31.1.10

Complexo de Édipo

Uma vez mais recordemos o ponto de partida da lenda, que é o oráculo que profetiza a Laio que seu próprio filho o matará, e tomará por esposa a mãe.

Depois de escutar isto Laio ordena que perfurem os pés de seu filho recém-nascido – uma castração simbólica – e que o abandonem nas montanhas.

De tal modo o pai, ao abandonar o filho nas montanhas o impede acesso a sua mãe. A viagem ulterior de Édipo a Tebas é uma segunda representação de seu nascimento.

Uma vez mais seu pai o destroi no caminho, mas desta vez o filho o mata, não o conhecendo como tal, assim como um filho recém-nascido não conhece ainda seus pais.

Karl Abraham
Clinical Papers and Essays On Psycho-Analysis


Freud e seus discípulos e Édipo

Mais uma vez o blog PACIENTE PSIQUIÁTRICO fala de Freud e seu discípulo Karl Abraham.

Mais uma vez podemos observar uma clara obsessão pelo perverso na imaginação do discípulo de Freud. Fala de Édipo e o complexo. Interessante que na história de Édipo ele era um heroi fantástico. Freud e seus discípulos conseguiram transformá-lo num monstro.

Na história REAL de Édipo ele derrotou a Esfinge decifrando o tal enigma e matou o pai não porque queria pegar a mãe. Matou o pai numa luta justa, matou-o porque não o conhecia.

Casou com a mãe também por não conhecê-la, e não por perversão, como Freud e seus discípulos colocaram. Ele tinha sido abandonado nas montanhas bebê. Como ia reconhecer alguém?

O interessante nas perversões de Freud e seus discípulos é que eles dizem que quem fez a lenda também tinha os desejos que eles descrevem, ou seja, queria pegar a própria mãe.

Esse Freud é terrível. Que delírio! Como alguém consegue ver tanta perversidade na cultura de um povo?

Realmente Freud e seus discípulos só pensam em sexo...

Por isso deixo abaixo um cartum do Nani sobre obsessão por sexo.

Clique no cartum para vê-lo em tamanho ampliado.

Clique aqui no cartum para ampliá-lo

30.1.10

Francisco de Assis Pereira, O Maníaco do Parque

Acho que todos mais velhos lembram do Maníaco do Parque. Um homem considerado super-inteligente.

O interessante é que ele conquistava as mulheres com tamanha facilidade que chega a me deixar espantado. Abaixo deixo uma reportagem que a Rede Record fez.



Impressionante ver que, depois de todo mundo saber que o cara matou mais de 6 mulheres, a mulherada corre atrás dele na prisão, pedindo uma chance.

As mulheres, em geral, precisam mudar sua maneira, pois do jeito que está, parece que mulher gosta de bandido. Diante de trabalhadores elas bancam as difíceis.

Ou talvez porque trabalhador está tão preocupado com trabalho que não tem cabeça para criar mundinhos imaginários que agradam as mulheres.

Fontes como a Wikipédia dizem que hoje ele diz que é do bem. Ele diz que o diabo cometeu os crimes por ele no passado. Ele tem até uma namorada que joga a própria vida fora para defendê-lo.

IMPRESSIONANTE

Havia um artigo interessante sobre o Maníaco do Parque na página de um blog que não existe mais, o blog CARAS COMO EU: http://www.carascomoeu.com.br/2009/04/ate-o-maniaco-do-parque-pega-mulher.html. Lá havia uma crônica falando da forma que as mulheres preferem assassinos estupradores a babacas trabalhadores como eu.

Problemas na infância fizeram que Francisco se transformasse no Maníaco do Parque

De acordo com a Wikipédia, Francisco de Assis Pereira teve traumas sexuais na infância, como a maioria dos "Seriais Killer", uma tia materna o teria molestado sexualmente na infância e com isso ele teria desenvolvido uma fixação em seios. Tadinho. Que sofrimento... uma tia o molestou. (Como se isso não fosse uma fantasia sexual de muitos.)

Já adulto um patrão o teria seduzido o que levou ao interesse por relações homossexuais. Um patrão o seduziu???? Ah, fala sério.

E uma gótica teria quase arrancado seu pênis com uma mordida, diz a Wikipédia. Dai ele desenvolveu um medo de perder o pênis.

Além disso, a ocorrência de uma desilusão amorosa marcou sua vida. Antes dos crimes ele também mostrou seu outro lado, Thayná, um travesti com quem viveu por mais de um ano, constantemente apanhava de Francisco recebendo socos no estômago e tapas no rosto, exatamente como algumas das mulheres que sobreviveram relataram.

Por conta da “gótica” citada anteriormente ele sentia dor durante o ato sexual, segundo fontes e teses a impossibilidade do prazer é que fez de Francisco o famoso “Maníaco do Parque”.

Sabemos que quem escreveu essas teses foram psiquiatras, buscando justificar a malícia.

Na boa. Os traumas sexuais do Maníaco do Parque dariam muita alegria a muita gente. Ele foi seduzido pelo patrão ou o patrão o ajudou a descobrir seu lado gay?

Tá na cara que ele procurou uma gótica por ter esse tipo de fantasia sexual. Ele deve ter gostado da mordida. Mas ao ser pressionado por psiquiatras ele tinha que arrumar uma desculpa. E como já sabemos que ele era bom de lábia, não seria difícil confundir os psiquiatras.

Nenhum menino considera INVASÃO o "abuso sexual" feito por uma mulher. Muito pelo contrário...

Abusado pela tia???? Pô, não vou nem comentar.

Só queria chamar atenção mais uma vez para o fato dos psiquiatras tentarem ligar a MALÍCIA desse Francisco a doença mental.

E como sempre tem um religioso para salvar o mundo, o Maníaco do Parque decidiu justificar sua malícia dizendo que o diabo fez por ele.

Mas esse Francisco Assis Pereira dá pano pra manga.

Mesmo se o diabo tivesse REALMENTE falado no ouvido dele, não justificaria. Aí ele dá a desculpa que O DIABO TOMOU O CORPO DELE E FEZ MALDADE POR ELE. Talvez seja possível isso acontecer.

Mas se acontecesse isso com ele, ele teria medo dele mesmo. Nunca mais ia querer sair da cadeia. Mas o problema é que ele e a mulher dele estão tentando arrumar recursos para livrá-lo.

Opa!! Há um psiquiatra americano chamado Michael Stone que ganha dinheiro explorando esses casos trágicos. Ele colocou Francisco Assis Pereira no topo da "Escala do Mal". Bela forma de ganhar uma grana, né doutor Michael Stone?

Esse psiquiatra Michael Stone ganha uma boa grana com um programa de televisão, Most Evil. Lá ele derrama suas teorias preconceituosas, ligando todo tipo de crime a doença mental.

PRECONCEITUOSAS SIM. Que exame objetivo ele fez para considerar a malícia dos criminosos doença mental? Que experiência ele teve como doente mental?

Veja mais sobre esse Michael Stone na Wikipédia em inglês.

Crime é problema da polícia. Por que psiquiatra tem que se meter nisso?

29.1.10

João Acácio Pereira da Costa - Bandido da Luz Vermelha - Paciente Psiquiátrico

Publicado originalmente em 29 de janeiro de 2010 e atualizado em 09 de agosto de 2012.
Bem, sabemos pela Wikipédia e outras fontes que João Acácio ficou órfão com apenas quatro anos. Chegou ao estado de São Paulo ainda na adolescência, fugindo dos furtos que praticava em Santa Catarina. Foi morar em Santos, onde se dizia filho de fazendeiros e bom moço. OK.

O problema é que a Wikipédia não fala que o Bandido da Luz Vermelha era considerado um paciente psiquiátrico. COMETIA SEUS CRIMES POR ESTAR DOENTE, segundo alguns psiquiatras.

Clique na imagem para vê-la em tamanho ampliado.

Fontes dizem que ele era bem espertinho: levava uma vida pacata em Santos, onde morava, praticando seus crimes em São Paulo e voltando LIVRE DE QUALQUER CULPA para Santos. Sua preferência era mansões.

Seu estilo próprio de cometer os crimes (sempre nas últimas horas da madrugada, cortando a energia da casa, usando um lenço para cobrir o rosto e carregando uma lanterna com bocal vermelho) chamou a atenção da imprensa, que o apelidou de "Bandido da Luz Vermelha", em referência ao notório criminoso estadunidense Caryl Chessman, que tinha o mesmo apelido.

Gastava o dinheiro obtido com os assaltos com mulheres e boates. A polícia levou seis anos para identificá-lo, conseguindo identificá-lo após ele deixar suas impressões digitais na janela de uma mansão.

Como que alguém desequilibrado pode ter TANTO EQUILIBRIO para tramar tudo isso? E para quem estava sofrendo com a doença mental até que ele usava muito bem o dinheiro.

Veja, abaixo um vídeo que fala do bandido da luz vermelha e outros assassinos frios. Vale notar que o psiquiatra forense Guido Palomba parece discordar que João Acácio Pereira da costa tenha alguma doença mental. Aparentemente o doutor Guido Palomba tem a mesma opinião que eu: o que move esses assassinos psicopatas, "serial killers", é pura MALDADE.



28.1.10

O CAPS é para servir os usuários de saúde mental ou os técnicos? - Últimos informes

Pra começar vou falar um pouco do CAPS Rubens Corrêa, que fica em Irajá, Rio de Janeiro, onde frequento.

Como havia dito antes, os funcionários estão se saindo bem no trato com os usuários, os ex-pacientes psiquiátricos e pacientes psiquiátricos.

Considero funcionários desde do psicólogo até o faxineiro, ou seja, quem trabalha no CAPS.

Porém estamos com falta de psiquiatras, que eu imagino devem chegar já. Já que a direção disse que logo deve ter ao menos um psiquiatra, já que até a última vez que estive lá no grupo de referência não havia NEM UM psiquiatra. E já faz tempo que não tem nenhum psiquiatra.

Apesar do bom entrosamento da equipe, ainda temos uns probleminhas chatos, que atrapalham a livre expressão:

Praticamente acabaram com os quadros de aviso no CAPS, ou seja, usuários podiam colocar avisos em quadros, mas agora esses quadros de aviso praticamente não existem mais.

Infelizmente estão preenchidos com coisas que só interessam aos técnicos. Coisas que deveriam estar afixadas na sala dos técnicos estão em quadros de aviso. Afixaram nos quadros de aviso, por exemplo, "DESACATAR FUNCIONÁRIO PÚBLICO É CRIME."

Naturalmente deveriam afixar isso na sala dos técnicos. No quadro de avisos deveriam estar ORIENTAÇÕES para os usuários.

Esse aviso "DESACATAR FUNCIONÁRIO PÚBLICO" parece mais uma ameaça. E uma ameaça bem covarde, diga-se de passagem.

No quadro de avisos deveria estar, por exemplo, leis que falam dos DIREITOS DOS USUÁRIOS DE SAÚDE MENTAL, e não leis sobre os direitos dos técnicos.

Afinal, o CAPS é para os usuários de saúde mental ou para os técnicos, funcionários?

É chato também ver que alguns funcionários do CAPS, apesar de estarem progredindo, ainda se mostram IRRESPONSÁVEIS.

Por exemplo, a chave da sala de computadores sumiu, e o responsável não aparece para explicar como aconteceu. É claro que a chave não foi embora sozinha. Realmente é triste se deparar com tamanha irresponsabilidade. Mas isso não é grave.

No passado eu falava da importância de ter uma assembleia SÉRIA no CAPS. Hoje em dia eu já estou consciente que não seria fácil fazer isso, pois não interessa aos técnicos.

Infelizmente a assembleia do CAPS continua sendo uma oficina e eu já não tenho interesse em mudar isso. Nem reclamo mais. Para quê?

