6.1.14

Extrema discriminação

Antes de relatar mais momentos inexplicáveis de discriminação que eu experimentei, vou falar um pouco da evolução da cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos, pois assim será mais fácil para as pessoas de outras cidades e estados sintam a situação. Esta evolução pode ser compreendida instintivamente por cariocas, mas não por pessoas de outras cidades.

Na década de 1980 o Rio de Janeiro estava nos seus piores momentos, tinha perdido muito de seu brilho de cidade maravilhosa. E apesar de ter continuado sendo a cidade que mais recebia turistas no país, perdia terreno pouco a pouco, com um aumento descontrolado de favelas, consequência dos terríveis momentos da ditadura militar no país.

Apenas no início dos anos 1990 que o Rio começou a recuperar seu brilho. A gradual recuperação do Rio ficava mais evidente em 1992, quando houve a Eco 92, Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, grande evento internacional. E neste ano 1992 a recuperação do Rio de Janeiro se viu também no futebol; no Campeonato Brasileiro três clubes do Rio ocuparam as primeiras colocações:
Flamengo, Botafogo e Vasco.

Em 1993, um novo partido assumia a prefeitura, e precisava de mostrar mais trabalho que o prefeito anterior. A cidade do Rio de Janeiro se transformou num canteiro de obras. O Rio de Janeiro entrou no século 21 TOTALMENTE modernizado e transformado pelo grande arquiteto Luiz Paulo Conde, que dentre várias obras, instalou sanitários em toda a orla da Praia de Copacabana, tornando a cidade muito mais prática para turistas. Hoje em dia, turistas podem se sentir totalmente em casa na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente é muito comum vermos turistas passeando na orla com bicicletas alugadas.

Sem dúvida, as grandes obras realizadas pela prefeitura do Rio de 1993 à 2009 levantaram a imagem do Rio de Janeiro e do Brasil, e certamente foi isso que trouxe as Olimpíadas para a cidade e a Copa do Mundo para o país.

***

Trabalhando em Copacabana e ganhado pouco, eu me esmerei para juntar dinheiro para pagar um caríssimo curso de holandês. A língua me interessava bastante e eu só conhecia uma frase ("ik ga je het komende half uur heel erg gelukkig maken"). Depois de um dia de trabalho fui ao local do curso. Ao chegar na porta, nem me deixaram entrar!

- Eu me informei que há um curso de holandês aqui e gostaria de fazer.
Eu fui barrado por dois homens. Não pareciam ser seguranças. Eles estavam claramente embaraçados:
- É, quer dizer... tem um curso de holandês, mas você não pode fazer.
- Por que não?
- Porque este é um curso só para alunos avançados, é isso.
Eu era ingênuo, mas não deu para engolir essa. Eu tinha visto o anúncio, e o anúncio dizia claramente que o curso era para iniciantes!

Passei semanas me perguntando por que eles não me permitiram sequer entrar no local do curso. Me pergunto até hoje. Será que foi por que minhas roupas eram pobres?

Muito tempo depois alguém abriu meus olhos para a questão das classes:
Mesmo pagando, algumas pessoas não gostariam de me ver num curso frequentado por pessoas de classe muito mais superior. Eu ia estudar holandês para me comunicar melhor com qualquer falante da língua aqui no Brasil; mas a maioria das pessoas que faziam esse curso iam viajar para a Holanda. Logo, eu não poderia estudar holandês com alunos mais avançados economicamente. A minha batalha tem sido por igualdade, pois se eu ia pagar como qualquer outro, eu acreditava que meu dinheiro era tão bom quanto o dos ricos.

Pobres têm preconceitos contra ricos e ricos têm preconceitos contra pobres. Mas o pior são alguns pobres que discriminam outros pobres sem razão nenhuma! Na maioria das vezes os ricos escondem o preconceito pela educação melhor que receberam. Foram vários os momentos de minha vida em que eu trabalhava o dia todo e saía do trabalho direto para um curso. Uma vez eu estava num curso para pessoas de baixa renda, e qual não foi minha surpresa ao ver uma aluna reclamando dizendo que eu estava cheirando a suor! Lógico! Eu estava trabalhando o dia todo! Nem todos os empregos têm um chuveiro para os empregados tomarem banho depois do expediente.

Essa foi uma das maiores demonstrações de preconceito e discriminação que eu tinha experimentado, pois, antes daquele momento, eu já tinha participado de aulas num curso frequentado pelas altas classes da zona sul e mesmo por estrangeiros, era um curso de alemão. Eu saía do trabalho e ia direto para o curso, fedendo a suor depois de ter trabalhado andando o dia todo. Lá ninguém nunca reclamou de meu cheiro de suor! Pois é. Quando eu fazia curso de alemão eu trabalhava em Copacabana. Mas naquela época Copacabana não tinha banheiros e chuveiros na orla da praia como tem hoje em dia... Se fosse hoje em dia eu poderia dar um jeito de tomar um banho na orla da praia e ir cheiroso para o curso, mas...

Ao ser rejeitado pela empresa do curso de holandês, procurei outro curso, outra empresa, pois eu queria de fato entrar num curso de idioma na época. E eu nunca mais faria nenhum curso na empresa que me rejeitou não sei porquê. Não pude entrar num curso de holandês, mas entrei num curso de alemão. Apesar dessa empresa não ter cursos de holandês, tinha gente que não discriminava trabalhadores pobres.

O outro momento de extrema discriminação que eu sofri foi quando eu trabalhava na ONG de informática, no projeto de saúde mental. Quando eu disse que falava alguns idiomas estrangeiros, algumas pessoas riram e pensaram que fosse apenas um delírio de grandeza provocado pela doença mental. Não ocorreu a essas pessoas que eu trabalhei MUITO MAIS do que eles poderiam imaginar para adquirir conhecimento de vários idiomas; e sofri TANTO preconceito que eu realmente não poderia tolerar nenhum preconceito a mais vindo deles...

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