção a força.

O que eu quero dizer é que os terapeutas em saúde mental poderiam desenvolver técnicas para ressocializar as pessoas através do comportamento. Ou seja, buscando alertar e conscientizar a pessoa sobre sua conduta na sociedade. Reeducá-la. Impor limites, como diz a SuperNanny.

E deveria haver terapeutas preparados para ENSINAR os familiares a conviver com os pacientes psiquiátricos mais problemáticos. Assim não haveria a necessidade de mandá-los para o CAPS ou para a internação por não suportá-los. Como a SuperNanny ensina os pais a lidarem com os filhos. Mas tem que endurecer sem perder a ternura, é claro. Como diz Che Guevara.

E é claro, ajudar a pessoa a se reinserir na sociedade, não apenas segurá-la.

16.10.09

Paciente psiquiátrico ou ex-paciente psiquiátrico?

Me preocupa o crescente número de pessoas se declarando PACIENTE PSIQUIÁTRICO com orgulho. É que paciente psiquiátrico na verdade é quem está internado num hospital psiquiátrico, e não quem está em tratamento ambulatorial. E, lógico, não é motivo de orgulho.

O nome deste blog é PACIENTE PSIQUIÁTRICO por um trocadilho, um jogo de palavras, como eu já disse inúmeras vezes. Eu sou PACIENTE PSIQUIÁTRICO, pois tenho PACIÊNCIA. Paciência, inclusive, para aguentar ser chamado de paciente o tempo todo no CAPS.

É chato e desagradável ver que os profissionais que lá trabalham aparentemente desconhecem a história da saúde mental no mundo, desconhecem a história do estigma. É chato ver que nossos governantes não se preocuparam muito com a formação desses profissionais. Do contrário não chamariam usuários de CAPS de pacientes. Eu até entendo que um psiquiatra, numa consulta, chame um usuário, cliente do CAPS, de paciente.

Numa consulta é normal a gente ser paciente de um psiquiatra, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional... mas o perigo é quando a gente vira paciente da enfermeira, do copeiro, do faxineiro, do segurança, do pedreiro que vem fazer obra no CAPS, enfim, o problema é quando TODO MUNDO ESTÁ CHAMANDO A GENTE DE PACIENTE indiscriminadamente. Esse pessoal nem dá consulta para gente. Aí virou bagunça. (NOTA: é claro não é apropriado psiquiatras e terapeutas chamarem a gente de paciente fora de uma consulta. Lugar e momento de chamar de paciente é nas consultas.)

Mas o problema é que o CAPS é um CENTRO DE CONVÍVIO. As pessoas não fazem consultas o tempo todo. Elas convivem lá o tempo todo, e num tempo menor fazem consultas. Se o objetivo é RESSOCIALIZAR o melhor seria evitar de chamar as pessoas de PACIENTES o tempo todo, já que esses usuários de CAPS passam grande parte de seu tempo nos CAPS. (Se não a maior parte do tempo.)

E se essas pessoas são chamadas de pacientes no lugar que deveria RESSOCIALIZAR realmente elas estão sendo condenadas a viver no hospício para sempre, pois quando esses profissionais DESQUALIFICADOS chamam as pessoas de pacientes psiquiátricos o tempo todo eles estão praticamente dizendo "você é doente, está INTERNADO no hospital por isso", e CAPS não é hospital, nem internação. Ou não deveria ser.

Por isso existem certos usuários no CAPS que vivem pedindo ALTA. Os profissionais do CAPS dizem para a pessoa que ela não está internada. Mas a pessoa continua pedindo alta. Se ela não está internada, por que é chamada de paciente o tempo todo? Por isso o ambiente parece uma internação. Infelizmente. Se a maior parte de seu tempo você é chamado de paciente você está internado, caramba!

Em resumo, você que segue um tratamento psiquiátrico não é PACIENTE PSIQUIÁTRICO o tempo todo. Era quando estava INTERNADO. É quando está fazendo uma consulta. Observe que fora do hospital psiquiátrico Austregésilo Carrano se auto-denominava EX-PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Assim como outros ativistas dos movimentos de usuários (consumidores) de saúde mental. (Movimentos dos EUA, já que no Brasil tais movimentos infelizmente inexistem, como já disse anteriormente.)