Nota: falar desses coisas com os técnicos não seria possível. Apesar dos grandes progressos, eles ainda estão muitos fechados a conversa.

Vai demorar um tempo para que eles aprendam a conversar em vez de dar consulta.

Vai demorar um pouco para que aprendam a ver o momento certo de dar consulta.

Vai demorar para que aprendam que às vezes as pessoas querem conversar, e não serem consultadas. Há momento para tudo, mesmo num CAPS.

Vai demorar um pouco para que eles aprendam a TOMAR NOTAS das reclamações, e não debater e tentar fazer a cabeça de quem reclama.

Quanto a mim...

No momento eu estou TRABALHANDO MUITO, e mal consigo entrar na Internet. Por isso pode ser que eu demore a responder mensagens, comentários e emails.

Na verdade essa postagem poderia ficar IMENSA de notas, mas infelizmente, não tenho mais tempo.

Até a próxima.

PAZ

27.1.10

Homem vendia drogas por estar doente mental POR ISSO FOI EXECUTADO INJUSTAMENTE

De nada serviram os pedidos de clemência desesperados de parentes, as negociações do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e as alegações dos advogados de que o réu sofria de problemas mentais. O governo chinês aplicou a pena máxima no cidadão britânico de 53 anos Akmal Shaikh, executando-o por tráfico de drogas.

Bem, acima você o início da notícia que passou n'O Globo Online no dia 29 de dezembro de 2009.

Enfim, queriam libertar o traficante alegando que ele traficou drogas por estar em surto. Queriam fazer a justiça da China acreditar que o cara traficou por estar doente mental.

francamente. Você acredita que alguém ia ter a frieza de traficar drogas estando em surto?

Até o bandido da luz vermelha foi considerado PACIENTE PSIQUIÁTRICO. Alguns psiquiatras dizem que ele cometeu aqueles assaltos tão bem planejados por NÃO ESTAR pensando direito por causa da doença mental.

Tanto que assim que julgaram que ele estava apto psicologicamente tiraram-no da cadeia...

26.1.10

Psiquiatra admite: laudos malfeitos estão devolvendo às ruas assassinos perigosos e irrecuperáveis

O médico Guido Palomba dedica-se há 32 anos à psiquiatria forense, ramo que avalia a sanidade mental de pessoas envolvidas em processos judiciais. No seu consultório, em São Paulo, mantém mais de dez mil laudos conservados em encadernações. Muitos deles orientaram juízes a determinar o destino de criminosos de alta periculosidade.

Recentemente, Palomba, 57 anos, foi chamado por alguns magistrados para conferir a qualidade de pareceres criminais assinados nos últimos tempos. Ficou estarrecido com os erros grosseiros que encontrou. Mas só concluiu que a psiquiatria forense chegou ao fundo do poço ao tomar conhecimento do parecer de Roberto Aparecido Cardoso, o Champinha, que, em 2003, aos 16 anos, estuprou e assassinou a estudante Liana Friedenbach, um crime que chocou o País.

Pelo documento, o jovem poderia retornar à sociedade caso fosse acolhido por uma boa família, pois assim não voltaria a cometer delitos bárbaros. Ele sustenta, no entanto, que Champinha — que pode ser solto em novembro — é irrecuperável. Diante de posições tão díspares, o Conselho Regional de Medicina abriu sindicância para apurar o que houve. “Se um médico esquece uma gaze no abdome do paciente, pode até perder o registro. Alguns laudos equivalem a isso”, afirma Palomba...


Você pode ver o artigo completo na página do site PSIQUIATRIA GERAL. Lá você poderá ver também a entrevista do psiquiatra Guido Palomba. (Que eu tinha apelidado de psiquiatra exibido, hehehe!)

Nesta semana estarei publicando alguns artigos sobre pacientes psiquiátricos criminosos. E como alguns psiquiatras estão soltando esses criminosos, alegando que eles cometeram seus crimes por causa da "doença mental".

Claro que esses psiquiatras não têm nenhuma CURA para fazer esses criminosos pararem de cometer crimes.

Poderiam SIM aplicar uma tática preventiva para garantir que alguém que já cometeu crimes bárbaros (e muitas vezes em série) não volte a cometer. Essa tática preventiva seria monitoração DIA E NOITE.

Mas que autoridade ia querer fazer essa monitoração? Daí que quando criminosos saem da cadeia sob o pretexto de ser paciente psiquiátrico, voltam a cometer crimes. E crimes piores. CRIMES MAIS BÁRBAROS AINDA.

Quero lembrar também que, as manchetes policiais já nos provaram várias vezes que psiquiatras NÃO CONSEGUEM descobrir com suas técnicas se uma pessoa que já cometeu crimes não representará mais perigo para a sociedade.

Mesmo porque não há nenhum exame técnico COMPROVADAMENTE objetivo que comprove o grau de um desequilíbrio mental.

Na verdade o que estarei fazendo é refrescar a memória das pessoas.

E alertando para o fato que, muitas vezes psiquiatras E ADVOGADOS tentam justificar certos crimes dizendo que a pessoa cometeu o crime por causa de doença mental.

Qualquer criminoso pode ser paciente psiquiátrico. Mas nem todo paciente psiquiátrico pode ser criminoso.

Enfim, existem pacientes psiquiátricos de grande caráter. E que não cometem crime nem sob o pior dos surtos do mundo.

25.1.10

OS CASARÕES - Capítulo 6 (Relato: Como os "loucos" se comportam no hospício)

OS CASARÕES



OS PERSONAGENS DO CENTRO PSIQUIÁTRICO
- CAPÍTULO 6


Prestes a sair do centro psiquiátrico D. Pedro II, Estêvão pensa nas pessoas que conheceu lá dentro... ele estava numa casa de loucos. Antes daquela primeira internação a imagem que era passada para ele era de que numa casa de loucos não havia coerência, em absoluto. Ele imaginava pessoas gritando o tempo todo, gente pensando ser Napoleão Bonaparte, gente pensando ser Cristo... ou seja, um festival de doidos rodando de um lado para o outro dizendo bobagem.

Porém chegando lá ele se deparou com uma realidade muito diferente. Havia pessoas delirantes, mas a maioria das pessoas tinha sentimentos, tinha objetivos, tinha sonhos e, acima de tudo, sabia do que acontecia ao seu redor. Logo, num hospício não se mantinha pura e simplesmente loucos inconscientes, mas também pessoas recuperadas que já deveriam estar em casa há muito tempo. E ele pensa nessas pessoas...


João Batista
João Batista era uma figura alta e magra. De olhos verdes. Era uma figura altamente comunicativa, foi um dos primeiros a estabelecer contato com Estevão. “Tudo na santa paz de Deus?”, dizia ele, sorridente, enquanto fumava seu cigarro fumacento. Ele costumava despertar Estevão de manhã para tomar remédio: “Estevão, remédio. Tomar remédio.” Era o revolucionário da fila do café: “tô com fome, quero tomar café!” dizia, enquanto batia na portinhola onde serviam o café da manhã. Tinha uma namorada lá dentro. Porém um certo dia ele ficou “chato”: “João Batista, você tá chato pra caramba. Vou chamar os caras da contenção para amarrar você se você não parar de encher o saco. ” como ele não parou de “encher o saco” acabou sendo amarrado.

Estevão via que eles chamavam de “encher o saco” o ato de ir perguntar coisas a eles, pedir coisas, ou seja, eles esperavam que os pacientes ficassem paradinhos, quietinhos, sem dar trabalho para eles. João Batista mal podia acreditar que eles estavam realmente amarrando. Era difícil de acreditar que se amarraria uma pessoa por tão pouco. Mas depois João Batista ficou quietinho, do jeito que os enfermeiros gostavam.

Catarina
Catarina era loira, linda e dizia que gostaria de receber alta e voltar para o convívio de seu marido e de seu filho. Dizia que já não sabia mais o que fazer, pois queria não ter mais essas crises. Dizia que o marido era muito bonzinho, amoroso e tolerante. Uma das moças que trabalhava lá disse que a epilepsia, se tratada corretamente, pode ser curada totalmente, sem deixar vestígios, portanto ela não precisava se desesperar.

Estêvão pensava no amor que essa mulher tinha por um homem que covardemente a tinha internado para não ter que aguentar as dificuldades que ele teria que enfrentar com as crises da mulher. Estêvão sabia que crises de epilepsia podiam ser controladas, e epilépticos tem crises solitárias, que só poderiam causar danos a quem buscasse interferir de forma errada. Porém, o marido pensou primeiro no próprio bem-estar e conveniência. Quando ele viu aquela bela mulher pela primeira vez ele pensou que fosse perfeita, não era. Eram impressionantes a cegueira da mulher e a indiferença do homem.

Alice
O que Alice queria fazer mesmo era agitar. Não era amarrada talvez porque nada pedia aos enfermeiros, portanto não enchia o saco deles. Ela gostava de pular, dar cambalhotas... fazer exercícios o tempo todo. Era uma mulher de meia idade. Falava rápido, mas de maneira compreensível e, apesar da agitação, não era delirante, muito menos violenta...

Sidney
Sidney era um amante da leitura de jornais. Quieto, tranquilo... ele não reclamava de nada... como ele não reclamava acabaram se esquecendo da alta dele. Ele ficou lá internado umas duas semanas além do tempo que tinha sido preestabelecido.

Márcia
Márcia era branca, não era feia, mas a falta dos dentes da frente lhe estragava a aparência. Ela buscava mostrar firmeza, mas não se acostumava a idéia de ter sido internada: “me colocaram aqui por engano, eu não sou doida para ter que ficar junto com esses malucos.”, dizia ela às psicólogas, chorando.

Paulo e Ricardo
Paulo e Ricardo eram amigos inseparáveis lá dentro. Conversavam sobre vários assuntos, filosofavam... No início Estêvão fantasiava que Ricardo fosse seu pai.

Dona Dolores
E de repente surgiu no Centro Psiquiátrico D. Pedro II uma senhora que avaliava todo mundo: “Você está bem mesmo, meu filho? Tem que ter fé em Deus, hein?” Ela ia avaliando os pacientes um a um, sempre falando de Deus e cantando: “♫Glória, glória e aleluia! Glória, glória e aleluia! Vencendo em Jesus!♫♫♫” era uma católica ferrenha que enchia os pacientes de esperança com mensagens da Santíssima Maria, mãe de Deus. Ela buscava levar mensagens de fé para vítimas da doença mental, como Estêvão. Ela dizia: “Não se preocupe. Você logo sairá daqui. É só ter fé na nossa mãe, Maria. Tem que se apegar a ela, mesmo.”

Ela seguia sempre com a mesma música e as mesmas mensagens cheias de encorajamento. “Eu estou aqui para levar a mensagem da Santa Maria para essa gente sofredora. Esse é meu trabalho. Eu vou visitando todos os hospitais, para ajudar as pessoas a vencer a doença.” Porém, quando conversava com uma estagiária, Estêvão veio a perguntar sobre a função de Dona Dolores: “Ora, ela está aqui se tratando, como você!”, respondeu a moça.

Explicação do capítulo 6 de OS CASARÕES


É fácil entender o objetivo deste capítulo. É mostrar os pacientes psiquiátricos como pessoas. Pacientes psiquiátricos como pessoas NORMAIS, e não como seres que agridem. O capítulo busca mostrar que os pacientes psiquiátricos são pessoas, e que não deliram o tempo todo, e que quando falam, na maioria da vezes, sabem o que dizem. Pois quando estão ruins mesmo sequer conseguem pronunciar as palavras direito.

