14.1.10

Experiências de um Paciente Psiquiátrico no Hospício

Abaixo deixo o primeiro capítulo da história OS CASARÕES, que eu havia publicado num site, que fechou. NOVAMENTE republico, assim republicarei o segundo capítulo amanhã e assim por diante.

A história é verídica e mostra a forma que o PACIENTE PSIQUIÁTRICO vê a maneira que ele é tratado lá dentro.

Espero que eu tenha feito uma boa retratação.

Astregésilo Carrano escreveu O Canto dos Malditos, livro fala sobre eletrochoque, e sobre a depressão que a pessoa experimenta ao sair das internações, provavelmente causada pelos psicotrópicos tomados.

(Observe que a depressão pós internação é atípica, diferente das depressões comuns geralmente relatadas.

Carrano retratou muito bem a depressão pós internação, mas infelizmente sua obra deixou uma lacuna, que preencho em OS CASARÕES. Carrano não escreveu muito sobre as alucinações, e sobre certos efeitos que podem ser do transtorno mental, ou da medicação. Cabe a todos nós estudar para descobrir a verdade.

OS CASARÕES



CONTOS DO CASARÃO - CAPÍTULO 1

Tudo que ele sabe é que ele é um ser, e que ele está enclausurado em algum lugar. Onde ele está? Será que ele está sonhando? Não pode ser real! Tem todo esse pessoal vestido de branco. Porém aquele pessoal de branco mantém distância dele e de outros seres. O pessoal de branco é cheiroso, porém ele e os outros seres que eram mantidos longe do pessoal de branco cheiravam mal. Não podiam usar perfumes caros, às vezes mal podiam escovar os dentes! Estaria ele no Céu? No Purgatório? Ou no Inferno? Tem um homem que senta à uma mesa, uma mesa luxuosa. Mandam-no à sua sala e lá ele o observa. Será que ele (esse homem) é Deus (e está lá para julgar seus pecados)? Tem portas no lugar, daí ele chega à conclusão de que está numa casa. Quando ele olha pela janela ele vê que é um casarão, um prédio talvez. Mas ele só pode ter acesso a alguns quartos, limitado a andar em um corredor de cerca de 10 metros. Não deixam que ele se aproxime das portas. Daí ele conclui que está preso. Ele quer saber quem ele é. Ele não conhece ninguém lá.

Ele não conhecia ninguém lá, mas as pessoas o chamavam pelo nome. Isso o fez se lembrar de que ele tinha uma família. Aquilo não poderia ser Céu de jeito nenhum. Havia gente ruim lá. Mas ele ainda estava torcendo para que aquilo fosse um sonho. À noite, propositalmente, ele caía da cama, tentando acordar do pesadelo. Veio uma memória de sua infância. Ele costumava cair da cama de propósito para escapar dos pesadelos. Mas desta vez não funcionou. Logo ele leu em seus lençois: Centro Psiquiátrico D. Pedro II. Ele tinha que se render à realidade. Ele tinha sido internado. Num hospício.

Mas por quê? O que ele tinha feito? Será que ele já era doente mental antes de ser internado? Será que ele tinha sido doente durante toda sua vida? Talvez sua família tivesse escondendo isso dele toda sua vida. Para poupá-lo. Se ele era um doente mental ele não sabia o que fazia. Sua vida não passava de uma loucura. Droga! Ele deveria saber! As pessoas sempre diziam que ele era maluco! Mas ele não acreditava que estivessem falando sério. Achava que estivessem brincando.Então tudo que ele achava que ele sabia era ilusão. Em sua vida ele estava sempre errado. Puxa! Eles o tinham internado! Ele não sabia por que, mas estava claro! Ele é louco! Alguém o tinha colocado lá, mas ninguém tinha lhe explicado por quê. Ele teve de descobrir sozinho onde ele estava!

E trouxeram-lhe drogas e mandaram-no tomar. Ele disse que não estava sentindo nenhuma dor e que queria saber para que servia aquele remédio. Mandaram-no calar a boca e tomar senão eles iriam perder a paciência. Como ele não queria apanhar, obedeceu. Afinal, eles eram violentos. Naquele lugar as mulheres eram mais ou menos boazinhas. Ele percebeu que as mulheres de branco eram mais agradáveis do que os homens de branco. Às vezes as mulheres de branco deixavam que ele lanchasse mais de uma vez. Às vezes ele podia até pegar dois, três copos de mingau, de uma vez! Os homens de branco insultavam-no todo o tempo. Às vezes não deixavam que almoçasse ou jantasse.