Para você profissional de saúde mental que tem interesse em se preparar um pouco mais eu sugiro que leia CANTO DOS MALDITOS, de Austregésilo Carrano e O MOVIMENTO DE USUÁRIOS EM SAÚDE MENTAL DOS ESTADOS UNIDOS, de Richard Weingarten, só pra começar.

P.S.: Eu não pretendia fazer uma postagem sobre esse tema, queria fazer apenas uma nota breve. Mas esse assunto dá pano pra manga.

Nota sobre o CAPS Rubens Corrêa

Algo que eu não comentei aqui é que, contrariando todas minhas espectativas, a administradora e a nutricionista do CAPS que iam sair do serviço por ordem dos políticos da saúde mental acabaram ficando no serviço.

Isso provavelmente graças ao abaixo assinado feito pelos usuários. Isso muito me surpreendeu, pois nunca levei esses políticos da saúde mental a sério. E essa atitude deles foi um sinal de seriedade.

Isso também mostrou que eles estão dispostos a ouvir os usuários, pelo menos em parte. Se ao menos nós usuários de saúde mental, EX-pacientes psiquiátricos, nos organizássemos... nos informássemos...

Claro que aparentemente esses políticos de saúde mental parece que ficam felizes com a nossa desinformação. Já que eles não fazem nenhum esforço para informar os usuários sobre seus direitos. Assim nós não reclamamos, e logo eles não precisam fazer nada.

No momento o CAPS Rubens Corrêa está passando por obras, e os trincos foram colocados nas portas dos banheiros, além de outras obras, como pintura e outros serviços de manutenção. E apesar do péssimo hábito de chamar a gente de PACIENTE, a equipe de profissionais está bem entrosada.

O pessoal que trabalha na faxina, na cozinha, na segurança, estão todos tratando bem aos usuários. Assim como os psicólogos, enfermeiros, etc. Claro que falta psiquiatra no CAPS. Mas por mim tudo bem. Se for pra vir um psiquiatra COMETA melhor que não venha ninguém.

Quanto às oficinas eu devo sempre lembrar que é bom que a nutricionista e a administradora tenham continuado trabalhando no CAPS, já que elas coordenam uma oficina de grande importância que é a oficina de sexualidade.

Ultimamente tenho participado da oficina de futebol, coordenada por uma psicóloga. Até tivemos um jogo contra o CAPS de Bangu, e conseguimos arrancar um ótimo resultado: perdemos só de 10 a 3. Ãh, pode ter certeza que eu sou o maior perna-de-pau do time.

O único problema do futebol é que nos treinos uns estagiários participam para completar o time, e tem uns psicólogos que deixam até pernas-de-pau como eu fazer gol. Acho que é uma terapia para a gente se sentir melhor...

PAZ E LIBERDADE.

10.10.09

Pesquisa: Algumas pessoas saram do transtorno bipolar

Deborah Mitchell

Os sintomas do transtorno bipolar geralmente começam durante o início da fase adulta, e especialistas acreditavam que durariam toda a vida. Mas uma nova pesquisa indica que quase metade das pessoas que são diagnosticadas com transtorno bipolar entre as idades de 18 e 25 podem sarar da condição quando chegam aos 30 anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental (National Institute of Mental Health), o transtorno bipolar caracteriza-se por graves e estranhas mudanças no humor, energia, níveis de atividade e na habilidade de fazer as tarefas do dia-a-dia. Também conhecida doença maníaco-depressiva, o transtorno bipolar pode ser difícil de diagnosticar, pois os sintomas parecem problemas diferentes em vez de parte de uma síndrome.

Pesquisadores da Universidade de Missouri analisaram os resultados de duas grandes pesquisas nacionais e descobriram que há diferenças significantes na prevalência do transtorno bipolar ao passo que a pessoa fica mais velha. Os investigadores descobriram que 5.5 a 6.2 por cento das pessoas entre as idades de 18 e 24 tem transtorno bipolar [sic], mas a prevalência cai para cerca de 3 por cento em pessoas com mais de 29 anos de idade.

Um possível motivo para a mudança, de acordo com Kenneth J. Sher, professor no Departamento de Ciências Psicológicas (Department of Psychological Sciences) e co-autor do estudo, poderia ser o estresse associado as mudanças da vida e as expectativas sociais experimentadas por jovens adultos que estão entre 18 e 24 anos.