Os pacientes psiquiátricos não são perigosos como alguns tentam fazer acreditar. Até existem pacientes psiquiátricos violentos, mas existem mais pessoas "NORMAIS" violentas que pacientes psiquiátricos. Isso é o que diz várias pesquisas.

O ser humano por si só é violento. E na verdade, nos pacientes psiquiátricos encontramos as pessoas menos violentas. Essa é a verdade.

Mas uma vez esse capítulo chama a atenção para a intolerância dos profissionais de saúde mental, que amarravam os pacientes psiquiátricos pelos motivos mais fúteis.

Aqueles profissionais de saúde mental não admitiam que os pacientes psiquiátricos os chateassem.

Naturalmente esses profissionais de saúde mental agiam assim por falta de preparo para lidar com pacientes psiquiátricos e POR FALTA DE FISCALIZAÇÃO.

O capítulo também fala da discriminação que alguns pacientes psiquiátricos têm contra si mesmos. Ao ponto de dizer "Eu não tinha que ficar aqui no meio desse bando de malucos." (Pois mesmo se tal pessoa não tivesse sido afetada com doença mental, ela deveria aprender a respeitar os pacientes psiquiátricos, principalmente por conviver com eles.)

E também chama a atenção para a indiferença de alguns familiares, maridos, namorados, etc. para com seus parentes, etc., os internando por própria conveniência, para não ter trabalho.

24.1.10

OS CASARÕES - Capítulo 5 (Relato: O louco fala uma língua, o doutor outra)

OS CASARÕES




IRMÃOS GÊMEOS - CAPÍTULO 5


Ele nem percebeu quando foi levado da emergência do hospital para outra “ala”. A confusão em sua mente crescia sem parar. Ninguém queria falar com ele, exceto um carinha. O rapaz falava com dificuldade, então Estêvão tinha problemas para entender. “Famo cher tranferido!” Ele sempre atraía Estevão para as janelas, de onde eles podiam ver o pátio com o grande movimento de ida e vinda de ambulâncias. O rapaz estava sempre dizendo para o Estevão: “Famo cher tranferido!”. Estêvão só dizia que não podia entender.

Apesar de Estevão estar num delírio crescente, o rapaz insistia tanto que Estevão acabou entendendo que ele estava tentando dizer “vamos ser transferidos!”. Naquele momento Estêvão estava tentando encontrar alguma explicação que não era dada pelo pessoal de branco lá. Então ele fantasiava que estava no céu, cercado de anjos de branco, pessoas superiores, perfumadas, que não falavam com pecadores sujos como ele. Talvez ele estivesse numa maternidade e fosse o espírito de um bebê que estava para nascer. Opções convenientes e agradáveis. Paliativos.

Quando o cara dizia “vamos ser transferidos” Estevão pensava “será que vamos nascer? Será que vamos ser transferidos para um mundo de seres iguais? Um mundo onde todos falam com todos, sem diferença?” Sua mente insistia na teoria de que ele e o rapaz eram espíritos de bebês prestes a nascer. Talvez fossem nascer como irmãos gêmeos. Neste lugar ninguém falava com ele, ninguém o considerava humano. Com exceção do rapaz, claro. O cara quase o trazia de volta a realidade quando dizia “temos que falar com fulano de tal sobre nossa transferência.”

O cara o levava para alguma porta e dizia: “temos que esperar por fulano de tal.” O cara andava de um lado para o outro com as mãos nas costas, e Estêvão, como uma sombra, imitava cada gesto. Mas eles nunca falaram com ninguém. O pessoal de branco os ignorava. Estêvão falava com o rapaz e o rapaz falava com Estêvão. Um com o outro, o outro com um.

Estêvão pensava: “esse cara fala enrolado. Talvez ele seja de outro país. Talvez esteja tentando falar português. Mas talvez eu seja do país dele! Deve ser por isso que ninguém quer falar com a gente! Então Estevão começou a falar com o rapaz em inglês. O rapaz sorria, intrigado, tentava esquivar e por fim tentar levar Estêvão para as janelas para ver as ambulâncias indo e vindo, talvez efetuando alguma transferência. Um dia o rapaz tentou arrastar estevão mais uma vez, dizendo: “vamos ser transferidos agora!” Mas Estêvão se recusou a seguí-lo. Não importa o que aconteceu, mas desde aquele momento Estevão nunca mais viu o rapaz.

Explicação do capítulo - O louco fala uma língua, o doutor outra

Este capítulo insiste no fato que um tratamento indiferente enlouquece mais ainda as pessoas. Por fim, chama a atenção para o fato que quando um paciente psiquiátrico tentava falar com o psiquiatra era sempre ignorado, como se fosse invisível. Como se o paciente psiquiátrico falasse uma língua que o doutor sequer pudesse entender.

23.1.10

Cuidando da sua saúde mental: PSIQUIATRA NÃO É DENTISTA!

Ainda bem que, só são submetidos a esses estigmas nojentos aos quais pacientes psiquiátricos são submetidos as pessoas que tem HISTÓRICO DE DOENÇA MENTAL.

Você entende o que eu digo? Quem recebe HISTÓRICO DE DOENÇA MENTAL sofreu um surto grave que foi registrado por um psiquiatra. Não saia por aí visitando psiquiatra para ver se tem doença mental. NÃO VÁ ESTRAGAR SUA VIDA.

PSIQUIATRA NÃO É DENTISTA!! Ele não vai fazer nenhum exame conclusivo para ver se tem algo de errado com você como os dentistas fazem. Portanto não é a mesma coisa que ir ao dentista, onde você pode descobrir se há algo de errado com a raiz de seu dente, pois os dentistas usam RAIO-X.

NADA DISSO EXISTE NA PSIQUIATRIA!! Muito menos no SUS!! Apesar de já existir alguns recursos avançados nas clínicas particulares de psiquiatria.

Portanto eu tenho nojo de campanhas que aconselham as pessoas a procurarem psiquiatras para “ver se não tem nada de errado com sua saúde mental”.

Você corre o risco de receber um diagnóstico E UMA RECEITA quando nem é necessário.

Portanto, se você acha que tem algo de errado com sua saúde mental, procure um psicólogo. Nem todas as pessoas se dão bem em tratamento com psicólogos. Algumas pessoas gostam do BLA BLA BLA, mas nem todas.

Se não gostar de psicólogos procure uma terapia alternativa, como Shiatsu ou Yoga. Pode ter certeza que vai ajudar bastante. Vai ajudar você a relaxar. Isso vai ajudar sua saúde mental, sem dúvida.

Procure interagir mais com pessoas que fazem tratamento psiquiátrico, participar de reuniões políticas de saúde mental com usuários, tudo isso por si servirá de terapia.

Deixe psiquiatra para última alternativa.

E procure um psiquiatra que use métodos alternativos, como psiquiatria ortomolecular ou homeopatia, DEIXANDO CLARO que você quer se sentir melhor com um tratamento, e não ser estigmatizado pelo resto da vida com o pseudo-diagnóstico de uma “doença crônica” da saúde mental. Claro, que nem sempre todo mundo tem dinheiro para pagar um tratamento alternativo.

Sem querer desvalorizar o trabalho dos psiquiatras, mas parece que tem muito psiquiatra que ao ver um paciente quer logo colocar um diagnóstico, como se isso fosse mais importante que ajudar a pessoa a levar uma vida melhor.

NOTA: se você quer adquirir drogas pesadas com efeitos alucinógenos bem bacanas, e LEGALMENTE, procure um psiquiatra tradicional do SUS, e boa sorte. Facilmente você vai conseguir um diagnóstico. (Não há nenhum exame para ver se você realmente é “doente mental”, não na saúde pública) E aí você vai receber drogas gratuitas PELO RESTO DE SUA VIDA!!! Uau! Para quem gosta de drogas, o que poderia ser melhor? (Eu estou sendo irônico aqui, OK? DROGA é uma DROGA! Não aconselho.)

Claro que você deve saber que essas drogas são muito perigosas, apesar do prazer que proporcionam.

Falando sério: meu conselho é sempre EVITE DROGAS.

E mais uma vez: psicotrópicos também são drogas.

22.1.10

A DIFÍCIL VIDA DE QUEM É ROTULADO DOENTE MENTAL

Mas depois de ser rotulada como doente mental a pessoa fica numa situação complicada. A partir de então ela não pode se alegrar demais, como as pessoas normais fazem. Pois vão dizer que ela está com MANIA, está “doente”.

Se a pessoa tropeçar e o dedão doer ela vai ter que fingir que não está doendo, pois se ela chorar de dor vão dizer que ela está deprimida e é bem capaz de alguém interná-la.

Não vou nem mencionar o fato de que esse ex-paciente psiquiátrico não pode discordar de nada que dizem. Ex-paciente psiquiátrico não pode contrariar seus CUIDADORES e familiares.

Pois dizem que DISCORDAR demais é sintoma de doença mental. (Pode dar uma olhada nos sintomas do transtorno bipolar, se duvida.)

Em resumo, a vida da pessoa passa a ser limitada. A vida da pessoa passa a ser reprimida. Isso para não falar das pessoas que tinham o hábito de beber e usar outras drogas ilícitas.

Há psiquiatras que dizem que ex-pacientes psiquiátricos em tratamento não podem beber, muito menos usar drogas.

Aliás, nem é preciso dizer que droga é considerado “socialmente inaceitável”.

Ora, a pessoa foi diagnosticada como bipolar ou esquizofrênica, e não como alcoólatra.

Até o prazer da pessoa é reprimido dessa forma.

Naturalmente não aconselho ninguém a ingerir bebidas alcoólicas ou drogas, pois, apesar de trazer prazer, também causam uma série de problemas. Se a pessoa não for controlada ao ingerir tais substâncias pode inclusive trazer complicações MENTAIS.

A minha preocupação aqui é com aqueles que sempre foram moderados ao ingerir álcool ou drogas ilícitas. Naturalmente sou a favor da liberação das drogas ilícitas, mas não aconselho ninguém a usá-las.

A questão é que quem deve decidir isso é a própria pessoa, sem pressão externa.

Claro que, nem todos os psiquiatras impõem essa restrição aos prazeres da droga e da bebida, prazeres que, com certeza, poderiam ser substituídos por outros.

(Talvez preencher os locais de tratamento com outras opções prazerosas pudesse afastar as pessoas das drogas ilícitas de maneira mais eficiente que reprimir ou ameaçar.)

E graças a Deus, nem todos os ex-pacientes psiquiátricos seguem essa restrição, pois sabem que isso não passa de mais uma das várias regras da psiquiatria e da saúde mental, que não têm fundamento científico.

Muitos ex-pacientes psiquiátricos são muito bem-educados, e esfregam na cara dos profissionais de saúde repressores que NÃO HÁ NENHUM RISCO em beber e tomando o medicamento que eles tomam, e comparam as fórmulas, etc.

Outros que não sabem tanto apenas interrompem a medicação no dia em que bebem.

Outros simplesmente bebem, sem se preocupar com essas crenças.

Não importa o que você decida fazer, apenas seja prudente, e não se deixe levar pelas repressões da psiquiatria.

Na verdade, geralmente os ex-pacientes psiquiátricos que bebem e usam suas drogas como antes de serem pacientes psiquiátricos interagem melhor socialmente, e logo levam uma vida melhor, têm menos crises do que aqueles que se submetem às repressões da psiquiatria.

NOTA: EU ESTOU FALANDO SÉRIO!!!!!

EU CONHEÇO MUITOS EX-PACIENTES PSIQUIÁTRICOS EM TRATAMENTO, TALVEZ MAIS QUE VOCÊ!!!

