8.1.14

Internado no Pinel

Deitado na cama do Pinel, juntam vários funcionários para me amarrar. Eu não sou burro de reagir. Eles me tratam como um animal perigosíssimo. Uma mulher chega com uma injeção preparada. Eu gesticulo que não quero tomar injeção. Ignorando minha súplica lacrimejante, ela enfiou a injeção de qualquer maneira, como é de praxe nos manicômios. O funcionário da enfermagem trata de falar de maneira ameaçadora, para intimidar a pessoa da família e controlar totalmente a situação.
O funcionário da enfermagem virou para mim e disse num tom de autoridade, na visão dele; mas, na minha visão, aquilo não passava de AUTORITARISMO:
- ESTÁ VENDO COMO VOCÊ ESTÁ? Por isso tivemos que te amarrar!
Eu estava me contorcendo com os efeitos da droga.

- Você viu se ele estava agindo estranho?
- Não. Acho que não. Só de vez em quando que ele...
- Tem que ficar de olho!
Aí começou aquele velho papo:
- Não pode deixar de tomar a medicação não.
- Mas ele já estava há quase dois anos em casa, normal.
O funcionário da enfermagem continuava buscando intimidar. E estava conseguindo. A pessoa da família buscava justificar, se desculpando:
- Ele parou de tomar a medicação e estava muito bem. Ele tomava certinho...

A manipulação dos funcionários de manicômios busca fazer as pessoas esquecerem que SEMPRE que uma pessoa toma psicotrópicos ela se torna DEPENDENTE do psicotrópico, uma dependência como a dependência de qualquer outra droga. A maioria dos pacientes que sofrem recaída ao deixar de tomar um psicotrópico, não sofrem recaída por causa do "transtorno mental", mas sim por causa da ABSTINÊNCIA da droga, pois já estavam VICIADOS pela droga.

Eu mal conseguia ouvir a conversa, pois já estava grogue por causa da droga. Depois de me dar a droga milagrosa que resolveria meus problemas, ele me trouxe um prato de comida. Meu Deus! Quanta indiferença ao sofrimento humano! Ele queria que eu comesse amarrado! Que tipo de monstro faz isso? Tanto esse monstro da enfermagem quanto esse familiar deveriam SER PRESOS por tal desrespeito aos Direitos Humanos.
Agora a voz dele ficou boazinha:
- Você quer que seu irmão te dê a comida na boca, Ezequiel?
Eu balançava o dedo e tentava dizer "não quero!" como eu ia conseguir comer com todas as náuseas provocadas pela droga? Como eu ia comer se mal conseguia falar?
O ambiente era muito estranho. Colocaram-me num quarto sem iluminação. Pareciam os preparatórios para uma execução. Eu estava com alguns delírios de perseguição (uma sequela muito comum às pessoas que ficaram em abstinência de drogas), que aumentaram com o tom agressivo e ameaçador que o funcionário da enfermagem tinha mostrado anteriormente. A delicadeza dele podia ser uma máscara apenas.
Eu virei para ele e me esforcei para dizer:
- Solte-me.
a voz dele continuava boazinha:
- OK, eu vou soltar seus braços para você comer.
Minhas pernas continuaram presas, mas ao menos eu podia me esticar um pouco mais, para me aliviar dos efeitos da droga. Amarrar uma pessoa é uma agressão. Por que alguém cometeria agressão e depois viria com um prato de comida? Talvez fosse comida envenenada. Se eu não comesse, o que ele ia fazer? Matar o familiar também?
Por isso peguei o prato e comi um pouquinho, para não contrariar o imprevisível funcionário da enfermagem; mas realmente, do jeito que eu estava drogado, não conseguiria comer mais que aquilo.
Depois fui arrastado para o andar superior. E depois fiquei sabendo da avaliação da psiquiatra:
Eu não estava comendo, como sintoma do "transtorno bipolar". Ou seja, de acordo com ela, eu não estava comendo, não porque estava impossibilitado de comer por causa das drogas que me endureciam a boca e a língua, mas sim porque ficar sem comer é um sintoma do "transtorno bipolar".

Eu já passei fome em minha vida várias vezes. Houve momentos em que eu comia até a casca do ovo para tentar matar a fome, pois a comida estava escassa. Houve momentos em que eu pegava uma espécie de cacto - que tinha no quintal da casa onde eu morava na baixada fluminense - e arrancava os espinhos cuidadosamente, cortava e cozinhava para comer. Eu só ficaria sem comer se minha boca estivesse seriamente machucada, ou óbvio, se não houvesse comida, como aconteceu várias vezes.
SE a psiquiatra me examinasse, provavelmente descobriria a VERDADEIRA causa de eu não estar comendo.

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