De acordo com a Mayo Clinic, outras causas possíveis incluem mudanças bioquímicas. Estudos em imagiologia mostraram que pessoas que têm transtorno bipolar têm algumas mudanças físicas no cérebro, apesar de a significância dessas mudanças ainda ser desconhecida. Hormônios podem influenciar também. Genética também pode ser um fator, já que a condição acontece em famílias.

Se os reultados desse estudo estiverem corretos, muitas pessoas que têm transtorno bipolar poderão aguardar o dia em que eles não precisarão mais tomar as medicações que geralmente são necessárias para controlar a doença. Antidepressivos, estabilizadores de humor, medicações para controlar as crises, e vários ansiolíticos e antipsicóticos são prescritos, e alguns pacientes precisam de mais que uma droga para controlar seus sintomas de maneira adequada. São muitos os efeitos colaterais. Antipsicóticos aumentam o risco de diabetes, pressão alta e obesidade, enquanto que estabilizadores de humor são perigosos para mulheres que estão grávidas ou amamentando.

Fontes:
Mayo Clinic
Instituto Nacional de Saúde Mental (National Institute of Mental Health)
Setor de notícias da Universidade de Missouri (University of Missouri news bureau, Sept. 29)


Veja a notícia no artigo original em inglês: siga o link Some People Outgrow Bipolar Disorder

E veja mais em Estudo diz que grande porcentagem dos casos de transtorno bipolar saram naturalmente aos trinta.

Realmente é muito satisfatório ver que os psiquiatras que gostam de prescrever psicotrópicos estão ficando cada vez mais sem chão.

5.10.09

Pessoas mortas por descaso em hospitais psiquiátricos - Por que isso não aparece em reportagens?

Observando as investidas da Globo no tema saúde mental, a Record não quis ficar atrás e começou a investir também. Já não é de hoje que podemos observar o tema DOENÇA MENTAL sendo abordado nas novelas da Record.

Tenho que admitir que eles tem abordado o tema até melhor que a Globo. (Aqueles que detestam a Record vão ficar paus da vida comigo, assim como aqueles profissionais de saúde mental com escrúpulos duvidosos que transformaram os hospitais psiquiátricos do Rio em set de filmagem.)

Por exemplo, passou na Record uma novela nada séria, e até ridícula, Os Mutantes. A novela era ridícula, mas eles abordaram o tema da depressão com seriedade. Falaram sobre necessidade de tratamento, sobre os sintomas, etc. O que não quer dizer que eu concorde com o que eles falaram da depressão e da psiquiatria.

Apenas acho que eles não banalizaram a coisa. Como a Globo fez, ao mostrar um Tarso agressivo acima do normal da doença mental, dando tiro nas pessoas, e gerando mais estigma!!!!

A atual novela Poder Paralelo também aborda o tema. Também tem uma moça que sofre de depressão.

Além de abordar a temática nas novelas, a Record também tem feito uma série de reportagens sobre a situação dos pacientes psiquiátricos no Brasil. Mas infelizmente a Record é totalmente SENSACIONALISTA nessas reportagens.

Muito mais sensacionalista que as reportagens da Globo e do SBT (que de vez em quando também aborda o tema.)

Infelizmente as três emissoras de TV têm algo em comum: tanto a Globo, quanto a Record e o SBT retratam o paciente psiquiátrico como alguém incapaz de pensar racionalmente, e que só delira, e de vez em quando fala uma coisa racional. (Isso especialmente nas reportagens.)

No Repórter Record eles fizeram questão de mostrar dois pacientes HOMENS se beijando NA BOCA, no que eles chamaram de crise. Francamente, para que mostrar uma coisa constrangedora dessas? Não que seja constrangedor um homem beijar outro na boca, mas a forma que eles narraram a cena foi constrangedora.

Você pode ficar certo que na maioria dessas reportagens os pacientes psiquiátricos fizeram DENÚNCIAS contra psiquiatras, psicólogos e direção das instituições.

Mas infelizmente os repórteres evitam, cortam qualquer denúncia de usuários dos serviços de saúde mental. Quando o SBT foi fazer uma reportagem no CAPS Rubens Corrêa a repórter e o câmeraman presenciaram a diretora chamando um usuário do CAPS de fdp e mandando tomar no c. e, é claro, não publicou nem uma nota sobre isso.