A PROPÓSITO, VOCÊ NÃO FAZ SEXO? NÃO É POR PRAZER, VOCÊ NÃO ESTÁ BUSCANDO PRAZER? ENTÃO PORQUE VOCÊ CONDENA TANTO QUEM USA DROGAS ILÍCITAS, QUE TAMBÉM ESTÁ BUSCANDO PRAZER, COMO VOCÊ?

Enfim, voltando ao assunto, a vida da pessoa é limitada mais pelos estigmas do que por doença. Já que, passada a crise, algumas pessoas NUNCA mais têm problemas com doença mental.

Claro que a cada vez que a pessoa contraria um profissional de saúde mental, discorda de alguma coisa, vão dizer que essa pessoa está doente mental.

Assim, como já disse, se a pessoa sentir dor de barriga e não conseguir esconder a insatisfação e dor, vão dizer que ela está doente mental. (Está triste, logo está doente mental, está deprimida.)

E se pessoa for flamenguista e ficar muito feliz com o Flamengo campeão depois de o Flamengo amargar mais de 15 anos sem título brasileiro ela corre o risco de ser internada por MANIA, euforia.

IMAGINE SE DECIDISSEM INTERNAR TODOS OS FLAMENGUISTAS???

Você imagina agora a loucura que é esses estigmas da psiquiatria?

21.1.10

Por que não? Sou BIPOLAR

Outro dia, ao fazer minha visita rotineira aos blogs diversos que falam sobre saúde mental, CAPS, etc., me deparei com o seguinte blog:

Por que não? Sou BIPOLAR

O blog de um ex-interno de hospício, um ex-paciente psiquiátrico que passou 17 anos de internação. (Só não explica se ele ficou excluso 17 anos no hospício ou se ele ficou tendo várias internações consecutivas nesse período de 17 anos.)

Ele diz “POR QUE NÃO? SOU BIPOLAR” Isso é positivo se ele quer reafirmar sua identidade, dizendo “Sou bipolar, e não é errado ser bipolar. É até legal.” Se for isso, bacana.

É bom ver pessoas que não aceitam os estigmas criados pela psiquiatria. O comportamento bipolar não é doença, nem é errado. “POR QUE NÃO? SOU BIPOLAR?”

Eu falei sobre a necessidade das pessoas pararem de aceitar que a psiquiatria diga que seu comportamento está errado e é doença.

(Como já disse antes, felizmente nem todos os psiquiatras se intrometem tanto na vida de seus pacientes.)

Talvez seja verdade que existam pessoas que alternam o humor. Ou seja, talvez seja verdade que existam pessoas que alternam o humor mais do que as outras. Talvez existam pessoas que vivam tendo altos e baixos no humor, ora estando alegres demais, ora estando tristes demais.

(Eu digo talvez, pois, como já mostrei aqui várias vezes (através de documentos) não há provas de que exista tal coisa. NÃO DE ACORDO COM A CIÊNCIA. E, de acordo com vários pesquisadores, entre os tais vários psiquiatras, é até absurdo dizer que haja.)

Mas não seria preconceito considerar esses comportamentos como doença? Não seria uma INTOLERÂNCIA considerar a grande euforia de alguém doença?

Não seria uma intolerância considerar a tristeza de alguém como doença?

Alguém vai dizer “Em exagero é doença sim”.

Mas não está claro que essa INTOLERÂNCIA já atingiu níveis de exagero? E que essa INTOLERÂNCIA poderia ser considerada DOENÇA?

A primeira vez que alguém é internado como doente mental talvez a pessoa tenha se comportado de maneira MUITO EXTRAVAGANTE. E NÃO APENAS EXTRAVAGANTE, mas totalmente fora de controle e visivelmente incapaz de interagir com o mundo exterior.

Além desse episódio EXTREMO ninguém poderia ser monitorado para não ter recaída. POIS ISSO É RIDÍCULO!! Pois essas monitorações são REPRESSORAS.

Do tipo: “o paciente psiquiátrico estava muito agitado.” Ele não pode? Talvez esteja feliz. “O paciente estava muito ansioso.” Ficar ansioso é crime por acaso? Não faz parte da vida?

Enfim, o “tratamento” oferecido por toda a vida para todos que passam pela experiência de paciente psiquiátrico nada mais é que uma repulsa ao comportamento daquele que é rotulado doente mental.

O que podemos considerar tratamento de verdade são as tentativas de incluir o indivíduo socialmente.

Ver o rotulado doente mental se comportando de certas formas causa repulsa a alguns. Muitos não gostam de ver o rotulado doente mental discordando, por exemplo, pois isso é “socialmente inaceitável”, como os livros de psiquiatria e psicologia dizem.

(Nota: insisto em dizer ROTULADO DOENTE MENTAL, pois doente se refere a dor, e se a pessoa não está sentindo dor, não está em surto, nem em crise, não poderia ser chamada de doente, por isso digo ROTULADO DOENTE MENTAL.)

Na verdade a maioria das coisas que agora são “socialmente inaceitáveis” para o ex-paciente psiquiátrico não eram antes. O mundo ficou mais exigente com ele.

Na verdade, as drogas dadas para o rotulado doente mental no fundo é uma forma de corrigir. Os brancos se assustaram ao ver o negro pela primeira vez. Sentiram repulsa ao diferente.

Sentiram repulsa da religião do negro, que era errada (de acordo com os brancos), por isso ensinaram ao negro a religião certa para ajudá-los.

Naturalmente a colonização foi há muito tempo atrás. Se fosse nos dias de hoje, com a tecnologia que nós temos, criariam uma droga para corrigir a cor errada do negro.

A mensagem que eu quero passar aqui é simples. Aprenda a aceitar.

Quem sente que a ansiedade está incomodando procura ajuda sozinho. Não precisa ser internado a força nem ser convencido que precisa de tratamento. Talvez precise ser ENCORAJADO a fazer tratamento. (Pois às vezes as pessoas podem querer fazer tratamento e estarem receosas.)

Portanto aprenda a aceitar. Não queira “tratar” ninguém porque não gosta do comportamento dele/a.

Lembre-se do que Raul Seixas disse: FAZ O QUE TU QUERES POIS É TUDO DA LEI!!!! Desde o que você quer fazer não fira, nem REPRIMA outras pessoas.

20.1.10

VISITAR JERUSALÉM CAUSA TRANSTORNO MENTAL EM ALGUMAS PESSOAS diz jornal

Ao chegar em Jerusalém muitos turistas acham que são personagens bíblicos. Um transtorno mental apelidado de SÍNDROME DE JERUSALÉM. É sobre isso que fala o artigo do jornal Folha Universal de novembro de 2009.

Enfim, simples visitantes de Jerusalém se tornam pacientes psiquiátricos devido ao fascínio do lugar.

Para ver a o artigo abaixo em tamanho ampliado, clique bem nele.

Clique na imagem para exibi-la em tamanho ampliado.

19.1.10

CURE-SE DA ESQUIZOFRENIA diz jornal do Racionalismo Cristão

Agora deixo para vocês parte do jornal A RAZÃO, jornal do Racionalismo Cristão. Esse artigo do jornal foi publicado em dezembro de 2009. A manchete é bem chamativa: CURE-SE DA ESQUIZOFRENIA.

Bem atraente.

Mas antes de tirar conclusões leia o artigo. Clique na imagem abaixo para ampliar. Leia.

Clique na imagem para ver a notícia ampliada.

Antes de mais nada, vamos afastar de nossas cabeças toda forma de intolerância religiosa.

A religião é super-importante na recuperação das pessoas que foram marcadas pela doença mental.

18.1.10

PACIENTE PSIQUIÁTRICA JOGA FILHO NA PAREDE Manchete

Expresso – Sexta-feira, 15 de janeiro de 2010



Uma mulher é acusada de jogar o próprio filho contra a parede na madrugada de anteontem em Guarulhos, São Paulo. A criança de um ano está internada em estado grave. A mãe foi em cana. A PM chegou quando várias pessoas tentavam linchar a jovem, de 23 anos.

A mulher explicou na delegacia que viu um homem com bota, capa preta e chifres, que disse que já tinha lhe tirado um filho e que agora levaria o outro. Segundo a dona de casa, o homem pegou o filho, o jogou na parede e depois a empurrou.

Segundo a avó da criança, a mulher apresenta problemas psicológicos e já chegou a sufocar o menino dormindo em cima dele. Na época, a avó tentou ficar com a guarda da criança, mas não teve sucesso.

A dona de casa deu a luz a gêmeos, mas uma das crianças morreu ainda no hospital. Médicos aconselharam a mulher a receber acompanhamento psicológico. Ao invés disso (EM VEZ DISSO), ela procurou centros espirituais.

Para o delegado que cuida do caso, a mulher inventou toda essa história do coisa ruim para não ser culpada por tentar matar o próprio filho.


Nesta semana eu estarei colocando aqui algumas manchetes em que pacientes psiquiátricos, ou pacientes psiquiátricos em potencial são manchetes.

Enfim, são manchetes de JORNAIS IMPRESSOS, os bons e velhos jornais de papel. Os jornais foram DIGITALIZADOS, "escaneados".

Nesta manchete uma suposta paciente psiquiátrica, uma mulher "com problemas psicológicos", joga o próprio bebê contra a parede. Ou SUPOSTAMENTE joga o bebê contra a parede, já que ela diz que foi um homem de chifres.

Bem, não sei o que aconteceu, mas sei que a coisa deve ser investigada seriamente. Afinal, nós não podemos ter certeza de que a mulher está mentindo só porque ela tem "problemas psicológicos".

Depois, se ela realmente cometeu esse crime, não dá para jogar a culpa nos "problemas psicológicos"...

17.1.10

OS CASARÕES - Capítulo 4 (Relato: um hospício, uma fábrica de ilusões)

OS CASARÕES



EMERGÊNCIA! - CAPÍTULO 4


Centro Psiquiátrico D. Pedro II. Um manicômio localizado numa tranqüila vizinhança chamada Engenho de Dentro. Ninguém tinha informado Estêvão dessas coisas. Ele leu nos cobertores. (E ele não estava delirando quando leu nos cobertores. Mandaram escrever tais dados nos cobertores, talvez como uma propaganda do manicômio!) Agora sua mente ia para algumas mesinhas, de manhãzinha. Ele mal podia ver as coisas ao seu redor. Ele via tudo num pálido bem forte. Ele não podia distinguir, definir nada. Daquele momento em diante ele não podia se lembrar de nenhum rosto, pois todas as imagens eram embaralhadas. Ele só podia se lembrar de vozes. Vozes violentas e agressivas. Gritando o tempo todo. Mas a gritaria vinha principalmente do pessoal que trabalhava lá.

Aquele era o começo da confusão. Ele não podia ver direito e além disso os funcionários de lá (enfermeiros, certamente) gritavam com os clientes o tempo todo. Eles gritavam “sente aqui, porra!” “Não pegue isso!” No momento em questão ele e seus companheiros eram levados para tomar café da manhã. Ele mal podia ver. Mal se aguentava de pé. Ele se sentia como se sua mente quisesse abandonar o corpo.

As vozes zuniam. Naquele momento ele ainda tinha consciência das coisas, ele ainda podia falar. Mas a equipe do manicômio não queria acreditar nisso. Tratavam Estêvão como se ele fosse irracional, inferior. Ele e seus companheiros não passavam de criaturas irracionais naquele lugar.

Se ele fosse para um lado eles gritavam “pare! Você não pode ir aí!” Ele não sabia onde estava e era enxotado o tempo todo. Já estava difícil para ele ver as coisas, não lhe davam espaço. Gritavam o tempo todo... logo Estêvão começava a dar lugar para as ilusões. Ninguém tinha explicado para ele o que estava acontecendo, então ele começou a fantasiar sua própria história em sua cabecinha... será que ele não estava morto, num limbo talvez? Mais tarde, bem mais tarde ele ficou sabendo que estava na emergência do “hospital”.