Depois de um tempo ele compreendeu que ele estava preso num hospital psiquiátrico e que as pessoas vestidas de branco eram enfermeiros, doutores, etc. Mas no começo, quando ele sequer se lembrava de que tinha uma família ele achava que as mulheres de branco estavam lá para ensinar-lhe a viver, discipliná-lo, enquanto que os homens estavam lá para puni-lo, fazê-lo pagar por algum pecado.

Explicação breve do Capítulo 1 de OS CASARÕES

Cada capítulo de OS CASARÕES foi publicado para chamar atenção para certos pontos do chamado tratamento que precisam ser mudados para que haja um tratamento de verdade.

Mas infelizmente notei certa insenbilidade nas pessoas que leram os capítulos. Por isso vou explicar cada capítulo, começando pelo primeiro.

Nesse capítulo eu tento chamar a atenção para a necessidade que me parece óbvia: ao internar alguém em um hospital psiquiátrico, ala psiquiátrica, enfim, É NECESSÁRIO explicar para esse paciente psiquiátrico O PORQUÊ ele está sendo internado, o porque ele está sendo mantido preso.

Depois a equipe desse hospital deve explicar para a pessoa o que é um tratamento psiquiátrico e porquê a pessoa tomará psicotrópicos.

Lógico que o psiquiatra deve explicar para o paciente psiquiátrico em internação para que serve cada medicação.

Enfim, tento chamar a atenção que uma pessoa pode até ser obrigada a tomar uma droga. Mas ninguém deveria tomar nenhuma substância estranha sem que alguém explique o que é tal substância. Pois forçar alguém a tomar algo que a pessoa nem sabe o que é não é apenas violação dos direitos humanos (ninguém deve ser forçado a fazer nada), mas praticamente transforma a pessoa num prisioneiro que engole aquilo que seu carcereiro dá, já que um enfermeiro nesses casos não passa de um carcereiro.

antes alguém no mínimo deveria explicar para o paciente psiquiátrico para que serve cada droga. Claro que logo que a pessoa ficasse lúcida, podendo se comunicar a pessoa deveria poder optar se quer ou não continuar internada, depois de ser informada dos riscos que correria caso abandone a internação, e dos riscos que correria caso abandone o tratamento.

Isso não quer dizer que eu acredite que haja riscos. Em certos casos talvez não haja. Estou apenas falando do direito que um indivíduo deveria ter assegurado, e que AINDA não tem.

Hoje em dia a lei garante que a pessoa deve receber explicações sobre seu tratamento, mas isso não é respeitado nem nos CAPS, imagine em hospitais psiquiátricos onde as pessoas são internadas muitas vezes contra a vontade.

A lei avançou (apesar de não ser respeitada), mas mesmo assim as pessoas ainda são internadas a força com respaldo da lei.

Que ao menos a proposta da Reforma Psiquiátrica seja respeitada, a proposta que buscava tornar lei que ninguém fosse internado por mais de sete dias. Infelizmente isso não virou lei.

Além do mais eu tento mostrar a forma estúpida que os pacientes psiquiátricos são tratados: como se estivessem sendo disciplinados. E tento mostrar as consequências que isso traz: a pessoa fica retraída, se sentindo culpada, etc.

Em um lugar em que se busca recuperar as pessoas mentalmente não deveria haver nenhum tipo de repressão. Pois senão a coisa tem efeito contrário e causa problemas mentais.

Fico por aqui.

PAZ E LIBERDADE.

Um comentário:

  1. Anônimo1:41 AM

    Já comi também o pão que os carcereiros amassaram, nas internações que sofri. O que os enfermeiros/torturadores não pensam é que podem "passar pro outro lado". Podem ser acometidos de doenças mentais como o Estresse-pós-traumático, depressão e também pararem num hospital psiquiátrico.

    ResponderExcluir

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Algumas pessoas, ao tomar medicações psiquiátricas ou drogas ilícitas, não sofrem efeitos adversos significativos (como vemos algumas pessoas que fumam a vida toda e morrem de velhice.) Portanto verei como normal algumas pessoas dizerem que nunca sentiram nenhum efeito colateral ao tomar determinado psicotrópico.

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