Se o usuário de saúde mental foi xingado, é claro que ele estava errado e mereceu. Pra que lembrar disso? (Eu estou sendo irônico, pô!)

Como a imprensa nos vê dessa forma, fazemos denúncias que não são publicadas. Há casos sérios de mortes covardes, irresponsabilidades de diretores e profissionais de hospitais psiquiátricos que são comentados pelos usuários de saúde mental do Rio de Janeiro. Irregularidades que aconteceram no Instituto Philippe Pinel, no Nise da Silveira, e até no CPRJ.

Eu frequento encontros de usuários de saúde mental e escuto essas queixas o tempo todo. Mas eles iam mostrar usuários falando de mortes acontecidas em hospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro na novelinha da Globo? Claro que não!!!!

Iam mostrar essas denúncias nas reportagens? Claro que não!!! Nós somos os agressivos da história. Nós é que matamos, damos tiros nas pessoas... (Estou sendo irônico de novo!!!)

Novela: homem homossexual não resiste a mulher

Como já devo ter deixado claro, esse é um blog que apoia a livre escolha da sexualidade, ou seja quem quer ser homossexual, que seja, quem quer ser gay que seja. Mas acredito que quem quer ser heterossexual (depois de ser homossexual) também deve ter sua vontade respeitada, sem preconceito.

Por isso deixo o cena da excelente novela Caras e Bocas, onde um homossexual, ou ex-homossexual (depende de seu ponto de vista) se apaixona por uma mulher. Não acompanho a novela, mas acho que os dois já devem ter se casado. Meus parabéns a Walcyr Carrasco, pois geralmente a Globo mostra homossexuais que não tem nada ver com nada. (Apesar desse ex-gay ser meio estereotipado. Onde já se viu ex-gay chamar homem de bofe e mulher de perua? E quanta frescura!!!) Parece que quer apenas agradar o movimento gay. (Assim como a novela Caminho das Índias parecia querer agradar os psiquiatras e cia.) Claro que o movimento gay não gostou muito disso. (Veja mais sobre isso na página Walcyr carrasco defende o personagem ex-gay.) Mas fazer o quê? Todos têm o direito de escolher sua sexualidade. É uma pena que alguns grupos queiram IMPOR sexualidade às pessoas, dizendo que quem nasce homossexual morre homossexual.

Movimento gay, com todo respeito e consideração: por esse tipo de comportamento algumas pessoas estão começando a usar o termo heterofobia para descrever quem quer que as pessoas permaneçam gay.

Em tempo: tempos atrás recebi um e-mail de um representante do movimento gay reclamando de algumas das informações que coloquei aqui sobre a perseguição a psicóloga Rozangela Rufino que promove terapia para ajudar quem não quer ser homossexual. Acabei não respondendo ao e-mail dele, não por indelicadeza,já que até apreciei muito o contato que ele fez. É que ele mandou o e-mail para meu MSN, que eu geralmente uso para MENSAGENS INSTANTÂNEAS, e raramente para ver e-mail.

De qualquer forma,apenas copiei a notícia do Yahoo, e realmente não pretendia ofender ninguém em particular. Pessoalmente sempre apreciei o movimento gay, inclusive já participei de reuniões do grupo, apenas acho que ultimamente esse movimento tem estado um pouco radical. Só isso.

E Para terminar gostaria de deixar uma bela piada de "viado". (Desculpe o termo ofensivo). :) Do humorista Espanta! Não é uma piada homófoba, de jeito nenhum, mas não é aconselhável para crianças. (De acordo com nossos padrões morais. Apesar de só conter palavrões.) Quer dizer, a piada usa uns termos que podem ser considerados ofensivos, mas conheço muitos homossexuais que aceitam esses termos sem problema.

2.10.09

Novidade: Hospitais psiquiátricos do Rio em abandono - Diz jornal

Deu em O Globo sobre o abandono dos hospícios, quer dizer, dos hospitais psiquiátricos Instituto Nise da Silveira, Instituto Philippe Pinel e Colônia Juliano Moreira.