Explicação do capítulo 4: Um hospício, uma fábrica de ilusões

A ideia inicial deste capítulo é fácil de entender: mostrar a forma desumana em que profissionais de saúde mental estressados gritam com seus pacientes psiquiátricos, tratam-nos sem o merecido respeito e humanidade.

Depois há a menção da visão turva e as sensações estranhas. Efeito dos psicotrópicos, certamente. Mas uma vez há a menção ao fato desses profissionais imporem um "tratamento" e sequer explicar para seus pacientes o objetivo desse "tratamento".

Por fim, o capítulo busca mostrar o efeito contrário que esses hospícios causam: uma pessoa que não estava delirando passa a delirar devido ao tratamento indiferente oferecido nesses hospícios. Passa a mergulhar cada vez mais num mundo de ilusões.

16.1.10

OS CASARÕES - Capítulo 3 (Relato: "louco" entrando no hospício)

OS CASARÕES

MEMÓRIAS NAS MEMÓRIAS - CAPÍTULO 3


No começo ele não podia sequer se lembrar do momento em que o levavam pelo hospital, quando eles o tinham pego e o estavam levando para tratamento. De alguma forma aquelas memórias próximas tinham sido apagadas. Aquelas memórias de pouco tempo atrás começaram a tomar forma quando seu irmão Ezequias disse: “você estava muito agressivo.” Mas aquelas eram memórias isoladas. Memórias separadas. A palavra “agressivo” o fez se lembrar daquele momento. Ele estava sendo levado para uma maca. Ele estava totalmente amarrado. Suas roupas estavam encharcadas de sangue, logo seus maiores medos lhe cruzaram a mente.

Ele devia ter cometido alguma violência. Talvez ele tivesse matado alguém! Senão por que estaria amarrado como um animal e carregado como um saco de batatas? Ele sempre fora um excelente lutador, tinha noções de Kung Fu, Jiu Jitsu, Karate, técnicas de Ninja... Ele poderia facilmente matar uma pessoa. Durante toda sua vida ele tinha temido o dia em que ele viria a perder o controle. “Coloca ele lá!” Disse um dos homens. Eles jogaram-no na maca como um gari joga o pesado saco de lixo no caminhão, aliviado quando se livra do fardo desagradável e mal-cheiroso. Como sempre, houve uma pausa em sua memória.

A próxima coisa que ele se lembrou foi quando ele sentiu uma dorzinha na canela esquerda. Ele não sabia o que estava acontecendo, então ele começou a agitar as pernas para que a dor e o desconforto passassem. Então ele viu o homem de branco ( dessa vez ele não se lembrava do que acontecera momentos antes, mas sua mente não estava muito confusa, então ele sabia que eram doutores e enfermeiros).

O enfermeiro fez cara feia e resmungou para o bombeiro que estava ao seu lado: “tá vendo?” O bombeiro entendeu a mensagem e começou a gritar com extrema violência: “abaixe as pernas! Abaixe as pernas, vamos! Abaixe as pernas, porra!” Estêvão não queria apanhar, nem sofrer nenhuma violência, por isso ele abaixou a perna.

E também ele não queria que mais violência fosse gerada naquele dia. Ele podia se lembrar de seu nome, mas não tinha as lembranças dos últimos dias. E sua mente era como uma como Internet barata que toda hora caía, a todo momento era desconectada. A cada momento ele ficava mais confuso. A cada momento as coisas sumíam de sua mente.

Quando ele chegou lá ele ainda podia se lembrar de suas experiências com línguas. Ele planejava facilitar o aprendizado de línguas para ele e para o mundo. Uma de suas últimas lembranças era exatamente pesquisas a esse respeito. Mas, de repente, as pessoas a seu redor falavam enrolado. O passar do tempo trazia confusão, não clareza. As pessoas falavam enrolado, logo ele não sabia sequer em que país ele estava. Primeiro, porque ninguém falava com ele como se ele fosse gente.

Num momento ele tentou chamar um dos enfermeiros, que apenas riu dele e disse “ele tá doidão ainda”. Num certo momento o homem de branco exigiu: “Vamos! O que você fez, cara!? Diga, rápido!” Estevão só podia dizer “não sei!.. Eu não me lembro.” numa voz bem pequena, bem frágil. Então seu irmão disse: “ele não se lembra, ele tomou injeção a pouco.”Mas tarde ele perguntou de novo: “Onde estou?”, “você está no lugar certo.”, respondeu um dos homens de branco, dessa vez, gentilmente. Foi uma resposta indireta, então Estêvão tentou novamente: “ Eu tô no hospício?”, perguntou com dificuldade. “É um hospital.”, corrigiu o homem, como se fosse um professor. “Hospital..” repetiu Estevão, como se para não esquecer mais, porém num sotaque espanhol que chamou a atenção do homem de branco: “É assim que se fala? Fala direito, vamos. Hospital.” “Hospital.”

Em um outro momento ele via seus irmãos, Estefania e Ezequias, falarem de seus sintomas: “ele estava agressivo, dizia que era Deus.”. Porém nada era perguntado a ele. Era como se ele fosse surdo e mudo. Era como se ele não fosse uma pessoa. Sua mente voava. Se ele estava sendo ignorado daquele jeito, talvez ele não fosse adulto, como sempre fora. Talvez estivesse em uma outra encarnação e aqueles não fossem seus irmãos, mas sim seus pais. Pais que cuidavam de uma criança que não podia falar...

Explicação deste capítulo de OS CASARÕES


OS CASARÕES conta a história real de um doente mental entrando no hospício e como é a recepção e, na sequência,como é o "tratamento".

Este capítulo enfatiza como os familiares passam a chamar os pacientes psiquiátricos de acordo com a forma usada pelos profissionais de saúde mental. Estevão nunca tinha ouvido seu familiar usar o termo "agressivo". Parecia um termo fora da realidade daquela família. Pessoas da realidade cultural daquela família naturalmente diriam "Você estava batendo em todo mundo" ou "Você me bateu".

Mas a pergunta do profissional de saúde mental é fácil de adivinhar: "Ele estava agressivo?" E fácil deduzir também que esses profissionais INDUZEM os familiares a dizer certas coisas.

Retrata também como um paciente psiquiátrico não tem a menor voz nessa acolhida no hospício. E na parte clínica, chama mais uma vez atenção para o completo esquecimento do paciente psiquiátrico após o surto.

Também chama a atenção para o fato que, quando profissionais de saúde mental tentam passar uma ideia de que paciente psiquiátrico é violento ele acaba por confundir mais ainda a cabeça desse paciente psiquiátrico, que nunca verá a violência, que no fundo é puramente estigma.

Esse capítulo também dá uma nota sobre a forma indiferente que a equipe dos hospitais e bombeiros lidam com alguém que acabou de sofrer um surto. Chama atenção para a forma que eles gritam com pacientes psiquiátricos. Não só por violência, talvez. Mas talvez por acreditar que para um "maluco" entender é preciso gritar. Foi isso que um amigo me disse uma vez...

Por fim mostra como esses profissionais de saúde mental tentam acreditar e fazer com que outros acreditem que um hospício é um hospital. Sabemos que na linguagem popular, o lugar onde pessoas são isoladas e tratadas como descrito nesse capítulo se chama hospício.

Para ver os primeiros capítulos siga o link OS CASARÕES.

15.1.10

A história ignorada do Paciente Psiquiátrico

Antes de deixar o segundo capítulo da história verídica que conta a experiência de um paciente psiquiátrico no hospício, no hospital psiquiátrico, devo dizer que me chamaram no PROJAC, na Globo, maior rede de televisão do Brasil. Me chamaram para contar minha "história de superação".

Acho que não preciso dizer que eu fiquei sem saber o que dizer, já que não tenho nenhuma história de superação. Daí que chegou um momento que eu fiquei parado com cara de bobo sem saber o que dizer.

Na verdade o que eu tenho é uma HISTÓRIA DE OBSERVAÇÃO, ou seja eu VI uma história triste, uma forma de vida desoladora. Tive a tristeza de ver grande indiferença. O que eu vi é realmente fantástico, no sentido negativo, infelizmente. Pessoas vivendo como bichos dentro dos hospícios que são chamados de hospitais psiquiátricos. Na verdade bem pior do que bichos.

Mas, infelizmente, as pessoas não estão muito interessadas em saber o que realmente acontece com as pessoas submetidas a essas formas de tratamento. O que eu vi não interessaria a Rede Globo. Infelizmente as pessoas têm ignorado a história do paciente psiquiátrico no hospício. E eu espero ajudar a mudar isso.

Ao ler a história de Austregésilo Carrano, conhecido ex-paciente psiquiátrico, eu pensei "Carrano, você não viu nada".

E naturalmente eu não tive nenhuma grande superação. Nem sofri muito. Não comparado ao sofrimento que eu vi. Pessoas reduzidas a bichos.

A triste dor dos Pacientes Psiquiátricos no hospício

Pacientes psiquiátricos comendo lixo, e o que é pior, num lugar onde havia comida e não havia necessidade de se comer lixo.

Enfermeiros sentindo prazer em amarrar pessoas. Pessoas acostumadas a ser amarradas, chegando ao ponto de pedir para ser amarradas, e os enfermeiros, viciados em amarrar, amarravam com prazer.

Nem vou falar das agressões por parte de enfermeiros e auxiliares, já que tal agressões são esperadas, já que tais enfermeiros e auxiliares não sabiam como lidar com pacientes psiquiátricos, e infelizmente ainda não sabem, mas espero que isso mude.

Pessoas que nunca saíam do delírio sofrendo abuso sexual da parte dos próprios companheiros de internação. Pacientes psiquiátricos lúcidos que eram praticamente estuprados.

Com certeza eu vi pessoas se cagando e se mijando como Carrano descreveu eu seu livro Canto dos Malditos, mas comparado a outras coisa isso não era tão grave.

Como Carrano descreveu em seu livro, eu vi pessoas brigando por cigarro, como se suas vidas dependessem disso, mas isso, infelizmente eu continuo vendo nos CAPS.

Não ignore o sofrimento da doença mental

Com todo respeito a Carrano, eu vi pessoas passando por sofrimentos bem piores do que o tratamento de choque que ele descreve tanto no livro. Eletrochoque é considerado tratamento (ainda que controverso), pessoas comendo lixo enquanto deliram no hospício, não é. Ou pior: pessoas comendo lixo no hospício quando NÃO estão delirando.

E não pense que só porque a pessoa está perdida em alucinações a pessoa não sofre. Não seja indiferente para pensar assim. Olhe para as pessoas e tente ver a dor. Se esforçe um pouco.

Eu já estive lá e posso dizer para você que quem está perdido em delírios nem sempre está muito feliz por estar livre do mundo cheio de problemas. Não se iluda só porque a pessoa APARENTEMENTE está sorrindo. E nem sinta pena. Em vez disso, faça alguma coisa.

Tente se colocar no lugar daquele paciente psiquiátrico que delira

Se você tivesse a sensação de estar sendo observado por um zilhão de pessoas você ia entender o que eu estou dizendo. Ou se você visse as cenas mais invasivas do mundo, talvez entendesse. Ou se você não pudesse dizer quem é uma pessoa de verdade e quem é uma alucinação, quem sabe compreenderia. Eu poderia descrever outras formas de sofrimento psíquico piores, mas infelizmente são bem difíceis de colocar em palavras.

Queria deixar claro para quem desconhece a situação da doença mental que choque elétrico não é NADA comparado ao sofrimento psíquico. O que me dá raiva é que tem gente que acha que uma simples dor de dente é pior que sofrimento psíquico.