Foi mostrado coisas com as quais já estamos acostumados nos hospitais psiquiátricos, como sujeira, banheiros quebrados, coisas comuns, sinais do abandono com o qual estamos acostumados.

Veja o resumo das reportagens em Deu no Globo: Hospitais psiquiátricos do Rio em agonia - O Globo, no blog de notícias Paciente Psiquiático. Ou diretamente em Hospitais psiquiátricos do Rio em agonia e As duas faces da Colônia Juliano Moreira - O Globo.

Naturalmente essas coisas vieram à tona por que um vereador decidiu fazer vistoria nesses hospícios, quer dizer, hospitais psiquiátricos. A Globo naturalmente já conhecia esse abandono, já que visitou e filmou o CPRJ e o Instituto Nise da Silveira para a novela Caminho das Índias.

Claro que na época em que a novela foi filmada o pessoal dos hospitais psiquiátricos deve ter combinado com a TV Globo de só deixá-los filmar se eles não revelassem o descaso dos hospitais.

Eu não estou brincando. Infelizmente esse tipo de coisa acontece com muita frequência. (Esse tipo de manobra deveria ser proibido, mas fazer o quê? Se eu der mole ainda sou processado por fazer esse tipo de comentário.)

Parece que esse pessoal da imprensa não tem a menor idéia da rotina de um hospício (que é elegantemente chamado de hospital psiquiátrico.) A repórter relatou "O funcionário do Nise relata que há brigas constantes por cigarro".

Hahaha! Pode ser novidade para quem não conhece a situação das instituições psiquiátricas brasileiras! Nos CAPS as pessoas disputam cigarro o TEMPO TODO!

E a repórter parecia querer chocar o leitor quando relatava sobre a moça que começou a fumar no hospital psiquiátrico. Fala sério!!

Como eu já relatei nesse blog VÁRIAS VEZES, não existe melhor lugar para começar a fumar do que em uma instituição psiquiátrica: tanto os CAPS, quanto hospitais psiquiátricos são locais de enfado e tédio.

Só não sei por que esse vereador nunca vem ver a situação dos CAPS, que na teoria são o símbolo da reforma psiquiátrica, na prática são esquecidos até quando se fala de esquecimento. Quando se fala das instituições esquecidas pelo governo, se esquece de falar dos CAPS.

Como estão os CAPS no momento?

Bem, os CAPS estão mais abandonados que nunca. Naturalmente muito mais abandonados que o Instituto Nise da Silveira a Colônia Juliano Moreira e o Instituto Philippe Pinel. Mas o problema é que os vereadores não fazem vistoria lá.

Profissionais dos CAPS estão desesperados, pois pagamentos estão atrasados, entre outras coisas. É lamentável ver poderosos como esse psiquiatra Edmar Oliveira pedindo demissão para se fazer de vítima. Doutor, pode ter certeza: eu comemoro seu pedido de demissão. Por pessoas como você que a gente está passando tanta dificuldade. Já que a maioria dos problemas mostrados nas reportagens estão aí há anos, e tipos como você fazem parecer que é uma coisa de momento, porque cortaram as verbas, blablabla.

(Dr. Edmar, você só aparece para a imprensa. nunca vi sua cara pessoalmente. Realmente espero que você não volte num cargo mais importante. Espero que esse não seja um golpe publicitário para ser promovido. Sinceramente espero que você não esteja pensando no cargo de ministro da saúde, secretário da saúde, ou algo parecido. Poupe a gente. Pois geralmente vocês, poderosos, são promovidos, e não demitidos.)

Eu posso desaprovar a psiquiatria e a psicologia e até estar decepcionado com a atuação desses profissionais, mas isso não quer dizer que eu aprove que eles sejam obrigados a trabalhar de graça, ou em péssimas condições de trabalho.

Meu CAPS Rubens Corrêa, por exemplo, simplesmente NÃO TEM PSIQUIATRAS. Não poderia haver melhor mostra da má gestão da saúde mental. Mas, pessoalmente, eu fico muito feliz que falte psiquiatra. Isso porque dessa forma aquelas pessoas viciadas em psiquiatra percebem que podem levar a vida sem eles.

E isso tem acontecido. As pessoas estão vivendo sem psiquiatra lá no CAPS. É o que eu sempre digo: o CAPS dá certo graças a interação dos próprios usuários. Os profissionais até ajudam, mas no fundo a maior ajuda que os usuários recebem é a ajuda vinda dos próprios companheiros usuários.

Quanto aos profissionais de saúde mental, eu acho que vocês deveriam considerar a possibilidade de fazer GREVE. É que muitos profissionais acabam descontando sua frustração nos usuários. E isso não é legal. Pensem pensem numa greve de meio período, com apoio de usuários de saúde mental.

29.9.09

Pesquisa: Infelizmente psiquiatras, psicólogos e cia não conseguem diferenciar quem é doente mental de quem está fingindo

São em lugares insanos - A experiência de Rosenhan

Se sanidade e insanidade existem, como podemos saber?

A questão não é caprichosa nem insana em si. Não importa o quanto estejamos convencidos de que podemos diferenciar o normal do anormal, a evidência deixa dúvidas. É bem comum, por exemplo, lermos sobre processos criminais em que grandes psiquiatras da defesa são confrontados por grandes psiquiatras da promotoria no processo sobre a sanidade do acusado.


Acima você vê o início do artigo do psicólogo David L. Rosenhan, On Being Sane In Insane Places.

A experiência de Rosenhan foi a seguinte: ele arrumou alguns voluntários para ir a um hospital psiquiátrico e dizer que ouvem vozes.

Detalhe 1: para o teste os voluntários estavam em perfeita saúde física e mental, é claro. Detalhe 2: os voluntários não eram atores, não senhor! Porém ao dizer que ouvem vozes, foram todos internados! Enquanto que os pacientes do hospital logo descobriram que os voluntários da pesquisa não tinham nenhuma doença mental, os profissionais do hospital os mantiveram internados por até 52 dias! Detalhe 3: uma vez internados, os voluntários disseram aos profissionais do hospital que não ouviam mais vozes e buscaram manter um comportamento NORMAL - apesar da tensão de ver pessoas sendo torturadas dia após dia.

Rosenhan fez uma pesquisa que simplesmente revelou aquilo que todos nós estamos cansados de saber, mas não queremos admitir. Apesar de sua ótima formação acadêmica, psiquiatras e psicólogos não estão preparados para determinar quem é doente mental ou não. Muito menos estão qualificados para dizer se uma doença mental é crônica ou não, já que sequer podem dizer, com certeza, se há uma doença mental.

O que não quer dizer que tais profissões devam ser invalidadas. Tais profissões podem servir para ajudar as pessoas a se sentir melhor com suas terapias, é claro, desde seja por vontade própria da pessoa, nunca a força, nem por coerção, nem ameaças do tipo "se você não tomar esse remedinho você pode ter uma crise gravíssima". É muito feio fazer ameaças!

Agradeço ao excelente blog do Rodolfo Araújo, que me indicou essa pesquisa através da postagem Experimentos em Psicologia - Rosenhan e o lado de fora do hospício.

Surgiu a Internet, o celular com câmera e GPS, o MP3, o MP4, MP5 etc, a clonagem, as pesquisas com células-tronco e a psiquiatria continua a mesma...

Quero chamar atenção para o fato que a pesquisa de Rosenhan foi feita em 1972. Antes que apareça alguém dizendo que a pesquisa é muito antiga e ultrapassada, blablabla, lembre-se que a psiquiatria é que é muito antiga e ultrapassada, já que não mudou nada desde essa pesquisa.

Aliás, mudou sim. Na década de 70 as pessoas conseguiam esconder medicação debaixo da língua (como podemos ver no livro do paciente psiquiátrico Carrano e nessa pesquisa) e cuspir depois. Na época em que eu fui internado (1999-2001) me mandavam levantar a língua, colocavam a medicação e se certificavam que eu realmente tinha engolido olhando bem na minha boca de uma maneira bem constrangedora. É... isso pode ser considerado um progresso.

Paciente psiquiátrico: é preciso primeiro ter orgulho próprio para depois ter orgulho louco

Quanto a luta dos usuários de saúde mental do Brasil, repito que toma um rumo bem estranho, e sempre manipulado. É aquele usuário que já não pensa por si, e repete máximas de psiquiatras e psicólogos como um papagaio. Eu tenho que aguentar esses usuários manipulados reivindicando "precisamos de psicotrópicos de última geração, seu vereador, precisamos de psicotrópicos modernos." Como é que vamos tomar psicotrópicos de última geração se sequer temos diagnósticos de última geração, sequer temos exames de última geração?