Há quem ache que uma experiência maravilhosa como o parto é a coisa mais dolorida do mundo. Não sei qual é a coisa mais dolorida do mundo, mas posso garantir que não é parto, nem dor de dente. Muito menos a dor da eletroconvulsoterapia (eletrochoque). Tanto que algumas pessoas agradecem por terem sido submetidos ao eletrochoque, que as livrou do terrível sofrimento psíquico. Daí a gente vê que tratamento de choque não doi tanto assim.

Quem fica doente mental não é fraco

Entenda uma coisa: nenhuma dor física pode ser comparada com a dor mental. Ninguém com doença mental é FRACO. Não seja infantil, não seja preconceituoso. Não pense que a pessoa apresentou doença mental por não ser capaz de enfrentar os problemas da vida. Não pense que a pessoa só queria escapar. ISSO NÃO É VERDADE. Isso é um preconceito.

Na verdade Carrano sentiu tanto o choque elétrico simplesmente porque FELIZMENTE não tinha experimentado nenhum sofrimento psíquico antes, de fato. (Eu digo FELIZMENTE porque levar um choque é bem melhor que sofrer certos sofrimentos psíquicos.) Ele não era doente mental, apesar que, depois do "tratamento" ele passou a apresentar várias complicações mentais e físicas.

É claro que devo deixar claro que há formas leves de sofrimento psíquico. Há formas leves de doença mental. Você talvez tenha experimentado uma forma leve de doença mental e por isso diga que eu estou errado. Mas o que me preocupa mais não é quem sentiu menos sofrimento psíquico que eu. O que me preocupa são aqueles que podem estar sofrendo bem além de minha imaginação, bem mais do que eu jamais poderia imaginar. Já que até onde posso ver, muitos pacientes psiquiátricos sofrem muito mais do que eu, sendo privados de uma vida, na verdade sendo privados mesmo de uma subvida.

OS CASARÕES



TÁBULA RASA - CAPÍTULO 2

No princípio havia caos e escuridão. É um tipo de renascimento. Ele está num lugar. Ele sequer sabe por que ele está lá. Ele está totalmente confuso. Nada sabe ele de sua própria descendência, ele nem sabe se está vivo ou morto. Não sabe se é homem ou mulher. Talvez ele não seja nem um, nem outro. Talvez ele seja um anjo. Ou um demônio... É um recomeço. É um tipo de renascimento, pois ele é uma tabula rasa novamente.

Como as pessoas falam com ele passa a conhecer o próprio nome. Seu nome é a abertura da grande porta de seu passado... Suas memórias eram de muito tempo atrás, mas talvez nem seja tanto tempo, afinal, ele tinha pouca noção do tempo. Ele mal sabia quando era dez horas da manhã ou três da tarde. Não lhe deixavam ver o sol.

A menção de seu nome tornou as memórias mais claras. As memórias que ele tinha eram obscuras, porém a lembrança de seu nome deu-lhe uma certa identidade. Essa identidade o ligou a outras pessoas fazendo que as outras memórias fluíssem com mais facilidade.

Daí ele passava a receber lembranças mais lúcidas. De sua infância, adolescência e do início de sua vida adulta. Ele não conseguia se lembrar de coisas recentes de sua vida. Suas lembranças paravam num certo ponto e havia uma estranha pausa nas memórias.

Algumas das pessoas de branco lhe perguntaram sobre sua família. Quantos irmãos e irmãs ele tinha? “Você tem pai?” eles o estavam testando. Ele hesitou, mas respondeu todas as perguntas.Ao passo que seus parentes iam visitá-lo, suas memórias retornavam. No princípio ele mal podia falar com eles. Era cansativo, difícil. Eles lhe proporcionaram memórias, pois eles diziam: “eu sou isso! Eu sou aquilo!” “eu fiz isso! Eu fiz aquilo! ”Houve um momento em que uma das moças bonitas que trabalhavam lá começou a perguntar sobre as crises do pessoal. “Por que você está internado?” “por que você está aqui?” Os internos que estavam com ele relatavam seus casos: “eu bati na minha mãe!” “eu quebrei minha casa inteirinha!” Quando ela virou para ele e perguntou sobre seu caso ele apenas encolheu os ombros e disse: “eu não tenho a menor idéia... o que aconteceu? Por que estou aqui? ” “você não se lembra do que fez? ” Ele sinalizou que não, se perguntando, cada vez mais, o que tinha acontecido? “Quando sua família vier visitar você, pergunte a eles.”Então, ansioso, ele aguardava a visita de sua família, para que lhe contassem a história dele. A história de sua crise.

Quando a família dele veio a mesma moça bonita o lembrou de perguntar sobre a crise. Então ele perguntou. Um de seus irmãos lhe disse: “você estava muito agressivo!” A menção de “agressivo” o levou a uma outra memória: ora, a canela dele estava no curativo. Era um sinal de agressão. Agressão dele? Bem, ele podia se lembrar do momento em que ele se arremessou em algo de vidro, provavelmente, ali sua imaginação voava: vidros se estilhaçavam, mas parecia que se dissolviam em água. De repente, ele se via na praia, se afogando, talvez. Mas seu irmão foi muito conciso, breve. Ele apenas disse: “Estêvão, você estava muito agressivo.” Nada mais do que isso. Então ele poderia ter cometido qualquer tipo de agressão, qualquer tipo de violência. Isso o estava consumindo por dentro. Ele tinha que saber o que ele tinha feito. Tinha sido coisa séria? Os grilos amontoavam.

Mais tarde duas das mulheres que trabalhavam lá conversavam sobre ele. Uma das mulheres era aquela que lhe tinha perguntado sobre sua história: “então você não se lembra como veio parar aqui?” Quando ele sinalizou que não ela continuou: “você se lembra de como machucou a canela? ” “sim.” “claro!”, ela disse sorrindo, “a gente sempre se lembra de dor. Quando dói, ah! Aí não dá pra esquecer!” Elas sorriram com certa ironia. Ele retornou o sorriso. Mas ele sabia que ele não se lembrava de nenhuma dor. Porque dor física não pode ser comparada a dor psíquica. Ele não se lembrava de dor na canela, mas se lembrava da dor dentro da cabeça. A verdadeira dor.

Explicação breve do capítulo 2 de Os Casarões

O capítulo tenta deixar claro a confusão mental causada no momento que a pessoa volta do surto. E mostra como é espantosa a forma que os cuidadores dessas instituições psiquiátricas trabalham com a ideia que a pessoa, o paciente psiquiátrico, foi agressivo. E, infelizmente podemos constatar que quando esses profissionais tratam as pessoas como autores de violências as pessoas se sentem culpadas e ficam traumatizadas.

Hoje em dia está claro que a população de pacientes psiquiátricos cometem menos violência que a população que não é de pacientes psiquiátricos. Várias pesquisas já provaram isso.

O capítulo tenta mostrar também que, os profissionais de saúde mental buscam mostrar para os pacientes psiquiátricos seus ERROS e ensiná-los a viver com ar de professor. Em vez de apoiá-los e ajudá-los a superar todo o sofrimento e confusão que passaram e estão passando no momento da internação.

O capítulo também deixa claro o tipo de pergunta mecânica que esses profissionais fazem aos familiares: "Ele estava agressivo." Daí vem uma resposta já sugestionada: "Sim, muito agressivo".

E por fim, o capítulo busca mostrar o quanto aqueles que trabalham em instituições psiquiátricas muitas vezes ignoram a dor dos pacientes chegando a ironizar essa dor.

Eu fico por aqui.

PAZ E LIBERDADE

14.1.10

Experiências de um Paciente Psiquiátrico no Hospício

Abaixo deixo o primeiro capítulo da história OS CASARÕES, que eu havia publicado num site, que fechou. NOVAMENTE republico, assim republicarei o segundo capítulo amanhã e assim por diante.

A história é verídica e mostra a forma que o PACIENTE PSIQUIÁTRICO vê a maneira que ele é tratado lá dentro.

Espero que eu tenha feito uma boa retratação.

Astregésilo Carrano escreveu O Canto dos Malditos, livro fala sobre eletrochoque, e sobre a depressão que a pessoa experimenta ao sair das internações, provavelmente causada pelos psicotrópicos tomados.

(Observe que a depressão pós internação é atípica, diferente das depressões comuns geralmente relatadas.

Carrano retratou muito bem a depressão pós internação, mas infelizmente sua obra deixou uma lacuna, que preencho em OS CASARÕES. Carrano não escreveu muito sobre as alucinações, e sobre certos efeitos que podem ser do transtorno mental, ou da medicação. Cabe a todos nós estudar para descobrir a verdade.

OS CASARÕES



CONTOS DO CASARÃO - CAPÍTULO 1

Tudo que ele sabe é que ele é um ser, e que ele está enclausurado em algum lugar. Onde ele está? Será que ele está sonhando? Não pode ser real! Tem todo esse pessoal vestido de branco. Porém aquele pessoal de branco mantém distância dele e de outros seres. O pessoal de branco é cheiroso, porém ele e os outros seres que eram mantidos longe do pessoal de branco cheiravam mal. Não podiam usar perfumes caros, às vezes mal podiam escovar os dentes! Estaria ele no Céu? No Purgatório? Ou no Inferno? Tem um homem que senta à uma mesa, uma mesa luxuosa. Mandam-no à sua sala e lá ele o observa. Será que ele (esse homem) é Deus (e está lá para julgar seus pecados)? Tem portas no lugar, daí ele chega à conclusão de que está numa casa. Quando ele olha pela janela ele vê que é um casarão, um prédio talvez. Mas ele só pode ter acesso a alguns quartos, limitado a andar em um corredor de cerca de 10 metros. Não deixam que ele se aproxime das portas. Daí ele conclui que está preso. Ele quer saber quem ele é. Ele não conhece ninguém lá.

Ele não conhecia ninguém lá, mas as pessoas o chamavam pelo nome. Isso o fez se lembrar de que ele tinha uma família. Aquilo não poderia ser Céu de jeito nenhum. Havia gente ruim lá. Mas ele ainda estava torcendo para que aquilo fosse um sonho. À noite, propositalmente, ele caía da cama, tentando acordar do pesadelo. Veio uma memória de sua infância. Ele costumava cair da cama de propósito para escapar dos pesadelos. Mas desta vez não funcionou. Logo ele leu em seus lençois: Centro Psiquiátrico D. Pedro II. Ele tinha que se render à realidade. Ele tinha sido internado. Num hospício.

Mas por quê? O que ele tinha feito? Será que ele já era doente mental antes de ser internado? Será que ele tinha sido doente durante toda sua vida? Talvez sua família tivesse escondendo isso dele toda sua vida. Para poupá-lo. Se ele era um doente mental ele não sabia o que fazia. Sua vida não passava de uma loucura. Droga! Ele deveria saber! As pessoas sempre diziam que ele era maluco! Mas ele não acreditava que estivessem falando sério. Achava que estivessem brincando.Então tudo que ele achava que ele sabia era ilusão. Em sua vida ele estava sempre errado. Puxa! Eles o tinham internado! Ele não sabia por que, mas estava claro! Ele é louco! Alguém o tinha colocado lá, mas ninguém tinha lhe explicado por quê. Ele teve de descobrir sozinho onde ele estava!

E trouxeram-lhe drogas e mandaram-no tomar. Ele disse que não estava sentindo nenhuma dor e que queria saber para que servia aquele remédio. Mandaram-no calar a boca e tomar senão eles iriam perder a paciência. Como ele não queria apanhar, obedeceu. Afinal, eles eram violentos. Naquele lugar as mulheres eram mais ou menos boazinhas. Ele percebeu que as mulheres de branco eram mais agradáveis do que os homens de branco. Às vezes as mulheres de branco deixavam que ele lanchasse mais de uma vez. Às vezes ele podia até pegar dois, três copos de mingau, de uma vez! Os homens de branco insultavam-no todo o tempo. Às vezes não deixavam que almoçasse ou jantasse.