Esses usuários são meus amigos, mas, poxa, que são manipulados são. São levados no bico. Como poderia haver um "orgulho louco" no Brasil se os usuários dos serviços de saúde mental parece que nem tem orgulho próprio?

Parece que todos acreditam que é a medicação psicotrópica que os faz pensar, e sem tal medicação não são nada. Quem acha que só pensa RACIONALMENTE tomando drogas (medicação) realmente não tem orgulho próprio (já que seus pensamentos são movidos pela droga, acreditam que a droga é necessária para pensar direito). Veja bem: na doença mental a pessoa chega ao EXTREMO de pensar que se torna perigoso se não tomar a droga psicotrópica!!!

Se você não pensa, mas a droga pensa por você, me desculpe mas você não é nada, é menos que nada. Desculpe a franqueza. É triste ter que colocar isso. Viraram fantoches, zumbis. E aqueles que pensam que não precisam das drogas para viver têm medo de se manifestar.

Vão tentar comparar a doença mental às doenças crônicas. CUIDADO com essa comparação. As doenças crônicas foram diagnosticadas com exames laboratoriais objetivos, concretos, e não apenas por observação SUPERFICIAL. O médico não diz que você tem HIV só de olhar para você e fazer umas perguntas para seus familiares. Aliás, cuidado com isso.

Imagine se um médico olhasse para o paciente, fizesse algumas perguntas e já saísse dizendo "você tem diabetes. Tem uma doença crônica." É necessário exames LABORATORIAIS para diagnosticar.

A sua doença mental nem foi diagnosticada com clareza e já dizem que é uma doença crônica? Cuidado. Sua saúde mental é coisa séria. Não deixe que a manipulem assim.

Queremos continuar sendo diagnosticados a olho? Precisamos SIM é de EXAMES OBJETIVOS PARA DIAGNOSE DE DOENÇA MENTAL. Não adianta tomar psicotrópico de última geração sem sequer ter certeza da existência da doença mental (ou transtorno mental, ou sofrimento psíquico, sei lá, um dia a gente descobre o que é.)

Claro que falam de experimentos para descobrir os genes da esquizofrenia e de outros transtornos mentais. Se você parar para pensar um pouco verá como tal experimento nem é possível de ser feito. Por quê? Óbvio.

Você, paciente psiquiátrico, já deve ter tido seu diagnóstico mudado, não é verdade? O meu já foi. Eu conheço pessoas que já mudaram de diagnóstico 3 vezes!!! Se você for esperto já deve ter percebido o que quero dizer.

Ou você não pensou na possibilidade dos esforçados cientistas pegarem um paciente esquizofrênico para fazer pesquisa, chegar a conclusões fantásticas, apenas para mais tarde o paciente esquizofrênico ser promovido a portador do transtorno bipolar ou do transtorno obsessivo compulsivo? Ou melhor apenas para mais tarde descobrirem que o paciente estava com o diagnóstico errado, o que invalida a esforçada pesquisa. (Que era direcionado a um transtorno, que na verdade era outro! Que confusão!!!)

Em resumo: para se pesquisar genes de esquizofrenia e de outros dos chamados transtornos mentais primeiro precisam criar um exame de LABORATÓRIO para ver com objetividade o diagnóstico de alguém.

Digamos que você que teve uma crise diga "surtei mesmo, eu senti isso! Tenho certeza de minha doença mental!" Mas digamos que você é um daqueles que ficam anos sem surtos. Quem garante que você ainda tem a doença mental? Quem garante que você ainda é esquizofrênico, bipolar, ou sei lá? Ou você acha que o diagnóstico é um signo? Seria necessário um exame OBJETIVO para ver isso, não acha? A propósito, o diagnóstico não é um signo, é um ESTIGMA.

O diagnóstico deixa marcas para vida toda. Qualquer coisa que você faz ou diz depois do primeiro surto pode ser considerado sintoma da doença mental. Se você fica um pouco mais irritado: está em crise. Se você fica triste: está em crise. Enfim, depois do diagnóstico de psiquiatria sua vida VIRA UMA CRISE.