Depois de um tempo ele compreendeu que ele estava preso num hospital psiquiátrico e que as pessoas vestidas de branco eram enfermeiros, doutores, etc. Mas no começo, quando ele sequer se lembrava de que tinha uma família ele achava que as mulheres de branco estavam lá para ensinar-lhe a viver, discipliná-lo, enquanto que os homens estavam lá para puni-lo, fazê-lo pagar por algum pecado.

Explicação breve do Capítulo 1 de OS CASARÕES

Cada capítulo de OS CASARÕES foi publicado para chamar atenção para certos pontos do chamado tratamento que precisam ser mudados para que haja um tratamento de verdade.

Mas infelizmente notei certa insenbilidade nas pessoas que leram os capítulos. Por isso vou explicar cada capítulo, começando pelo primeiro.

Nesse capítulo eu tento chamar a atenção para a necessidade que me parece óbvia: ao internar alguém em um hospital psiquiátrico, ala psiquiátrica, enfim, É NECESSÁRIO explicar para esse paciente psiquiátrico O PORQUÊ ele está sendo internado, o porque ele está sendo mantido preso.

Depois a equipe desse hospital deve explicar para a pessoa o que é um tratamento psiquiátrico e porquê a pessoa tomará psicotrópicos.

Lógico que o psiquiatra deve explicar para o paciente psiquiátrico em internação para que serve cada medicação.

Enfim, tento chamar a atenção que uma pessoa pode até ser obrigada a tomar uma droga. Mas ninguém deveria tomar nenhuma substância estranha sem que alguém explique o que é tal substância. Pois forçar alguém a tomar algo que a pessoa nem sabe o que é não é apenas violação dos direitos humanos (ninguém deve ser forçado a fazer nada), mas praticamente transforma a pessoa num prisioneiro que engole aquilo que seu carcereiro dá, já que um enfermeiro nesses casos não passa de um carcereiro.

antes alguém no mínimo deveria explicar para o paciente psiquiátrico para que serve cada droga. Claro que logo que a pessoa ficasse lúcida, podendo se comunicar a pessoa deveria poder optar se quer ou não continuar internada, depois de ser informada dos riscos que correria caso abandone a internação, e dos riscos que correria caso abandone o tratamento.

Isso não quer dizer que eu acredite que haja riscos. Em certos casos talvez não haja. Estou apenas falando do direito que um indivíduo deveria ter assegurado, e que AINDA não tem.

Hoje em dia a lei garante que a pessoa deve receber explicações sobre seu tratamento, mas isso não é respeitado nem nos CAPS, imagine em hospitais psiquiátricos onde as pessoas são internadas muitas vezes contra a vontade.

A lei avançou (apesar de não ser respeitada), mas mesmo assim as pessoas ainda são internadas a força com respaldo da lei.

Que ao menos a proposta da Reforma Psiquiátrica seja respeitada, a proposta que buscava tornar lei que ninguém fosse internado por mais de sete dias. Infelizmente isso não virou lei.

Além do mais eu tento mostrar a forma estúpida que os pacientes psiquiátricos são tratados: como se estivessem sendo disciplinados. E tento mostrar as consequências que isso traz: a pessoa fica retraída, se sentindo culpada, etc.

Em um lugar em que se busca recuperar as pessoas mentalmente não deveria haver nenhum tipo de repressão. Pois senão a coisa tem efeito contrário e causa problemas mentais.

Fico por aqui.

PAZ E LIBERDADE.

10.1.10

O que significa sonhar com barco - por Karl Abraham

Um de meus pacientes sonhou que estava viajando em um barco, que do mar entrou num canal. O barco avançou até uma espécie de marisma, e ali o sujeito se encontrou com um condutor que conduzia sua carruagem em direção oposta.

O barco e a carruagem são facilmente compreensíveis neste contexto como SÍMBOLOS GENITAIS MASCULINOS, o canal lamacento representa as entranhas da mãe, as entranhas da terra. Segundo a teoria infantil, a concepção e o nascimento têm lugar ali.

Extraído do livro Clinical Papers and Essays on Psycho-Analysis


Acima vemos a interpretação de um sonho com barco, pelo psicanalista Karl Abraham. Karl Abraham foi discípulo de Sigmund Freud. Coloquei isso aqui para mostrar as coisas doidas que muitos psiquiatras, psicólogos e psicanalistas imaginam.

Não quero provocar ninguém. É que eu já disse aqui que alguns psiquiatras precisam de mais ajuda que a maioria dos pacientes psiquiátricos. E eu me preocupo com eles. Sinceramente.

QUE TIPO DE MENTE DOENTIA CONSEGUE VER UM PÊNIS NUM SONHO DE UM BARCO?

Me desculpem se ofendo com esse meu termo.

Ao ler sobre esse sonho pela primeira vez eu imaginei tudo: quem sonha com um barco assim quer viajar para Veneza, ou talvez para o Amazonas...

Mas SÍMBOLOS GENITAIS MASCULINOS????

Sinceramente, esse Karl Abraham devia ver SÍMBOLOS GENITAIS MASCULINOS por toda parte. Ao dormir ele devia contar pênis, em vez de carneirinhos...

Mas falando sério... há muito tempo que tenho percebido que muitos psiquiatras e psicólogos e psicanalistas tinham grilos, problemas sérios, complicações que eles buscavam sanar se tornando psiquiatras, psicólogos, psicanalistas...

Claro que nem todos psiquiatras, etc. tem esses problemas.

Muitos psiquiatras e profissionais de saúde entram na profissão para ajudar a criar um mundo melhor, mas outros entram como uma forma de se entender, de se tratar. Eles sabem que têm algo muito estranho neles, mas não iam querer admitir. Iam querer se tornar psiquiatras, etc. em vez disso.

Se você é psiquiatra e tem esses problemas, por favor, não fique zangado comigo por falar disso aqui.

Para quem entra nessas profissões para se tratar só posso adiantar que não é o melhor caminho.

Mas nas postagens seguintes darei algumas dicas para ajudá-los a lidar com isso.

Sinceramente.

8.1.10

Paciente psiquiátrico mata um e ataca três (E mais estigma!..)

Um homem com problemas psiquiátricos matou uma pessoa e feriu outras três durante a madrugada desta sexta-feira (08) no bairro Joana D'arc, em Vitória.

Paulo César Dutra morreu após ser atingido com três facadas. Ele também tinha problemas mentais.

Os ataques aconteceram na casa de uma das funcionárias do abrigo onde as vítimas moravam.

Na noite desta quinta-feira (07) ela, que também foi esfaqueada, levou os internos para passar a noite na residência onde mora.

Segundo o delegado da Crimes Contra a Vida de Vitória, Orly Fraga Filho, o acusado foi detido e encaminhado ao DPJ da capital.

Segundo Orly Fraga, a funcionária do abrigo agiu de forma errada já que os internos estavam sob condições inadequadas, sem cuidados de um profissional da saúde.

As outras duas pessoas feridas, uma de 25 anos e outra de 78 também apresentam problemas mentais.

Elas foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha.


Fonte: Gazeta Online e O Globo.

Infelizmente a notícia acima fortalece o estigma. É que eles dão a notícia como se o paciente psiquiátrico tivesse matado por ser paciente psiquiátrico.

ESSA É UMA FORMA ESTIGMATIZADORA DE DAR A NOTÍCIA. O paciente psiquiátrico pode ter tido motivo real para matar. Que, é claro, eles não farão o menor esforço para pesquisar.

Na verdade, todas as classes da sociedade cometem crimes. Por diversas razões.

Por ciúme, por inveja, por dinheiro, por comida, por droga, etc.

Advogados cometem crimes, atores cometem crimes, políticos cometem crimes, e até repórteres cometem crimes. Por diversos motivos.

Porque um paciente psiquiátrico não poderia cometer?

Porque o crime que o paciente psiquiátrico cometeu tem que ser porque ele é paciente psiquiátrico?

5.1.10

Lidando com as alucinações

Aquela mãe contava como ela lidava com as alucinações do filho esquizofrênico. “Eu aprendi com os psicólogos e psiquiatras que a gente tem que dizer que vê o que um paciente com alucinações vê, mesmo quando a gente sabe que não há nada lá. Se não é pior.”

Eu queria perguntar-lhe, não seria melhor falar a verdade e ser franca com a pessoa? Pois algumas das alucinações que uma pessoa tem podem ser bem perigosas, se alguém confirma que está vendo tudo que a pessoa alucinada vê QUANDO NA VERDADE NÃO VÊ. Naturalmente falo de experiência própria.

O melhor é um procedimento inteligente. Não dizer para pessoa “Você está delirando. Não tem nada lá.”, nem “Você está vendo coisas que não existem.” Quem somos nós para julgar que o que alguém vê existe ou deixa de existir só porque a gente não vê?

O melhor é dizer “Eu não consigo ver o que você vê. Não sou capaz. Não sei porque você vê estas coisas e eu não consigo.” Dessa forma você não ofende a pessoa e nem mente, como aconselham os psiquiatras e psicólogos, que sem experimentar a situação, naturalmente não saberiam aconselhar direito.

Já que a mentira é um caminho perigoso. Quando aquela mãe tentava parecer convicta que tinha feito o melhor ao mentir para o filho eu queria dizer uma coisa para ela, sabendo que seria doloroso, pois aquela era uma mãe lutadora e comprometida. Apesar dos equívocos que ela cometeu por ter sido mal-orientada por profissionais de saúde mental.

Eu queria dizer “Moça, se o conselho que os psiquiatras e psicólogos deram fosse tão bom você não acha que seu filho estaria vivo?” É que me parece que se você tivesse sido franca, sincera com seu filho ele estaria aqui, do seu lado agora, VIVO.

A mentira mata

Quanto aos psiquiatras e psicólogos, realmente espero quem nem todos tenham a atitude equivocada de aconselhar que os familiares mintam para seus parentes com alucinação.

Pois até onde essa mentira levaria? A pessoa com alucinações diria “Tem alguém ali.” O familiar concordaria sem ver nada... Na vida real a coisa não funciona como o psiquiatra fez na novela Caminho das Índias, em que ele espantou o pato da alucinação de um paciente psiquiátrico!...

Cedo ou tarde a pessoa alucinante perceberia que o familiar estava mentindo. E, é claro, muito provavelmente essa pessoa com alucinações não revelaria ao familiar suas desconfianças, pois já não mais confiaria nesse mentiroso.

Aí sim, essa pessoa passa a incluir esse familiar em sua lista de perseguidores. Afinal, o familiar mentiu para ela. Por que esse familiar mentiroso não poderia estar mancomunado com seus perseguidores?

Daí que a pessoa sentiria não desprotegida, já que os familiares, estariam do lado de seus perseguidores que poderia se matar como única saída. Sim, talvez tenha sido por isso que seu filho se matou. Desculpe, é duro ter que dizer isso. Mas a mentira mata.

Os Mestres da Mentira

E como poderíamos confiar em profissionais que usam a mentira como ferramenta de trabalho? Os mágicos e atores usam a mentira, a falsidade e a dissimulação como ferramentas de trabalho, como os psiquiatras e psicólogos fazem. Mas a diferença é que os fregueses (plateia) sabem disso, e o trabalho deles é artístico.

Mas no caso dos psicólogos e psiquiatras, os pacientes psiquiátricos, que no caso são os fregueses, nunca sabem quando esses psiquiatras e psicólogos estão mentindo, ou orientaram os familiares para que mintam.