Vou ser curto e grosso: precisamos reivindicar EXAMES OBJETIVOS na psiquiatria. ISSO É O MAIS IMPORTANTE. E espero que os psiquiatras se conscientizem que devem reivindicar isso também. vamos trabalhar de maneira séria, né gente?

Dom Quixote da Luta Antimanicomial

Com base em tudo isso que eu tenho observado em termos de "Luta Antimanicomial" no Brasil, eu chego a conclusão que essa luta não chega a nenhum lugar. Quer dizer, podem conseguir coisas maravilhosas, como psicotrópicos de última geração ou passe livre de avião, mas coisa objetiva PARA A SAÚDE MENTAL dificilmente será conseguida.

Daí eu naturalmente não posso levar tal luta muito a sério. E sou obrigado a seguir meu caminho. Mas antes devo advertir usuários do que está acontecendo, perguntando por quanto tempo pretendemos seguir recebendo diagnoses a olho (como dizia Austregésilo Carrano), por quanto tempo vamos fechar os olhos para as peripécias das indústrias farmacêuticas?

Sou obrigado a largar o "tratamento", sob a justificativa de que não fui submetido a nenhum exame OBJETIVO, e parece ser meu direito fazer exames antes de seguir tratamentos. Claro que outros motivos me levam a essa decisão. Como a constatação de que esses psicotrópicos não tem efeito a longo prazo, enfim, não funcionam para nada depois de um tempo, e é claro, podem causar sérios danos a saúde. O único motivo que me manteve fazendo esse estranho tratamento foi minha luta política. Mas uma vez observando que a luta política é inútil, para que continuar?

Naturalmente minha luta política está no fim, mas não acabou ainda. Mas tem prazo para acabar. Acredito que no mais tardar em 2013 minha luta política estará finalizada. Neste ano, obviamente, eu vou parar de engolir comprimidos. Naturalmente 2013 é o último prazo. Eu pretendo finalizar minha MISSÃO (missão, uau, que poético) antes. A idéia é acabar em 2012.

O que seria essa luta política? Simplesmente uma luta pela inserção de novas formas de inclusão social dentro dos CAPS e instituições psiquiátricas em geral, ou seja, a implantação de cursos dentro dessas instituições para acabar com o tédio e gerar renda, lazer e interação.

Naturalmente publicarei online quando eu parar o "tratamento". Por que estou deixando isso aqui, antes? Simplesmente para evitar que quando, no futuro, eu disser que estou largando o "tratamento" algum psiquiatra venha dizer que estou em crise, como eles sempre fazem. Como estou divulgando por antecipação algo que farei no futuro eles não poderão se apoiar nisso. Enfim, isso é uma estratégia. Quando no futuro disserem que estou pensando em parar por não estar bem mostrarei o que escrevi anos antes. Bem, poderiam dizer que estou em crise agora, hehehe!

Observe que não aconselho ninguém a parar de tomar medicação do nada. Mas se você está há anos sem crises, considere essa possibilidade. Ou ao menos exija um EXAME OBJETIVO (de laboratório, por exemplo) que prove que você deve continuar tomando psicotrópicos para se garantir.

Claro que qualquer um que decide parar de tomar medicação tem que enfrentar uma guerra psicológica, uma guerra de nervos. Não é fácil. PORTANTO, CUIDADO. Philip Dawdy, o americano que parou de tomar medicação publicamente sofreu toda forma de pressão e PRECONCEITO. Diziam coisas do tipo "você vai surtar", etc. As pessoas não dão apoio. Impressionante.

Philip Dawdy é jornalista, e realmente é um exemplo para mim. E para todos nós brasileiros que estamos acovardados dizendo que parar de tomar medicação é muito perigoso.

O que é perigoso é receber diagnóstico sem exames objetivos. Perigoso é tomar medicação sem fazer nenhum exame laboratorial antes. (Você já deve estar cansado de tanto eu escrever isso!)

Há uma legião de americanos que pararam de tomar as "indispensáveis" medicações, e estão bem melhores. Veja os links dos blogs estrangeiros que eu coloco nesse blog, no fim da página. ABRA OS OLHOS, PELO AMOR DE DEUS!!!!

PAZ, e FÉ.