Espero encontrar psiquiatras e psicólogos que batam no peito e afirmem que não mentem e nem aconselham familiares a mentir. Psiquiatras e psicólogos que lidem com as alucinações com verdade, franqueza e TÉCNICA.

3.1.10

Relato de uma familiar de esquizofrênico

Tenho um irmão que tem esquizofrenia, e quando vejo sua atuação na novela fico emocionada pois olho como perdemos tempo para identificar a esquizofrenia no meu irmão, por causa da falta de instrução da família e também dos médicos a instruírem a família... pois mesmo depois que a doença foi identificada o auxílio médico foi precário eles só diziam que ele tem que tomar remédio, prescrevem e nos mandam para casa e são completamente ausentes…e temos muitas perguntas como:

Como fazer um esquizofrênico a continuar a tomar o remédio????
Como fazer para ele aceitar a doença???
Devemos deixar ele expor suas ideias e suas visões mesmo sabendo que são absurdas ou não são reais?????

O SUS também não dá nenhum apoio para continuação do tratamento, somente algumas clínicas mas onde se mistura todos os tipos de doentes como os alcoólatras, dependentes químico, esquizofrênicos e outras doenças mentais, isto não é tratamento... eles ficam completamente dopados para não causar rebelião na clínica pedindo para ir embora e os psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais são completamente ausentes. Será que são muitos pacientes para poucos profissionais???

Não sabemos mais o que fazer... pois o tratamento particular é caríssimo... uma clínica, uma consulta com o psiquiatra, terapia, psicólogo…..é bem complicado...
Não temos vergonha dele... Amamos muito o Daniel... ele é maravilhoso... tem 31 anos e estamos há 5 anos em tratamento... ele já foi internado 4 vezes... é triste demais... o sofrimento de minha mãe é enorme... e é bem doloroso passar por isto...

E ver você na televisão atuando perfeitamente... algumas cenas são tão reais que acabo nem vendo você e sim o meu irmão Daniel ... e se o tempo pudesse voltar….eu consertaria algumas reações que tive... mas eu não sabia, não fui ignorante pq eu quis e sim por falta de instrução...

Mas hoje sou outra pessoa, pesquisei sobre a doença e procuro me informar mais para me comunicar com ele para quando sair da clínica, não precisar voltar mais...
O Dr. Castanho para mim é quase surreal nunca conheci nenhum médico tão dedicado como ele... mas é bom ele estar na novela para ve se incentiva aos outros psiquiatras mesmo os do SUS a mudarem a forma de tratar os pacientes e se comunicar com as famílias...
Tenho muita Fé em Deus!!! E sei que ele vai iluminar o nosso caminho para encontrarmos a Paz e a Felicidade ao lado do meu irmão!!!

Que Deus te abençoe!!!

Obrigada pela atenção...


Acima você vê um comentário deixado no blog do ator Bruno Gagliasso. O comentário foi da familiar do paciente psiquiátrico Daniel, diagnosticado como esquizofrênico.

Muito me emocionou esse comentário, ao ver o amor real dessa irmã ao ponto de pedir socorro ao Bruno Gagliasso, um ator. Bruno Gagliasso fez um esquizofrênico na novela Caminho das Índias, em 2009. Mas o que ele iria fazer para ajudar aquela familiar desesperada?

Fazer ele poderia fazer milagres, pois é uma figura pública. O problema é que se ele fizesse alguma coisa ele estaria indo contra os psiquiatras que mandaram fazer a novela, que retrata um tratamento que não existe.

O objetivo da novela era promover o SUS. Mas essa familiar mostra claramente que O SUS NÃO FUNCIONA!!!

Essa familiar reforça várias coisas que tenho colocado aqui.

Se vê que ela conhece bem o que acontece dentro dos hospitais psiquiátricos, o que prova que ela esteve bem perto de seu parente sempre.

Na verdade, a Reforma Psiquiátrica virou uma briga política EGOISTA. Sem dúvida a lei da Reforma é ótima, mas infelizmente ela não é cumprida. E por isso muitos morrem. Até mais que quando havia a predominância do TRATAMENTO ASILAR, ou seja, mais do que quando as pessoas ficavam mais tempo internadas.

Isso que eu queria que essa brava familiar soubesse.

Precisamos de uma Reforma na saúde do Brasil

No momento acontece uma reforma da saúde nos Estados Unidos. E, francamente, acho que o Brasil também precisa de uma reforma na saúde, mas uma reforma de verdade, pois as reformas que aconteceram foram reformas corporativistas, ou seja, reformas feitas por profissionais.

E não precisamos de reforma psiquiátrica apenas, mas UMA REFORMA EM TODA A SAÚDE. Precisamos de uma reforma POPULAR, como acontece nos Estados Unidos.

Brava familiar, o Bruno Gagliasso, nem respondeu ao seu comentário, pois não tem ideia do valor de suas palavras. Mas pode ter certeza que você será sempre importante para mim.

E pode contar comigo.

2.1.10

Homeopatia: tratamento alternativo na psiquiatria

...Outra característica importante da homeopatia é a forma individualizada com que os pacientes são tratados. Cada pessoa tem um remédio de fundo, único, que é prescrito de acordo com suas características físicas, emocionais e psicológicas. Esse é o motivo das perguntas não convencionais feitas na consulta, assemelhando-a a uma sessão de psicanálise.

Exames clínicos são utilizados como apoio, mas nunca como a única forma de diagnóstico. Duas pessoas com sintomas semelhantes podem ser tratadas, com sucesso, utilizando remédios completamente diferentes. “É uma busca trabalhosa, muitas vezes é preciso testar vários remédios para descobrir a substância correta para o tratamento daquela pessoa”, explica o médico psiquiatra Pedro Carneiro.

Ele trabalha há dois anos com pacientes com doenças mentais, em um dos únicos programas da rede pública que utilizam a homeopatia no tratamento, o Centro de Atenção Psicossocial de Diadema (Capsi). Mesmo casos graves, como os surtos psicóticos, em que a pessoa tem delírios e alucinações, foram tratados com sucesso.

“Conseguimos diminuir em até 70% a dosagem de antipsicóticos em vários pacientes. São medicamentos pesados, que produzem efeitos colaterais que causam sofrimento aos doentes. Com o uso da homeopatia o tratamento fica bem mais tranquilo”, explica. Em casos “leves” como depressão e síndrome de pânico os medicamentos alopáticos foram totalmente banidos do tratamento de seus pacientes. “Fazemos um atendimento ao doente e não à doença, a preocupação principal é com o indivíduo e não com o simples fim dos sintomas”, defende.


O texto acima foi retirado de uma reportagem sobre homeopatia. Um artigo sobre homeopatia. Veja A homeopatia busca contra-atacar os males com o mesmo “veneno” que os provoca, com medicamentos mais leves e mais baratos.

Mais um exemplo de opções para os psicotrópicos. Existem opções para os antipsicóticos e outras drogas psicotrópicas, existe opção para os medicamentos psicotrópicos! Falta divulgação. Basta os políticos da saúde mental investirem nisso. Basta investirem na medicina alternativa, no tratamento alternativo.

Você não precisa ter baixa qualidade de vida para seguir um tratamento psiquiátrico. Como já falei várias vezes aqui, psicotrópicos são perigosos para a saúde. Mesmo que eles causem sensações de bem-estar, CUIDADO.

E você já deve ter percebido que a homeopatia não é muito divulgada porque seus medicamentos não são vendidos pelas grandes empresas farmacêuticas. E é claro, os medicamentos da homeopatia são mais baratos que os psicotrópicos... não dão muito lucro.

Em outras palavras, é claro que tem muita gente ganhando muito dinheiro com os medicamentos psicotrópicos caríssimos!

O doutor Pedro Carneiro, que está no artigo, é um psiquiatra antipático e conservador que faz parte da Luta Antimanicomial, e que eu conheço e já encontrei em alguns encontros da Luta Antimanicomial.

É um daqueles tipos que não deixam usuários de saúde mental falar, ele não deixa pacientes psiquiátricos e ex-pacientes psiquiátricos falarem.

Mas não é só porque um psiquiatra é antipático não significa que ele não possa contribuir e MUITO para a saúde mental. Ele pode ter defeitos, mas o que ele está fazendo é grandioso.

Viva o psiquiatra Pedro Carneiro!!!!!

1.1.10

Se tratando com ou sem drogas

No fim do ano 2009 terminou uma enquete que eu coloquei aqui no Blog PACIENTE PSIQUIATRICO:

As pessoas que sofrem com doença mental deveriam tomar medicação à força?

Veja o resultado:

Sim, pois quando uma pessoa se recusa a tomar medicação pode ser perigoso. 1 voto

Comentário: Claro que se a pessoa estiver SOFRENDO com a doença mental ela vai querer tomar QUALQUER medicação. Não seria necessário obrigar. E obrigar seria um ato autoritário, despótico, que iria prejudicar a pessoa mais ainda. A não ser, é claro, que seja uma medicação que faça lavagem cerebral.

Não. Deveria ser uma escolha do paciente aceitar ou não a medicação. 0 voto

Comentário: Como disse acima, a pergunta é meio uma pegadinha. O problema é que forçam pessoas que NÃO estão sofrendo com doença mental a tomar medicação. Aí está o problema. Deveriam oferecer para as pessoas os tratamentos alternativos para PREVENIR recaídas. Não fazem isso AINDA.

Na verdade essas pessoas deveriam ter consciência de que tem a obrigação de tomar a medicação pro seu próprio bem. 5 votos

Comentário: Sem comentários. Boa resposta.

Há tratamentos alternativos à medicação. Na verdade deveria ser obrigação da saúde pública divulgar e investir nos tratamentos alternativos 5 votos

Comentário: Excelente resposta! Bem democrática!

Fico felizes que as pessoas tenham expressado sua opinião com consciência e justiça.

Siga um tratamento sério e evite recaídas

IMPORTANTE: tenho observado que algumas pessoas têm expressado que pararam de tomar medicação e tiveram recaída. É claro!!! NUNCA pare de tomar medicação psiquiátrica sozinho!! São drogas traiçoeiras! Se você para de tomar de repente você corre o risco de sofrer efeitos colaterais estranhos. Efeitos colaterais que seu psiquiatra vai chamar de recaída.

Quem quiser REALMENTE parar de tomar psicotrópicos pode (e deve) procurar um tratamento alternativo. Aqui no blog PACIENTE PSIQUIATRICO eu falo de tratamento alternativo.

Pode ser que você esteja há anos sem ter crises e ache que deva parar com o tratamento de vez.

Pode ser. Mas vá com calma. Substitua o tratamento com psicotrópicos por um alternativo primeiro e depois pare COM ACOMPANHAMENTO MÉDICO, de preferência.

Detalhe: talvez você esteja tendo recaídas por não estar seguindo o melhor tratamento para você. Está tomando psicotrópicos e sente vontade de parar de tomar? Pois PARE.

Não vá dizer que só sentiu vontade de parar porque estava em crise. Não se engane. Mas continue se tratando com uma terapia alternativa.

PARAR DE TOMAR PSICOTRÓPICOS NÃO SIGNIFICA NECESSARIAMENTE PARAR COM O TRATAMENTO

Está mais do que na hora do ministério da saúde investir em medicina alternativa. Por isso fico feliz com a opinião das pessoas que votaram no Blog PACIENTE PSIQUIATRICO reafirmando a necessidade de investimento nessa área.

(Lembrando que a principal parte do tratamento é a parte da inclusão social, de desenvolver atividades para a pessoa.)

Obrigado.

Enfim, espero que os amigos ex-pacientes psiquiátricos e pacientes psiquiátricos tenham um ano cheio de saúde. E que tenhamos avanços nos tratamentos e inclusão social.